quinta-feira, 26 de março de 2009

Dólares de brinde no Nhoque da Fortuna

Diz a lenda que num certo dia 29 de dezembro, São Pantaleão, faminto, pediu comida numa casa. A família era grande mas não se importou em dividir o nhoque com o pedinte, ficando para cada um 7 pedaços da massa. Depois de comer, São Pantaleão agradeceu a acolhida e seguiu sua andança. Ao recolherem os pratos, as pessoas descobriram que havia bastante dinheiro embaixo de cada um deles. Daí surgiu a tradição do dinheiro embaixo do prato de nhoque no dia 29, numa tradição conhecida como Nhoque da Fortuna. Coisa de liso.

Ontem vi um cartaz numa loja de uma das maiores franquias mundiais de lanches, dizendo que, na aquisição de um nhoque no dia 29, o comprador ganhará uma nota de dólar . Abstraindo a questão do desconto de R$ 2,30 pelo dólar e a legalidade de uma promoção como esta, vem o pensamento: estaria o dólar virando brinde, algo sem valor?

Provavelmente os marqueteiros da promoção não pensaram nesse sentido. Mas o Banco Central chinês vem pensando muito nisso. 70% das reservas internacionais da China estão em dólares, algo em torno de US$ 2 trilhões. Na semana passada, expressaram preocupações com a garantia dos seus ativos em dólares, o que foi rechaçado por Obama, que afirmou que o mundo confia nos EUA e na sua moeda. Há uns 3 dias, a China propôs, numa reformulação do sistema financeiro internacional, a introdução de uma nova moeda internacional, desvinculada de qualquer país, que tenha estabilidade mesmo em crises como a atual. Para a China, parece que vovó subiu no telhado, e o telhado está escorregadio...

Até o momento o dinheiro do mundo converge para a América, mesmo adquirindo títulos governamentais a taxas que sequer acompanham a inflação de lá. Isso dá uma folga a Obama para propor orçamentos extremamente deficitários, e para porem à disposição dos capitalistas imensas fortunas para tentarem tirar o país do atoleiro. Há trilhões de dólares em mãos de milhões de pessoas pelo mundo, sem lastro, já que essas poupanças não circulam com facilidade. Num eventual estouro da boiada, muitos quererão ofertar dólares para troca por moedas fortes, e a cotação cairá rapidamente. Dizem até que Bush tolerava Saddam Hussein em tudo, menos quando propôs receber, nas transações com petróleo, Euros no lugar de dólares.

Se o dólar virar troco, tipo balinha em supermercado, o Brasil já estará no buraco há algum tempo, pois é o 4° no mundo em reservas internacionais em dólares...

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