sexta-feira, 27 de março de 2009

Efeito Daslu e o atestado de rico

A classe média tende a achar uma injustiça quando uma mulher bem vestida, bem apessoada, é recolhida para trás das grades com penas por crimes que, somadas, totalizam 94 anos. Também contribui a natureza de colarinho branco do crime, para achar que a pessoa não deveria se juntar a presos "comuns", daqueles que matam, roubam, etc. Há uma espécie de sentimento de proteção, afinal, podia ser um irmão, um amigo, alguém que não tenha "cara de criminoso".

A penitenciária de Bangu 8, no Rio, virou uma espécie de prisão de VIPs. Banqueiros, celebridades, gente que "não merece castigo". Ainda tem o atenuante das prisões especiais, que dão privilégios a quem tenha curso superior, a autoridades, etc. Nos Estados Unidos, presos ricos vão para cadeias com todo o conforto, pois pagam pelas mordomias.

A dona da Daslu, boutique de peruas ricas, apela a essa "justiça especial" para meter um atestado médico dizendo que está doente, logo não pode ir em cana. Ainda hoje nos jornais vi uma matéria sobre o surto de pneumonia nas prisões. Pela lógica daslusiana, todos mereceriam ser soltos, afinal, cadeia não seria o mesmo que um hospital. Mais ainda, deveriam todos ir para prisões domiciliares, pois é no seio da família que as curas acontecem mais rapidamente, segundo a lógica da defesa da sonegadora. Atestado de rico teria um valor maior que o de pobre.

Não haverá moral neste país enquanto um banqueiro condenado, como Daniel Dantas, estiver em liberdade recorrendo às infinitas brechas jurídicas para postergar o cumprimento da pena. Quando a dona da Daslu vai em cana, o que deveria ser explorado pelo judiciário é a extensão da justiça a todos, independentemente de classe social ou de influência política, para servir de exemplo a pessoas que jamais acham que irão cometer uma "injustiça" dessas com ela, porque têm diploma, altos cargos, conhecem gente influente, etc. O Efeito Daslu deve arrepiar muita gente. Claro, enquanto parecer que tudo é sério.

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