quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Dilma aposta na queda de juros

O orçamento da União é uma peça de ficção : gasta-se muita saliva na elaboração, com disputas por verbas entre setores, estados, regiões, lobbies, e no final apresenta-se um conjunto de despesas e investimentos respaldados em receitas que não se saber se serão cumpridas. Aprovado no Congresso sempre no apagar das luzes do ano anterior, vai para o Planejamento para revisão e autorizações de gastos. Enquanto isso, o país fica parado, esperando porque nenhum gestor pode pagar nada, começar projetos, contratar novos gastos, etc.

Quando chega fevereiro, na melhor hipótese, vem o governo e faz cortes naquilo que nem chegou a ser feito. Desta vez foi de R$ 55 bi, afetando emendas parlamentares (moedinhas de troca na hora de comprar votos congressuais), na Saúde e em gastos correntes como viagens, etc. Preserva-se o essencial (PAC, Minha Casa, Minha Vida, Programa de Combate à Miséria, Bolsa Família) e corta-se no resto. No final do ano, conclui-se que há programas que nem saíram do papel, ministérios que não pagaram quase nada, e muita coisa fica para os tais "restos a pagar" que engordarão as despesas do ano seguinte.

Por que Dilma, pelo segundo ano consecutivo, fez cortes importantes? No ano passado a desculpa era para frear a inflação, evitando gastos que poderiam aquecer a demanda. E neste ano, que a inflação está sob controle, para que aumentar o superávit primário? Para tentar reduzir os juros de dívidas, e tentar pagar, neste ano, "apenas" R$ 138 bilhões. Fora o que se precisa para rolagem das dívidas. Mais uma vez paliativos para manter a fidelidade nos pagamentos pontuais aos banqueiros, às custas de gastos públicos necessários para a qualidade de vida da população. 

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