Diversos países acompanham atentamente a visita de Lula ao Irã. Alguns até pressionam dizendo que ou Lula consegue um acordo para freiar o que seria a escalada nuclear do Irã em busca do desenvolvimento de armas, ou novas sanções econômicas acontecerão. Seria o que a mídia chama de "última chance" do Irã. Israel, que se lixa para todo mundo e para a ONU, acompanha tudo com o dedo no gatilho, aguardando o momento de surpreender a todos com um ataque relâmpago cujas conseqüências podem ser desastrosas para o mundo.
Hoje Lula esteve com o presidente Ahmadinejad e o líder islâmico Ali Khamenei. Nenhum comunicado sobre acordos na área nuclear. Fracasso de Lula? Acho que não. Ele não foi lá com essa missão prioritária. Participou hoje do 14° Encontro Conjunto de Cooperação Brasil - Irã, onde foram assinados 8 acordos financeiros, comerciais e na área de petróleo, com declarações de ambas as partes de intenções de fortalecer o comércio bilateral. Não era hora nem lugar de tratar de questões políticas mais delicadas. Clique aqui para ver o que diz a IRNA, agência oficial de informações do Irã.
Além de expandir o leque de negócios para o Brasil com o Irã, Lula terá o mesmo objetivo amanhã participando da 15a Cúpula do G-15, grupo de países sul-americanos, africanos e asiáticos que desde 1989 se articulam para desenvolver as áreas de investimento, comércio e tecnologia entre países em desenvolvimento. Participarão 5 presidentes, incluindo-se Lula. O grupo é formado por Irã, Malasia, Sri Lanka, Indonesia, India, Argentina, Brasil, Venezuela, Chile, Jamaica, Mexico, Algeria, Egito, Kenia, Nigeria, Senegal and Zimbabwe.
Lula foi lá com vários ministros e empresários não para aumentar a milhagem do Aerolula, mas para fazer negócios. Sua atuação nos últimos 7 anos expandiu as fronteiras do comércio exterior e reduziu bastante a dependência brasileira dos Estados Unidos, aumentando a pauta de produtos exportados para mercados anteriormente dominados pelas economias neo-coloniais dos grandes países capitalistas. Para ter idéia do tamanho disso, noutro dia foi publicado que a relação entre Brasil e América Central / Caribe cresceu 10 vezes no governo Lula, saindo de um fluxo de US$ 600 milhões para US$ 6 bi, com balança comercial amplamente favorável ao Brasil. Essas e outras investidas já pagaram com sobra o Aerolula.
Nessa disputa de mercados a posição brasileira nos fóruns econômicos e comerciais nada tem de ideológica, mas de bater nos protecionismos e ampliar os espaços para o imperialismo verde-amarelo. No caso do Irã, se houver uma nova rodada de sanções econômicas, o Brasil perderia muitas oportunidades, caso venha a acatá-las.
O presidente brasileiro não está arriscando nada. Se não houver nenhum avanço sobre a questão nuclear, paciência, o Brasil fez a sua parte buscando o diálogo. Ninguém conta com isso, apesar do otimismo de Lula. Se algo avançar, tudo será lucro, podendo até rolar um Nobel da Paz para o Brasil. De qualquer forma, business is business, e novos mercados ávidos por diversificação de produtos estarão ao alcance dos produtores brasileiros. Nossa mídia colonizada já está com as matérias prontas esperando pelo fracasso.
domingo, 16 de maio de 2010
Irã : qual a missão prioritária de Lula?
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