domingo, 15 de maio de 2011

Código Florestal : O preço do PC do B

Já vi o PC do B fazer coisas muito estranhas na política. Segundo eles, as estratégias justificam as táticas. Esse maquiavelismo já rendeu uma fidelidade canina a Sarney (lembram-se dos "fiscais do Sarney" do Plano Cruzado?), participação em governos do antigo PDS, o combate à CUT através da pelega CGT (e depois a entrada na CUT como se nada tivesse acontecido), o combate ao PT (e depois a participação cega na base aliada). Deu certo: hoje o PC do B tem prefeituras, ministério, vários deputados, vereadores. Cresceu muito, às custas de posturas polêmicas.

Essa agora de se aliar aos ruralistas, aos desmatadores e ao latifúndio supera tudo que se fez anteriormente. Até acusar ambientalistas de agentes do imperialismo, de sabotadores da "melhor agricultura do mundo", de serem inflexíveis no relato do Código Florestal na anistia dos desmatadores, prejudicando as práticas sustentáveis dos que cumpriram a lei, é uma dose muito forte. O que o PC do B está ganhando em troca? Quer criar "moedinha" de troca para conseguir mais cargos no governo? Se não é isso, o que é? No PC do B ninguém tem vontade própria: tudo vem do Comitê Central. Aldo Rebelo não fala por si, e sua postura é defendida pelo líder do partido.

O substitutivo de Aldo Rebelo tem muitas pegadinhas, inclusive a volta do crédito público aos desmatadores, e a anistia aos danos ambientais praticado principalmente pelo agronegócio, multado em milhões pela fiscalização do governo. Há 27 deputados legislando em causa própria, porque já foram multados. O governo insiste em proteger o pequeno produtor e penalizar os infratores. Mesmo mostrando recuo em alguns pontos polêmicos, o governo não consegue tirar do partido da base aliada uma proposta minimamente aprovável.

A própria presidente Dilma, em campanha eleitoral, disse que iria vetar qualquer anistia aos criminosos ambientais. O DEM, principal partido de latifundiários, está histérico cobrando a votação, fazendo terrorismo (a agricultura vai parar, o governo vai tomar as terras dos pequenos, etc). Aldo Rebelo cada vez mais assume sua postura anti-sustentabilidade, até acusando o marido da ex-ministra do Meio Ambiente de contrabandista de madeiras, comprando mais uma briga em prol da defesa do latifúndio.

Noutros tempos a base do PT e dos demais partidos de esquerda estaria comendo o fígado dos militantes do PC do B. Isso vai aparecer nas próximas disputas por aparelhos do movimento estudantil, onde o PC do B tem hegemonia: como explicar aos estudantes que a sua corrente política está associada ao latifúndio contra o meio-ambiente? No tempo que eram "fiscais do Sarney" foram esmagados em várias disputas na esquerda. Como explicar aos eleitores de Aldo Rebelo, ex-presidente da UNE, seu projeto que afronta a sustentabilidade? E o PC do B, que troca a foice e o martelo pelas motosserras?


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