sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Viagem : De Viena a Moscou

O vôo mais barato e direto que conseguimos foi da Aeroflot, que sempre tive na memória por conta dos frequentes acidentes aéreos com os aviões russos Tupolev. Pelo menos agora estão usando Airbus, que também caem, mas por motivos bem mais misteriosos. A Aeroflot mantém no seu logotipo a foice e o martelo característicos do período soviético, um bom indicador para quem vai à Rússia atrás da memória desse período de mais de 70 anos, apagado nos países do leste europeu onde já andamos.


O avião, a exemplo dos demais que já usamos pela Europa, respeita os passageiros mais altos, com com espaço entre os bancos. No Brasil, o ex-ministro Jobim, que mede quase 2m, chegou a dizer que iria exigir das empresas aéreas maior espaçamento, mas isso caiu no esquecimento. O serviço de bordo, à exceção dos descartáveis usados, lembrou o dos bons tempos da saudosa Varig, tanto na qualidade do alimentos, na atenção (essencial para quem não tem praticamente noção da língua russa), tirando aquela má impressão das barrinhas e de refeitório de obra das empresas brasileiras.

O vôo de Viena a Moscou dura 2:40h, e é momento de alterar os relógios acrescentando mais duas horas de fuso horário. Agora estamos a 7 horas a mais que o Brasil. Há quem considere isso uma boa oportunidade para saber o futuro antes dos brasileiros, e portanto, já que estamos bem à frente, seria o momento de sabermos com antecipação os resultados das loterias, as cotações das ações, etc. Aos sem noção de plantão, advertimos: isso é brincadeira!

A rota passa por cima de parte da república Checa, da Polônia, Bielorrússia e Rússia. Belas paisagens de montanhas elevadas e planícies bem plantadas, e chama a atenção a construção de uma auto-estrada, possivelmente em território bielorrusso. Nada de neve.

Moscou tem 4 aeroportos internacionais. A Aeroflot opera em Sheremetievo, que é bem ao norte da cidade. O terminal E é novinho, e por isso mesmo, tem problemas como ninguém estar no balcão de informações, onde fomos para saber do tal registro na imigração que consta no formulário que distribuem a bordo. Quem chega à Rússia tem 3 dias para registrar nos escritórios da imigração ou nos correios sua presença. E 1 dia útil se ficar em hotel.

No nosso caso, o hotel está providenciando, o que traz o desconforto de ficar sem o passaporte por um tempo, e estamos andando com documentos brasileiros. Há relatos de policiais corruptos que abordam estrangeiros em busca de documentação irregular e propinas. Felizmente não temos isso no Brasil.

Na chegada vimos que a cidade é gigantesca. Capital federal, centro financeiro e industrial, centro religioso, tudo é aqui, diferentemente do Brasil e dos Estados Unidos, que têm distritos federais separados. A sinalização de transportes no aeroporto é pouco elucidativa. Nosso plano era pegar o trem do Aeroexpress, que fica junto ao terminal, leva 35min até a estação Belorussia e custa 380 rublos.

No avião, com os dados da revista da Aeroflot, vimos a alternativa do ônibus comum, o 851, válida porque não temos muita bagagem, que custa a bagatela de 28 rublos e leva para a estação de metrô Rechnoy Vokzal, da linha verde. Também há o ônibus 817 que vai para a estação de metrô Planermaya, mas não era o melhor para chegar ao nosso destino.

Pela revista, deveríamos levar 30 minutos, mas com a hora de pico e acidentes na pista, além do trânsito moroso da Leningradskaya, autoestrada que liga Moscou a São Petersburgo, levamos 1:40h. Saímos do aeroporto às 18:10h e chegamos ao metrô às 19:50. O caminho lembra a Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, só que com a Av. das Américas triplicada e com grandes blocos de prédios de classe média mais bem distribuídos. Nada de favelas na chegada à cidade.

A revista de bordo tem todas as informações sobre isso, além de plantas dos aeroportos onde opera, de como chegar ao centro de Moscou e São Petersburgo, e serve como "pedra de Roseta" porque tem boa parte do conteúdo em russo e em inglês, permitindo decifrar algumas coisas em russo por comparação.

Incrivelmente às 20h o metrô parecia borbulhar de tanta gente. A passagem custa 28 rublos, equivalentes a R$ 1,50. Saltamos na Tverkaya, depois de passar por várias estações, muito distantes entre si. O trem mal conservado parecia que ia pular dos trilhos com mais barulho que velocidade. Impressionante a frequência: enquanto tirávamos fotos na estação, vários da mesma linha passaram. Deve ser de meio em meio minuto. Talvez por isso não estivessem cheios, apesar da quantidade de gente nas plataformas.

Para chegar à estação próxima à R. Arbat tivemos que trocar de linha, através de uma escada rolante que parecia ir para o centro da terra. Uma dica: apesar dos mapas mostrarem convergências entre linhas para um mesmo ponto, isso não significa que elas cheguem à mesma estação. Aprendemos isso na prática.

Considerando as nossas andanças no aeroporto e nas estações, pode-se dizer que levamos cerca de 2:20h para chegar ao hotel. Se tivéssemos pegado o Aeroexpress no aeroporto, teríamos economizado uma hora.


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