segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Brasil : Segurança à venda para multinacionais?

Ontem a Globo mostrou uma interessante matéria sobre as falhas no sistema de segurança nos aeroportos brasileiros. Um repórter conseguiu passar nas fiscalizações levando uma escultura metálica no formato de fuzil, além de outras iniciativas e exemplos que o Fantástico usou para chocar a população. Mostrou que as malas embarcadas não passam por exame, e em Juiz de Fora, que não tem equipamento de raios-x, o repórter entrou no avião levando o artefato. Mostrou como a coisa é feita no aeroporto de Newark, EUA, para servir de exemplo. Moral da estória: O Brasil não tem condições de oferecer segurança nos padrões internacionais. (I)

Coincidentemente, no mês passado, foi divulgado documento vazado pelo Wikileaks mostrando em correspondência americana que os EUA e Israel estariam fazendo lobby para lucrar com a segurança da Copa e do Rio 2016. (II)

Neste fim de semana passado estiveram no Rio os senadores norte-americanos republicanos John McCain e John Barasso, que fizeram uma "vistoria" no Complexo do Alemão e no Morro Dona Marta, comunidades pacificadas pela polícia. Disseram-se impressionados com os avanços. Depois foram a Brasília conversar com Dilma sobre cooperação contra o terrorismo. Republicanos em geral representam o "complexo industrial militar" americano, que dá grandes contribuições para as suas campanhas e garante, com lobby de senadores e deputados, grossas verbas para o uso militar. (III)

Considerando que:
(I) - a Globo não dá ponto sem nó, nutre imensa simpatia aos lobbies norte-americanos e tem "expertise" e os meios para criar situações de medo e pânico forçando o governo a tomar atitudes, e de quebra construir massa crítica para privatizar a Infraero;
(II) - Que no mundo quem fabrica os principais produtos na área de segurança são EUA e Israel, e aplicam poderoso lobby para vendê-los, e que a diplomacia americana é agressiva na busca de mercados para seus produtos em todos os países do mundo;
(III) - Que senadores americanos de oposição, que não falam em nome do governo americano, não têm credenciais para falar em cooperação entre os países nas áreas de segurança contra terrorismo, falando portanto em seus nomes e em seus interesses;

(I) + (II) + (III) = Cria-se o problema para vender a solução. Em nome do combate ao terrorismo, há duas guerras em andamento no mundo e uma paranóia que força a colocar os equipamentos de segurança de alta tecnologia em locais públicos. Isso rende muito dinheiro. Em breve veremos meios de comunicação levantando mais falhas de segurança que poderão comprometer a Copa e a Olimpíada, apelando a providências urgentes. Tudo a bem da verdade, é claro!

Um comentário:

  1. Também tive a mesma impressão. Creio que tão querndo privatizar a Infaero ou lançar a moda de aeroporto privado ou misto. E, a estratégia é a mesma de sempre: passar a ideia segundo a qual tudo que é público é ineficiente, ineficaz e tem corrupção, enquanto tudo da inicitiva privada funciona mui bem obrigado. Em POA eu e minha esposa fomos barrados porque ela estava trazendo numa das sacolas uma faca tradicional gaúcha, portanto achei aquela reprotagem muito estranha. Abraço, Ramon

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