domingo, 25 de setembro de 2011

Oktoberfest : O São João da Bavária


Pensando numa festa regional onde as pessoas gostam de se vestir com roupas típicas, beber e comer coisas que ali são produzidas, com músicas também locais, atraindo gente de todo lugar, podemos tanto pensar no São João de Campina Grande ou Caruaru, como na Oktoberfest em Munique, na Alemanha. E não tem essa de guardadas as devidas proporções: a Oktoberfest é bem menos animada.


Como é na Alemanha, na Europa, os nossos colonizados tendem a supervalorizar o evento, deixando a festa nordestina como algo bem menor, mas ouso afirmar que já fui a ambas e pude comparar sob vários aspectos. Não que a Oktoberfest seja ruim. É ótima. Não que o nosso São João seja superior ou inferior: são festas de mesma natureza, cada uma muito boa para seus povos, e atendem a peculiaridades de acordo com cada cultura e cada história.


O parque Theresienwiese fica perto do centro de Munique, tem fartos metrôs e uma localização que permite que os moradores vão até a pé para lá. Metade do enorme parque, que deve ter o tamanho de uma Quinta da Boa Vista, no Rio, ou menos que um Parque da Cidade de Brasília, é ocupada por um parque de diversões permanente, onde os locais certamente passam fins de semana se divertindo com suas famílias.

Uma outra boa parte tem os galpões das cervejarias que promovem a Oktoberfest, uma seis ou sete. Em cada galpão há uma parte interna, onde no centro fica um coreto com uma bandinha que toca músicas folclóricas, e conjuntos de mesas separados em boxes e até em camarotes, distribuídos conforme reservas por empresas de turismo, corporações, etc. Em cada um desses galpões, não contei mas acredito que caibam sentadas umas três mil pessoas, no máximo. Do lado de fora dos galpões há uma área ao ar livre, debaixo de sol, para mais umas mil pessoas, no chute. Em todas as mesas há avisos sobre reservas a partir de certo horário. Só vendem cervejas e comidas se você estiver sentado. É terminantemente proibido beber fora das áreas das cervejarias.

Entre os galpões estão barraquinhas de venda de souvenires, bem caros por sinal. Uma caneca de cerveja daquelas com tampinha e tudo estava na faixa de 60 euros. As mais baratas, de vidro, na faixa de 8 euros. Ou seja, mais barato que a cerveja que se vende por lá. Um caneco de cerveja de 1 litro custa 9,10 euros (uns R$ 24). Só a bebida, porque a caneca é recolhida. Num supermercado da cidade compra-se a mesma cerveja, em garrafa de litro, na faixa de 4 euros. Um pratinho de uma daquelas comidas que você precisa de ajuda de tradutor, mas que basicamente é composta de duas linguiças e uma boa porção de purê de batatas bem condimentado, delicioso, custou 8,2 euros.

O macete foi chegar lá pela manhã. A princípio iríamos no final de semana, mas antecipamos depois de verificar que os poucos hotéis disponíveis estariam na faixa de R$ 600 para mais. Isso na região toda, até em cidades a 100 km de lá. Os transportes também encareceram demais. A solução que adotamos foi alugar um carro em Bratislava, pegar um hotel Ibis a preços razoáveis em Salzburg, na Áustria (400 km de Bratislava), acordar cedo, seguir para Munique (mais 130km), perder tempo tentando achar a Oktoberfest (não tinha uma só placa falando no evento na cidade), ralar para parar o carro a 1km numa área com parquímetro a 6 euros a diária, e andar até o parque.

Entramos na festa às 11h30min. Passeamos entre os galpões até escolher um que estava muito cheio, mas ainda com mesas vazias aguardando reservas a partir das 17h, pedimos as cervejas (lá não tem chopp) e o prato, conversamos com uma galera de estudantes, boa parte menor de idade, que eram da cidade e estavam lá todos vestidos em trajes típicos e bebendo sem o menor pudor, e às 2 da tarde todo mundo já era amigo. Depois de beber 2 litros, com a ajuda do calor do local, veio a hora de parar porque à noite teria que dirigir de volta a Salzburg. Como a bandinha não toca o tempo todo, dá uma desanimada e começa a rebordosa, quando se para de beber.

Saímos do galpão e vimos que nos gramados das encostas do parque e na escadaria de uma grande estátua havia gente caindo de bêbada. Nisso eram 3 da tarde! O jeito foi caminhar pelo parque inteiro, e até a uma igreja próxima, muito bonita, para onde parecia que vários bêbados tentavam chegar mas caíam pelo caminho, talvez para expiar seus pecados alcoólicos. Tiramos uma porção de fotos dessas situações constrangedoras, mas não dá para postar agora, porque ou se viaja, ou se escreve. Muitos desses bebuns ocupavam os hotéis próximos ou estavam em grupos de excursão que providenciavam o "recolhimento".

Aproveitamos para experimentar os doces e tortas regionais, uma glicose essencial para melhorar o estado geral. Voltamos ao parque às 5 da tarde, e aí era uma outra festa: os metrôs jogavam uma enxurrada de gente que vinha do trabalho, e os ônibus de excursão bombavam com enormes rebanhos de turistas. Eram os donos das mesas reservadas chegando. Entrando nos galpões, tranquilos quando ficamos por lá, agora reinava a superlotação. Gente em pé bebendo, as portas de entrada e saída, que eram até moralizadas dentro da tradição de organização alemã, viraram mão-dupla, os banheiros ficaram infernais e subdimensionados, e até tinha gente fumando, o que era proibido.

Olhamos todos os galpões, e deu para notar que no qual originalmente ficamos predominavam os jovens, e havia outros que pareciam ser das pessoas mais tradicionais da região, mais velhas. Uma festa bonita, com muitos brindes, gente animada. Fora dos galpões, famílias inteiras passeavam alheias à bebedeira, divertindo-se no parque. Eram duas festas. Não vimos brigas, apesar da entrada ser franca e o acesso a todas as cervejarias ser liberado. Toda essa festa acaba cedo, tanto que tem até um evento pós-Oktoberfest.

Imaginamos o inferno que não seria num sábado ou domingo, com a chegada do povo da região em mais ônibus, fora os turistas europeus que viajam muito. Nossa estratégia foi correta, de conhecer a festa sem gastar muito dinheiro, sair de lá sóbrios para viajar ainda 130km para dormir e voltar para contar a história. De quebra conhecemos Salzburg, terra do compositor Mozart, que vai merecer um post à parte e muitas fotos, porque não há palavras para dizer o que é essa cidade.

Também merecerá um post o pouco que vimos de Munique, já que não fazia parte do plano andar muito por lá. E já que estávamos na região, as estradas eram excelentes e o deslocamento era rápido, porque alugamos pela internet um Golf 1.4 e nos deram um Passat 2.0, chegamos a Hallstatt, na Áustria, outro post prometido.

Trocando em miúdos: quem quer festa prá valer por vários dias pode ir à Oktoberfest na Alemanha e gastar uma penca de dinheiro nos pacotes das operadoras de turismo. Ou gastar menos e ir à não menos animada e mais adaptada ao Brasil Oktoberfest de Blumenau, que quem foi gostou muito. Ou prestigiar nossas festas juninas, que têm muito mais que cerveja, bandinha e roupas típicas. Não voltaríamos mais por lá, mesmo que tivéssemos grana para isso. Valeu a experiência.

Um comentário:

  1. Baviera Golf I was reading your article and found very useful & helpful for those guys who wanna know about the same, I would like to read more in future!

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