sábado, 3 de novembro de 2012

China : Mídia é partido em qualquer lugar

O governo de Pequim proibiu o Facebook, Youtube, blogs e Twitter no território chinês. A alegação principal é a proteção dos cidadãos contra a pornografia e a difusão de programas politicamente incorretos na versão do governo. Nos 22 dias que fiquei na China continental (ainda estou em Hong Kong, território chinês com administração especial) usei normalmente os e-mails, skype e viper para comunicação, sem problemas.

Agora à noite (manhã no Brasil) estava vendo na Sun TV um documentário esculachando o presidente norte-americano Barack Obama, na mulher dele, no seu governo, etc. . Peça de propaganda republicana, baixo nível, falando dos "segredos de Obama", chamando-o de incompetente, etc. Parece aquele povinho da direita brasileira que agora está exultante com o resultado do Mensalão, batendo em Lula com todo o ódio e preconceito.

Tive a curiosidade de ver por que um grupo de mídia de Hong Kong teria interesse em bater num presidente norte-americano dessa forma, defendendo indiretamente um republicano nas próximas eleições do dia 6 de novembro. Na internet encontrei a razão: a Sun TV teve seu sinal proibido na China continental a pretexto de veicular talk-shows politicamente incorretos, o que fez as ações do grupo de mídia desabarem. Como Obama tem tido uma política de banho-maria em relação a Pequim em função de uma nova estratégia geopolítica para a Ásia, leva porrada também.

Agora em setembro completou-se 15 anos desde que o domínio de Hong Kong saiu das mãos dos ingleses para a dos chineses. Pela constituição que foi negociada em 1997 e está em vigor, não podendo ser alterada por 50 anos, Hong Kong goza de um regime administrativo especial, onde há maior liberdade de expressão e de posturas pessoais. Pessoas foram às ruas levando bandeiras da Inglaterra, reivindicando independência, com o apoio de mídia anti-chinesa de Hong Kong. Depois falam de liberdade de expressão para justificar o poder de manipulação. E dão corda à censura e da propaganda de Pequim, que coloca a mídia como inimiga do estado e promotora da desagregação social.


3 comentários:

  1. Pelo que você fala, Hong Kong é da China. Mas NÃO É. Trata-se de uma terra de faz de conta? O que significa, objetivamente, "regime administrativo especial"?

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  2. Caro Lúcio,

    Depois de 156 anos de humilhação, a República Popular da China (RPC) recuperou em 1997 a soberania sobre o território de Hong Kong através de um acordo com a Inglaterra. Uma constituição foi aceita pelas partes e através dela, por 50 anos, Hong Kong terá o status de Região Autônoma Especial. O gestor é nomeado pela RPC, que também trata de relações exteriores e militares. No mais, é a política que se chama de "um país, dois regimes". A China vem cumprindo o acordo há 15 anos, e aparentemente Hong Kong é a mesma coisa que antes, quando tinha um governador nomeado pela Inglaterra. Imprensa livre para ser manipulada pelos agentes do mercado, mercado capitalista, etc. Não se vê presença ostensiva do poder chinês por aqui. Não é uma terra de "faz de conta" porque, assim como Macau, que também tem administração especial por 50 anos a partir de 1999, são partes integrantes da China. Já Taiwan é o que eles chamam de "província rebelde", e todo mapa da China, noticiário de meteorologia, tudo inclui Taiwan. O tratamento dado pela China continental é diferenciado para os moradores de Hong Kong, Macau e Taiwan em relação aos demais estrangeiros. Taiwan e China são unidos em termos de estratégia, sendo aliados na questão das ilhas Daihu contra o Japão e na repressão ao separatismo do Tibete.

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  3. Hoje fui ao Museu Histórico de Hong Kong, um dos mehores que vá visitei, e lá estão registradas as humilhações impostas pela Inglaterra à China. No século XIX a China exportava muito para a Inglaterra, e praticamente não importava nada. A Inglaterra então passou a vender no mercado chinês o ópio produzido na Índia, causando um problema social imenso, tanto pela destruição da mão-de-obra por problemas de saúde como pelo vício que destruía o tecido social. Quando a China quis barrar esse tráfico, a Inglaterra declarou guerra, tomou várias cidades, inclusive Pequim, e passou a impor condições aos chineses, além de ocupar Hong Kong, parte de Shanghai, etc. A coisa chegou ao nível de haver jardins com placas onde se proibia a entrada de cachorros e de chineses. Aparentemente os chineses de HK comemoraram o retorno da soberania, afinal, 95% da população é chinesa.

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