segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Templo desaba: obra do demônio?

Obras de engenharia e religiões são criações humanas, e se sujeitam a leis da ciência como as da física, quimica, economia, etc. O prédio da sede mundial da Igreja Renascer, negócio do casal Hernandes (em prisão domiciliar nos EUA por questões nada religiosas), ou qualquer outro, podem ir ao chão, se certos cuidados não forem tomados.

Pela TV pudemos ver que o prédio tinha uma estrutura metálica de coberta, apoiada em pilares aparentemente independentes das parede de alvenaria. A TV também mostra um trecho na lateral direita com sinais de colapso e fragmentos lançados sobre um telhado vizinho.

As imagens da TV mostraram também equipes de cinegrafistas sendo agredidas ao tentarem fazer imagens do prédio por "fiéis" preocupados em esconder algo, mas não impedirão que a perícia técnica entre e apure as causas, que certamente não terão místicas. O diabo levará a culpa, afinal, é assim que o negócio religioso funciona quando se trata de fidelizar clientes e ocultar falhas humanas.

As leis obrigam que projetos de estruturas metálicas tenham a responsabilidade técnica de engenharia anotada num CREA. Idem para a execução. O mesmo para qualquer alteração posterior, já que novas cargas podem superar limites não previstos em projetos. E a manutenção, também tem responsabilidade técnica. Essas coisas custam dinheiro, que, nem sempre, se quer pagar, apelando-se para "jeitinhos", que dão certo enquanto os limites de segurança obrigados pelas normas técnicas suportarem as sobrecargas.

As prefeituras se limitam a verificar a regularidade documental dos prédios, para concederem alvarás, sem reconferirem cálculos estruturais, etc. A não ser que hajam indícios visíveis como rachaduras, desabamentos, os órgãos públicos renovarão as licenças. Não adianta, portanto, os responsáveis dizerem que a prefeitura vistoriou e que, portanto, abonariam quaisquer irregularidades com a sua presença.

Se fosse o perito, começaria a investigação ouvindo os responsáveis técnicos, se houverem, e buscando saber se as cargas do forro de gesso, equipamentos de ar condicionado, de iluminação e som estavam previstas no projeto original. Depois, verificaria indícios de corrosão e alterações na estrutura. Não tem mistério: dessa investigação aparecerão culpas ou dolos dos seres humanos responsáveis pelo desabamento. E aos outros humanos atingidos pela tragédia, buscarem as reparações materiais junto aos donos do prédio.

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