sábado, 19 de março de 2011

Rio : Repressão política na conta de Obama

Treze pessoas presas, inclusive um menor de idade, em Bangu 8, sem direito a "habeas corpus" nem fiança. Acusações falsas atribuindo aos organizadores do protesto (PSTU, CSP Conlutas, Sindicatos, etc) o lançamento de um coquetel molotov (bomba incendiária) na embaixada americana no Rio. Pancadaria, bombas de gás, repressão que há muito tempo não se via no Rio, nem em ocupação de favelas. Tudo isso deve ir para a "conta de Obama", a exemplo da "conta do Papa" de Tropa de Elite I.


Qualquer cão ou gato no Rio de Janeiro sabia que a vinda do representante maior do imperialismo à cidade iria dar merda, principalmente porque fazer comício na Cinelândia é muita provocação. O que houve ontem foi só o início. As polícias cariocas estão sob intervenção do FBI e do Serviço Secreto dos Estados Unidos. Na Cidade de Deus, um dos lugares onde Obama irá tirar fotos e fazer imagens como líder preocupado com a pobreza no quintal da América, está tudo dominado. Os jornais do Rio falam até que o FBI não queria deixar o secretário de segurança Beltrame entrar lá. Certamente vão usar até "pobres cenográficos", emprestados pela produtora do programa eleitoral do José Serra do ano passado.

O cartunista Chico, de O Globo, fez uma caricatura na capa de hoje que diz tudo: o avião presidencial americano pousado na beira da praia, com Obama tirando as roupas pela escada e mergulhando no mar, e o título "Yes, weekend", um trocadilho com o lema de campanha dele ("Yes, we can"). Toda essa presepada que está indignando o povo carioca e que já vem perturbando a cidade com ensaios de segurança acabará endossando as manifestações políticas que ainda virão até que Obama deixe a cidade.

Em Brasília hoje o aparato de segurança praticamente impediu a aproximação dos curiosos para ver a comitiva de Obama nas principais vias. Um absurdo intervencionista: o espaço aéreo de Brasília está controlado pelas forças de segurança americanas! Não sei se é por isso e outras coisas que Lula não vai ao almoço oferecido a Obama, onde estarão FHC, Itamar e Collor. Hoje haverá encontro de empresários americanos com políticos e empresários brasileiros por lá, e um dos produtos que Tio Sam tem a vender é .... segurança em eventos, visando a Copa e Olimpíada! A demonstração está um tanto exagerada.

Para os Estados Unidos, rebelde bom é rebelde líbio. No Brasil, sob intervenção americana, as forças de segurança baixaram a porrada e suprimiram direitos humanos dos presos ontem no Rio. Um escândalo internacional, manipulado pela grande mídia para fazer de militantes de esquerda algo parecido com terroristas. Depois que o prefeito da cidade posou ao lado de um sósia de Bin Laden ontem, a CIA deve tê-lo fichado como participante da Al Qaeda, perigosíssimo, mesmo oriundo do PSDB. Se o ex-tucano é assim, o que se pode esperar do povo do "Fora todos"? Aí vai a nota à imprensa do PSTU:

Comunicado à imprensa sobre a repressão no ato do Rio






• Diante do protesto desta sexta-feira, contra a visita de Obama e a violenta repressão policial, o PSTU vem a público declarar que:

1 – O ato pacífico foi organizado pela CSP-Conlutas, pela Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre - ANEL e por diversos sindicatos.

2 – O protesto faz parte de uma jornada nacional, que inclui atos em outras cidades e tem como objetivo denunciar a visita de Obama, a entrega do petróleo, os acordos de livre comércio com o governo brasileiro. Também pretende apoiar a revolução árabe e denunciar os ataques do imperialismo aos povos do mundo, como no Iraque, e que agora se repete na Líbia.

3- O PSTU apoiou o protesto e participou ativamente de sua organização. Durante a semana, o partido tem realizado várias ações contra a visita de Obama, com milhares de cartazes e até faixas em um avião que circula pelos céus do Rio de Janeiro.

4 – Desde as 16h, horário marcado para a concentração, os policiais demonstravam que não tolerariam o protesto. Chegaram a impedir a entrada de um carro de som na Candelária e não queriam deixar que a caminhada seguisse pela Av. Rio Branco.

5 – Apenas depois de uma longa negociação, de quase duas horas, a passeata pôde deixar a Candelária. No momento, já somavam 400 pessoas, inclusive muitas crianças. A passeata foi aplaudida ao longo da Av. Rio Branco, demonstrando que o apoio à visita não é unâmime.

6 – O acordo com o comando policial previa que a passeata seguiria até o Consulado dos EUA, onde seria feito apenas um ato simbólico, seguindo até a Cinelândia. O objetivo era ocupar a praça, símbolo de resistência à ditadura militar, e que Obama tentou usar agora como palco para seu discurso.

7 – Em frente ao Consulado, o ato iniciou com discursos, palavras de ordem. Simbolicamente, sapatos foram atirados contra uma bandeira dos Estados Unidos, repetindo um gesto comum nas revoltas árabes.

8 – No momento em que estavam reunidos em um grande círculo, os manifestantes e os jornalistas escutaram uma explosão ao fundo e foram surpreendidos com o avanço da polícia, que atacou com cassetetes, atirou com balas de borracha e lançou bombas de gás e depois perseguiu os manifestantes pelas ruas vizinhas. As cenas desse momento foram gravadas por manifestantes e estão em nosso site.

9 – Dezenas de pessoas ficaram feridas e entre 12 e 15 manifestantes foram presos. Entre eles, um estudante, menor de idade. Até as 22h, ninguém havia sido solto.

10 – A polícia declarou que coqueteis molotov foram jogados contra os policiais, atingindo um segurança do Consulado. Sobre isso, declaramos que nem o PSTU e tampouco qualquer uma das entidades que organizaram o ato concordam ou apoiam atitudes como essa no ato, convocado como uma manifestação totalmente pacífica.

11 – Este espírito pacífico era compartilhado pelos manifestantes. Entendemos que transformar a passeata em uma batalha apenas favoreceria o imperialismo, evitando que se discuta as verdadeiras intenções da visita. Neste sentido, desconhecemos os autores do ataque e queremos vir a público declarar nossa desconfiança de que provocadores tenham se infiltrado no ato, com esse objetivo.

12 – Os artefatos lançados não justificam a reação completamente desproporcional da polícia do governador Sérgio Cabral, que agiu atacando e prendendo a esmo. A selvageria se seguiu por várias horas, com policiais perseguindo manifestantes pelas ruas próximas a Cinelândia, revistando e prendendo sem provas.

13 – A ação policial derruba por terra qualquer respeito à liberdade e os direitos humanos e indica uma criminalização dos protestos, ao melhor estilo dos Estados Unidos. Um exemplo foi dado na delegacia, quando policiais exibiram suas “apreensões”: uma garrafa de cerveja que teria sido usada como parte de um coquetel molotov e um soco inglês. Para que a imprensafotografasse, foi colocada uma bandeira e um cartaz do PSTU, atribuindo responsabilidade sobre os ataques. Desde quando uma bandeira, um símbolo de um partido político pode ser apresentado como algo criminoso?

14 – Exigimos uma investigação e uma resposta do governador Sergio Cabral e de seus secretários de Segurança e de Direitos Humanos sobre os fatos desta sexta-feira. Imediatamente, exigimos a libertação de todos os presos, principalmente o menor de idade, que, pela lei, não poderia estar em uma delegacia policial.

15 – Por último, o PSTU afirma que não deixará de protestar contra os Estados Unidos por conta dos ataques da polícia de Sergio Cabral. Continuaremos nas ruas, e nosso próximo ato será no domingo, às 10h, no Largo do Machado. Convocamos todos a participarem deste ato, e transformar esse dia em um grande repúdio à violência de hoje e a criminalização dos que lutam.

Rio de Janeiro, 18 de março de 2011

PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO
www.pstu.org.br



VEJA O VÍDEO DO MOMENTO DO ATAQUE DA POLÍCIA






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  • URGENTE: Presos políticos do PSTU estão sendo levados para Bangu e Água Santa


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