Mal foi ocupada a Vila Cruzeiro e a imprensa já dava notícias de uma operadora de TV por assinatura vendendo planos numa entrada da favela. É que logo que acontece uma ocupação e se reestabelece a ordem, as concessionárias podem entrar nas áreas antes controladas por tráfico ou milícias e desativar as ligações clandestinas, exploradas por criminosos. Vi isso quando ocuparam os morros do Andaraí. Numa rua de acesso havia equipes da NET praticamente em cada poste. Deviam estar passando novos cabos e tirando os gatos.
Lá se vão embora a TV (com todos os canais abertos!) a preço barato e a internet, também conhecida como "intercat". Prejudica a inclusão digital que hoje faz a festa dos orkuteiros pobres.
Quando a Light chega, acaba a farra da energia barata. Numa dessas ocupações, tempos atrás, vi um comerciante furioso porque iria pagar uma conta alta pois tinha uma câmara frigorífica alimentada por um "gato". Na falta de noção que assola o país, o ladrão de energia queria mostrar que tinha razão. A concessionária de energia tira os gatos, coloca medidores e bota todo mundo para paga pela energia antes roubada. É o preço da liberdade. Sai a exploração do crime, entra a exploração das concessionárias.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
Rio : drogas vão subir de preço
Com a apreensão de 40 toneladas de maconha nas recentes ações policiais, a oferta do produto nas prateleiras das bocas de fumo ficará mais escassa, e a lei do mercado é implacável: vai subir de preço. O mesmo deve acontecer com o pó e o lança-perfume, muito usados nas festas de elite de fim de ano. Alguns bacanas, que já tinham problemas de caos aéreo, agora encararão a inflação nesses gêneros de primeira necessidade para suas festinhas. Possivelmente o COPOM subirá as taxas de juros para combater o efeito da inflação pela falta das drogas. Os preços das "drogas legais" também deverão subir, pelo aumento de demanda. Vai ter mais gente indo em cana no fim de ano pela Lei Seca que por porte de de drogas...
Agora falando sério: é dificil neste momento avaliar a extensão dos estragos feitos à economia do crime com a perda dos territórios do Alemão e do Cruzeiro. A quantidade de drogas apreendida nesses armazéns do tráfico secará as redes de distribuição instantaneamente, até a reposição. Há estudos que afirmam existir 16 mil empregados do tráfico no Rio. Nesses territórios, além das bocas-de-fumo, havia uma oficina de manutenção de armas, um hospital, refinaria de drogas, locais de processamento (endolação), centenas de soldados, olheiros, vaporzeiros, fogueteiros, etc.
Sem a mercadoria para trocar por dinheiro, e sem as prisões imediatas de boa parte dessas pessoas, haverá uma crise social instantânea, de desdobramentos imprevisíveis. Para completar, bens das famílias dos traficantes estão sendo confiscados, e deverá faltar dinheiro para pagar a folha do tráfico. Boa parte das pessoas que se encontrava abrigada no Alemão era refugiada do Cruzeiro, e de outras áreas da cidade expulsos pelas UPPs. Não devem ter parentes para garantir basicamente comida e moradia.
Como parte da população tende a não ajudar, e ainda denunciar, o que farão? O controle dos acessos às comunidades impedirá que voltem ao asfalto para fazer assaltos. Terão que agir dentro das favelas, aumentando a violência. Por outro lado, irão se expor mais, sujeitando-se à captura ou morte pela ação da polícia. Apesar da mídia falar em libertação e paz, ainda vai rolar muita violência antes da opressão do tráfico acabar nas áreas ocupadas.
Agora falando sério: é dificil neste momento avaliar a extensão dos estragos feitos à economia do crime com a perda dos territórios do Alemão e do Cruzeiro. A quantidade de drogas apreendida nesses armazéns do tráfico secará as redes de distribuição instantaneamente, até a reposição. Há estudos que afirmam existir 16 mil empregados do tráfico no Rio. Nesses territórios, além das bocas-de-fumo, havia uma oficina de manutenção de armas, um hospital, refinaria de drogas, locais de processamento (endolação), centenas de soldados, olheiros, vaporzeiros, fogueteiros, etc.
Sem a mercadoria para trocar por dinheiro, e sem as prisões imediatas de boa parte dessas pessoas, haverá uma crise social instantânea, de desdobramentos imprevisíveis. Para completar, bens das famílias dos traficantes estão sendo confiscados, e deverá faltar dinheiro para pagar a folha do tráfico. Boa parte das pessoas que se encontrava abrigada no Alemão era refugiada do Cruzeiro, e de outras áreas da cidade expulsos pelas UPPs. Não devem ter parentes para garantir basicamente comida e moradia.
Como parte da população tende a não ajudar, e ainda denunciar, o que farão? O controle dos acessos às comunidades impedirá que voltem ao asfalto para fazer assaltos. Terão que agir dentro das favelas, aumentando a violência. Por outro lado, irão se expor mais, sujeitando-se à captura ou morte pela ação da polícia. Apesar da mídia falar em libertação e paz, ainda vai rolar muita violência antes da opressão do tráfico acabar nas áreas ocupadas.
Rio : planejamento foi arma do sucesso na guerra
Gosto de planejamento, de um bom projeto, onde todas as variáveis sejam estudadas aumentando as chances de sucesso e permitindo, se necessário, replanejamentos táticos. Infelizmente, o pouco de cultura de planejamento que existiu no Brasil se perdeu ao longo de mais de 30 anos de governos caóticos, seja por incapacidade administrativa ou por liquidação do estado na organização social.
Mantega e Dilma são bons nisso. Trouxeram de volta os grandes planos de investimento através de intervenções planejadas do Estado. Se Lula inaugurou obras, deve agradecer a Dilma. E ao Zé Dirceu, que se lascou no mensalão e abriu caminho para a chegada de Dilma à Casa Civil e à organização do PAC, Minha Casa, Minha Vida, além do Luz para Todos.
Outra figura que deve ter o reconhecimento por prezar a organização é o Secretário de Segurança do Rio, Luiz Beltrame. Ele é o responsável pelo cronograma de reequipamento da polícia à medida que se implantam as UPPs, e sua equipe planejou e executou, em tempo recorde, as operações de tomada do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, tidas como fortalezas inexpugnáveis do tráfico. Todos os detalhes foram pensados, dos tanques da Marinha aos hospitais de campanha, passando pelas equipes de identificação do Instituto Félix Pacheco e pelo melhor uso de cada recurso.
O resultado foi uma operação com nenhuma baixa do lado das forças de segurança, poucas baixas do lado do tráfico, muitas prisões, apreensão de drogas, armas e veículos roubados em quantidades inimagináveis, e efeitos de motivação nas tropas e na população. Deram um show para o mundo ver, dando prazo para rendição, dando suporte à transparência pela mídia, focando na demonstração da capacidade do Rio gerir sua segurança e garantir os grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo e a Olimpíada.
Beltrame não cedeu às pressões para sair aceitando a intervenção da Força Nacional ou o controle da operação pelas forças armadas. Simplesmente arranjou para cada força aliada uma tarefa dentro da operação, e todos sairam ganhando. Sabe que não tem condição de instalar uma UPP conforme padrões naquela área agora, debilitando as demais ou abrindo fragilidades para milícias ou retomada pelo tráfico, por isso deverá acelerar o cronograma de obtenção dos recursos para fazer tudo direito.
A mídia tentará desviar o foco para o endeusamento e glorificação dos policiais e soldados diante dessa vitória que se canta como definitiva. Os políticos tentarão puxar para si os resultados. A equipe técnica, que fez da operação policial um sucesso, não deverá ter os espaços de holofotes dados aos outros, mas merece o reconhecimento pelo planejamento. Um exemplo para outras áreas de governo.
Mantega e Dilma são bons nisso. Trouxeram de volta os grandes planos de investimento através de intervenções planejadas do Estado. Se Lula inaugurou obras, deve agradecer a Dilma. E ao Zé Dirceu, que se lascou no mensalão e abriu caminho para a chegada de Dilma à Casa Civil e à organização do PAC, Minha Casa, Minha Vida, além do Luz para Todos.
Outra figura que deve ter o reconhecimento por prezar a organização é o Secretário de Segurança do Rio, Luiz Beltrame. Ele é o responsável pelo cronograma de reequipamento da polícia à medida que se implantam as UPPs, e sua equipe planejou e executou, em tempo recorde, as operações de tomada do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, tidas como fortalezas inexpugnáveis do tráfico. Todos os detalhes foram pensados, dos tanques da Marinha aos hospitais de campanha, passando pelas equipes de identificação do Instituto Félix Pacheco e pelo melhor uso de cada recurso.
O resultado foi uma operação com nenhuma baixa do lado das forças de segurança, poucas baixas do lado do tráfico, muitas prisões, apreensão de drogas, armas e veículos roubados em quantidades inimagináveis, e efeitos de motivação nas tropas e na população. Deram um show para o mundo ver, dando prazo para rendição, dando suporte à transparência pela mídia, focando na demonstração da capacidade do Rio gerir sua segurança e garantir os grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo e a Olimpíada.
Beltrame não cedeu às pressões para sair aceitando a intervenção da Força Nacional ou o controle da operação pelas forças armadas. Simplesmente arranjou para cada força aliada uma tarefa dentro da operação, e todos sairam ganhando. Sabe que não tem condição de instalar uma UPP conforme padrões naquela área agora, debilitando as demais ou abrindo fragilidades para milícias ou retomada pelo tráfico, por isso deverá acelerar o cronograma de obtenção dos recursos para fazer tudo direito.
A mídia tentará desviar o foco para o endeusamento e glorificação dos policiais e soldados diante dessa vitória que se canta como definitiva. Os políticos tentarão puxar para si os resultados. A equipe técnica, que fez da operação policial um sucesso, não deverá ter os espaços de holofotes dados aos outros, mas merece o reconhecimento pelo planejamento. Um exemplo para outras áreas de governo.
Rio : fim da Batalha do Alemão
Acabou a marra do Comando Vermelho (CV): o Complexo do Alemão e a Vila do Cruzeiro estão dominados pelo Estado, e centenas de criminosos agora se escondem como ratos, sem território, sem armas, sem drogas e sem moral. Nunca pensaram que iriam ser esculachados pela polícia, pelas forças armadas e até pelos moradores, que, implacáveis, estão dedurando tudo e todos. Mesmo prometendo um banho de sangue, a bandidagem botou o rabo entre as pernas e passou ao "salve-se quem puder".
A equipe de reportagem do Blog do Branquinho, que às vezes perde a noção do perigo, foi à tarde à Penha ver como estava a situação na região em conflito. E viu que a vida estava normal: igrejas com seus fiéis normalmente orando, bares e restaurantes com tevês, muita cerveja e rodas de samba com torcidas vendo seus times no Brasileirão, gente na rua, trânsito normal na Avenida Brasil e principais vias da Penha, Olaria, Bonsucesso. Quando chegamos à avenida Itararé, a chapa foi ficando mais quente, com tropas nas ruas, blindados e muita imprensa, concentrada na entrada da favela do Grotão, em frente ao Bar do Maluco.
Por toda a região as marcas pichadas do "CV" mostravam o domínio do território pela facção. Nem as placas das obras públicas do PAC e da Prefeitura escapavam. Em cada esquina de descida do complexo de favelas havia grupos de soldados, e praticamente não havia policiais da PM, Federal ou Bope, que deviam estar nas atividades de vasculhamento das casas.
Outra coisa que chama a atenção na área do Alemão é uma grande escola estadual com o nome de Tim Lopes, repórter da Globo chacinado na área, e o Teleférico do PAC. Não imaginava que fosse tão extenso o percurso, desde a estação de trem em Bonsucesso, cruzando várias comunidades com estações enormes, sendo a última delas a que foi tomada pela polícia e onde foram hasteadas as bandeiras. Agora, com a tomada do Complexo, as obras poderão terminar sem precisar pedir licença a ninguém.
No final das contas, os criminosos preferiram não encarar as forças legais em desvantagem. Uma boa parte não tem nenhum mandado de prisão, e têm ficha limpa, podendo escapar se ninguém os denunciar. Outros têm condenações, e devem ser presos com o tempo.
Quando as câmeras da mídia internacional saírem da área, levando notícias dando conta da capacidade das autoridades do Rio manterem a ordem, o bicho deve pegar, porque quem não fugiu antes, agora vai ficar ali, como numa prisão a céu aberto, servindo de caça à polícia. Outra parte, que vai ficar desempregada e sem acesso à droga, deverá entrar em pânico e tentar coisas desesperadas, servindo ao "pesque e pague" das autoridades. Fica a questão para as próximas horas: vão acabar os ataques na cidade?
Rio : acabou a agonia da maioria
Milhões de brasileiros vão dormir mais tranquilos com o fim de uma ameaça que os atormentava há algum tempo: o risco de rebaixamento do Mengão. Numa dessas rodadas do Brasileirão onde a coincidência e a engenharia dos cartolas não têm limites bem claros, o Cruzeiro, o Corinthians e o Fluminense vão para a última rodada com chances de serem campeões, o Flamengo e o Atlético Mineiro escaparam do rebaixamento e o clássico dos desesperados passa a ser entre dois times pequenos, o Atlético Goianiense e o Vitória.
Time grande não cai, é a regra. Não vai ser desta vez que a segunda maior torcida do Rio, a anti-Flamengo, vai tripudiar dos hexacampeões brasileiros. E no domingo, vamos torcer para que o Fluminense repita as boas campanhas de outros campeonatos, e seja, com louvor, vice-campeão brasileiro. Sou Guarani de coração...
Time grande não cai, é a regra. Não vai ser desta vez que a segunda maior torcida do Rio, a anti-Flamengo, vai tripudiar dos hexacampeões brasileiros. E no domingo, vamos torcer para que o Fluminense repita as boas campanhas de outros campeonatos, e seja, com louvor, vice-campeão brasileiro. Sou Guarani de coração...
sábado, 27 de novembro de 2010
Tucano preso na casa de chefão do tráfico da Vila Cruzeiro
A eleição passou mas a gente não pode perder a piada. Até porque se essa ação policial fosse há um mês, tranquilamente apareceria um cartaz da Dilma nas imagens da mídia golpista nos redutos de bandidos, ao lado de metralhadoras.
No caso da tomada da Vila Cruzeiro, encontraram um tucano (o pássaro, possivelmente capturado a golpes de bolinhas de papel) preso numa gaiola, e era o bicho de estimação do bandidão FB. Tucano é bicho azarado, e esse não teve a sorte de outros, que voam em bandos e continuam soltos.
No caso da tomada da Vila Cruzeiro, encontraram um tucano (o pássaro, possivelmente capturado a golpes de bolinhas de papel) preso numa gaiola, e era o bicho de estimação do bandidão FB. Tucano é bicho azarado, e esse não teve a sorte de outros, que voam em bandos e continuam soltos.
Rio : o ultimato da rendição
O Comando da PM mandou avisar pela mídia o local para receber traficantes desertores interessados na rendição no Complexo do Alemão. Não deram o horário: apenas dizem que a oportunidade de sair de lá com integridade física, acompanhados pela mídia, terminará quando começar a operação policial de tomada do complexo. A Globo do Rio alterou toda a programação para ficar no ar enchendo linguiça com o programa Rio Contra o Crime, que a todo momento mostra imagens e comentários. O relações públicas da PM está direto lá, junto com o ex-comandante do BOPE, Rodrigo Pimenta.
A polícia aposta na falta de logística dos bandidos. Acreditam estar faltando comida e que todos estejam cansados, sem orientação pela prisão de pelo menos dois chefes, que são exibidos a toda hora. A guerra psicológica inclui as imagens do apartamento da esposa de um dos traficantes, que foi presa por acusação de associação com o tráfico e lavagem de dinheiro. Deve ser terrível para quem está diante da morte iminente ver a vida de luxo e riqueza que seus chefes tinham longe da favela, conquistada a partir da exploração deles e de uma grande quantidade de gente perdida para a droga.
Neste momento não interessa o confronto. Há cobertura internacional, e há interesses em mostrar que a cidade não tem condições para receber a Olimpíada de 2016 . Até aqui morreu pouca gente, quase todos ligados ao tráfico. Não interessa fazer uma imagem externa similar à do México, onde há uma guerra sem sucesso contra o tráfico. Praticamente pararam as ações incendiárias na cidade, e a falta de novas imagens de veículos incendiados reforça a idéia de avanço na luta contra os criminosos.
O melhor para a imagem do Rio e do Brasil, neste momento, é que as mídias de todo o mundo mostrem uma grande rendição, caracterizando a vitória sobre o tráfico. Na hora que isso aparecer na TV creio que haverá clima de Copa do Mundo por aqui.
Durante décadas o carioca temeu o crime organizado, e agora comemora ao ver mais de 500 bandidos encurralados, com duas opções: rendição ou morte.
A polícia aposta na falta de logística dos bandidos. Acreditam estar faltando comida e que todos estejam cansados, sem orientação pela prisão de pelo menos dois chefes, que são exibidos a toda hora. A guerra psicológica inclui as imagens do apartamento da esposa de um dos traficantes, que foi presa por acusação de associação com o tráfico e lavagem de dinheiro. Deve ser terrível para quem está diante da morte iminente ver a vida de luxo e riqueza que seus chefes tinham longe da favela, conquistada a partir da exploração deles e de uma grande quantidade de gente perdida para a droga.
Neste momento não interessa o confronto. Há cobertura internacional, e há interesses em mostrar que a cidade não tem condições para receber a Olimpíada de 2016 . Até aqui morreu pouca gente, quase todos ligados ao tráfico. Não interessa fazer uma imagem externa similar à do México, onde há uma guerra sem sucesso contra o tráfico. Praticamente pararam as ações incendiárias na cidade, e a falta de novas imagens de veículos incendiados reforça a idéia de avanço na luta contra os criminosos.
O melhor para a imagem do Rio e do Brasil, neste momento, é que as mídias de todo o mundo mostrem uma grande rendição, caracterizando a vitória sobre o tráfico. Na hora que isso aparecer na TV creio que haverá clima de Copa do Mundo por aqui.
Durante décadas o carioca temeu o crime organizado, e agora comemora ao ver mais de 500 bandidos encurralados, com duas opções: rendição ou morte.
Rio : segurança quebra paradigmas
Neste sábado o Rio de Janeiro amanheceu num ar de normalidade que desconhece a existência de atentados e de um cerco a uma área onde o confronto é iminente, com possíveis grandes baixas. Nesta madrugada precisei ir ao aeroporto do Galeão de carro, pegando a Linha Vermelha, e tomei todos os cuidados. Como todos faziam o mesmo, uns suspeitavam dos outros, e tentavam correr uns dos outros. Deve ter dado multa nos radares. Tudo era dispensável: havia policiais em todo o percurso, a cada quilômetro. Na volta, relaxei e vim tranquilo. Na Tijuca, bares abertos com gente tomando seu chopp despreocupadamente. O terror já foi precificado pelo carioca, e a vida segue.
O que está surpreendendo é a quebra do paradigma da organização do crime do tráfico. Agem como bando, não como exército ou algo que se assemelhe a uma empresa. Os criminosos têm armas, mas não têm treinamento. O que mais têm é "marra", atitude agressiva, ostensiva, boçal, de mostrar poder por ter uma arma na mão. Os jornais que ontem estavam ufanistas agora endeusam os policiais. Até O Globo elogia a ação da polícia, depois de ter tentado espalhar o pânico para desmoralizar as autoridades. Ontem esse jornal colocou um título de matéria que diz tudo: BANDIDOS TINHAM FORTALEZA DE PAPEL, ou seja, havia muito blefe dos criminosos sobre o seu real poder, e uma superavaliação deste por parte da polícia.
Rendição é a solução mais sensata para os encurralados do Alemão. Vão encarar prá quê? Vão morrer por quê ou por quem? Pelo Marcinho VP? Pela droga que consomem? Entregando-se, sabem que não ficarão muito tempo atrás das grades, pois para isso existem os advogados criminosos, que não se limitam ao trabalho profissional de defesa dos seus clientes, mas passam recados e colaboram com o crime. Espero ver na TV as filas indianas de bandidos algemados entrando nos camburões. Haja prisão. A outra forma de sair é menos visível, porque os mortos são colocados em ambulâncias e vão ser contabilizados nos hospitais.
Mais uma vez o tablóide Meia Hora sai na frente esculachando a bandidagem e dando a sugestão da rendição. Na capa de hoje, o título em tamanho garrafal é RENDA-SE, com um modelo de rendição a ser entregue pelo bandido ao policial mais próximo. Tem até espaço para a assinatura com o polegar, se o criminoso for analfabeto. O carioca leva tiro mas não perde a piada. Essa desmoralização do tal "crime organizado", aliada à recuperação da auto-estima das pessoas nas comunidades, vai ter um efeito-dominó que acelerará a destruição desses bandos mais cedo do que se pensa.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Rio : Que vitória?
Os jornais cariocas exibiram notícias dignas de dia seguinte de campeonato. Até o povo nas ruas parecia estar de alma lavada com os bandidos fugindo que nem baratas da Vila Cruzeiro, enxotados pela polícia. O jornal Meia Hora não perdoou, e mandou esta manchete: BUNDÕES DA VILA CRUZEIRO FOGEM QUE NEM BARATAS. Para esculachar, botaram fotos de uma porção de baratas na capa, com uma delas "falando": QUE MEDINHO! Co mpletando o ufanismo: COBERTURA COMPLETA DA GUERRA.
O Globo, que é contra a política de segurança do Rio, tentou desgastar as autoridades e agora se coloca como instrumento a serviço da luta contra o crime, dedicou toda a primeira página numa alusão à ação aliada da Segunda Guerra Mundial: DIA D DA GUERRA AO TRÁFICO. Jornal O Dia vem com esta: O RIO CONTRA-ATACA. O Extra diz: DEU PARA ENTENDER QUEM MANDA NO RIO? Enfim, o Expresso também dedica toda a capa e afirma: GUERRA DE CINEMA, comparando fotos do filme Tropa de Elite com fotos da ação policial de ontem.
Tudo isso é importante, mas o remédio não fez o efeito desejado. Continuam os ataques a veículos em vários pontos do estado. Tem polícia nas ruas, mas a ação de criminosos é rápida e surpreendente. Do nada saem pessoas com galões de gasolina, espalham nos veículos e tacam fogo, e salve-se quem puder. Não há policiamento ostensivo que resolva isso.
Os ataques têm sido criteriosos ao poupar vidas de "civis" e alvos de grande concentração, mostrando clareza militar das ordens que os soldados do tráfico recebem. Quem é o interlocutor, o mandante, aquele que mandará parar tudo? Está nos presídios ou nas favelas? Ou em algum gabinete, aguardando a polícia arrasar os criminosos para depois entrar com suas milícias?
Rio : cabe freiada tática no Complexo do Alemão?
Das entrevistas do pessoal que participou ontem da tomada da Vila Cruzeiro ficaram algumas pulgas atrás das orelhas:
- a polícia contava que ia ser mole tomar aquela fortaleza tida como inexpugnável, com os bandidos correndo como baratas?
- os bandidos achavam que iriam vencer novamente e não se prepararam para a fuga?
- sem contar com a fuga em massa dos bandidos, a polícia realmente cercou o complexo do Alemão, ou esse bando de gente correu para outros lugares tornando-se uma ameaça maior?
- as imagens da TV atrapalharam o previsível extermínio que helicópteros fariam atirando contra os bandidos na fuga?
- qual o nexo entre o ataque e a sustação dos ataques do tráfico pela cidade, já que eles continuam?
- o que fazer com os criminosos no Complexo do Alemão, que se ainda estiverem por lá, certamente estarão explorando casas de pessoas inocentes para se alimentarem e dormirem, usando-as como reféns?
- a polícia vai usar o final de semana, de menor movimento nas ruas, para fazer a aniquilação no Alemão, ou vai fazer da área uma espécie de Faixa de Gaza ou um pesque-e-pague, onde é só entrar e matar alguns no longo prazo?
- há espaço para negociação tática, mantendo o Complexo do Alemão como refém para parar os atentados?
- como a população, aliviada com o poder da polícia botando os bandidos para correr, reagiria a uma parada das ações policiais agora?
Creio que a polícia terá que agir com racionalidade dos recursos e ao mesmo tempo com sensibilidade política para aproveitar a maré positiva do apoio popular. As pessoas querem ver bandidos mortos, em primeiro lugar, ou presos, se não tiver como matá-los. Querem ver corpos no chão. Estão vingativas, percebendo a chance única de se livrarem daqueles que pautaram gerações pela insegurança. Agem como na derrubada de uma ditadura.
Os estrategistas de segurança certamente estão preocupados em não dar passos maiores que as pernas. Não querem eliminar os bandidos e abrir flancos para as milícias, mas colocar as UPPs, e para isso, tem que haver planejamento e sangue frio. Esse é o dilema: passar o trator no Alemão, embalar para a Maré, Serrinha, Rocinha, Vidigal atacando os bandidos em fuga, desesperados, com o risco de perderem o controle, ou parar quando estão ganhando para barganhar o fim do terror?
- a polícia contava que ia ser mole tomar aquela fortaleza tida como inexpugnável, com os bandidos correndo como baratas?
- os bandidos achavam que iriam vencer novamente e não se prepararam para a fuga?
- sem contar com a fuga em massa dos bandidos, a polícia realmente cercou o complexo do Alemão, ou esse bando de gente correu para outros lugares tornando-se uma ameaça maior?
- as imagens da TV atrapalharam o previsível extermínio que helicópteros fariam atirando contra os bandidos na fuga?
- qual o nexo entre o ataque e a sustação dos ataques do tráfico pela cidade, já que eles continuam?
- o que fazer com os criminosos no Complexo do Alemão, que se ainda estiverem por lá, certamente estarão explorando casas de pessoas inocentes para se alimentarem e dormirem, usando-as como reféns?
- a polícia vai usar o final de semana, de menor movimento nas ruas, para fazer a aniquilação no Alemão, ou vai fazer da área uma espécie de Faixa de Gaza ou um pesque-e-pague, onde é só entrar e matar alguns no longo prazo?
- há espaço para negociação tática, mantendo o Complexo do Alemão como refém para parar os atentados?
- como a população, aliviada com o poder da polícia botando os bandidos para correr, reagiria a uma parada das ações policiais agora?
Creio que a polícia terá que agir com racionalidade dos recursos e ao mesmo tempo com sensibilidade política para aproveitar a maré positiva do apoio popular. As pessoas querem ver bandidos mortos, em primeiro lugar, ou presos, se não tiver como matá-los. Querem ver corpos no chão. Estão vingativas, percebendo a chance única de se livrarem daqueles que pautaram gerações pela insegurança. Agem como na derrubada de uma ditadura.
Os estrategistas de segurança certamente estão preocupados em não dar passos maiores que as pernas. Não querem eliminar os bandidos e abrir flancos para as milícias, mas colocar as UPPs, e para isso, tem que haver planejamento e sangue frio. Esse é o dilema: passar o trator no Alemão, embalar para a Maré, Serrinha, Rocinha, Vidigal atacando os bandidos em fuga, desesperados, com o risco de perderem o controle, ou parar quando estão ganhando para barganhar o fim do terror?
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Dilma : o discurso da austeridade
O enfrentamento de esquerda com o próximo governo parece que irá começar cedo. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, já confirmado para continuar no cargo, declarou que no ano que vem o governo fará menos gastos, entendendo que o movimento anticíclico de gastar para aquecer a economia já não é mais necessário. Assim, o salário mínimo será de R$ 540, não deverá haver reajuste para o funcionalismo público e despesas de custeio serão cortadas.
A oposição de direita não sabe por onde ataca. A mídia golpista gosta das palavras de austeridade, entendendo como menos dinheiro gasto com pobres, mas sempre rotula Mantega de ministro gastador, que irá se mancomunar com o futuro presidente do Banco Central, Tombini, para fazer barbaridades inflacionárias, etc. Já a oposição de direita diz que o governo Lula mascarou a situação econômica durante as eleições para ter votos. E a oposição de esquerda parece ter tirado férias, porque ninguém comenta nada da transição.
A oposição de direita não sabe por onde ataca. A mídia golpista gosta das palavras de austeridade, entendendo como menos dinheiro gasto com pobres, mas sempre rotula Mantega de ministro gastador, que irá se mancomunar com o futuro presidente do Banco Central, Tombini, para fazer barbaridades inflacionárias, etc. Já a oposição de direita diz que o governo Lula mascarou a situação econômica durante as eleições para ter votos. E a oposição de esquerda parece ter tirado férias, porque ninguém comenta nada da transição.
Europeus rechaçam conta da crise
Os governos europeus atacam direitos dos trabalhadores e aumentam impostos seguindo receituário do capital para combater a crise econômica. Ontem mais de 3 milhões de trabalhadores pararam Portugal em Greve Geral. Na Inglaterra, estudantes fizeram manifestações que terminaram em violência em todo o país contra a proposta do governo de direita de triplicar o preço das anuidades universitárias. O governo irlandês também quer reduzir os gastos com funcionalismo público em 8% e idade mínima da aposentadoria subirá um ano.
A conta da crise está sendo empurrada para os mais pobres também na Grécia, Itália, França, Espanha e em outros países, sempre seguindo um padrão: aumento da idade para a aposentadoria, redução de gastos públicos com salários e programas sociais, precarização do trabalho, privatizações e demissões. O pior é que o remédio do capital para salvar o capital não está funcionando, pois a crise mostra que vai continuar por muitos anos.
A conta da crise está sendo empurrada para os mais pobres também na Grécia, Itália, França, Espanha e em outros países, sempre seguindo um padrão: aumento da idade para a aposentadoria, redução de gastos públicos com salários e programas sociais, precarização do trabalho, privatizações e demissões. O pior é que o remédio do capital para salvar o capital não está funcionando, pois a crise mostra que vai continuar por muitos anos.
Lula recebe blogueiros progressistas
Ontem no Palácio do Planalto o presidente Lula recebeu os responsáveis por diversos blogs que se notabilizaram na defesa do seu governo contra os ataques da mídia golpista e dos terroristas da internet. Deu uma entrevista coletiva ao grupo que José Serra, por não controlá-los como à mídia golpista, chamou de "blogs sujos". A Globo prefere chamar de "chapa-branca".
O ato teve o simbolismo de mostrar que os pequenos blogs podem fazer frente à tentativa de estabelecer na grande mídia uma verdade única, dos poderosos. Na guerra da informação, os blogs avançaram muito, conquistando seguidores. Isso foi muito importante na recente eleição de Dilma, na difusão de versões que desmontavam os factóides da Veja, Globo e Folha.
Os "blogs sujos" venceram. Tiveram aumento substancial de "page views". O Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, chegou à marca de 12 milhões de acessos, praticamente dobrando durante a campanha eleitoral. O Blog do Branquinho, que não é profissional, durante a eleição pulou dos 50 acessos diários para mais de 300. Demos a nossa contribuição, como milhares de outras formiguinhas que minaram os impérios da mentira. E a luta não vai parar, porque nada mudou do outro lado, e porque é necessária a regulamentação dos oligopólios de comunicação, para haver mais concorrência no grande mercado e mais democracia na divulgação de idéias.
O ato teve o simbolismo de mostrar que os pequenos blogs podem fazer frente à tentativa de estabelecer na grande mídia uma verdade única, dos poderosos. Na guerra da informação, os blogs avançaram muito, conquistando seguidores. Isso foi muito importante na recente eleição de Dilma, na difusão de versões que desmontavam os factóides da Veja, Globo e Folha.
Os "blogs sujos" venceram. Tiveram aumento substancial de "page views". O Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, chegou à marca de 12 milhões de acessos, praticamente dobrando durante a campanha eleitoral. O Blog do Branquinho, que não é profissional, durante a eleição pulou dos 50 acessos diários para mais de 300. Demos a nossa contribuição, como milhares de outras formiguinhas que minaram os impérios da mentira. E a luta não vai parar, porque nada mudou do outro lado, e porque é necessária a regulamentação dos oligopólios de comunicação, para haver mais concorrência no grande mercado e mais democracia na divulgação de idéias.
Rio : o matadouro do Alemão
A TV Globo deu show de jornalismo na cobertura da batalha no morro do Cruzeiro hoje à tarde, transmitindo direto para a cidade. A Globonews também dedicou bom espaço de sua programação. As imagens surpreenderam até o mais cético dos cariocas, mostrando o verdadeiro exército de traficantes se deslocando em fuga do Cruzeiro para o Complexo do Alemão. Mostraram imagens de outros pontos da cidade, do tráfego, de ônibus e vans queimados. E tiveram o comentário consistente do ex-comandante do BOPE o tempo todo, explicando cada passo das operações.
Segundo a polícia, deve haver cerca de 600 homens do tráfico fortemente armados, agora concentrados no Complexo do Alemão. A área é muito extensa. As áreas do Cruzeiro e do Alemão compreendem 240 mil moradores em 11 bairros. É como ocupar uma cidade maior que Volta Redonda. No Haiti, a comunidade de Cité Soleil, que era dominada por gangues, tinha 30 mil pessoas, e a ONU levou meses para ocupar. De qualquer forma, a área está cercada, e os bandidos farão de tudo para fugir, já que foram surpreendidos com o diferencial dos blindados da Marinha, que conseguiram furar o cerco.
Os depoimentos da população que está com problemas para retornar às suas casas é diferente de outros tempos. As pessoas apostam no fim da opressão do tráfico. Falam sem medo, como se os traficantes jamais fossem voltar para se vingar. Esse é o clima, e o Disque-Denúncia continua recebendo cada vez mais telefonemas informando o posicionamento dos bandidos. Um a entidade recreativa abriu sua quadra para acolher moradores que não querem correr riscos de retornar. A crença na vitória sobre o crime cria uma nova postura.
Quanto aos bandidos, se não fugirem do Alemão provavelmente sairão de lá nos rabecões. Ainda há pouco fui a uma padaria e havia um grupo de pessoas comentando as imagens da TV, com os bandidos agrupados no topo de um morro. "Por que não chamam a Aeronáutica para jogar uma bomba neles? " ; "Tinha que fuzilar tudinho". Esses e outros comentários incitavam à aniquilação, não à prisão e julgamento. O Complexo do Alemão, nos próximos dias, poderá virar um matadouro. No desespero, novos atentados serão cometidos na cidade. O Rio parece aceitar pagar esse preço para eliminar esse câncer.
Segundo a polícia, deve haver cerca de 600 homens do tráfico fortemente armados, agora concentrados no Complexo do Alemão. A área é muito extensa. As áreas do Cruzeiro e do Alemão compreendem 240 mil moradores em 11 bairros. É como ocupar uma cidade maior que Volta Redonda. No Haiti, a comunidade de Cité Soleil, que era dominada por gangues, tinha 30 mil pessoas, e a ONU levou meses para ocupar. De qualquer forma, a área está cercada, e os bandidos farão de tudo para fugir, já que foram surpreendidos com o diferencial dos blindados da Marinha, que conseguiram furar o cerco.
Os depoimentos da população que está com problemas para retornar às suas casas é diferente de outros tempos. As pessoas apostam no fim da opressão do tráfico. Falam sem medo, como se os traficantes jamais fossem voltar para se vingar. Esse é o clima, e o Disque-Denúncia continua recebendo cada vez mais telefonemas informando o posicionamento dos bandidos. Um a entidade recreativa abriu sua quadra para acolher moradores que não querem correr riscos de retornar. A crença na vitória sobre o crime cria uma nova postura.
Quanto aos bandidos, se não fugirem do Alemão provavelmente sairão de lá nos rabecões. Ainda há pouco fui a uma padaria e havia um grupo de pessoas comentando as imagens da TV, com os bandidos agrupados no topo de um morro. "Por que não chamam a Aeronáutica para jogar uma bomba neles? " ; "Tinha que fuzilar tudinho". Esses e outros comentários incitavam à aniquilação, não à prisão e julgamento. O Complexo do Alemão, nos próximos dias, poderá virar um matadouro. No desespero, novos atentados serão cometidos na cidade. O Rio parece aceitar pagar esse preço para eliminar esse câncer.
BB esconde riscos ao mercado
Na nota de fato relevante ao mercado, o Banco do Brasil apresenta laconicamente que a PREVI está discutindo com "entidades representativas" e fez com elas um acordo sobre o superávit, cujos valores já estão lançados em diversos balanços e precisam ser lastreados com recursos dos benefícios dos funcionários. Essa distribuição de superávit ao patrocinador confronta a Lei Complementar 109, que diz que superávits sucessivos devem ser alocados para melhorias nos benefícios.
Até o momento, a medida legal que referendava o repasse dos valores (CGPC 26) está suspensa por medida judicial, não havendo, portanto, respaldo à apropriação das aposentadorias e benefícios. A PREVI precisará para repassar os recursos dos votos dos dirigentes eleitos, o que ainda não é certo. Ações judiciais dos prejudicados, que não aceitam os acertos entre a PREVI e as tais "entidades representativas", poderão travar o repasse de cerca de R$ 12 bi aos cofres do BB.
O item 3 da nota fala apenas do caso positivo da aprovação, mas não fala no que aconteceria no caso da operação não dar certo. Vide a nota abaixo:
----------------------------------------------------------------------------------------
BB divulga Fato Relevante ao Mercado
25/11/10
Fato Relevante
Em conformidade com o § 4, do artigo 157, da Lei n. 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, e com a Instrução CVM n. 358, de 03 de janeiro de
2002, o Banco do Brasil S.A. comunica que:
1. Assinou, em 24 de novembro de 2010, Memorando de Entendimentos com
as entidades representativas de funcionários e aposentados, visando à
destinação e utilização de parte do superávit do Plano de Benefício
Definido (Plano 1) da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do
BB divulga Fato Relevante ao Mercado
Brasil - Previ, conforme determina a legislação vigente.
2. A efetivação dos termos do referido Memorando depende ainda de
aprovação das instâncias administrativas da Previ (Diretoria Executiva e
Conselho Deliberativo) e dos órgãos reguladores e fiscalizadores.
3. Se aprovados, os termos do referido Memorando não trarão impacto
ao resultado do Banco do Brasil.
4. Fatos adicionais, julgados relevantes, serão prontamente
divulgados ao mercado.
Brasília (DF), 25 de novembro de 2010.
Ivan de Souza Monteiro
Vice-Presidente de Finanças, Mercado de Capitais
e Relações com Investidores
Até o momento, a medida legal que referendava o repasse dos valores (CGPC 26) está suspensa por medida judicial, não havendo, portanto, respaldo à apropriação das aposentadorias e benefícios. A PREVI precisará para repassar os recursos dos votos dos dirigentes eleitos, o que ainda não é certo. Ações judiciais dos prejudicados, que não aceitam os acertos entre a PREVI e as tais "entidades representativas", poderão travar o repasse de cerca de R$ 12 bi aos cofres do BB.
O item 3 da nota fala apenas do caso positivo da aprovação, mas não fala no que aconteceria no caso da operação não dar certo. Vide a nota abaixo:
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BB divulga Fato Relevante ao Mercado
25/11/10
Fato Relevante
Em conformidade com o § 4, do artigo 157, da Lei n. 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, e com a Instrução CVM n. 358, de 03 de janeiro de
2002, o Banco do Brasil S.A. comunica que:
1. Assinou, em 24 de novembro de 2010, Memorando de Entendimentos com
as entidades representativas de funcionários e aposentados, visando à
destinação e utilização de parte do superávit do Plano de Benefício
Definido (Plano 1) da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do
BB divulga Fato Relevante ao Mercado
Brasil - Previ, conforme determina a legislação vigente.
2. A efetivação dos termos do referido Memorando depende ainda de
aprovação das instâncias administrativas da Previ (Diretoria Executiva e
Conselho Deliberativo) e dos órgãos reguladores e fiscalizadores.
3. Se aprovados, os termos do referido Memorando não trarão impacto
ao resultado do Banco do Brasil.
4. Fatos adicionais, julgados relevantes, serão prontamente
divulgados ao mercado.
Brasília (DF), 25 de novembro de 2010.
Ivan de Souza Monteiro
Vice-Presidente de Finanças, Mercado de Capitais
e Relações com Investidores
Rio : carta-branca à Polícia
Ontem onde andei e conversei havia consenso na necessidade das autoridades encararem os bandidos e derrotá-los, mesmo com os custos e baixas de uma guerra. As imagens da TV ao vivo, agora há pouco, corroboram com essa sensibilidade: as pessoas estão oferecendo água, comida e apoio aos policiais. Isso é inédito. O Disque-Denúncia também teve acessos 30% acima do normal, com denúncias de crimes ou suspeitas. Isso cria um momento político que pode culminar com uma grande batalha com centenas de mortos. Tudo na conta do tráfico.
As UPPs seguem uma estratégia inteligente. Ocupa territórios expulsando os bandidos armados, fazendo vista grossa ao tráfico, que corre à boca miúda. Os "desempregados" recuam com as armas para locais como o Complexo do Alemão, a Vila Cruzeiro e o Complexo da Maré. Isso está trazendo conflitos dentro das facções, e a ordem para "mandar recados" às autoridades e a unificação de facções veio para tentar freiar a perda de territórios rentáveis. A Secretaria de Segurança sempre disse que não teria como ocupar esses três territórios extremamente armados, a não ser com pelo menos mil homens somente para o Complexo do Alemão.
Além dessa realidade de recursos, há o problema do preço político a pagar com a operação. Nenhuma autoridade queria bancar uma chacina, antes das eleições, apenas mostrar os resultados positivos da "comida pelas beiradas" das UPPs. As vitrines foram eficientes: quem é do asfalto aplaudiu a paz, e quem é do morro também sentiu o alívio com o fim da opressão do tráfico. Como a polícia vem dando aviso prévio da implantação das UPPs, praticamente não houve confrontos nas ocupações. A população não viu a guerra de perto.
Agora a coisa é diferente. Passaram-se as eleições. Ontem o Secretário de Segurança, Beltrame, disse que os bandidos acharam que as UPPs seriam uma política eleitoreira, mas elas vieram para ficar, daí o desepero das ações de terror. Com os ataques, a população carioca, que votou em Sérgio Cabral pela continuidade do desmonte do tráfico, vê como única alternativa o esmagamento dos focos criminosos.
Exemplo: ontem uma menina morreu baleada em meio aos confrontos. Noutros tempos, haveri
a escandalosas manifestações de repúdio à polícia, provocadas primeiro pelos movimentos sociais comandados pelo tráfico, por políticos corruptos e até por juízes a soldo do crime. Nada disso aconteceu. A menina morreu, e ficou por isso mesmo. Ficou por conta das perdas de guerra.
Até a Globo, que vinha atacando as autoridades para fazer desgaste político, rendeu-se aos fatos e à vontade popular. Desde as 12:30h vem passando ao vivo as imagens do cerco ao Morro do Cruzeiro e ao Complexo do Alemão. Para não ter os pneus dos Caveirões furados por manzuás, o BOPE está operando com veículos blindados anfíbios da Marinha, movidos por esteiras, que passam facilmente pelos pregos e barreiras de fogo. Bandos de mais de 30 homens armados aparecem nas imagens, andando de um lado para outro, com fuzis nas mãos, são mostrados como num filme policial ou de guerra. Os helicópteros estão a 8km do local, com teleobjetivas poderosas, mostrando imagens que fazem a invasão pela polícia parecer videogame.
Os bandidos perderam, e não contavam com a rebordosa. Gente mandada para Catanduvas, outros para Rondônia, paióis certamente serão perdidos, bem como toneladas de drogas. A esta hora, na iminência do massacre, as autoridades ligadas ao tráfico devem estar sendo acionadas para freiar a ocupação. Vão tentar um novo acordo para evitar a derrota pesada, como um "cessar-fogo" do terrorismo em troca da manutenção dos territórios. Não creio que terão sucesso.
A polícia está com carta-branca da população, e vai ocupar as áreas para a imediata implantação das novas UPPs, antecipadas diante dos fatos, porque a população parece disposta a pagar o preço das mortes para resolver os problemas. Agora a TV mostra mais de 200 homens armados batendo em retirada do Cruzeiro para o Alemão, onde também está tudo cercado. O carioca está de saco cheio, e quer ver bandidos mortos. Vai rolar um "apagão" de direitos humanos em nome dos fins justificarem os meios. É a lógica do linchamento, onde não cabem julgamento, defesa e processo, apenas os que caírem serão automaticamente considerados "bandidos" e, assim, "justamente mortos".
As UPPs seguem uma estratégia inteligente. Ocupa territórios expulsando os bandidos armados, fazendo vista grossa ao tráfico, que corre à boca miúda. Os "desempregados" recuam com as armas para locais como o Complexo do Alemão, a Vila Cruzeiro e o Complexo da Maré. Isso está trazendo conflitos dentro das facções, e a ordem para "mandar recados" às autoridades e a unificação de facções veio para tentar freiar a perda de territórios rentáveis. A Secretaria de Segurança sempre disse que não teria como ocupar esses três territórios extremamente armados, a não ser com pelo menos mil homens somente para o Complexo do Alemão.
Além dessa realidade de recursos, há o problema do preço político a pagar com a operação. Nenhuma autoridade queria bancar uma chacina, antes das eleições, apenas mostrar os resultados positivos da "comida pelas beiradas" das UPPs. As vitrines foram eficientes: quem é do asfalto aplaudiu a paz, e quem é do morro também sentiu o alívio com o fim da opressão do tráfico. Como a polícia vem dando aviso prévio da implantação das UPPs, praticamente não houve confrontos nas ocupações. A população não viu a guerra de perto.
Agora a coisa é diferente. Passaram-se as eleições. Ontem o Secretário de Segurança, Beltrame, disse que os bandidos acharam que as UPPs seriam uma política eleitoreira, mas elas vieram para ficar, daí o desepero das ações de terror. Com os ataques, a população carioca, que votou em Sérgio Cabral pela continuidade do desmonte do tráfico, vê como única alternativa o esmagamento dos focos criminosos.
Exemplo: ontem uma menina morreu baleada em meio aos confrontos. Noutros tempos, haveri
a escandalosas manifestações de repúdio à polícia, provocadas primeiro pelos movimentos sociais comandados pelo tráfico, por políticos corruptos e até por juízes a soldo do crime. Nada disso aconteceu. A menina morreu, e ficou por isso mesmo. Ficou por conta das perdas de guerra.
Até a Globo, que vinha atacando as autoridades para fazer desgaste político, rendeu-se aos fatos e à vontade popular. Desde as 12:30h vem passando ao vivo as imagens do cerco ao Morro do Cruzeiro e ao Complexo do Alemão. Para não ter os pneus dos Caveirões furados por manzuás, o BOPE está operando com veículos blindados anfíbios da Marinha, movidos por esteiras, que passam facilmente pelos pregos e barreiras de fogo. Bandos de mais de 30 homens armados aparecem nas imagens, andando de um lado para outro, com fuzis nas mãos, são mostrados como num filme policial ou de guerra. Os helicópteros estão a 8km do local, com teleobjetivas poderosas, mostrando imagens que fazem a invasão pela polícia parecer videogame.
Os bandidos perderam, e não contavam com a rebordosa. Gente mandada para Catanduvas, outros para Rondônia, paióis certamente serão perdidos, bem como toneladas de drogas. A esta hora, na iminência do massacre, as autoridades ligadas ao tráfico devem estar sendo acionadas para freiar a ocupação. Vão tentar um novo acordo para evitar a derrota pesada, como um "cessar-fogo" do terrorismo em troca da manutenção dos territórios. Não creio que terão sucesso.
A polícia está com carta-branca da população, e vai ocupar as áreas para a imediata implantação das novas UPPs, antecipadas diante dos fatos, porque a população parece disposta a pagar o preço das mortes para resolver os problemas. Agora a TV mostra mais de 200 homens armados batendo em retirada do Cruzeiro para o Alemão, onde também está tudo cercado. O carioca está de saco cheio, e quer ver bandidos mortos. Vai rolar um "apagão" de direitos humanos em nome dos fins justificarem os meios. É a lógica do linchamento, onde não cabem julgamento, defesa e processo, apenas os que caírem serão automaticamente considerados "bandidos" e, assim, "justamente mortos".
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Imprensa : terra arrasada contra Dilma
A mídia faz malabarismos incríveis em defesa dos seus interesses. Numa hora, querem Meirelles no Banco Central no governo Dilma. Hoje vi na TV que "Meirelles deixou de concorrer ao governo de Goiás com promessa de continuar no BACEN". Sacanagem da Dilma, então, não cumprir o acordo, é a idéia a vender. Depois falaram que o nome mais cotado, de um funcionário de carreira, seria o do seguidor de Meirelles, para manter a atual política de juros. Noutra hora, Miriam Leitão diz que essa pessoa é afim do Mantega, e que pode ser dócil na política de juros. Segundo ela, um perigo, com a inflação em alta (?????). Por fim, depois de toda essa pirotecnia, só resta o ataque final: a indicação foi de Lula, e não de Dilma, desqualificando-a, colocando-a como fantoche de Lula.
Rio : guerra de nervos e fomento do pânico
O Rio amanhece com mais uma jornada de ataques às autoridades. Os bandidos incendiaram ônibus e carros não apenas na cidade, mas em Niterói e na Baixada Fluminense. Policiais foram atacados em Araruama, na Região dos Lagos. A Globo continua a colocar medo na população e a bater nas autoridades. O jornal O Globo tem novamente sua página de opinião recheada de todo tipo de ataques ao governo e incitações ao autoritarismo.
Na falta do JB, que virou jornal virtual, o carioca ficou sem opção de jornal, se quiser ter um panorama mais completo. Fica refém dos jornais mais populares, como o Meia Hora, que hoje coloca a seguinte manchete : "QUEIMAR CARRO É COISA DE QUEM TEM BILAU PEQUENO". Já o Extra, que é da Globo, prefere colocar um plebiscito: "Agora é um ou outro: UPP (Unidade Policial Pacificadora) x UPP (Unidos pelo Pó)" . É uma alusão à política de unidade das duas maiores facções criminosas contra a política de ocupação de territórios do governo.
Enquanto isso o governo faz a sua parte. O secretário Beltrame parece ter o comando da situação, e fala tranquilamente em meio à guerra de nervos, o que irrita muita gente. Diz ter provas de que a ordem para os ataques partiu de uma das colônias de férias penais do Rio, e que vai mandar 13 bandidões para uma prisão de segurança máxima em Rondônia. Tirou todo o pessoal administrativo dos quartéis e reforçou o patrulhamento das ruas. A Polícia Rodoviária Federal vai apertar o cerco nas estradas.
Já que o governo parece firme em encarar o crime, o que se tem a fazer é evitar correr riscos e esperar as próximas batalhas. Não dá para fazer como em São Paulo, onde o PCC aterrorizou a cidade e venceu as autoridades, fazendo um acordo garantindo privilégios aos seus chefões. Novos atentados virão, e seria necessária a unidade dos cariocas nessa guerra. A Globo, fomentando o pânico, presta mais um grande desserviço, como se fosse mais importante fazer desgaste político nesta hora que apoiar as ações contra o crime.
Rio : a oportunidade da extorsão
Mesmo que se erradicasse hoje o crime organizado, por muito tempo ficaria a cultura do medo de décadas de impunidade. Medo de encarar alguém potencialmente perigoso, dados os inúmeros casos cotidianos de violência contra quem tentou mudar a ordem das coisas. É nesse clima que a extorsão impera. Não só a organizada, da milícia (vide Tropa de Elite 2) ou das facções do tráfico, mas a individual, independente, do "caô".
Assim como algumas pessoas, ainda baseadas no tempo da capital no Rio ou da ditadura militar dão suas carteiradas de autoridade (sabe com quem está falando?), deixando no ar implicitamente a possibilidade de perigo a quem a confronte, marginais fazem o mesmo, na forma de ameaças verbais, que mexem no subconsciente do achacado e produzem o efeito desejado da extorsão.
Isso pode acontecer em outros lugares onde prevaleça a lei do mais forte, mas no Rio basta uma oportunidade para aparecer, do nada, alguém cobrando uma "taxa" de alguma coisa. Um exemplo clássico é o do estacionamento em eventos. Mesmo a pessoa pagando o Vaga Certa, que é o estacionamento legal de R$ 2,00, aparece um vagabundo e cobra "por fora" uma quantia bem maior, a título de "proteção". Normalmente as pessoas pagam, porque a "tarifa" é cobrada na hora, à vista, temendo danos ao veículo. O normal é não encarar, mesmo que o sujeito não demonstre ter armas, mas pode ter alguém por perto dando cobertura.
O mesmo acontece quando o tráfico manda fechar o comércio. Mandam menores passar nos estabelecimentos, em ritmo acelerado, gritando "o chefe mandou fechar tudo", e os comerciantes acatam. Ninguém vai saber se foi um trote dos moleques ou se há algo de verdade nisso, e, na dúvida, acata à "autoridade".
Agora os táxis entraram na onda, já que o programa Lei Seca está realmente deixando os cariocas preocupados com o beber e dirigir, saindo sem carro . Há muitos casos de taxistas cobrando fora do taxímetro pela oportunidade. Uma corrida que sairia por uns R$ 20, mesmo na bandeira 2, vira R$ 50. Na moral. Se não pagar, o usuário terá que procurar outro local afastado do ponto de táxi para pegar um avulso, o que pode ser perigoso à noite.
Até no Aeroporto Santos Dumont, onde com frequencia embarcou ou chego ao Rio, um taxista do esquema que manda no pedaço noutro dia tentou cobrar por volume de bagagem, mesmo uma simples mala de mão. Nunca vi essa cobrança. Mas o sujeito tentou, pensando que era um turista, que mesmo não sendo vítima da cultura do medo, não quer correr riscos pela fama do Rio.
No domingo passado houve vestibular da UFRJ, e a marginalidade parece ter faro para a agenda de eventos. No caminho para deixar meu filho e para fazer a prova passei em vários locais de prova, e lá estavam as "autoridades", pulando na frente dos carros para oferecer as vagas públicas. Quase me envolvi num acidente próximo ao meu local de prova, pois ia estacionar o carro e um sujeito pulou na minha frente para indicar a vaga que eu já sabia que existia, incluindo nisso o seu "serviço". Sabendo do esquema, dei um tempo no carro até que se afastasse, saltei rápido e o cara veio na minha direção dizendo: "aí, doutor, é cinco real prá parar o carro". Fui atravessando a rua e argumentando que só pagaria na volta, deixando-o muito irritado, xingando-me, etc.
Imediatamente liguei para o 190 da PM, fui bem atendido, não pediram nenhum dado além do local da extorsão e a descrição do criminoso. A atendente me disse que há havia outras denúncias na Tijuca, até em frente ao Colégio Militar. Fiquei de longe vendo se haveria danos ao carro, e em poucos minutos uma patrulha parou no local, abordou o sujeito e o mandou sair dali, ficando por alguns minutos para ver se voltava. Mais tarde, quando fui sair, olhei com cuidado as vizinhanças, entrei no veículo e caí fora rapidinho. Fiz a minha parte, mas, quem mais faz?
O carioca precisa ousar mais. Tem o disque-denúncia para receber anonimamente as informações. Se tiver paranóia de usar o celular ou o telefone fixo, porque a polícia tem bina e, quem sabe, pode passar a informação a bandidos, pode ligar de um orelhão. A prefeitura tem o telefone do Choque de Ordem, para denunciar os abusos no uso do solo urbano. Tem telefones para denunciar som alto. Uns poucos usam suas ferramentas de cidadania, mas a imensa maioria prefere reclamar e se acovardar diante dos abusos. Não será Copa ou Olimpiada que resolverá esses problemas pelos cariocas.
Assim como algumas pessoas, ainda baseadas no tempo da capital no Rio ou da ditadura militar dão suas carteiradas de autoridade (sabe com quem está falando?), deixando no ar implicitamente a possibilidade de perigo a quem a confronte, marginais fazem o mesmo, na forma de ameaças verbais, que mexem no subconsciente do achacado e produzem o efeito desejado da extorsão.
Isso pode acontecer em outros lugares onde prevaleça a lei do mais forte, mas no Rio basta uma oportunidade para aparecer, do nada, alguém cobrando uma "taxa" de alguma coisa. Um exemplo clássico é o do estacionamento em eventos. Mesmo a pessoa pagando o Vaga Certa, que é o estacionamento legal de R$ 2,00, aparece um vagabundo e cobra "por fora" uma quantia bem maior, a título de "proteção". Normalmente as pessoas pagam, porque a "tarifa" é cobrada na hora, à vista, temendo danos ao veículo. O normal é não encarar, mesmo que o sujeito não demonstre ter armas, mas pode ter alguém por perto dando cobertura.
O mesmo acontece quando o tráfico manda fechar o comércio. Mandam menores passar nos estabelecimentos, em ritmo acelerado, gritando "o chefe mandou fechar tudo", e os comerciantes acatam. Ninguém vai saber se foi um trote dos moleques ou se há algo de verdade nisso, e, na dúvida, acata à "autoridade".
Agora os táxis entraram na onda, já que o programa Lei Seca está realmente deixando os cariocas preocupados com o beber e dirigir, saindo sem carro . Há muitos casos de taxistas cobrando fora do taxímetro pela oportunidade. Uma corrida que sairia por uns R$ 20, mesmo na bandeira 2, vira R$ 50. Na moral. Se não pagar, o usuário terá que procurar outro local afastado do ponto de táxi para pegar um avulso, o que pode ser perigoso à noite.
Até no Aeroporto Santos Dumont, onde com frequencia embarcou ou chego ao Rio, um taxista do esquema que manda no pedaço noutro dia tentou cobrar por volume de bagagem, mesmo uma simples mala de mão. Nunca vi essa cobrança. Mas o sujeito tentou, pensando que era um turista, que mesmo não sendo vítima da cultura do medo, não quer correr riscos pela fama do Rio.
No domingo passado houve vestibular da UFRJ, e a marginalidade parece ter faro para a agenda de eventos. No caminho para deixar meu filho e para fazer a prova passei em vários locais de prova, e lá estavam as "autoridades", pulando na frente dos carros para oferecer as vagas públicas. Quase me envolvi num acidente próximo ao meu local de prova, pois ia estacionar o carro e um sujeito pulou na minha frente para indicar a vaga que eu já sabia que existia, incluindo nisso o seu "serviço". Sabendo do esquema, dei um tempo no carro até que se afastasse, saltei rápido e o cara veio na minha direção dizendo: "aí, doutor, é cinco real prá parar o carro". Fui atravessando a rua e argumentando que só pagaria na volta, deixando-o muito irritado, xingando-me, etc.
Imediatamente liguei para o 190 da PM, fui bem atendido, não pediram nenhum dado além do local da extorsão e a descrição do criminoso. A atendente me disse que há havia outras denúncias na Tijuca, até em frente ao Colégio Militar. Fiquei de longe vendo se haveria danos ao carro, e em poucos minutos uma patrulha parou no local, abordou o sujeito e o mandou sair dali, ficando por alguns minutos para ver se voltava. Mais tarde, quando fui sair, olhei com cuidado as vizinhanças, entrei no veículo e caí fora rapidinho. Fiz a minha parte, mas, quem mais faz?
O carioca precisa ousar mais. Tem o disque-denúncia para receber anonimamente as informações. Se tiver paranóia de usar o celular ou o telefone fixo, porque a polícia tem bina e, quem sabe, pode passar a informação a bandidos, pode ligar de um orelhão. A prefeitura tem o telefone do Choque de Ordem, para denunciar os abusos no uso do solo urbano. Tem telefones para denunciar som alto. Uns poucos usam suas ferramentas de cidadania, mas a imensa maioria prefere reclamar e se acovardar diante dos abusos. Não será Copa ou Olimpiada que resolverá esses problemas pelos cariocas.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Rio : Globo faz política promovendo o pânico
Ontem o jornal local da Globo, ao meio-dia, mostrou por diversas vezes as imagens de carros incendiados na Linha Vermelha, estrada que leva ao aeroporto Tom Jobim (Galeão). Houve outros ataques de lá para cá e o sensacionalismo é, por ora, maior que a gravidade dos fatos. Nada semelhante, até aqui, à rebelião do PCC há alguns anos em São Paulo, que só parou quando o governo estadual cedeu aos bandidos.
Os bem filtrados comentários dos leitores no O Globo dão a dimensão do estrago político que se pretende fazer ao poder público. A mídia não perde oportunidade, já que o governador Sérgio Cabral, que vem enfrentando a ocupação territorial armada do tráfico, está muito ligado ao governo federal. A Globo faz de tudo para jogar a população contra as autoridades, e beneficia os interesses dos criminosos, de levar o pânico à cidade. O crime agradece.
Extraí de TODOS os comentários publicados hoje n página 8 - Opinião dos Leitores, partes de declarações, uníssonas, de reações de pânico, de apelos ao autoritarismo e de esculacho às autoridades. Nenhum comentário positivo ou mais compreensivo foi publicado. Ou O Globo só tem leitores de direita, pelo teor de muitas das declarações, ou promove o seu ideário com a seleção criteriosa dos leitores afins aos seus pensamentos. Vejam:
- "Sim, são ataques terroristas o que estão chamando de arrastões...Se o Exército já veio para o Rio por tão menos, por que não vem desta vez? ... Qual é a jogada política do momento? ...Seria a vinda da Força Nacional de Segurança desmoralizante para as UPP? O carioca está em pânico..."
- "Já estamos em Beirute... Então só resta solicitar a Força Nacional de Segurança ao governo federal. O que está faltando?"
- "Autoridades legalmente constituídas, vamos combater a guerrilha urbana, colocando as forças armadas nas ruas e fogo neles?..."
- "... A população não tolera mais. Governador, o sr foi reeleito prometendo mais segurança. Por favor, comece a mostrar serviço."
- "Todas as medidas, das Forças Armadas às rezas, devem ser usadas para salvar o povo da dizimação" (Em destaque na página).
- "O Rio de Janeiro vive um trágico clima de guerra terminal. Bandidos chacinam a população indefesa, roubam e destroem seus bens. Os cidadão foram abandonados... Basta de propaganda cara e inútil. Ou o desfecho é morrermos à míngua?"
- "...Como diz a notga da Secretaria - foi do secretário, da assessoria de imprensa? - "Crimes, não só o arrastão, fazem parte do contexto do Rio. Afinal, foi retratado no filme "Tropa de Elite 2" o contexto do Rio. Que Deus tenha piedade de nós!"
- " ... Os cidadãos de bem não aguentam mais arrastões, veículos incendiados, milícias, "bondes", bandidos cruzando ruas da cidade ostentando armas, corrupção nas polícias: verdadeiro interminável rosário de ilicitudes. Tanto quanto as bem-vindas UPPs, já passa da hora das autoridades criarem as UPPAs: Unidades de Polícia Pacificadora do Asfalto".
- "... Não são todos criminosos? Por que não deixá-los juntos, para que se destruam mutuamente? Deve haver gente muito importante interessada em que se mantenha esse estado de coisas."
- "O que realmente impressiona na guerra do Rio de Janeiro é a complacência das autoridades. Os números da violência ultrapassam muitos dados do Iraque e do Afeganistão... como entender que o governador, autor da política de insegurança, tenha sido reeleito com uma maioria esmagadora?"
- "...Chega de incompetência! O governador, em vez de ficar preocupado em fazer festa de despedida para o Presidente Lula, deveria, sim, olhar com mais atenção esta onda de arrastão que tomou conta da cidade depois da eleição de 3 de outubro."
- "Diante de tanta violência e inércia, só posso chegar a uma conclusão: há medo e despreparo das autoridades... A polícia corre feito boba e como barata tonta. Mas o governo e a prefeitura estão abarrotados de dinheiro. Coitados de nós!"
- "Num momento em queos bandidos extrapolam toda a sua violência, deveria haver um amplo debate para a criação urgente de uma Lei de Exceção - com poder restrito de julgar e punir - e quem sabe mais alguma coisa - justamente para aqueles que não conhecem mais os seus limites..."
- "... Honestamente, não vejo solução a curto prazo para este problema, cuja tendência é se agravar à medida que forem sendo implantadas novas UPPs."
- "... ficou evidenciado que a segurança pública em nosso estado é um cobertor curto. Continuamos a sofrer com a falta de policiamento..."
Os bem filtrados comentários dos leitores no O Globo dão a dimensão do estrago político que se pretende fazer ao poder público. A mídia não perde oportunidade, já que o governador Sérgio Cabral, que vem enfrentando a ocupação territorial armada do tráfico, está muito ligado ao governo federal. A Globo faz de tudo para jogar a população contra as autoridades, e beneficia os interesses dos criminosos, de levar o pânico à cidade. O crime agradece.
Extraí de TODOS os comentários publicados hoje n página 8 - Opinião dos Leitores, partes de declarações, uníssonas, de reações de pânico, de apelos ao autoritarismo e de esculacho às autoridades. Nenhum comentário positivo ou mais compreensivo foi publicado. Ou O Globo só tem leitores de direita, pelo teor de muitas das declarações, ou promove o seu ideário com a seleção criteriosa dos leitores afins aos seus pensamentos. Vejam:
- "Sim, são ataques terroristas o que estão chamando de arrastões...Se o Exército já veio para o Rio por tão menos, por que não vem desta vez? ... Qual é a jogada política do momento? ...Seria a vinda da Força Nacional de Segurança desmoralizante para as UPP? O carioca está em pânico..."
- "Já estamos em Beirute... Então só resta solicitar a Força Nacional de Segurança ao governo federal. O que está faltando?"
- "Autoridades legalmente constituídas, vamos combater a guerrilha urbana, colocando as forças armadas nas ruas e fogo neles?..."
- "... A população não tolera mais. Governador, o sr foi reeleito prometendo mais segurança. Por favor, comece a mostrar serviço."
- "Todas as medidas, das Forças Armadas às rezas, devem ser usadas para salvar o povo da dizimação" (Em destaque na página).
- "O Rio de Janeiro vive um trágico clima de guerra terminal. Bandidos chacinam a população indefesa, roubam e destroem seus bens. Os cidadão foram abandonados... Basta de propaganda cara e inútil. Ou o desfecho é morrermos à míngua?"
- "...Como diz a notga da Secretaria - foi do secretário, da assessoria de imprensa? - "Crimes, não só o arrastão, fazem parte do contexto do Rio. Afinal, foi retratado no filme "Tropa de Elite 2" o contexto do Rio. Que Deus tenha piedade de nós!"
- " ... Os cidadãos de bem não aguentam mais arrastões, veículos incendiados, milícias, "bondes", bandidos cruzando ruas da cidade ostentando armas, corrupção nas polícias: verdadeiro interminável rosário de ilicitudes. Tanto quanto as bem-vindas UPPs, já passa da hora das autoridades criarem as UPPAs: Unidades de Polícia Pacificadora do Asfalto".
- "... Não são todos criminosos? Por que não deixá-los juntos, para que se destruam mutuamente? Deve haver gente muito importante interessada em que se mantenha esse estado de coisas."
- "O que realmente impressiona na guerra do Rio de Janeiro é a complacência das autoridades. Os números da violência ultrapassam muitos dados do Iraque e do Afeganistão... como entender que o governador, autor da política de insegurança, tenha sido reeleito com uma maioria esmagadora?"
- "...Chega de incompetência! O governador, em vez de ficar preocupado em fazer festa de despedida para o Presidente Lula, deveria, sim, olhar com mais atenção esta onda de arrastão que tomou conta da cidade depois da eleição de 3 de outubro."
- "Diante de tanta violência e inércia, só posso chegar a uma conclusão: há medo e despreparo das autoridades... A polícia corre feito boba e como barata tonta. Mas o governo e a prefeitura estão abarrotados de dinheiro. Coitados de nós!"
- "Num momento em queos bandidos extrapolam toda a sua violência, deveria haver um amplo debate para a criação urgente de uma Lei de Exceção - com poder restrito de julgar e punir - e quem sabe mais alguma coisa - justamente para aqueles que não conhecem mais os seus limites..."
- "... Honestamente, não vejo solução a curto prazo para este problema, cuja tendência é se agravar à medida que forem sendo implantadas novas UPPs."
- "... ficou evidenciado que a segurança pública em nosso estado é um cobertor curto. Continuamos a sofrer com a falta de policiamento..."
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
AEABB : Nova diretoria toma posse no Confea
A AEABB - Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Banco do Brasil - teve sua nova diretoria empossada na última sexta-feira, na sede do CONFEA, em Brasília, para dois anos de mandato. Estes são os novos dirigentes:
– Ricardo Ramos Alves (presidente);
- Fernando Branquinho (vice-presidente);
- Sara Cristina Mitterstein (secretário-geral);
- Jairo Afonso Pires (1º secretário);
- Julio Cesar Borges Telles (2º secretário);
- Luís Antônio Berti (1º tesoureiro)
- Bergson Vieira (2º tesoureiro).
– Ricardo Ramos Alves (presidente);
- Fernando Branquinho (vice-presidente);
- Sara Cristina Mitterstein (secretário-geral);
- Jairo Afonso Pires (1º secretário);
- Julio Cesar Borges Telles (2º secretário);
- Luís Antônio Berti (1º tesoureiro)
- Bergson Vieira (2º tesoureiro).
Fora Meirelles ! Por uma limpa no BB !
O lobby para que o representante dos banqueiros no Banco Central, o tucano Henrique Meireles, fique no cargo, está poderoso, começando pela mídia golpista. Quanto Lula ganhou as eleições em 2002, houve o mesmo movimento, para ver se emplacavam a continuidade do então presidente do BC, Armírio Fraga. Trazer para o governo a soberania sobre o BACEN é fundamental para as políticas econômicas do futuro governo Dilma.
De quebra, espera-se que desta vez haja uma limpa nos adoradores do mercado que resistiram a oito anos de Lula no Banco do Brasil, fazendo política de metas abusivas e preparando a instituição para a privatização, sabotando o governo quando o banco é chamado ao seu papel público. Sem dar chance também aos ávidos por boquinhas fisiológicas. Dilma também deveria por fim ao Clube do Bolinha, porque o BB não tem uma só executiva nos seus quadros, contra quase 50 homens no poder.
Alô sindicatos e oposições! Cadê os tambores rufando para forçar a saída desse povo, e começar o novo governo num novo patamar de enfrentamento?
De quebra, espera-se que desta vez haja uma limpa nos adoradores do mercado que resistiram a oito anos de Lula no Banco do Brasil, fazendo política de metas abusivas e preparando a instituição para a privatização, sabotando o governo quando o banco é chamado ao seu papel público. Sem dar chance também aos ávidos por boquinhas fisiológicas. Dilma também deveria por fim ao Clube do Bolinha, porque o BB não tem uma só executiva nos seus quadros, contra quase 50 homens no poder.
Alô sindicatos e oposições! Cadê os tambores rufando para forçar a saída desse povo, e começar o novo governo num novo patamar de enfrentamento?
Globo: a favor da Comissão da Verdade?
A ânsia de esculhambar o governo e agora, pressionar Dilma sem tréguas, faz o conglomerado Globo cometer algumas contradições. No jornal O Globo de hoje, uma opinião destacada na página 4 merece ser transcrita:
"Para a História
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, tem razão quando diz que confissão obtida por meio de tortura é lixo, referindo-se às informações arrancadas da presidente eleita, Dilma Roussef, nos porões da ditadura.
Mas isso não significa que o assunto deva ser engavetado, pois faz parte da História do país, mesmo que seja um dos seus piores capítulos.
A história é para ser conhecida"
Alô OAB! Alô turma dos Direitos Humanos! A Globo quer a Comissão da Verdade! O paradoxal é que ela também terá um lugar destacado no banco dos réus, quando a verdade sobre os que estavam do outro lado do balcão quando Dilma foi torturada começar a ser investigada.
"Para a História
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, tem razão quando diz que confissão obtida por meio de tortura é lixo, referindo-se às informações arrancadas da presidente eleita, Dilma Roussef, nos porões da ditadura.
Mas isso não significa que o assunto deva ser engavetado, pois faz parte da História do país, mesmo que seja um dos seus piores capítulos.
A história é para ser conhecida"
Alô OAB! Alô turma dos Direitos Humanos! A Globo quer a Comissão da Verdade! O paradoxal é que ela também terá um lugar destacado no banco dos réus, quando a verdade sobre os que estavam do outro lado do balcão quando Dilma foi torturada começar a ser investigada.
Papa aceita usar camisinha em alguns casos
As declarações de Bento XVI admitindo o uso de preservativos com prostitutas e entre homossexuais para impedir o avanço da AIDS rompe com uma posição retrógrada do Vaticano, que era completamente contrário ao uso da camisinha. Quanto ao uso como contraceptivo continua condenado. Para pedofilia também continua tudo igual.
Rio : Tráfico quer parar UPPs
Nos últimos dias aconteceram arrastões violentos em algumas vias da periferia da cidade do Rio de Janeiro. Não foram para assaltar pessoas ou roubar carros, mas para mandar um recado às autoridades: não vão mais tolerar entregar territórios às UPPs. O Morro do Macaco e a Mangueira podem ser as últimas fronteiras sem uma guerra de terror.
Em alguma hora isto teria que acontecer. A estratégia de implantação de UPPs visa primeiramente acabar com o domínio territorial do tráfico, sem maior preocupação com a continuidade do tráfico. Pacificar as comunidades é retirar do cenário o estado paralelo do crime. Acabar com a figura do menino com fuzil na mão.
A cada nova ocupação de comunidades, parte do tráfico fica, mas muitos do esquema militar de defesa perdem funções, principalmente os viciados que trabalham em troca de drogas. São os fogueteiros, os vapores, os soldados, o pessoal da inteligência. Nada disso é preciso se a polícia garante que a comunidade não será invadida por uma facção rival. E o que é feito dessas pessoas e dos armamentos?
A polícia tem dado aviso prévio. Marca data para ocupação, suficiente para a retirada do armamento e desmonte dos exércitos. A cada UPP, um recuo para outras áreas, trazendo conflitos internos às facções criminosas, que não têm onde alocar o excedente de "funcionários" e de armamentos. A saída é planejar outras atividades criminosas, fazendo uso de mão-de-obra e recursos materiais disponíveis. Mesmo assim nem o poder ou as drogas têm as facilidades anteriores.
O Rio tem uma área estratégica a ser liberada do crime para a Copa e as Olimpíadas. Vai mais ou menos da Via Dutra, Linha Vermelha, Linha exclusiva Ilha do Governador/Barra, Linha Amarela e tudo o que estiver contido entre essa fronteira e o centro da cidade. Nesse perímetro estão o Complexo do Alemão e o Complexo da Maré, onde estão enormes exércitos do tráfico, que agora mandam avisar que não querem saber de UPP por lá.
A polícia sabe que não tem condição de encarar esse enfrentamento sem um alto custo de vidas de inocentes. Continua comendo pelas beiradas. E ainda tem um trunfo poderoso: se o tráfico vier de terrorismo, podem fechar todas as bocas de fumo ainda toleradas nas áreas ocupadas, que correspondem a uma importante fração do PIB das drogas no Rio. E ainda têm a Rocinha e o Vidigal sem UPP, importantíssimos para o tráfico na Zona Sul.
Em alguma hora isto teria que acontecer. A estratégia de implantação de UPPs visa primeiramente acabar com o domínio territorial do tráfico, sem maior preocupação com a continuidade do tráfico. Pacificar as comunidades é retirar do cenário o estado paralelo do crime. Acabar com a figura do menino com fuzil na mão.
A cada nova ocupação de comunidades, parte do tráfico fica, mas muitos do esquema militar de defesa perdem funções, principalmente os viciados que trabalham em troca de drogas. São os fogueteiros, os vapores, os soldados, o pessoal da inteligência. Nada disso é preciso se a polícia garante que a comunidade não será invadida por uma facção rival. E o que é feito dessas pessoas e dos armamentos?
A polícia tem dado aviso prévio. Marca data para ocupação, suficiente para a retirada do armamento e desmonte dos exércitos. A cada UPP, um recuo para outras áreas, trazendo conflitos internos às facções criminosas, que não têm onde alocar o excedente de "funcionários" e de armamentos. A saída é planejar outras atividades criminosas, fazendo uso de mão-de-obra e recursos materiais disponíveis. Mesmo assim nem o poder ou as drogas têm as facilidades anteriores.
O Rio tem uma área estratégica a ser liberada do crime para a Copa e as Olimpíadas. Vai mais ou menos da Via Dutra, Linha Vermelha, Linha exclusiva Ilha do Governador/Barra, Linha Amarela e tudo o que estiver contido entre essa fronteira e o centro da cidade. Nesse perímetro estão o Complexo do Alemão e o Complexo da Maré, onde estão enormes exércitos do tráfico, que agora mandam avisar que não querem saber de UPP por lá.
A polícia sabe que não tem condição de encarar esse enfrentamento sem um alto custo de vidas de inocentes. Continua comendo pelas beiradas. E ainda tem um trunfo poderoso: se o tráfico vier de terrorismo, podem fechar todas as bocas de fumo ainda toleradas nas áreas ocupadas, que correspondem a uma importante fração do PIB das drogas no Rio. E ainda têm a Rocinha e o Vidigal sem UPP, importantíssimos para o tráfico na Zona Sul.
domingo, 21 de novembro de 2010
Vergonhas tricolores
O clássico dos tricolores Fluminense e São Paulo, jogado hoje na Arena Barueri, foi um daqueles tristes episódios onde um time se entrega a outro para sacanear um terceiro, no caso, o Corinthians.
Como o Mengão vai detonar o Cruzeiro na próxima rodada, saindo de vez do risco de rebaixamento, o Fluminense pode se considerar campeão, depois de 26 anos a seco, e de uma subida da terceira para a primeira divisão via cartolagem.
A pouca-vergonha da entrega são-paulina foi tão grande que ambas as torcidas comemoraram o resultado, e saíram juntas do estádio alegres como numa grande parada. Do Palmeiras é esperado o mesmo tipo de corpo mole.
Como o Mengão vai detonar o Cruzeiro na próxima rodada, saindo de vez do risco de rebaixamento, o Fluminense pode se considerar campeão, depois de 26 anos a seco, e de uma subida da terceira para a primeira divisão via cartolagem.
A pouca-vergonha da entrega são-paulina foi tão grande que ambas as torcidas comemoraram o resultado, e saíram juntas do estádio alegres como numa grande parada. Do Palmeiras é esperado o mesmo tipo de corpo mole.
sábado, 20 de novembro de 2010
Brasil Game Show : cara e sem novidades
O que esperar de um evento de games de alta tecnologia? Novidades, é claro, mas isso quase não teve na edição 2010 da Brasil Game Show. Jogos compatíveis com TVs em 3D, torneio de Starcraft II e... um monte de estandes com games fartamente disponíveis no mercado. O ingresso muito caro (R$ 25 a meia e R$ 50 a inteira) não desanimou um público que esperou por mais de 3 horas ao sol, na fila para entrar. Quem não soubesse do que se tratava, pensaria ser alistamento militar, porque quase todos eram jovens, e homens, fazendo uma fila que contornava uma quadra.
Muito calor, gente demais, quase não se chegava aos estandes. Poucas opções de alimentação, com filas gigantescas. Para ressaltar coisas interessantes, havia o Túnel do Tempo, na estrada, mostrando a evolução dos games. O chato foi perceber que eu joguei desde o primeiro, e que os últimos estão acima da minha capacidade. Fora de contexto, um gigantesco autorama com vários "loops" era atração para uma porção de gente que não viveu essa época. Enfim, um evento que não valeu o valor pago, mais para caça-níqueis que para games.
Um evento como esse tira muitos nerds de casa, daqueles que não saem dos quartos, porões e sótãos. Hoje muitas mães aproveitarão a ausência deles para retirar toneladas de lixo e sujeira dos seus bunkers. E muitos dos que foram à feira ficarão com um estranho rosado na pele, pela exposição às filas ao sol, onde ficaram como zumbis. E não era em homenagem a Zumbi dos Palmares, no feriado do Dia da Consciência Negra.
Mais ainda: alguns aproveitaram a presença de belas expositoras com roupas ousadas e de moças vestidas como personagens de games, como Lara Croft, para tirar fotos com elas e atualizar seus orkuts e facebooks. Para vários deles, foi a primeira vez que viram mulheres de perto, especialmente com trajes saídos dos games.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Mídia ataca Dilma para governar
Hoje o jornal de campanha oposicionista O Globo estava uma festa de ataques a Dilma e de "sugestões" para governar o seu governo. A manchete era "Meireles aceita ficar no BC se tiver autonomia", referindo-se a convide de Dilma para que o tucano que faz a alegria dos banqueiros fique no cargo, como se ainda tivesse condições de pedir carta branca para mandar.
Depois, a notícia sincronizada com a Folha e possivelmente com a imprensa marrom de fim de semana, sobre a ficha de Dilma escrita pela ditadura militar. A Folha conseguiu acesso à ficha, contando a versão dos que prenderam e torturaram a presidente eleita. O resto da mídia golpista vai na onda, batendo forte para conseguir alguns privilégios, em troca de trégua.
Dilma participou de uma organização que lutou contra a ditadura. Publicando-se o seu processo, pelo qual cumpriu pena de 3 anos sem direito a defesa, coloca-se a urgência da instalação da Comissão da Verdade, para que todos os torturadores e colaboradores da ditadura também tenham revelados os seus desmandos do passado, e finalmente sejam punidos.
Aí vem o festival "assassinatos políticos do PT", farsa promovida pelo Ministério Público em Santo André e agora pela justiça de Campinas, reabrindo o processo sobre a morte do prefeito Toninho. Isso tudo não é coincidência: é estratégia. O que pretendem? Obter de Dilma algumas concessões. Entre elas:
- manutenção do Banco Central sob controle dos banqueiros;
- promessa de não abrir Comissão da Verdade sobre os crimes da ditadura;
- não regulamentar as comunicações, deixando que as 10 famílias controlem a opinião pública.
Dilma não deve ceder, e nós, que derrotamos a direita nas urnas, devemos continuar denunciando suas ações e ficar vigilantes. Se Lula foi "paz e amor" para ser aceito pela elite e não ser sabotado, com Dilma não há nenhuma obrigação anterior que a faça manter gente como Meireles no governo. O DEM já foi para a cova pelo voto. Agora é hora de romper com o atraso da mídia golpista e do que restou da direita.
Depois, a notícia sincronizada com a Folha e possivelmente com a imprensa marrom de fim de semana, sobre a ficha de Dilma escrita pela ditadura militar. A Folha conseguiu acesso à ficha, contando a versão dos que prenderam e torturaram a presidente eleita. O resto da mídia golpista vai na onda, batendo forte para conseguir alguns privilégios, em troca de trégua.
Dilma participou de uma organização que lutou contra a ditadura. Publicando-se o seu processo, pelo qual cumpriu pena de 3 anos sem direito a defesa, coloca-se a urgência da instalação da Comissão da Verdade, para que todos os torturadores e colaboradores da ditadura também tenham revelados os seus desmandos do passado, e finalmente sejam punidos.
Aí vem o festival "assassinatos políticos do PT", farsa promovida pelo Ministério Público em Santo André e agora pela justiça de Campinas, reabrindo o processo sobre a morte do prefeito Toninho. Isso tudo não é coincidência: é estratégia. O que pretendem? Obter de Dilma algumas concessões. Entre elas:
- manutenção do Banco Central sob controle dos banqueiros;
- promessa de não abrir Comissão da Verdade sobre os crimes da ditadura;
- não regulamentar as comunicações, deixando que as 10 famílias controlem a opinião pública.
Dilma não deve ceder, e nós, que derrotamos a direita nas urnas, devemos continuar denunciando suas ações e ficar vigilantes. Se Lula foi "paz e amor" para ser aceito pela elite e não ser sabotado, com Dilma não há nenhuma obrigação anterior que a faça manter gente como Meireles no governo. O DEM já foi para a cova pelo voto. Agora é hora de romper com o atraso da mídia golpista e do que restou da direita.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Messi 1 x 0 Brasil
O jogo acabou agora há pouco e mostrou um futebol veloz tanto da equipe brasileira como da argentina. Bom de ver, com muitas oportunidades de gol. A Argentina teve mais chances, perdendo gols incríveis. E no final, nos acréscimos, deixaram o Messi solto e ele fez o que sabe fazer. Golaço.
Falando em futebol brasileiro, acredito que se não houver alguma crocodilagem do São Paulo e do Palmeiras, entregando os próximos jogos para o Fluminense ser campeão, tudo está pavimentado para o campeão brasileiro ser o Corinthians. É daquelas coisas que parece coincidência, mas sempre deixam margem a desconfianças. O clube fará um grande esforço para bancar um estádio para a abertura da Copa de 2014, e um campeonato pode agradar a torcida para abrir os bolsos para a empreitada.
Falando em futebol brasileiro, acredito que se não houver alguma crocodilagem do São Paulo e do Palmeiras, entregando os próximos jogos para o Fluminense ser campeão, tudo está pavimentado para o campeão brasileiro ser o Corinthians. É daquelas coisas que parece coincidência, mas sempre deixam margem a desconfianças. O clube fará um grande esforço para bancar um estádio para a abertura da Copa de 2014, e um campeonato pode agradar a torcida para abrir os bolsos para a empreitada.
Tucana azara Urubu
Hoje os jornais cariocas mostram a apreensão e o repúdio à presidente do Flamengo, a vereadora do PSDB Patrícia Amorim, que andou declarando que lava as mãos em relação ao futebol. Isso com o Mengão beirando a segunda divisão, estressando mais ainda a maior torcida do mundo e fazendo a alegria da maior anti-torcida do mundo. Já tem um movimento pela deposição de Patrícia.
Patrícia assumiu logo depois do Flamengo sagrar-se hexa-campeão brasileiro. De lá para cá, só derrotas e crise. Conseguiu fazer até Zico deixar a diretoria de futebol. Ameaça de rebaixamento é demais. E ainda tem uns tablóides consultando oráculos que afirmam que o time está assombrado pelo espírito de Elisa Samúdio... Xô, tucana. Vai azarar o Serra e outros bichos agourentos.
Patrícia assumiu logo depois do Flamengo sagrar-se hexa-campeão brasileiro. De lá para cá, só derrotas e crise. Conseguiu fazer até Zico deixar a diretoria de futebol. Ameaça de rebaixamento é demais. E ainda tem uns tablóides consultando oráculos que afirmam que o time está assombrado pelo espírito de Elisa Samúdio... Xô, tucana. Vai azarar o Serra e outros bichos agourentos.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Bancos: mais uma safra de lucros absurdos
Quanto do bolso do brasileiro, contribuinte ou consumidor de banco, entrou na composição dos mais uma vez obscenos lucros do sistema bancário? Desta vez, o destaque foi para o BB, que ampliou seu lucro em 32,7% no terceiro trimestre de 2010. O Bradesco e o Itaú também cresceram vigorosamente. No resto do mundo, banco cresce na faixa de um dígito.
O contribuinte paga porque uma grossa parte dos impostos vai para a remuneração de papéis lançados pelo governo pagando um juro estipulado pelo COPOM, dominado pelos banqueiros, Meirelles à frente, que é o maior do mundo. O bancarizado paga tarifas injustificáveis e juros achacantes. E parece tudo normal.
Meirelles no Banco Central foi um desses arranjos de governabilidade feitos após as eleições de 2002. Tucano, deve ter sido imposto por grupos de interesses do sistema financeiro como lastro de credibilidade no momento da transição, já que o dólar estava a R$ 4,00 e FHC deixou a economia desgraçada. Lula o manteve no segundo mandato, sem nenhum motivo aparente, além do financiamento de banqueiros à sua campanha.
Agora que o Brasil tem credibilidade internacional e está tendo problemas cambiais justamente porque todo mundo quer investir aqui, é hora de botar o tucano prá voar e colocar no Banco Central alguém que conduza o país a taxas de juros comparáveis com as de economias capitalistas mais avançadas.
O contribuinte paga porque uma grossa parte dos impostos vai para a remuneração de papéis lançados pelo governo pagando um juro estipulado pelo COPOM, dominado pelos banqueiros, Meirelles à frente, que é o maior do mundo. O bancarizado paga tarifas injustificáveis e juros achacantes. E parece tudo normal.
Meirelles no Banco Central foi um desses arranjos de governabilidade feitos após as eleições de 2002. Tucano, deve ter sido imposto por grupos de interesses do sistema financeiro como lastro de credibilidade no momento da transição, já que o dólar estava a R$ 4,00 e FHC deixou a economia desgraçada. Lula o manteve no segundo mandato, sem nenhum motivo aparente, além do financiamento de banqueiros à sua campanha.
Agora que o Brasil tem credibilidade internacional e está tendo problemas cambiais justamente porque todo mundo quer investir aqui, é hora de botar o tucano prá voar e colocar no Banco Central alguém que conduza o país a taxas de juros comparáveis com as de economias capitalistas mais avançadas.
Aéreas III - O chopp mais caro do mundo em Congonhas
No post "Aéreas I", falei da restrição a líquidos na bagagem de mão por motivo de segurança aeroportuária, limitados a 100ml. Isso não impede que o passageiro compre alguma coisa na área de embarque, e aí não há restrição, a não ser o preço. Exemplo: no embarque internacional em Guarulhos (SP), a não ser que se leve água do bebedouro, que é de graça, em alguma garrafa vazia levada na bagagem de mão, a opção é consumir no bar da cerveja Devassa. Água mineral 500 ml a R$ 4, caixinha de Nescau a R$ 4,80. Para esperar o vôo, chopp de 500 ml por igualmente absurdos R$ 12,20!
Foi o maior preço encontrado, comparado com todos os aeroportos onde andamos na viagem aos EUA e Canadá. R$ 24,40 por litro! Em qualquer bar mais estiloso toma-se chopp no máximo a R$ 5,00 a tulipa de 300 ml. Sete dólares por um chopp! Cadê a turma do "Cansei" para a gente reclamar disso? É o verdadeiro caos aéreo! Deve ser coisa do governo Lula.
Foi o maior preço encontrado, comparado com todos os aeroportos onde andamos na viagem aos EUA e Canadá. R$ 24,40 por litro! Em qualquer bar mais estiloso toma-se chopp no máximo a R$ 5,00 a tulipa de 300 ml. Sete dólares por um chopp! Cadê a turma do "Cansei" para a gente reclamar disso? É o verdadeiro caos aéreo! Deve ser coisa do governo Lula.
domingo, 14 de novembro de 2010
Aéreas II - Avião novo de Sarkozi enfurece franceses
Em meio a manifestações de protesto contra a reforma da previdência, que o governo francês vem empurrando goela abaixo dos trabalhadores, o presidente Sarkozy estreia o novo avião presidencial, que teria itens de extrema sofisticação. O avião, apelidado de "Air Sarko", realizou seu primeiro vôo oficial quando Sarkozy viajou à reunião do G-20 em Seul, na Coréia do Sul.
O avião Airbus A330, com capacidade para 253 passageiros na sua versão mais simples, foi comprado de segunda mão por R$ 140 milhões, recebeu uma reforma de R$ 200 milhões e o restante foi gasto em quesitos de segurança, como sistema anti-mísseis e de acionamento da defesa nuclear francesa. No total, R$ 420 milhões. O Aerolula, um Airbus A319, com 134 assentos, que entrou em uso em 2005 e foi alvo de críticas da oposição furiosa e da imprensa, custou a bagatela de R$ 92 milhões.
Sarkozy de uma de Maria Antonieta, a rainha-consorte da França na época da revolução que acabou com a monarquia, que teria dito, quando pobres bateram às portas do castelo pedindo pão: "Se não têm pão, que comam brioches". Foi mantida em sigilo a nova configuração do avião, havendo rumores sobre coisas de extremo luxo, incompatíveis com a grave situação econômica da França e da austeridade imposta aos mais pobres. Coisas tipo banheira de hidromassagem, cafeteira de 25 mil euros e até forno de pizza, o que foi desmentido pela presidência mas continua na boataria popular.
O avião Airbus A330, com capacidade para 253 passageiros na sua versão mais simples, foi comprado de segunda mão por R$ 140 milhões, recebeu uma reforma de R$ 200 milhões e o restante foi gasto em quesitos de segurança, como sistema anti-mísseis e de acionamento da defesa nuclear francesa. No total, R$ 420 milhões. O Aerolula, um Airbus A319, com 134 assentos, que entrou em uso em 2005 e foi alvo de críticas da oposição furiosa e da imprensa, custou a bagatela de R$ 92 milhões.
Sarkozy de uma de Maria Antonieta, a rainha-consorte da França na época da revolução que acabou com a monarquia, que teria dito, quando pobres bateram às portas do castelo pedindo pão: "Se não têm pão, que comam brioches". Foi mantida em sigilo a nova configuração do avião, havendo rumores sobre coisas de extremo luxo, incompatíveis com a grave situação econômica da França e da austeridade imposta aos mais pobres. Coisas tipo banheira de hidromassagem, cafeteira de 25 mil euros e até forno de pizza, o que foi desmentido pela presidência mas continua na boataria popular.
Aéreas I - Bom tempo o da barrinha de cereal...
Ontem no vôo da Webjet de Brasília para o Rio, a novidade: nada de barrinha de cereal, nada de refrigerante, e entra em cena a venda de comida a bordo. O que era barato e ruim, agora deve ser comprado. Os comissários de bordo avisam que os interessados devem acender o sinal de atendimento para pedir as coisas, "a la carte". O ruim é que não tem um cardápio nas bolsas à frente dos bancos, falha que deverão corrigir porque é assim que funciona em outros lugares.
Está aberta a temporada da farofa aérea. Para quem viveu para ver o excelente serviço da extinta Varig, com talheres de metal, copos de vidro e pratos de louça, e comida boa, servida por pessoas bem treinadas, agora só falta ver entrar nos aviões vendedores de balas e amendoim torradinho. E levar de casa a comida para o vôo. A seco, porque as autoridades não permitem entrar com mais de 100ml de líquido no vôo.
Está aberta a temporada da farofa aérea. Para quem viveu para ver o excelente serviço da extinta Varig, com talheres de metal, copos de vidro e pratos de louça, e comida boa, servida por pessoas bem treinadas, agora só falta ver entrar nos aviões vendedores de balas e amendoim torradinho. E levar de casa a comida para o vôo. A seco, porque as autoridades não permitem entrar com mais de 100ml de líquido no vôo.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Banco Panamericano : não tem PROER
Nos tempos de FHC tirava-se dinheiro público, do nosso, para dar a banqueiros. A fórmula mágica era o PROER. Na quebra do Real em 1999, os bancos Marka e Fonte Cindam foram beneficiados com informações privilegiadas que os permitiram escapar da quebra, o que rendeu a prisão de pelo menos um banqueiro, Cacciola, mas da equipe de FHC ninguém até hoje conheceu as barras da cadeia.
O Banco Panamericano, de Silvio Santos, recorreu a um fundo feito com dinheiro de banqueiros (Fundo Garantidor de Créditos) para se capitalizar. Pegou 2,5 bi dos outros banqueiros, e colocou sua fortuna pessoal, o SBT e o Baú da Esperança como garantias, no valor de R$ 2,7 bi. Se o banco quebrar, Silvio Santos volta a ser camelô, e ninguém perde com isso. Um negócio bem diferente das negociatas promovidas pela turma do "iluminado".
O Banco Panamericano, de Silvio Santos, recorreu a um fundo feito com dinheiro de banqueiros (Fundo Garantidor de Créditos) para se capitalizar. Pegou 2,5 bi dos outros banqueiros, e colocou sua fortuna pessoal, o SBT e o Baú da Esperança como garantias, no valor de R$ 2,7 bi. Se o banco quebrar, Silvio Santos volta a ser camelô, e ninguém perde com isso. Um negócio bem diferente das negociatas promovidas pela turma do "iluminado".
ENEM : falha de candidatos prejudica concurso
Fiz a minha inscrição no ENEM e deveria ter feito a prova no último fim de semana, mas viajei e não a fiz. Paciência. Só queria participar junto com o meu filho mais novo e testar os meus conhecimentos. Em setembro fiz a primeira fase da UERJ junto com ele, e passamos para a segunda fase. Naquela oportunidade li a capa do caderno atentamente, e lá dizia que a prova continha tantas questões numeradas de tanto a tanto, que o aluno deveria conferir a prova e, casou houvesse algum problema, deveria notificar aos fiscais para a substituição.
Na prova do ENEM havia a mesma instrução. Segundo o MEC, houve falhas em 3.400 provas, ou seja, menos de 0,1% do total aplicado. Claro que a imaturidade de alguns contribuiu para que fizessem a prova mesmo com erros de impressão ou falhas de encadernação, mas isso não os exime da responsabilidade de obedecer às regras do certame. Assim, se a justiça cancelar a prova do ENEM, tornará sem efeito uma regra escrita na capa da prova, prejudicará milhões de alunos que foram bem no exame e os submeterá a uma nova prova que poderá coincidir com outro exame vestibular.
A mídia contrária ao governo e os grupos contrários ao ENEM, os mesmos que no ano passado armaram a fraude e cujos mandantes não foram localizados ou punidos, fazem questão da anulação para impor uma derrota a Lula e outros, acabar com um concurso democrático, atendendo sabe-se lá a que interesses.
O Ministério da Educação peca ao dizer que pode aplicar uma prova aos prejudicados, ferindo o princípio da isonomia, pois qualquer um dos demais interessados poderá pedir na justiça para fazer a nova prova. Errou também quando não revisou adequadamente o material que foi para impressão. Isso é inadmissível, diante da extensão social do vestibular unificado.
Não é justo que o erro ou desatenção de alguns prejudique o todo. Quem conferiu a prova e percebeu a inversão na marcação do gabarito não teve o que reclamar. Passou no primeiro teste, que é conferir o material recebido.
Na prova do ENEM havia a mesma instrução. Segundo o MEC, houve falhas em 3.400 provas, ou seja, menos de 0,1% do total aplicado. Claro que a imaturidade de alguns contribuiu para que fizessem a prova mesmo com erros de impressão ou falhas de encadernação, mas isso não os exime da responsabilidade de obedecer às regras do certame. Assim, se a justiça cancelar a prova do ENEM, tornará sem efeito uma regra escrita na capa da prova, prejudicará milhões de alunos que foram bem no exame e os submeterá a uma nova prova que poderá coincidir com outro exame vestibular.
A mídia contrária ao governo e os grupos contrários ao ENEM, os mesmos que no ano passado armaram a fraude e cujos mandantes não foram localizados ou punidos, fazem questão da anulação para impor uma derrota a Lula e outros, acabar com um concurso democrático, atendendo sabe-se lá a que interesses.
O Ministério da Educação peca ao dizer que pode aplicar uma prova aos prejudicados, ferindo o princípio da isonomia, pois qualquer um dos demais interessados poderá pedir na justiça para fazer a nova prova. Errou também quando não revisou adequadamente o material que foi para impressão. Isso é inadmissível, diante da extensão social do vestibular unificado.
Não é justo que o erro ou desatenção de alguns prejudique o todo. Quem conferiu a prova e percebeu a inversão na marcação do gabarito não teve o que reclamar. Passou no primeiro teste, que é conferir o material recebido.
Brasil : a hora do perigoso limbo de poder
Fiquei fora do país por 20 dias, do período imediatamente anterior ao das eleições até o retorno ontem. Limitei-me a ler os e-mails mais importantes, e li superficialmente as notícias das eleições e do momento posterior. Agora estou abrindo os e-mails e lendo as revistas e jornais acumulados, e algumas preocupações merecem registro.
Primeiro, a parte boa dos e-mails. Ver aquele monte de baixarias, mentiras e provocações depois das eleições, com o sabor de vitória sobre tudo aquilo, não tem preço. Assisti o vídeo de um comediante que chamava o Lula de bêbado, de ladrão, etc. Dá vontade de devolver a quem remeteu dizendo : com tudo isso, perderam! Se tivessem ganhado, essas coisas se perderiam, mas como perderam, ficaram muito mal na foto. Perderam perdendo.
Agora, as preocupações. Uma edição extra da revista Veja com uma boa foto de Dilma na capa, sorridente, com faixa presidencial, e a frase dela: "Meu compromisso com o país: valorizar a democracia em toda a sua dimensão". No editorial, mais elogios e as primeiras armadilhas, falando da sua vitória: "Foi um triunfo do "fator bem-estar, a atmosfera de orgulho, alívio financeiro e esperanças criadas pelos acertos econômicos e sociais de HC e Lula, que favoreceu a continuidade".
Até aí, o grupo empresarial da revista pode ter seu ponto de vista. Ao final, os interesses e os temores, destacando, do discurso da vitória de Dilma, o seguinte trecho:
"Dilma reafirmou o respeito irrestrito à liberdade de expressão e seu reconhecimento que "as críticas do jornalismo livre ajudam o país e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório. Um grande começo".
Noutros meios de comunicação o mesmo tipo de abordagem covarde, de quem espezinhou, armou, golpeou, e agora, diante da derrota, pede piedade. Não vou me surpreender se daqui até Dilma tomar posse a Globo vier a passar "Lula, o filho do Brasil". Onde os meios de comunicação da elite querem chegar? Que papo é esse de morder e assoprar? O que quer a elite com esse tipo de trégua, de abertura de canal de diálogo acima das divergências? O de sempre: influir nos governos como um poder autônomo, desde o primeiro momento, estabelecendo um acordo diante da nova correlação de forças. Puro pragmatismo.
Enquanto isso, nas bases da campanha eleitoral, o pau come. Serra abriu a Caixa de Pandora: deixou crescerem à luz do dia facções religiosas conservadoras, defensores de teses reacionárias sobre gênero e opção sexual, neonazistas, separatistas, fascistas, saudosistas da ditadura, racistas, xenófobos e todo lixo varrido para baixo do tapete civilizatório em anos de reconstrução democrática. Continuam os e-mails apócrifos com acusações a Dilma, manifestos separatistas, xenofóbicos, incitações ao crime contra nordestinos, e do outro lado os repúdios, as denúncias de ofensas à lei, etc. Esta guerra de militantes não está no grande jogo do poder, que está na "equipe de transição". É a cortina de fumaça que encobre os grandes acordos acima dos programas, partidos e emoções.
Nesse limbo de poder, onde para Lula tudo é festa, inaugurações, homenagens e prestígio chegando aos 85%, que fazem dele o melhor presidente da história na avaliação popular, é que se monta a correlação de forças do novo governo. Todo mundo quer um pedaço, inclusive os derrotados. Da parte destes, pelo menos a manutenção dos privilégios. Não querem a regulamentação da mídia. Não querem mais impostos. Não querem discriminações nos investimentos nos estados onde a oposição venceu. Não querem pagar mais. Não se trata de combater o que já existe, mas de manterem-se vivos até a próxima eleição. Querem mitigar riscos, afastando do novo governo as idéias e pessoas mais radicais.
Têm medo de um "chavismo", e em nome disso podem fazer concessões à governabilidade. Em suma: querem diluir o governo de Dilma. Para isso, até o momento do anúncio da equipe, vão manter o nível dos ataques ao novo governo em níveis civilizados. Depois, o pau come. Ou não, dependendo das concessões de Dilma. É nesse momento que os movimentos organizados da maioria da sociedade devem estar alerta, afirmando os interesses de classe, fugindo às provocações de baixo nível. Temos que influir na formação do novo governo, neste momento de gênese. Se não o fizermos, a elite inteligemente o fará.
Primeiro, a parte boa dos e-mails. Ver aquele monte de baixarias, mentiras e provocações depois das eleições, com o sabor de vitória sobre tudo aquilo, não tem preço. Assisti o vídeo de um comediante que chamava o Lula de bêbado, de ladrão, etc. Dá vontade de devolver a quem remeteu dizendo : com tudo isso, perderam! Se tivessem ganhado, essas coisas se perderiam, mas como perderam, ficaram muito mal na foto. Perderam perdendo.
Agora, as preocupações. Uma edição extra da revista Veja com uma boa foto de Dilma na capa, sorridente, com faixa presidencial, e a frase dela: "Meu compromisso com o país: valorizar a democracia em toda a sua dimensão". No editorial, mais elogios e as primeiras armadilhas, falando da sua vitória: "Foi um triunfo do "fator bem-estar, a atmosfera de orgulho, alívio financeiro e esperanças criadas pelos acertos econômicos e sociais de HC e Lula, que favoreceu a continuidade".
Até aí, o grupo empresarial da revista pode ter seu ponto de vista. Ao final, os interesses e os temores, destacando, do discurso da vitória de Dilma, o seguinte trecho:
"Dilma reafirmou o respeito irrestrito à liberdade de expressão e seu reconhecimento que "as críticas do jornalismo livre ajudam o país e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório. Um grande começo".
Noutros meios de comunicação o mesmo tipo de abordagem covarde, de quem espezinhou, armou, golpeou, e agora, diante da derrota, pede piedade. Não vou me surpreender se daqui até Dilma tomar posse a Globo vier a passar "Lula, o filho do Brasil". Onde os meios de comunicação da elite querem chegar? Que papo é esse de morder e assoprar? O que quer a elite com esse tipo de trégua, de abertura de canal de diálogo acima das divergências? O de sempre: influir nos governos como um poder autônomo, desde o primeiro momento, estabelecendo um acordo diante da nova correlação de forças. Puro pragmatismo.
Enquanto isso, nas bases da campanha eleitoral, o pau come. Serra abriu a Caixa de Pandora: deixou crescerem à luz do dia facções religiosas conservadoras, defensores de teses reacionárias sobre gênero e opção sexual, neonazistas, separatistas, fascistas, saudosistas da ditadura, racistas, xenófobos e todo lixo varrido para baixo do tapete civilizatório em anos de reconstrução democrática. Continuam os e-mails apócrifos com acusações a Dilma, manifestos separatistas, xenofóbicos, incitações ao crime contra nordestinos, e do outro lado os repúdios, as denúncias de ofensas à lei, etc. Esta guerra de militantes não está no grande jogo do poder, que está na "equipe de transição". É a cortina de fumaça que encobre os grandes acordos acima dos programas, partidos e emoções.
Nesse limbo de poder, onde para Lula tudo é festa, inaugurações, homenagens e prestígio chegando aos 85%, que fazem dele o melhor presidente da história na avaliação popular, é que se monta a correlação de forças do novo governo. Todo mundo quer um pedaço, inclusive os derrotados. Da parte destes, pelo menos a manutenção dos privilégios. Não querem a regulamentação da mídia. Não querem mais impostos. Não querem discriminações nos investimentos nos estados onde a oposição venceu. Não querem pagar mais. Não se trata de combater o que já existe, mas de manterem-se vivos até a próxima eleição. Querem mitigar riscos, afastando do novo governo as idéias e pessoas mais radicais.
Têm medo de um "chavismo", e em nome disso podem fazer concessões à governabilidade. Em suma: querem diluir o governo de Dilma. Para isso, até o momento do anúncio da equipe, vão manter o nível dos ataques ao novo governo em níveis civilizados. Depois, o pau come. Ou não, dependendo das concessões de Dilma. É nesse momento que os movimentos organizados da maioria da sociedade devem estar alerta, afirmando os interesses de classe, fugindo às provocações de baixo nível. Temos que influir na formação do novo governo, neste momento de gênese. Se não o fizermos, a elite inteligemente o fará.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Canadá : grandes estradas sem pedágio
Estou completando uma viagem de cerca de 3.000 km de carro de Quebec a Niagara Falls, indo e voltando por caminhos diferentes e visitando várias cidades, e não vi nenhum pedágio até aqui em estradas federais ou provinciais. O único trecho pedagiado que tomamos conhecimento foi uma via expressa em Toronto, onde vai quem quer, porque a via sem pedágio tem alguns engarrafamentos mas é reta e ótima.
Para amenizar a crise, o governo canadense está reformando quase todas as estradas, sendo constantes os desvios para obras, o que causa retenções. As placas indicam que 100.000 empregos estão sendo criados nesse PAC local. Ontem andamos na menos boa de todas, a que acessa Ottawa a partir de Kingston. Mão-dupla, qualidade de BR boa, com acostamento, bem sinalizada, faixas alternativas para ultrapassagem, etc.
Ainda sobre estradas, a multa para excesso de velocidade nos trechos em obra é em dobro. Logo que peguei a primeira estrada tive dúvidas sobre a unidade usada. As placas mostravam apenas os números. Em cada saída, as placas locais traziam o "km/h". Cheguei a pensar que nas estradas era milha/h, ou seja, 0 número 100 indicaria 160km/h, e felizmente não fui abordado por nenhuma autoridade enquanto pensava assim. Depois que caí na real fui seguido e entrevistado por uma patrulha rodoviária. A polícia gentilmente (sem ironia) pediu para pegar leve, porque há uma tolerância implícita no limite de 100km/h, etc. Esse valor está entre 110 e 120 km/h. O adequado é seguir o grupo que anda mais rápido e não ser o líder.
Depois vi placas mostrando equivalências entre milhas e quilômetros, com as respectivas multas. Quem acha que 100 é milhas, e anda no limite, paga mais de 2000 dólares canadenses de multa. Se a velocidade for 50km/h acima do limite, há uma multa adicional de 10.000 $CAN. Falar no celular, jogar lixo nas estradas, tudo tem multas pesadas, mostradas com valores em placas.
Se o Canadá fosse São Paulo, acho que pagaria mais de pedágios que de combustíveis. Mesmo com um forte debate sobre equilíbrio fiscal por aqui, o governo não partiu para taxar as estradas. Já as prefeituras pegam pesado. É impossível parar um carro sem pagar numa rua de Montreal, Toronto ou Ottawa. Parquímetros para todo lado, e preços elevados. Os estacionamentos particulares pegam pesado: em geral de $CAN 3 a 6 por MEIA HORA ou menos! Ou uns 5 as 11 reais por hora.
No Brasil tem esses preços nas áreas centrais, mas por aqui é muito maior a abrangência. E a fiscalização é implacável. Não tem conversa com o guarda. É multa mesmo! Ainda não chegaram à sofisticação da indústria da multa brasileira, com os pardais e radares para todo lado. Aqui só vimos um radar numa rodovia federal, móvel.
Para amenizar a crise, o governo canadense está reformando quase todas as estradas, sendo constantes os desvios para obras, o que causa retenções. As placas indicam que 100.000 empregos estão sendo criados nesse PAC local. Ontem andamos na menos boa de todas, a que acessa Ottawa a partir de Kingston. Mão-dupla, qualidade de BR boa, com acostamento, bem sinalizada, faixas alternativas para ultrapassagem, etc.
Ainda sobre estradas, a multa para excesso de velocidade nos trechos em obra é em dobro. Logo que peguei a primeira estrada tive dúvidas sobre a unidade usada. As placas mostravam apenas os números. Em cada saída, as placas locais traziam o "km/h". Cheguei a pensar que nas estradas era milha/h, ou seja, 0 número 100 indicaria 160km/h, e felizmente não fui abordado por nenhuma autoridade enquanto pensava assim. Depois que caí na real fui seguido e entrevistado por uma patrulha rodoviária. A polícia gentilmente (sem ironia) pediu para pegar leve, porque há uma tolerância implícita no limite de 100km/h, etc. Esse valor está entre 110 e 120 km/h. O adequado é seguir o grupo que anda mais rápido e não ser o líder.
Depois vi placas mostrando equivalências entre milhas e quilômetros, com as respectivas multas. Quem acha que 100 é milhas, e anda no limite, paga mais de 2000 dólares canadenses de multa. Se a velocidade for 50km/h acima do limite, há uma multa adicional de 10.000 $CAN. Falar no celular, jogar lixo nas estradas, tudo tem multas pesadas, mostradas com valores em placas.
Se o Canadá fosse São Paulo, acho que pagaria mais de pedágios que de combustíveis. Mesmo com um forte debate sobre equilíbrio fiscal por aqui, o governo não partiu para taxar as estradas. Já as prefeituras pegam pesado. É impossível parar um carro sem pagar numa rua de Montreal, Toronto ou Ottawa. Parquímetros para todo lado, e preços elevados. Os estacionamentos particulares pegam pesado: em geral de $CAN 3 a 6 por MEIA HORA ou menos! Ou uns 5 as 11 reais por hora.
No Brasil tem esses preços nas áreas centrais, mas por aqui é muito maior a abrangência. E a fiscalização é implacável. Não tem conversa com o guarda. É multa mesmo! Ainda não chegaram à sofisticação da indústria da multa brasileira, com os pardais e radares para todo lado. Aqui só vimos um radar numa rodovia federal, móvel.
sábado, 6 de novembro de 2010
Canadá : belos cenários em Niagara Falls
Em 1998 planejei uma viagem ao Canadá, país que sempre tive muita curiosidade para conhecer por ser atípico: primeiro mundo, com estrutura de bem-estar social das melhores, belas paisagens, políticas de acolhimento a imigrantes e refugiados, preocupação ambiental, etc. Na minha opinião são vários países num só. O Quebec tem sua identidade francesa. Ontario tem referência na Inglaterra.
O país faz parte da Comunidade Britânica, e Elizabeth II é sua rainha. Há imensas áreas vazias, habitadas pelos Primeiros Povos, onde também há autonomias culturais e políticas. Ganharam uma guerra contra os americanos, quando estes tentaram anexá-lo à sua recente república no início do século XIX. Paradoxalmente usam o sistema métrico-decimal (km, graus centígrados), enquanto os americanos usam o sistema imperial inglês (milhas, graus Farenheit). Até recentemente as leis aprovadas no país tinham que ser referendadas no parlamento britânico.
Juntei um dinheiro, e quando ia começar a dar os primeiros passos para concretizar a viagem veio a primeira quebra do Real, com consequente desvalorização da moeda e inviabilização da viagem. O dólar, que estava na faixa de R$ 1,15, pulou para quase R$ 3. Adeus Canadá!
Hoje com o dólar na faixa de R$ 1,80 a coisa ficou muito diferente. Tirando alguns itens pesados para algumas cidades, como a hospedagem e transporte, o resto ficou razoável. Em Nova York pagamos por refeições praticamente o que se gasta no Brasil. Nos supermercados, vários itens estão mais baratos. Aqui no Canadá há duas realidades que notamos nestes 6 dias entre as províncias de Quebec e Ontario: do lado da língua francesa, os preços estão mais altos. Amanhã em Toronto vamos poder checar se isso é uma tendência. Bebidas são muito caras em todo lugar, quando você encontra, pois não há em supermercados. Uma lata de cerveja mais barata sai na faixa dos R$ 3,20. Vinhos mais baratos na faixa dos R$ 20 a garrafa.
O preço da gasolina é razoável, na base de US$ 1 por litro, algo em torno de R$ 1,80, no câmbio comercial, já com os impostos. Vai uma dica: tudo que se vir de preços nos EUA e Canadá não inclui impostos, que chegam a 15% sobre os preços expostos. Isso dá uma grande diferença, porque são cobrados à parte na nota. O aluguel de carro também é barato, em relação ao Brasil, porque os veículos custam muito menos. Com os mesmos R$ 30 mil que se gasta para comprar um carrinho 1.0 mais ou menos no nosso mercado, por aqui se compra um inimaginável carro de luxo. Pelo preço mais baixo do carro, é possível às locadoras alugarem um Ford Fusion, com os seguros básicos, na faixa de R$ 150 por dia. Nas principais locadoras brasileiras, um carro 1.0 sai nessa faixa...
Na baixa estação, como agora, os hotéis estão muito baratos, mas a grande quantidade existente dá a dimensão da muvuca que deve ser isto aqui entre abril e setembro, alta estação. Agora é a temporada dos aposentados, que são muito organizados e conseguem grandes descontos nas redes hoteleiras. Fica-se num Best Western ou num Comfort Inn na faixa dos R$ 120 por dia, com café. Na alta estação a coisa deve ficar bem mais salgada. A parte turística da cidade é pequena e dá para caminhar a pé sem cansar.
Feitas essas considerações, e aproveitando que a baixa temperatura lá fora, na casa dos 2 graus Celsius, não estimula ficar até tarde na rua, vamos à boa surpresa de Niagara Falls. A cidade canadense fica às margens do trecho encachoeirado do Rio São Lourenço, que liga os grandes lagos Erie e Ontario. Do outro lado do rio já é território americano. A extensão do istmo entre os lagos (e fronteira) é de uns 50 km, e dá para conhecer toda a sua belíssima margem em um dia, com tranquilidade. A foto acima, tirada no centro da cidade, está distorcida por ser panorâmica, mas contém os principais elementos, inclusive a ponte que liga os dois países. Os americanos levaram a pior, porque toda a beleza da paisagem só é visível pelo lado canadense.
Quando incluí a cidade no roteiro achei que as suas famosas cataratas pareceriam filetes d'água perto de Foz do Iguaçu. De fato, são muito menores, mas como a cidade cresceu em volta e de certa forma emoldurou o cânion e as cachoeiras, e a água é de um verde transparente, ficou uma coisa diferente, única, urbana, muito diferente das Cataratas do Iguaçu, que estão mais ambientadas num cenário natural.
Seguindo ao norte pela estrada da margem, há um trecho de uma grande bacia com um turbilhão, onde tem um bondinho que passa por cima do redemoinho. Depois vem uma pequena central hidrelétrica, que não barra o rio, mas capta água e aproveita o desnível. Outras dessas existem e estão em construção ao longo dos desníveis. As paisagens parecem de quebra-cabeças, ainda mais neste meio de outono, com muitas folhas caídas e árvores de diversos tons de cores.
Por toda a margem canadense há casas que parecem tiradas de revistas especializadas de decoração. Tudo sem muro, com jardins impecáveis. Do lado americano também se vê o mesmo, mas as cidades são bastante industriais. O cânion termina em Niagara on the Lake, cidadezinha que polariza os vinhedos da região, onde há dezenas de pequenas vinícolas. Embora exista no Brasil uma uva com o nome de Niágara, por aqui o que se planta é mais focado na produção de vinhos de maior qualidade.
Indo para o sul os cenários são parecidos, até chegar à entrada do cânion em Fort Erie, que se corresponde do outro lado do rio com a cidade americana de Buffalo. Andando um pouco mais pela borda do lago Erie em direção contrária aos EUA se chega ao conjunto de eclusas que viabilizam o tráfego de grandes navios entre os dois lagos no desnível da Falha de Niagara. Grande parte da produção do norte dos EUA e das principais canadenses deve ao Rio São Lourenço e aos lagos essa excelente opção de modal de transporte.
No mais, a cidade tem dois cassinos, muitos restaurantes de franquias conhecidas (péssimo, porque não há praticamente opções mais saudáveis de cardápio), ruas e parques muito bem cuidados e limpos, opções diversas de passeios, inclusive por um túnel que passa por trás das cataratas, e principalmente gente dos EUA e Canadá. Niagara fica relativamente perto de Nova York, Boston, Toronto, Detroit, Chicago e Montreal. Praticamente em todo lugar se paga para estacionar.
Brasil avança no IDH, mas não faz reforma tributária
Mais uma péssima notícia para os inimigos do povo: segundo a ONU, o Brasil foi o país que mais progrediu no Indice de Desenvolvimento Humano, principalmente nas áreas de saúde e educação. No terceiro quesito parametrizado pelo índice, o rendimento, o Brasil avançou, mas continua um dos piores do mundo. A notícia está na capa do Estadão (quem diria...)
Para avançar mais, terá que mexer nos mecanismos de concentração de renda. Isso passa por uma profunda reforma tributária, retirando recursos dos mais ricos para fazer políticas sociais de recomposição dos salários, e do estado, aumentando sua eficiência enquanto instrumento estratégico de desenvolvimento sustentável e inclusivo, focado no bem-estar dos cidadãos, acima dos interesses do capital.
Arranjos como a volta da CPMF não resolvem. Nem botar mais dinheiro sem a contrapartida do benefício. As duas coisas devem correr juntas: arrecadar mais com justiça social, e gastar melhor para a promoção da igualdade. O momento é propício, porque Dilma terá bancadas parlamentares em seu apoio suficientes para fazer as mudanças, acabando com privilégios e promovendo a superação de desigualdades regionais com instrumentos como o Banco do Nordeste, da Amazônia, do Centro-Oeste, obras de infra-estrutura e reforços na educação e saúde.
Alguém tem que mexer nisso, senão o país não avança. Acabar com a enorme quantidade de impostos, que fomenta a corrupção, a sonegação, que desequilibra a própria competição capitalista. Acabar com os instrumentos de guerra fiscal, que penalizam os mais pobres. Exemplo: o modelo de Tasso e Ciro no Ceará, com forte renúncia tributária, gastos governamentais em infra-estrutura e mesmo em instalações para indústrias privadas, e fomento à contratação de mão-de-obra por cooperativas fraudulentas, onde os rendimentos dos trabalhadores eram muito inferiores ao salário mínimo, sem recolhimento de encargos sociais.
Taxar as grandes fortunas e heranças, os grandes ganhos de capital, baixar as taxas de juros, auditar a dívida pública, externa e interna, renegociando suas condições de pagamento ou mesmo extinguindo obrigações, caso nocivas ao país. IPTU progressivo nas cidades para acabar com a especulação de terras. Imposto progressivo sobre terras improdutivas. Redução das alíquotas do imposto de renda sobre os trabalhadores e pequenos produtores, e elevação do teto de isenção. Uso dos recursos do pré-sal em programas de eliminação da miséria e da promoção da qualidade de vida.
Tudo isso existe em países capitalistas, permitindo a redução do abismo entre ricos e pobres. CPMF é arranjo, coisa de tucano, que serve para alavancar campanha de Ministro da Saúde à presidência, e depois ser extinto para prejudicar o governo de Lula. Dilma não pode pensar pequeno: tem que mexer no cerne da desigualdade. Taxar a movimentação bancária, nos moldes da antiga CPMF, é muito pouco e prejudica muita gente, sem nenhum compromisso com a melhoria efetiva da Saúde. Vide o que aconteceu no período onde Serra era ministro e existia essa contribuição.
Para avançar mais, terá que mexer nos mecanismos de concentração de renda. Isso passa por uma profunda reforma tributária, retirando recursos dos mais ricos para fazer políticas sociais de recomposição dos salários, e do estado, aumentando sua eficiência enquanto instrumento estratégico de desenvolvimento sustentável e inclusivo, focado no bem-estar dos cidadãos, acima dos interesses do capital.
Arranjos como a volta da CPMF não resolvem. Nem botar mais dinheiro sem a contrapartida do benefício. As duas coisas devem correr juntas: arrecadar mais com justiça social, e gastar melhor para a promoção da igualdade. O momento é propício, porque Dilma terá bancadas parlamentares em seu apoio suficientes para fazer as mudanças, acabando com privilégios e promovendo a superação de desigualdades regionais com instrumentos como o Banco do Nordeste, da Amazônia, do Centro-Oeste, obras de infra-estrutura e reforços na educação e saúde.
Alguém tem que mexer nisso, senão o país não avança. Acabar com a enorme quantidade de impostos, que fomenta a corrupção, a sonegação, que desequilibra a própria competição capitalista. Acabar com os instrumentos de guerra fiscal, que penalizam os mais pobres. Exemplo: o modelo de Tasso e Ciro no Ceará, com forte renúncia tributária, gastos governamentais em infra-estrutura e mesmo em instalações para indústrias privadas, e fomento à contratação de mão-de-obra por cooperativas fraudulentas, onde os rendimentos dos trabalhadores eram muito inferiores ao salário mínimo, sem recolhimento de encargos sociais.
Taxar as grandes fortunas e heranças, os grandes ganhos de capital, baixar as taxas de juros, auditar a dívida pública, externa e interna, renegociando suas condições de pagamento ou mesmo extinguindo obrigações, caso nocivas ao país. IPTU progressivo nas cidades para acabar com a especulação de terras. Imposto progressivo sobre terras improdutivas. Redução das alíquotas do imposto de renda sobre os trabalhadores e pequenos produtores, e elevação do teto de isenção. Uso dos recursos do pré-sal em programas de eliminação da miséria e da promoção da qualidade de vida.
Tudo isso existe em países capitalistas, permitindo a redução do abismo entre ricos e pobres. CPMF é arranjo, coisa de tucano, que serve para alavancar campanha de Ministro da Saúde à presidência, e depois ser extinto para prejudicar o governo de Lula. Dilma não pode pensar pequeno: tem que mexer no cerne da desigualdade. Taxar a movimentação bancária, nos moldes da antiga CPMF, é muito pouco e prejudica muita gente, sem nenhum compromisso com a melhoria efetiva da Saúde. Vide o que aconteceu no período onde Serra era ministro e existia essa contribuição.
Serra : por que não te calas?
Derrotado no Brasil, Serra foi dar uma palestra na França, nos moldes do seu mentor FHC: falando mal do país, de Lula, mentindo, inventando, etc. Até que em certo momento alguém da platéia disse o famoso bordão do rei espanhol: "por que não te calas?". A reunião ficou tumultuada, mas só assim soubemos por onde Serra anda espalhando seu rastro de ódio ao Brasil. Incrível como temos gente capaz de fazer contra-propaganda do Brasil no exterior.
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2010/11/05/serra-critica-lula-na-franca-e-ouve-por-que-nao-te-calas/
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2010/11/05/serra-critica-lula-na-franca-e-ouve-por-que-nao-te-calas/
EUA : mais de 40 milhões dependem do bolsa-familia de lá
Quem diria que 42.389.619 americanos dependeriam de cupons de alimentação para sobreviver na crise. Nossa elite, que é macaca de imitação dos americanos, esculacha o Bolsa-Família tupiniquim, mas não fala nada do "family bag" do Tio Sam. Essa coisa socialista de dar comida a pobre às custas do contribuinte americano é uma das razões para o ódio da direita, que puniu Obama nas recentes eleições derrotando-o categoricamente. Esse Obama vai acabar botando a foice e o martelo na bandeira americana, hehehehe. Recomendo a matéria abaixo:
http://www.viomundo.com.br/politica/wsj-42-389-619-de-americanos-dependem-do-bolsa-familia-para-comer.html
http://www.viomundo.com.br/politica/wsj-42-389-619-de-americanos-dependem-do-bolsa-familia-para-comer.html
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Fim de governo: salário mínimo pode ser a chave de ouro de Lula
Lula pode encerrar o seu segundo mandato com chave de ouro, se mais uma vez optar pelo reajuste do salário mínimo acima da inflação do período. Infelizmente, o assunto está sendo pautado pela demagogia da oposição, pois Serra prometeu (e não cumpriria) o valor de R$ 600 na campanha eleitoral, e tende-se a adotar esse valor como referencial. Se der menos, "Serra daria mais", dirá a oposição. Se der R$1 a mais, "só deram mais para dizer que podem mais que o Serra". Se o valor for igual, "ainda bem que o Serra prometeu, e agora tem que dar os 10% dos aposentados e o décimo terceiro do bolsa-família.
Decidir sobre a base salarial de um país não é um leilão. Se um governo decidir, instantâneamente, adotar o salário mínimo igual ao do DIEESE, na faixa dos R$ 2.300, como colocam utopicamente diversas correntes da nossa esquerda, ainda no modo de produção capitalista, o mercado agiria no sentido de reduzir as compras da mão-de-obra, que é uma mercadoria, havendo desemprego, redução nos investimentos, redução na produção e, por outro lado, uma enorme demanda de consumo pelos salários elevados em valores reais. Resultado: uma hiperinflação. A produção não acompanharia a demanda instantaneamente.
Isso nos remete à gradualidade no aumento do salário real. A questão política é : quão gradual? Em que prazo se daria ao trabalhador o poder de compra necessário a atender às suas necessidades vitais e dar-lhe seguridade e conforto? Isso, evidentemente, se os governos e parlamentares tiverem essa estratégia como básica para o bem-estar do povo, porque há visões liberais contrárias ao crescimento do salário mínimo, porque para elas isso significa custo maior na produção. E há os que defendem o estado mínimo, e o aumento do salário significará maiores dispêndios com as aposentadorias.
Crescer salários e empregos é uma fórmula possível, no capitalismo, apenas em períodos prolongados de bonança econômica, com governos de perfil socialista ou não-liberais, neo-keynesianos na abordagem econômica. Sem planificação, não há como impor aos agentes do mercado essa programação noutra conjuntura. Não se pode falar em manter o emprego numa recessão, nem o poder aquisitivo, afinal, o mercado faz essas variáveis flutuarem de acordo com oferta e demanda.
O Congresso já fala em salário mínimo de R$ 580, e parece ter o apoio das centrais sindicais para esse valor. Esse valor é bom? Representa R$ 70 a mais sobre o atual mínimo, um reajuste de 14%, quase 10% acima da inflação do período. O salário mínimo de mentira do Serra representaria 18%. Se for de R$ 610, representará 20%. Da parte das centrais sindicais, há que se considerar a regra acertada com o governo para reajuste permanente do salário mínimo, levando-se em conta o crescimento do PIB. Como a perspectiva é de crescimento sustentado nos próximos anos, a fórmula seria boa. Isso será contraposto, na negociação, com a "antecipação" dos valores para mais que o esperado pela fórmula.
Se houvesse sinceridade na proposta de Serra, o esperado na discussão do mínimo será a oposição predisposta a votar por R$ 600. Menos que isso, a culpa seria do governo e das centrais. Mais que isso deixaria a oposição completamente nua, porque mexeria nas suas bases empresariais. Lula poderia deixar, como uma das últimas benesses do seu governo, um salário mínimo reajustado em pelo menos 20%. R$ 610 significaria, em valores de hoje, algo como US$ 330, pouco diante dos pisos salariais dos países mais desenvolvidos, mas um avanço numa política gradual de distribuição de renda.
Decidir sobre a base salarial de um país não é um leilão. Se um governo decidir, instantâneamente, adotar o salário mínimo igual ao do DIEESE, na faixa dos R$ 2.300, como colocam utopicamente diversas correntes da nossa esquerda, ainda no modo de produção capitalista, o mercado agiria no sentido de reduzir as compras da mão-de-obra, que é uma mercadoria, havendo desemprego, redução nos investimentos, redução na produção e, por outro lado, uma enorme demanda de consumo pelos salários elevados em valores reais. Resultado: uma hiperinflação. A produção não acompanharia a demanda instantaneamente.
Isso nos remete à gradualidade no aumento do salário real. A questão política é : quão gradual? Em que prazo se daria ao trabalhador o poder de compra necessário a atender às suas necessidades vitais e dar-lhe seguridade e conforto? Isso, evidentemente, se os governos e parlamentares tiverem essa estratégia como básica para o bem-estar do povo, porque há visões liberais contrárias ao crescimento do salário mínimo, porque para elas isso significa custo maior na produção. E há os que defendem o estado mínimo, e o aumento do salário significará maiores dispêndios com as aposentadorias.
Crescer salários e empregos é uma fórmula possível, no capitalismo, apenas em períodos prolongados de bonança econômica, com governos de perfil socialista ou não-liberais, neo-keynesianos na abordagem econômica. Sem planificação, não há como impor aos agentes do mercado essa programação noutra conjuntura. Não se pode falar em manter o emprego numa recessão, nem o poder aquisitivo, afinal, o mercado faz essas variáveis flutuarem de acordo com oferta e demanda.
O Congresso já fala em salário mínimo de R$ 580, e parece ter o apoio das centrais sindicais para esse valor. Esse valor é bom? Representa R$ 70 a mais sobre o atual mínimo, um reajuste de 14%, quase 10% acima da inflação do período. O salário mínimo de mentira do Serra representaria 18%. Se for de R$ 610, representará 20%. Da parte das centrais sindicais, há que se considerar a regra acertada com o governo para reajuste permanente do salário mínimo, levando-se em conta o crescimento do PIB. Como a perspectiva é de crescimento sustentado nos próximos anos, a fórmula seria boa. Isso será contraposto, na negociação, com a "antecipação" dos valores para mais que o esperado pela fórmula.
Se houvesse sinceridade na proposta de Serra, o esperado na discussão do mínimo será a oposição predisposta a votar por R$ 600. Menos que isso, a culpa seria do governo e das centrais. Mais que isso deixaria a oposição completamente nua, porque mexeria nas suas bases empresariais. Lula poderia deixar, como uma das últimas benesses do seu governo, um salário mínimo reajustado em pelo menos 20%. R$ 610 significaria, em valores de hoje, algo como US$ 330, pouco diante dos pisos salariais dos países mais desenvolvidos, mas um avanço numa política gradual de distribuição de renda.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Preconceito e ódio : as heranças de Serra
Triste episódio esse da estudante de Direito (logo de Direito?) que expressou na internet com grande repercussão seu preconceito em relação aos nordestinos, incitando até o crime de homicídio. A OAB de Pernambuco já tomou as providências para o seu enquadramento legal, que inclui cadeia, mas fica a questão: onde começou esse ódio?
A moça alega que não quis esculachar os nordestinos, "apenas xingar os eleitores de Dilma de nordestinos". A explicação foi pior que o ato. "Nordestino" é palavrão? É pejorativo? O que quis dizer a moça? Cidadãos de segunda classe? Falta de noção ou elitismo exacerbado pela campanha de Serra? A estudante começou a expor seu ódio dizendo que os nordestinos elegeram Dilma. Alguns jornalistas se deram ao trabalho de mostrar que até nisso ela errou: tirando os votos do Nordeste, Dilma venceria do mesmo jeito. E foi além, explicitando um ódio de classe que a nossa sociedade encobre, mas parece que virà à ordem do dia nos próximos tempos.
O estrago feito por Serra pode estar apenas começando. Um caso de idiotia desses causou tanta repulsa que poderá gerar uma reação contrária. Dilma terá o controle do congresso, e se disporá a fazer reformas mais profundas (tributária, eleitoral, etc). Na questão dos tributos, São Paulo, ninho tucano, sempre foi privilegiado. Se hoje existe a guerra fiscal é porque o então deputado José Serra, bastante atuante na constituinte de 1988 em defesa dos interesses empresariais de seu estado, conseguiu fazer a lesiva fórmula dos "royalties" na energia, para compensar o ICMS que o seu estado ganharia.
Hoje está aí o rolo: o Rio de Janeiro, estado onde Dilma teve enorme vitória, é o mais lesado na proposta de distribuição equânime dos "royalties". Numa eventual reforma tributária, a fórmula seria mudada. Fora os interesses do "sempre culpado Nordeste". São Paulo pode levar a pior. Quem sabe Serra não liderará um movimento separatista como o de 1932?
A herança de Serra, expelida pela odiosa repulsa dos seus seguidores a pobres e assimilados, pode trazer ao movimento social o recrudescimento da velha e permanente "luta de classes". De um lado já se excluem de pagar a conta social os seguidores do bloco de direita liderado por Serra. Os que não querem desenvolver o nordeste às suas custas. Do outro, uma grande massa de pessoas que enxergaram no governo Lula o primeiro degrau para subir ao andar de cima da civilização.
Se os ricos chamarem prá briga, não faltarão instituições no movimento social para atenderem ao chamado. Se o rico quer o direito egoístico de acumular riquezas deixando o rastro de miséria como subproduto capitalista, o outro lado pode querer ter o direito à igualdade socialista, penalizando o capital e os seus privilégios. Será que vão querer encarar, ou isso é só birra pós-eleitoral? Vamos ver se a atitude da estudante é apenas um ato isolado de falta de noção ou uma tendência dos derrotados. Se for esta, poderão perder mais ainda com as provocações.
A moça alega que não quis esculachar os nordestinos, "apenas xingar os eleitores de Dilma de nordestinos". A explicação foi pior que o ato. "Nordestino" é palavrão? É pejorativo? O que quis dizer a moça? Cidadãos de segunda classe? Falta de noção ou elitismo exacerbado pela campanha de Serra? A estudante começou a expor seu ódio dizendo que os nordestinos elegeram Dilma. Alguns jornalistas se deram ao trabalho de mostrar que até nisso ela errou: tirando os votos do Nordeste, Dilma venceria do mesmo jeito. E foi além, explicitando um ódio de classe que a nossa sociedade encobre, mas parece que virà à ordem do dia nos próximos tempos.
O estrago feito por Serra pode estar apenas começando. Um caso de idiotia desses causou tanta repulsa que poderá gerar uma reação contrária. Dilma terá o controle do congresso, e se disporá a fazer reformas mais profundas (tributária, eleitoral, etc). Na questão dos tributos, São Paulo, ninho tucano, sempre foi privilegiado. Se hoje existe a guerra fiscal é porque o então deputado José Serra, bastante atuante na constituinte de 1988 em defesa dos interesses empresariais de seu estado, conseguiu fazer a lesiva fórmula dos "royalties" na energia, para compensar o ICMS que o seu estado ganharia.
Hoje está aí o rolo: o Rio de Janeiro, estado onde Dilma teve enorme vitória, é o mais lesado na proposta de distribuição equânime dos "royalties". Numa eventual reforma tributária, a fórmula seria mudada. Fora os interesses do "sempre culpado Nordeste". São Paulo pode levar a pior. Quem sabe Serra não liderará um movimento separatista como o de 1932?
A herança de Serra, expelida pela odiosa repulsa dos seus seguidores a pobres e assimilados, pode trazer ao movimento social o recrudescimento da velha e permanente "luta de classes". De um lado já se excluem de pagar a conta social os seguidores do bloco de direita liderado por Serra. Os que não querem desenvolver o nordeste às suas custas. Do outro, uma grande massa de pessoas que enxergaram no governo Lula o primeiro degrau para subir ao andar de cima da civilização.
Se os ricos chamarem prá briga, não faltarão instituições no movimento social para atenderem ao chamado. Se o rico quer o direito egoístico de acumular riquezas deixando o rastro de miséria como subproduto capitalista, o outro lado pode querer ter o direito à igualdade socialista, penalizando o capital e os seus privilégios. Será que vão querer encarar, ou isso é só birra pós-eleitoral? Vamos ver se a atitude da estudante é apenas um ato isolado de falta de noção ou uma tendência dos derrotados. Se for esta, poderão perder mais ainda com as provocações.