Em 16 de setembro do ano passado, Lula disse que em 2010 teremos uma eleição sem os "trogloditas de direita" do passado. E colocou no campo da esquerda FHC, Serra e Alckmin, todos do PSDB. Achei a declaração risível, por conta da falta de noção de Lula, que perdeu os referenciais de tanto andar com o povo da base aliada, e de pouco ligar para o próprio partido, programa, resoluções, sua trajetória, etc. Lula foi tão à direita para governar que já não consegue ver os que lá já estavam, pensei.
Ontem, assistindo o programa Entre Aspas, da Globonews, presenciei um interessante debate entre o jornalista Reinaldo Azevedo, da Veja, um outro da revista Época e mais um de Minas, cujo nome também não me recordo. O papo era sobre a chapa tucana, e as dificuldades criadas com a negação de Aécio. Num certo momento, Reinaldo, que tem posições extremamente direitistas na revista e no seu blog, mas na TV parecia muito ponderado, disse que há quem considere Serra muito à esquerda, até mais que Lula em alguns momentos, e que isso traz problemas para sua candidatura.
Matutei sobre isso como o fiz quando Lula fez a sua declaração de "não haver direita em 2010". Será que a direita está tão conservadora que vê Serra como um temível comunista? Como apoiá-lo, se tiver um programa "esquerdista" para buscar o eleitorado mais interessado nas questões sociais? Teriam que compensar a chapa tucana com um nome mais conservador, assim como Lula fez com José Alencar. Como Aécio não apenas negou o convite a vice como sua turma humilhou Serra num evento em Minas, deverão partir para um nome como Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará.
Outra reflexão: se é para o DEMO não ter a vice na chapa de Serra, mas sendo certa a unidade entre eles no segundo turno, por que não lançam candidato, para afirmar o seu próprio programa? Não terão muita votação, mas manterão a autenticidade do que defendem, afinal, são os únicos que botam a cara para apanhar ao se posicionarem contra as cotas raciais, no apoio ao regime de Honduras (mandaram até gente para a posse) e outras questões polêmicas? Existe no Brasil um eleitorado de direita que, na falta de identidade com um partido, defendem dia e noite o golpe. Eles deveriam ter sua expressão política para viver dentro da regra democrática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário