segunda-feira, 29 de março de 2010

PAC-2 : A hora do planejamento?

Nos tempos de paralisia econômica, um plano plurianual de investimentos dificilmente saia do papel por falta de recursos. No PAC I, o gargalo foi a falta de projetos e profissionais para que os recursos fossem usados, e nem a metade das obras estão prontas. Ao lançar o PAC II, Lula falou em antecipação para dar tempo aos parceiros para elaborar projetos, planejar as ações, ou seja, para criar uma cultura de planejamento perdida ao longo de décadas de estagnação. Tomara que seja isso, e que daqui para a frente as obras sejam feitas a partir de projetos executivos claros, com bons orçamentos e fiscalização eficiente tanto dos órgãos do executivo como dos tribunais de contas. E que o resultado seja duradouro, com qualidade.


O PAC II prevê ações em seis grandes áreas de investimento para os próximos 4 anos, com dispêndios de quase R$ 1 trilhão por parte dos governos, estatais, economia mista e setor privado, trabalhando articuladamente. Os maiores gastos planejados estão nas áreas de energia (R$ 465,5 bilhões), habitação (R$ 278,2 bi) e transportes (R$ 104,5 bi).

A oposição reclamou de tudo, é claro. Disse que foi só um comício de Dilma. Até aí, é questionável o caráter do ato do ponto de vista eleitoral. Mas dizer que não se pode planejar algo que outros governos venham a fazer, é cair na velha prática das obras paliativas que queimaram recursos durante muito tempo sem resolver grandes problemas. Um exemplo disso é o festival de soluções de faz-de-conta para as enchentes em São Paulo. Piscinões, contenções, dragagens, nada disso deu certo individualmente. Se houvesse um plano mais geral de intervenções integradas talvez a população não sofresse tanto. Para eles, o estado tem que ser mínimo, e essas ações devem ser dirigidas pelo mercado, o que contraria a cultura do planejamento e explica por que nunca fizeram políticas para acabar com problemas básicos de habitação, saneamento e transportes. O improviso faz parte da cultura demo-tucana.

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