sábado, 25 de setembro de 2010

Lições da Venezuela para a direita tupiniquim

Amanhã haverá eleições parlamentares na Venezuela. Desta vez, a oposição, em todas as suas posições, do centro à extrema direita, participará do pleito e elegerá representantes, possivelmente em quantidade suficiente para haver debate legislativo, acabando com o período de absoluto domínio de Hugo Chavez. Por que não o fizeram antes?

Tudo que se ouve falar de Chavez é que ele domina tudo, até os hábitos de banho, as fotos de primeira capa de jornal, etc. Parece que não tem congresso. De fato, não tem nenhuma resistência, porque a oposição, nas últimas eleições, recusou-se a participar, e ficou assistindo a todas as reformas do populista venezuelano sem resistência, a não ser pelo seu último bastião: a mídia conservadora. Ninguém fiscalizou Chávez, que fez o que quis. Foi correto isso?

Claro que não. A lógica da abstenção era a aposta no golpe, afinal, anos antes já tinham tentado e quase tiveram sucesso. Desta vez, mesmo com crises de desabastecimento, não conseguiram os apoios para derrubar o presidente, e agora têm que acatar a ordem democrática vigente, mesmo que não seja tão democrática assim para eles.

A direita brasileira, à beira da aniquilação do seu principal partido, tentou montar um clima de golpe, de iminência de uma ditadura, correu atrás de militares, da igreja, fez manifesto, articulou a grande mídia no ataque, mas não deu certo. Se houvesse a recusa a participar do pleito, ficariam na mesma situação da oposição venezuelana. Ninguém no mundo, hoje, entraria numa aventura de derrubar o governo mais visível que o Brasil já teve, e que é respeitado em toda parte. Ainda mais ganhando dinheiro como estão, com riscos reduzidos pelo controle social exercido pelo governo Lula. Passariam quatro anos fazendo editoriais, como almas penadas, longe da vida física.

A pancada é forte, mas nada que uma boa cachaça não amenize, num boteco sujo, ao som de um bolerão, música brega ou pagode. A direita não errou nestas eleições. Fez o de sempre. O que mudou foi o outro lado, que ficou mais esperto, que acreditou num outro projeto que os centenários senhores do poder nunca quiseram lhes dar, a não ser como restos de banquete. A chiadeira dos conservadores tem como motivo a sensação de deslocamento da hegemonia um pouco à esquerda. Uma nova elite deverá pautar os destinos do Brasil nos próximos anos, deixando a direita tradicional num tamanho e influência bem menores.

Um comentário:

  1. Prezado branquinho,
    Vc tem todo razão, exceto achar que o PT de hoje tem algo a ver com a esquerda, ou com alguma esquerda.
    Na pratica, Lulinha Paz e amor, em que pese os avanços sociais "concedidos" nada mais fez do que comnsolidar o modelo liberal da chamada direita.
    Não nos es queçamos da destruição do nosso parque industrial que a politica econômica liberal está fazendo a passos largos, mantendo o Real supervalorizado e as taxas de juros nas alturas> Lulinha recolocou o Brasil a exportador de matérias primas. Coisa que achavamos dificil de se fazer.
    Não nos esqueçamos do avanço das privatizações que continuam;
    Nos esqueçamos dos poderes paralelos e corrompidos das agências "reguladoras";
    e, principalmente,não nos esqueçamos das práticas dos "cumpanheiros" nos aparelhamentos do Estado de que sofremos na carne, como na PREVI e no Banco do Brasil, para citar aqueles que mais nos afetam.
    No mais, a direita só está chiando pq o modelo está trocando de mãos, não está chiando pela quebra do modelo, que todos almejávamos.
    Em breve a cobrança do vestuário econômico lulista mandará a sua conta. Observe o balanço de pagamentos. Só não vê quem não quer.
    Um abraço
    Jusemar

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