quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Fascismo X Violência Revolucionária

Quando nos posicionamos sobre a violência que vimos num ato político no Rio como fascista, quando da vinda do Papa Francisco, qualifiquei um grupo mascarado de fascista porque parecia desconhecer os demais e agir como se fossem iluminados, ungidos, os revolucionários que os demais não entendem e com os quais não dialogam.

Escrevemos sobre isso em :
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2013/07/protestos-o-fascismo-dos-herois.html
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2013/06/mpl-ve-fascismo-no-protesto-e-pula-do.html

Apenas agem seguindo uma lógica de justiçamento. Destroem "símbolos": um certo banco porque patrocina a Copa do Mundo, uma loja de roupas porque usa mão-de-obra superexplorada, e por aí vai. Pior: não fazem questão de sequer divulgar esses eventuais nexos entre os ícones e o que representam. Marilena Chauí também vê uma vertente para o fascismo nisso, e nada de violência revolucionária, ato extremo na destruição de uma forma de sociedade para o nascimento de outra.


http://www.advivo.com.br/node/1476282

A diferença entre violência revolucionária e fascismo


Sugerido por mcn
A diferença entre violência revolucionária e fascismo, segundo Chauí
Nassif e amigos do blog, uma das coisas que mais tem me incomodado nas manifestações de rua é a violência gratuita e toscamente justificada de certos grupos contra instituições, bancos, edifícios públicos e determinados políticos. Sou contra (1) porque é anticonstitucional, (2) porque há outros canais de manifestação não violenta disponíveis e (3) porque não estamos vivendo - nem de longe - uma revolução estrutural, que justifique a violência.
Na entrevista para a Revista Cult deste mês (link), a filósofa Marilena Chauí analisa esse tema, a partir das manifestações recentes de rua.
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E há uma espécie de incitação à violência por parte de alguns líderes de movimentos sociais e intelectuais de “esquerda”.
Olha, existe a violência evolucionária. Ela se dá no instante em que, pelo conjunto de condições objetivas e subjetivas que se realizam, pela própria ação revolucionária, se entra num processo revolucionário. E, durante o processo revolucionário, a forma mesma da realização é a violência. O baixo da sociedade diz “não” para o alto e não reconhece a legitimidade do alto da sociedade. Esse é o movimento revolucionário, com operação de violência no interior dele, porque é um movimento pelo qual se destroem as instituições vigentes, a forma vigente da propriedade, do poder etc., para criar outra sociedade. E isso se faz com violência; não é por meio da conversa e do diálogo. Mas tem de haver organização. Primeiro a classe revolucionária tem de estar organizada e saber quais são as metas e quais os alvo físicos. Você não quebra qualquer coisa. Eu me lembro de uma frase lindíssima do Lênin em que ele dizia assim: “Há uma coisa que a burguesia nos deixou e que nós não vamos destruir: o bom gosto e as boas maneiras”. Ora, não estamos num processo revolucionário, para dizer o mínimo! Se não se está em um processo revolucionário, se não há organização da classe revolucionária, se não há definição de lideranças, metas e alvos, você tem a violência fascista! Porque a forma fascista é a da eliminação do outro. A violência revolucionária não é isso. Ela leva á guerra civil, à destruição física do outro, mas ela não está lá para fazer isso. Ela está lá para produzir a destruição das formas existentes da propriedade e do poder e criar uma sociedade nova. É isso que ela vai fazer. A violência fascista não é isso. Ela é aquela que propõe a exterminação do outro porque ele é outro. Não estamos num processo revolucionário e por isso corremos o risco da violência fascista contra a esquerda (mesmo quando vinda de grupos que se consideram de “esquerda”!).

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