sábado, 19 de dezembro de 2009

COP 15 : a vergonha climática causada pelo G-CO2

Depois da repercussão péssima do discurso de Obama ontem na COP-15, a diplomacia americana correu atrás de salvar as aparências com algum factóide que tirasse a impressão da falta de poder de decisão do presidente americano no evento. Até mesmo a proposta de botar US$ 100 bi anuais num fundo de apoio a países pobres tem que passar pelo ultraconservador congresso americano, e, a exemplo da ratificação do acordo de Kyoto, tentada por Bill Clinton, o presidente pode ser desmoralizado por uma derrota no legislativo.


Aos poucos Obama vai percebendo que as palavras de ordem que encantaram o eleitorado e lhe deram a vitória não conseguem passar de retórica vazia. Quando o assunto é referente ao "resto do mundo", prevalece a arrogância travestida de uma mítica "liderança da América", que é propalada pelo próprio Obama. Para não ficar como vilão do clima, Obama entrou na reunião que faziam China, Brasil, África do Sul e India para tratar do assunto pelo qual parece ter ido a Copenhagen: controlar as emissões da China.

Papo vai, papo vem, com a mediação brasileira, deram uma mexida no texto e o que era fiscalização e controle passou a ser análise, e o G-2, grupo dos maiores poluidores (China e USA), ou melhor, G-CO2, rascunhou um documento sem nenhum compromisso de redução de emissões, sem metas, absolutamente nada, e saíram pelo mundo dizendo que fizeram um acordo para salvar a conferência. No que está escrito não há qualquer base legal para cobrança, ficando tudo por conta da iniciativa de cada país. De quebra, sobraram uns trocados para os pobres através de um "fundinho" bancado pelos maiores poluidores.

O Brasil, India, países europeus, Japão e alguns africanos também se renderam à imposição dos termos do G-CO2 para ninguém dizer que o mundo saiu de mãos abanando do evento. A ONU, propôs à plenária a aceitação do "acordo", que não alcançou unanimidade, e "tomou nota" termos do trato do G-CO2, entrando na onda do "temos algo de concreto", jogando para a conferência do clima do ano que vem no México novas esperanças de avanços. Nas ruas de Copenhagen, o único motivo de parabenização foi a disposição de luta dos militantes que encararam frio, porradas e desorganização para gritar bem alto que o planeta não pode esperar pelos burocratas nem pelos interesses do capital.

Nenhum comentário:

Postar um comentário