quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Falta pressão para derrubar Arruda & quadrilha

Passado o primeiro impacto da divulgação de videos que, se não falam por si mesmos, como disse Lula, mostram ótimos atores em cenas de corrupção explícita, Arruda tenta ganhar tempo. Ameaçou seus pares do DEM para não ser expulso agora. Maior governante dos quadros do partido, deve ter tido papel importante para ajudar os candidatos através da arrecadação de dinheiro de empresários. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, reconhece que o partido teve importante ajuda de Arruda na arrecadação, mas que tudo estaria registrado legalmente. Em suma: Arruda sabe muita coisa, e o DEM teve que fazer o jogo de cena do "pedido de esclarecimentos" ao governador e rolar o caso para a próxima semana.

Na Câmara Legislativa, onde Arruda conta com 16 dos 24 votos na sua base aliada, dos quais 10 são de deputados envolvidos no esquema do mensalão, será muito difícil aprovar o seu "impeachment". No judiciário, o processo aberto deve levar meses até a conclusão, permitindo a Arruda continuar com os esquemas e a privilegiar os setores da especulação imobiliária e aos empreiteiros. É possível, graças aos meandros da legislação, que Arruda termine o seu mandato no prazo e ainda que se candidate à reeleição. Vide o caso do mensalão do PT, que até hoje aguarda julgamento.

Mesmo com o seu governo em debandada, com a entrega de cargos pelo PDT, PPS e PSDB, Arruda poderá recompô-lo com gente do seu próprio grupo, mesmo na eventualidade de expulsão do DEM que, se acontecer, o impedirá de ser candidato à reeleição em 2010, pois não poderá ir para outro partido.

Até aqui o principal beneficiado pela destruição política de Arruda e do DEM é o ex-governador Joaquim Roriz, também envolvido em diversos processos de corrupção. Tem forte carisma popular, e pode se eleger em 2010 cooptando os apoiadores de Arruda, a quem ajudou a eleger em 2006.

Por tudo isso, e por ser Brasília o centro das decisões políticas nacionais, não cabe omissão da população. Brasília não pode ficar conhecida como a cidade da bandalheira geral, já que o palco da corrupção nacional é aqui, no Congresso. A vanguarda dos movimentos sociais já deu o primeiro passo, ocupando a Câmara Legislativa e exigindo o "impeachment", cujo processo se abriu ontem com a leitura dos seis pedidos feitos por entidades e advogados.

Arruda está em luta contra o relógio. Teve seu esquema de poder profundamente abalado, tem a opinião pública contra si, e até a Globo fala nas notícias no "mensalão do DEM em Brasília". Torce pelo esfriamento, com a possível demora do processo judicial. Outras forças políticas querem a solução rápida para o caso, pois mais denúncias estão aparecendo, ampliando o espectro de corruptos acusados. Essa é uma conjuntura muito similar à da queda do Collor, em 1992. Tem muita gente querendo a saída rápida de Arruda, e isso é o que nos une neste momento. Depois, vem o "cada um por si", com os grupos mais fortes se articulando para manter um governo-tampão de continuidade discreta das mesmas políticas, a exemplo do que foi Itamar Franco quando Collor caiu.

Arruda pode renunciar e esfriar tudo, deixando o vice, Paulo Octávio, no seu lugar, o que é trocar seis por meia dúzia, já que também está envolvido no esquema. A Câmara Legislativa pode cassar os dois, e o seu presidente assumir, certamente alguém também ligado ao seu bloco majoritário. A queda de Arruda pode ser também uma vitória de Pirro, onde se comemoraria a sua queda e, ao mesmo tempo, se pavimentaria o terreno para a volta de Roriz e sua turma.

De qualquer maneira, Arruda não cairá sem pressão, e esta está aumentando. Os servidores públicos deveriam entrar em greve geral para exigir sua saída e o fim da corrupção, afinal, falta dinheiro para pagar direitos adquiridos, como no caso dos professores, mas não falta para a bandalheira. A Câmara Legislativa deve permanecer ocupada, com vigília popular massiva, forçando os deputados a votarem o "impeachment" e a afastarem os envolvidos no escândalo. Para hoje está sendo convocada vigília às 18 horas, com velas, na Câmara Distrital, que fica no Setor Terminal Norte.

Manifestações podem ser feitas pela cidade para aumentar a conscientização e chamar à adesão ao movimento. Domingo, por exemplo, o Eixão é fechado, e poderia ser convocada pelos movimentos uma grande manifestação. O cerco ao Buritinga, prédio do governo, e à residência oficial também devem ficar em caráter permanente até a destituição do governador. Arruda não pode ser o governador de Brasília na comemoração dos seus 50 anos, porque a cidade é o símbolo do novo, e os políticos corruptos, a continuação do atraso. Carros de som e panfletagens podem ser feitos na rodoviária central e no metrô, além de pontos de concentração nas cidades satélites.

Uma outra operação política tem que ser montada "prá ontem" é a unificação do comando das ações, num esforço de superação de sectarismos, estrelismos e de olhares para os próprios umbigos. Ontem vi uma apartação entre os movimentos sindical e o estudantil na ocupação da Câmara Legislativa. Entre os partidos, nem se fala, porque estão do mesmo lado, neste caso, o PT, PSOL, PSTU, PC do B e PSB, cada qual com interesses próprios na sucessão de Arruda em 2010. Isso precisa ser superado para oferecer a Brasília uma alternativa de candidatura de peso para disputar com Roriz no ano que vem.

Um comentário:

  1. Talvez seja a pressão da CUT que não fez nada para tirar os mensaleiros do PT no mensalão vergonhoso que também pegou alto escalão.
    Que não tirou o cara da cueca e que nem se mexeu para tirar Sarney e vergonhosamente se omitiu no escândalo do caseiro.
    Agora, põe faixa e cria até comitê com faixa preta no Conic do tipo PSTU "Fora Arruda".
    Não vale ninguém, o que é ruim para nós.

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