segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Finanças : Hora de planejar 2013

Na TV tudo o que se vê e ouve é o aconselhamento da adimplência pregando "pagar as dívidas primeiro, guardar para as despesas anualizadas do início de 2013 (IPTU, IPVA, matrículas e materiais escolares, etc)". Isso é o básico quando se trata pontualmente do uso do 13o salário, mas insuficiente para programar o ano inteiro.

2013 será bem diferente dos últimos anos. Os juros básicos da economia caíram de 12,5% para 7,25% e o governo vai continuar botando os bancos públicos para criar concorrência com o oligopólio privado, acostumado às maiores taxas do mundo. Essa guerra vai esquentar, e tudo que se verá nos meios de comunicação oposicionistas será a reação patrocinada por banqueiros, financeiras, cartões, etc. Para o cidadão será vantajoso quitar dívidas mais antigas e trocá-las por financiamentos com juros menores e adiar decisões de compra a prazo, esperando mais queda nos juros.

Nos investimentos começará a acontecer um fenômeno que virá para ficar, portanto, muito cuidado com o planejamento de aposentadorias, em especial. Em todo país capitalista "normal" no mundo os juros são baixos, e não há essa mamata que tínhamos até 2012 de botar o dinheiro num fundo de investimentos e ganhar uma renda mensal de valor considerável.

Hoje a taxa real de juros está em 1,82% ao ano, ou seja, se forem investidos R$ 100 mil nos fundos de investimento, descontados os impostos e taxas de administração, será na base de R$ 1.400. Os números absolutos continuarão enganando, pois os extratos mostrarão resultados com a inflação da ordem de 5,5% inclusa, o que induzirá ao erro de usar todo o rendimento, queimando o capital. O natural será observar o mercado de ações, que em alguns casos poderão apresentar rendimentos melhores, dependendo da qualidade da carteira.

Para os bancários, é bom prever a redução drástica e contínua da Participação nos Lucros e mesmo as ameaças ao emprego, pois os bancos irão se adaptar. Se forem inteligentes, inovam e concorrem como bancos de países centrais do capital, que têm taxas irrisórias, não cobram tarifas, têm custos relativamente alto e dão muito lucro. Se seguirem o cardápio "default", vão demitir, fechar agências, arrochar salários, meter mais tarifas nos clientes, fazer seletividade, etc. O parto será doloroso.

Para quem quer viajar aproveitando a valorização do Real, a dificuldade vai começar a aumentar. O Real foi desvalorizado fortemente no último ano e continuará a ser desvalorizado até o momento em que a redução no consumo interno impedir o aumento de preços no mercado interno a níveis insuportáveis de inflação, já que a âncora cambial está se levantando lentamente, desarmando uma bomba que poderia explodir num momento futuro trazendo hiperinflação.

Tínhamos dólar a R$ 1,70 há um ano, e agora o patamar vai para R$ 2,10. O euro, que andava pelos R$ 2,40, já está em R$ 2,77. O melhor é comprar moedas estrangeiras no início do ano, quando a pressão pelas remessas de multinacionais para o exterior diminuir. Essa desvalorização do Real será mais uma variável para favorecer a retomada econômica, tanto para reduzir importações, reduzir as evasões por turismo e tornar mais competitivos os produtos brasileiros. O turismo interno continuará caro, ainda mais com a concentração das empresas aéreas, cujos preços de passagens subiram absurdamente graças ao bipólio TAM / GOL.

No mais é gerenciar o fluxo de caixa a partir do planilhamento agora dos gastos futuros, encaixando receitas como PLR e 13o, reduzindo os gastos supérfluos para constituir poupança a ser usada em compras à vista com descontos, evitando a compulsão como trocar de celular e notebook a cada nova versão, trocar de carro pagando prestações caras porque o vizinho trocou, ou seja, aquela filosofia de Flintstones e Jetsons. Um 2013 melhor começa agora, no planejamento. 

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