domingo, 3 de outubro de 2010

Rio : o voto da UPP

Passei a manhã caminhando pelas comunidades dos morros do Andaraí, desde o morro da Cruz até a Divinéia, todas com Unidades Policiais de Pacificação (UPP). Todas as seções eleitorais da região encontram-se em escolas, nenhuma nos morros. Em todos os acessos havia bocas-de-urna, de alguns poucos candidatos com cabos eleitorais na região. Nada acintoso, mas presente em toda parte. Muitos papéis pelo chão, inclusive dentro dos locais de votação, deixados por eleitores.

A preferência para idosos é uma mera formalidade, porque a população da terceira idade na região do Grajaú e Andaraí parece ser majoritária. Polícia discretamente posicionada nos acessos aos morros e em alguns locais de votação. Por toda a área os cartazes existentes pedem votos para Sérgio Cabral. Em alguns lugares, para Garotinho e seu candidato ao governo. Apenas um candidato do DEM tem materiais na região, e o pedido de voto para Gabeira é discreto. Nos 11 locais de votação onde passei vi apenas um eleitor do PV identificado por uma camisa. Serra e Marina não tinham materiais. Vi apenas uma foto de Lula com um candidato a senador. Dilma também aparece pouco. O foco é Sérgio Cabral.

Entrevistei diversas pessoas das bocas-de-urnas, quase todas mulheres. A opinião é uníssona: a UPP tem que continuar. Uma pessoa, que disse morar no Morro dos Macacos, diz que aguarda ansiosamente a ocupação do morro pela polícia, que deverá acontecer até o final do mês. Resumo: quem tem a UPP quer que continue, quem não tem, quer que venha. Essas mulheres também se referiram a um ambiente melhor para os filhos, sem as influências dos traficantes. Também foi unânime o elogio aos policiais, que não "esculacham" os moradores e tentam encaminhar os ex-empregados do tráfico ao mercado formal de trabalho.

A lei seca não existe nas comunidades. Em todo lugar havia bares vendendo cervejas, música, na maior tranquilidade. A polícia tudo vê e nada faz para impedir, até porque se houvesse um "choque de ordem", não haveria cadeia para todo mundo. Também vi grupos de mototaxistas carregando cabos eleitorais com bandeiras de candidatos, em carreata (ou motoata?). Considerando que a cidade do Rio de Janeiro tem forte eleitorado nas comunidades, é previsível uma lavada de Sérgio Cabral e Dilma. Até eu se fosse candidato talvez tivesse mais votos que Zé Serra. Marina ter passado o tucano não é nenhuma "onda verde": é a ocupação de um vácuo.

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