terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Wikileaks revela concorrência desleal americana

Até agora foram publicados menos de 1% dos documentos vazados da diplomacia norte-americana e alguns padrões começam a surgir em meio às denúncias. O mais marcante é a agressiva defesa dos interesses comerciais em todo o mundo. Diplomatas relatam demandas para encaixar fornecimentos.

Exemplo: ao avaliarem que o espaço aéreo de Brasília é vulnerável, abrem perspectiva para algum fornecedor americano oferecer produtos de defesa. O mesmo em relação às redes de cabo submarino. Até aí, faz parte do trabalho das embaixadas, localizar oportunidades de negócios para produtores dos seus países. O que se vê, entretanto, é que a diplomacia também faz lobby, e cria ambiente para a corrupção de autoridades nos países onde atuam. Exemplos: o entreguismo de José Serra na questão do pré-sal e o interesse do senador Heráclito Forte nos jatos militares americanos. Isso é concorrência desleal.

Parte dos relatos mostra a visão nada sociológica ou antropológica dos funcionários americanos. Avaliações permeadas de preconceitos, feitas a partir da comparação dos valores da América com os dos "outros", aparecem em todo lado. Aí aparece o besteirol, que mais parece fofoca que trabalho de diplomatas. Fulano parece o Batman, o outro é maluco, etc.

Mais um elemento importante no caso Wikileaks é o controle das empresas americanas em caso de conflito com outros países, pelo governo dos EUA. Assim que começou o vazamento das informações, a Paypal, Visa, Mastercard e outras empresas passaram a bloquear as fontes de recursos do Wikileaks. Agora o Google tem um mapa com todos os sites-espelho do Wikileaks, facilitando o combate pela via virtual. Empresas que parecem multinacionais sem bandeira estão aí trabalhando pelos EUA, na hora que a coisa pega.

Esse é o risco, por exemplo, de termos equipamentos militares americanos. Em caso de conflito com eles, aviões podem ficar no chão por comandos de software, e sistemas como o SIVAM - Sistema de Vigilãncia da Amazônia - fornecidos pela empresa americana Raytheon, podem sair do ar ou mesmo passar a fornecer informações ao Tio Sam.

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