terça-feira, 31 de agosto de 2010

Crise de 2008 : tucanos afundariam o país

Muito interessante o video que está disponível no blog Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, mostrando as frases impagáveis de José Serra, de diversos políticos tucanos e do DEMO, no auge da crise econômica mundial de 2008. Eles adoram falar que o governo de Lula chegou aos resultados de hoje porque "surfou" no legado de FHC. O video mostra que Lula apostou em sair da crise crescendo, enquanto o "economista" Serra defendia pisar no freio, como fizeram os Estados Unidos e a Europa, e hoje amargam a estagnação. Recordar é viver. Vide o video.

Lei da Ficha Limpa x registro de Roriz : quem vence?

Daqui a pouco o TSE deverá julgar o recurso do candidato ao governo do DF, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que teve o registro indeferido pelo TRE por enquadramento na Lei da Ficha Limpa. Roriz renunciou ao mandato de senador em 2007 para escapar à cassação, envolvido em escândalo de propina paga por um empresário de transportes.

É a prova de fogo da Lei da Ficha Limpa. Se ela viger para valer, Roriz será impedido de se candidatar, e terá que recorrer ao STJ. Se Roriz vencer, perde a lei, e perdem todos os 4 milhões de signatários que se articularam em torno do projeto de lei de iniciativa popular, e acreditaram ser possível eliminar da política os corruptos.

Eu acho que Roriz vai perder no TSE, e a batalha final ficha limpa x ficha suja ficará para o STJ, o que poderá acontecer depois das eleições. Seria péssimo para o DF, que depois da crise institucional iniciada no escândalo do mensalão do DEM que resultou num governo-tampão inexistente na prática, pode se ver paralisada na expectativa de uma deliberação judicial para apontar o vencedor das eleições.

Copa : nenhum centavo público para o estádio do Corinthians

O Corinthians anunciou que fará o seu estádio no bairro da Itaquera, com capacidade para 48 mil espectadores, e disse que, para atender aos requisitos da FIFA para a abertura da Copa de 2014, precisará de mais R$ 170 milhões para mudar o projeto e atender a 70 mil pessoas. O prefeito de São Paulo já deixou bem claro que não dará um centavo de dinheiro público para fazer estádios, porque tem outras prioridades. Kassab está correto, já que o retorno de todo o investimento é apropriado pela FIFA e por outros entes privados, logo, não cabe socializar os gastos e privatizar os lucros.

Todo mundo acha bom que São Paulo não fique fora da Copa, mas fica no ar a questão: quem vai bancar os R$ 170 mi? Certamente não serão os torcedores são-paulinos, nem os palmeirenses, nem os santistas. Vai sobrar para o governo federal? Lula é corintiano, mas daí a forçar a barra para usar dinheiro público nisso, vai uma grande distância. Nada contra o Corinthians, mas usar recursos escassos para bancar a FIFA é equivocado. Que o Corínthians recorra à sua grande torcida (só perde para a do Mengão) para passar o pires e fazer o Fielzão, do qual se beneficiarão.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Carlos Vereza e Jô Soares : dois pobres espíritos

Carlos Vereza é um excelente ator da dramaturgia brasileira. Tem dado uma contribuição importante à divulgação do espiritismo Kardecista, em especial no filme "Bezerra de Menezes e é um excelente profissional. Decepcionante, entretanto, foi ver o que disse no programa do Jô Soares há umas duas semanas.

Que o Jô aproveite seus convidados para fazer provocações que os induzam ao discurso de direita, isso faz parte do estilo global de fazer tevê. Com Vereza, a coisa foi além. Pareciam um general saudosista da ditadura e um latifundiário do século XIX num papo informal, ora fazendo proselitismo pró-Serra, ora fazendo terrorismo pior que o de Regina Duarte em 2002, quando disse que tinha medo do que vinha com Lula. Vereza, no programa, foi além: disse que o que temos hoje é pior que os medos de Regina...

Ver uma pessoa inteligente como Vereza falar que o Lula foi criação da USP e das Comunidades Eclesiais de Base com o apoio do capa-preta da ditadura Golbery, foi algo que me retornou no tempo uns 30 anos, porque esse era o discurso dos que não queriam nada de novo no movimento social, e acusavam o PT da época de divisionista. Ver Vereza dizendo que Serra é a verdadeira esquerda, moderna, etc, traz uma imensa decepção. Biografia não é coisa que se queime assim.

O vídeo está em http://www.youtube.com/watch?v=y81wHknxu0M&feature=related . Vereza não parou por aí: colocou no seu blog um texto de título "Cristais Partidos", que me deixou mais estarrecido ainda. Toda página e blog de extrema direita está exibindo esse texto, e os terroristas virtuais o espalham em e-mails dizendo que "Vereza é ex-petista". Basta prestar atenção no vídeo para perceber que ele sempre foi contra Lula e contra o PT. No YouTube, os posts de vídeos do programa do Jô falam naquelas coisas nefastas de direita como "vídeo censurado do Vereza" ou "vejam antes que tirem", como se estivéssemos numa ditadura.

domingo, 29 de agosto de 2010

Serra perde rumo e busca militares para golpe

Muito interessante ver Serra num vídeo defendendo a "república sindical" de João Goulart no famoso comício da Central do Brasil em 1964, que teria sido o estopim para o golpe militar. Serra era o presidente da UNE e defendia o governo contra as tramas militares em andamento.

2010. Serra vai conversar com oficiais da Aeronáutica e diz que Lula e o PT fizeram do Brasil uma "república sindical" e que parece muito com o governo Jango. Quem diz isso não está apenas jogando conversa fora, mas dando sugestão para um "revival" golpista. O desespero não encontra mais limite, assim como a queda livre do candidato.

Veja esta interessante matéria no blog deste link, com o filme de Serra no comício da Central e tudo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Trabalhando no limite : A violência organizacional nos bancos

Violência organizacional não é o mesmo que assédio moral para cumprimento de metas abusivas, que provocam doenças principalmente no nível operacional. É o modelo de organização e gestão do trabalho que envolve todos os aspectos das relações interpessoais em todas as áreas da empresa, que se desdobra em políticas como: assédio moral, degradação do trabalho, longas jornadas, multifuncionalidade, diminuição da autonomia, apropriação da subjetividade do trabalhador, as privatizações e terceirizações.

O efeito dessa violência estrutural, visando maiores resultados para as organizações, em especial nos bancos, vai ter visibilidade no adoecimento da categoria bancária. Casos de suicídios entre esses trabalhadores fazem parte da história. A categoria bancária tem jornada de trabalho de 30 horas e aposentadoria aos 30 anos desde que lutou e conquistou esses direitos em 1933, com o Decreto-Lei Decreto 23.322.

Essa diferenciação veio a partir da constatação do risco do trabalho bancário à saúde, com problemas como tuberculose e neuroses, e foi estendida a toda a categoria bancária pelo art 224 da CLT, que diz no seu caput: "A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana."

Ao longo do tempo os banqueiros pressionaram para incluir parágrafos excluindo os cargos de confiança da aplicação da lei, e são eles que respondem por grande parte das cobranças por cumprimento de metas. Se no tempo em que banco era uma coisa simples, com negócios genéricos de emprestar e guardar dinheiro, já era doentio, imagine-se agora como os efeitos estão sendo muito mais perversos sobre a saúde dos trabalhadores, com toda essa máquina de pressionar por metas para gerar os cada vez mais gordos lucros dos banqueiros.

Recomendo a leitura da dissertação do mestrado em serviço social de Sandro Artur Ferreira Rodrigues, da PUC-RS, que tem como tema " Trabalhando no limite : violência organizacional e assédio moral na categoria bancária". Foi a melhor fonte que encontrei sobre o conceito de violência organizacional.

HOAX : Dilma não pode entrar nos Estados Unidos

O desespero pela derrota acachapante da direita nas eleições está levando algumas pessoas, acobertadas pela covardia do anonimato na Internet, a caluniar, difamar e injuriar a candidata do PT Dilma Roussef. A última "novidade" seria o "alerta" sobre o veto à futura presidente entrar nos Estados Unidos e em outros 10 países por algo ligado a ações de guerrilha no combate a ditadura, como o seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969, etc.
A verdade é que Dilma
jamais teve qualquer ligação com sequestros, assaltos a bancos ou ações armadas. Portanto, não existe razão para ter visto negado nos Estados Unidos ou em quaisquer outros países.

Dilma vai com freqüência aos Estados Unidos. Durante a pré-campanha, em maio de 2010, ela falou a uma plateia de investidores, numa concorrida palestra em Nova York. A imprensa brasileira noticiou fartamente. Em meados de 2009, Dilma encontrou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Washington. Você pode ver essa notícia aqui. A foto do encontro está aqui. Dilma fez neste ano uma série de viagens à Europa. Um dos encontros foi com o primeiro-ministro espanhol José Luiz Zapatero, e outro com o presidente francês Nicolas Sarkozy.

Se alguém te passar esse e-mail difamatório, não o repasse, para não fazer parte da política suja que queremos extirpar do nosso país. Pessoas repassam na inocência, achando que "só estão repassando e não têm nada com isso", o que não é verdade, porque ao repassar uma mensagem caluniosa assumem sua autoria. Mande acessar este link para esclarecimentos.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Lula esculacha preconceito da Folha

Acabei de ver em alguns blogs que furam a censura da grande empresa o comício de Dilma em Campo Grande (MA), onde Lula parecia aquele do início da década de 70. Primeiro, detonou a falta de caráter do governador do Mato Grosso, que dias antes o chamou de "pai do Brasil" e Dilma de "fada madrinha", e bandeou logo depois para o lado de Serra. Depois pediu votos para as bancadas, para que Dilma não tenha no Senado a oposição que ele teve.


Por fim, em tom de desabafo, falou de preconceito. Primeiro, contra as mulheres. Dilma esteve num almoço com empresários no Paraná e lá alguém perguntou se uma mulher tinha competência para governar. Aí ele defendeu a capacidade das mulheres, e lembrou um caso da eleição de 2002, quando convidado para um almoço na Folha de São Paulo, um diretor, filho do dono do jornal, perguntou a ele se sabia falar inglês. Lula disse que não. Então o diretor insistiu, perguntando como é que ele pretendia governar sem falar inglês. Lula disse: com um tradutor. E devolveu perguntando se o Bill Clinton sabia falar português. Revoltado com a discriminação, levantou-se e foi embora. Veja aqui esse trecho do discurso de Campo Grande. Lula detona com o sentimento de vira-latas da elite colonizada, submissa às grandes potências.

Paradoxalmente, vivemos um momento onde a grande imprensa tenta aterrorizar dizendo que Dilma vai tentar reprimir a liberdade de imprensa, e nenhum grande jornal publicou que o jornal conservador inglês Financial Times fez ontem uma matéria dizendo que Dilma está detonando e criticando a campanha de Serra. E mais: dizendo que Serra fala da ameaça de Dilma à liberdade de imprensa, justo no Brasil, onde há das maiores liberdades do mundo. Publicaram? Não, claro. Como é o nome disso? Acho que é censura.

Quebra do sigilo tucano : factóides do desespero

Só o desespero pela derrota acachapante pode justificar coisas como a que a gente vê na mídia, como a matéria da Folha Online com o título "Oposição vai processar Dilma por crime eleitoral no caso da violação de sigilos". Uma coisa é o crime de violação de sigilo de declarações de imposto de renda de gente que muito tem a temer caso sejam publicadas. Isso é caso de polícia, e a investigação está em curso.


Tudo que a oposição tem até o momento é que alguém usando possivelmente a senha de outro alguém, num posto da Receita Federal, usando o terminal de um possível terceiro, olhou quatro declarações de imposto de renda. Quem foi? Ninguém sabe, ninguém viu, até aqui. Foi do PT? Ninguém sabe. Foi alguém do comitê da Dilma? Não há como acusar, já que qualquer picareta poderia pegar as informações, fazer um dossiê e chantagear quem tivesse culpa no cartório atrás de dinheiro. Ou mesmo alguém ligado à oposição pode ter feito isso para criar fatos contra o PT, o governo e Dilma. De armação, os caras têm uma tradição muito maior que os dossiês do PT...

Essa orquestração do "PT - Fábrica de dossiês" vem de longe, mas serve mais para criar factóides, buscando chamar a atenção e angariar simpatias nos anti-petistas que ter sentido prático. Como a Justiça Eleitoral vai tratar de um crime eleitoral que não tem nenhuma materialidade? Acusações levianas são suficientes para isso, baseado em que "o povo do PT adora fazer dossiês, logo foram eles"? No mínimo isso rende um tratamento psiquiátrico para paranóicos. O presidente do PT, José Dutra, vai processar Serra e o PSDB por injúria e difamação contra Dilma e o partido.

Datafolha : Dilma a 1% da maioria simples dos votos

A pesquisa do Datafolha publicada hoje mostra Dilma Roussef (PT) com 49% e José Serra (PSDB) estranhamente ainda com 29%. Muito esquisito é que Marina Silva (PV) mantenha eternamente 9% e os demais candidatos não cheguem a 1%, apesar do crescimento da campanha, da projeção nos programas eleitorais, do aumento da rejeição a Serra, etc.

A pesquisa mostra Dilma atropelando Serra no Rio Grande do Sul, onde até agora ele vinha vencendo; passando a frente de Serra na cidade de São Paulo; reduzindo a diferença em Curitiba, única grande cidade onde Serra ainda lidera; crescendo entre as faixas de renda mais altas.

Considerando que o Datafolha insistiu por muito tempo no empate entre Dilma e Serra e teve que correr contra o prejuízo apontando um "salto" de 17% para a petista entre as duas pesquisas anteriores, e agora mostra a candidata de Lula a 1% da maioria simples de 50%, ganhando no primeiro turno sem depender dos demais, os 20% podem ser pouco.

Serra está sendo abandonado pelos apoiadores, que estão no salve-se quem puder, correndo para Dilma e Lula ou simplesmente se tornando "independentes". Está ficando sem recursos financeiros à medida que perde chances de virar o jogo e tem um programa de TV péssimo. Tem a rejeição crescente, tornando seu eleitorado vulnerável à migração para Dilma, Marina e outros candidatos.

É por essas e outras que não acredito que Serra ainda tenha 29% e Marina os 9% de sempre. Até Plínio Arruda tem um espaço eleitoral maior, pois Heloisa Helena, em 2006, chegou a quase 7%. Logo vamos ver outros "saltos" para baixo e para cima, nessa série histórica.

Lei da Ficha Limpa em perigo

Nos próximos dias o Supremo Tribunal Federal terá que se posicionar sobre a constitucionalidade do dispositivo da Lei da Ficha Limpa que nega registro de candidatura aos políticos que renunciaram aos seus cargos para fugirem à investigação por comissões de ética ou de cassações de direitos políticos.

O TSE já tem o posicionamento a favor da legalidade da lei, entendendo que foi promulgada antes da abertura do prazo para registro das candidaturas para 2010 e que, como qualquer edital, passou a exigir como condição obrigatória para o registro que o candidato não tenha feito uso do recurso de renúncia, sem tecer qualquer juízo ou condenação prévia dos postulantes. Entende, portanto, que não há retroatividade da lei.

Vários políticos tiveram registros negados, como o ex-governador Joaquim Roriz, que quer ser candidato novamente ao governo mesmo condenado em processos de corrupção, acusado de mais envolvimentos pelo relatório da CPI da Corrupção do DF, e tendo renunciado ao mandato de senador na iminência de cassação por corrupção. A partir da negação de recursos desses candidatos no TSE, alguns estão buscando o STJ para buscar invalidar parte da lei e permitir que voltem ao poder.

Da mesma forma que a sociedade se organizou para o projeto de iniciativa popular, como milhões de assinaturas, para propor a Lei da Ficha Limpa, deve se mobilizar para defendê-la, sob risco de ver perdido todo o esforço de moralização. E de ver notórios picaretas e ladrões de volta ao poder.

Lula recria EMFA, cria cargos militares e ganha medalha

Ontem, dia do soldado, o presidente Lula recebeu na solenidade militar alusiva à data a Medalha do Pacificador. O Exército concede essa honraria aos militares e civis, brasileiros ou estrangeiros, que tenham prestado serviços de relevância à força militar ou contribuído para a relação de amizade entre os exércitos do Brasil e de outros países. Outras 300 pessoas foram homenageadas com a mesma medalha.

Lula sancionou, na cerimônia militar, a lei que recria o Estado Maior das Forças Armadas, que coordenará Exército, Marinha e Aeronática, passará ao Ministro da Defesa a alçada para nomeação do chefe do EMFA e das três forças e dará aos militares poderes de polícia nas áreas de fronteira.

No pacote estão sendo criados 647 cargos, ao custo de R$ 18 milhões anuais. A proposta é de preparar as forças armadas para a implantação de futuros planos de defesa da soberania, envolvendo especialmente a Amazônia e as reservas petrolíferas. Isso deve agradar às forças armadas, que foram sucateadas por sucessivos governos.

Imagino o desconforto de certos saudosistas do regime militar ao ver Lula homenageado pelo Exército, nem que isso seja só política. Já tiveram que aturar anistia a Carlos Lamarca, mas deveriam estar felizes porque, até agora, não foram alcançados pela busca da verdade dos crimes cometidos sob o mando obscuro da ditadura.

http://jornalvs.com.br/site/noticias/geral,canal-8,ed-60,ct-506,cd-278657.htm

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DF : Convocada a seleção da ficha suja

A CPI da CODEPLAN, também conhecida como CPI da Corrupção, apresentou hoje o seu relatório final, onde denuncia que irregularidades envolvendo o Governo do Distrito Federal e 40 empresas desde 2000 chegaram ao montante de R$ 4 bilhões.


O esquema começado no governo de Joaquim Roriz (PSC - candidato ao governo em 2010) e continuado por José Roberto Attuda (DEMO) recebia das empresas 10% sobre os valores dos contratos, que eram distribuídos para o governador, o vice, secretários e parlamentares.

A CPI vai pedir ao Ministério Público o indiciamento de 22 envolvidos. Nesta seleção, estão craques como Roriz, Arruda, Paulo Octávio, vários candidatos à eleição de 2010, empresários e deputados distritais. Veja o relatório completo no site do Correio Braziliense. Confira os convocados escalados para o time da ficha suja:

- Joaquim Roriz (ex-governador do DF e candidato em 2010)
- José Roberto Arruda (ex-governador)
- Paulo Octávio (ex-vice-governador)
- Leonardo Prudente (ex-distrital)
- Benjamin Roriz (ex-secretário adjunto de relações institucionais)
- Domingos Lamoglia (conselheiro afastado do TCDF, ex-chefe de gabinete de Arruda),
- José Geraldo Maciel (ex-chefe da Casa Civil),
- Welligton Moraes (ex-chefe da Agência de Comunicação),
- Fábio Simão (ex-chefe de gabinete de Arruda),
- Marcelo Toledo (policial aposentado e empresário),
- Marcelo Carvalho de Oliveira (executivo das empresas Paulo Otávio),
- Luiz Paulo Costa Sampaio (ex-presidente da Agência de Tecnologia da Infomação),
- José Huberto pires (ex-secretário de governo),
- Fernando Antunes (ex-presidente do PPS no DF),
- Gibrail Gebrim (ex-gestor da Secretaria de Educação),
- Roberto Gifonni (ex-corregedor do DF),
- Ricardo Penna (ex-secretário de planejamento),
- Gilberto Lucena (dono da Linknet),
- Maria Cristina Bonner (empresária e dona TBA),
- Eurides Brito (ex-distrital)
- Júnior Brunelli (ex-distrital)
- Omézio Pontes (ex-assessor de Arruda)

Serra ataca Dilma e se candidata a Deus.

Alguém precisa avisar ao marqueteiro de Serra que candidato com rejeição crescente e queda constante não pode ficar batendo em candidato em crescimento, com rejeição decrescente e cujo programa na TV tem uma aceitação na TV de 56% contra 34% do seu.

O programa de Serra ontem à noite colocava na boca dos "entrevistados", até na favela cenográfica tucana, que "dilma não tem a experiência de Serra", que " essa mulher não está preparada" e coisas do tipo. Como a campanha de Dilma despreza a existência da oposição, apresentando promessas e criando sonhos de um futuro melhor, que é bastante reforçada pela presença de Lula, reconhecido por ter feito algo pelos mais pobres, logo a propaganda de Serra aprofundará a rejeição por bater numa pessoa digna e dará mais votos a Dilma.

Esse não foi o único erro: o programa de Serra logo terá mais problemas com FHC, não apenas porque o esconde, mas porque o candidato quer ser Deus, cargo que o ex-presidente assume como seu. FHC diz que Lula surfa na onda que ele criou, que tudo de bom que tem no país é legado dele, etc. A propaganda de Serra diz que ele criou o Bolsa-Família, os genéricos, as escolas técnicas, as escolas de tempo integral, os hospitais. Todas as boas idéias são dele. Ele fez o mundo e o universo em seis dias, e no sétimo parou para criar as idéias...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Serra e os dilemas de uma campanha perdida

A pesquisa CNT/Sensus de hoje confirma o que o Datafolha mostrou há alguns dias: Dilma está abrindo vantagem sobre Serra, e hoje ganharia no primeiro turno. A candidata do PT tem 46%, contra 28,1 % de Serra, 8.3% de Marina e 1,3% dos demais candidatos. Com base nesta informação, o alto comando do PSDB deve estar questionando: qual o melhor proveito desta campanha derrotada?

Pior que a queda, para os tucanos, seria o coice: perder também os governos estaduais do RS (Ieda Crusius está em terceiro, sem chances), arriscando São Paulo, Paraná e Minas Gerais, com grandes eleitorados e recursos. Em menos de uma semana, Lula e Dilma foram a Osasco e São Bernardo do Campo, e Lula fez o que Mercadante não consegue fazer: bateu pesado em Alkmin e nas administrações tucanas que há 16 anos governam São Paulo. E foi pedir votos aos trabalhadores na sua base, tanto para Dilma como para Mercadante.

Perder eleições para governador também significa perder apoios para candidatos a deputados estaduais, federais e senadores para partidos da base aliada. A traição já está em todo lado, apesar das tentativas do PSDB ainda tentar enquadrar alguns. Aqui em Brasília hoje o programa eleitoral do PSDB para deputados federais já passou a mostrar Serra, o que não faziam antes. O que fazer diante de uma eleição perdida?

Dois rumos se abrem à frente dos tucanos: fazer o discurso do DEMO, radicalizando à direita com denúncias, dossiês e terror, ou salvar o que resta de imagem de algumas lideranças do PSDB para minimizar os prejuízos, recuando as tropas organizadamente para uma nova tentativa no futuro.

Já deve estar muito complicado convencer aos simpatizantes mais troglodíticos do DEMO que devem engolir o Serra falando que teve que sair do país porque lutou contra a ditadura que eles gostariam de reeditar. O seu vice, Indio da Costa, só aparece em público para falar em nome do setor mais radical da direita do DEM. Vê-lo ao lado de Lula, pior ainda: abominável, comunista enrustido, etc. Todos correm de Serra para não perderem votos. A campanha de Serra tem erros fatais desde a sua luta contra Aécio e depois a demora na escolha do vice. Qual o caminho?

Em primeiro lugar, acho que o DEMO será rifado, se é que ainda existe vida inteligente no PSDB. Não dá para ter credibilidade fazendo campanha suja, difamatória, soturna, daquelas de e-mails hediondos que os caras inventam às dúzias por dia para criar massa crítica golpista. O melhor a fazer é entrar num ritmo "light" e tentar salvar as biografias principais, inclusive a do FHC, senão ele sempre será o "encosto" dos tucanos. Levantar a bola das realizações, mesmo que televisivas e "fake", dos governos tucanos. Tentar salvar São Paulo, para não sofrer a total aniquilação das máquinas políticas, dos recursos, etc. Tentar eleger bancadas. Isso é o mínimo.

Todo mundo entra numa eleição com alguma estratégia. Dilma quer ficar na cabeça das pessoas como a seguidora de Lula. Está conseguindo sucesso, e as bancadas da base aliada aumentarão, além de mais governos estaduais. Marina quer aglutinar em torno da sua campanha a preocupação ambiental e com o futuro, e está conseguindo, devendo fazer o PV aumentar bancadas. Plínio e o PSOL conseguiram milagrosamente se impor, colocando-se como parceiros dos que ficaram do outro lado do "muro da desigualdade", construído pelos que apoiam Dilma, Serra e Marina (a ecocapitalista, segundo ele).

O PSTU aproveita para colocar-se como uma vertente sindical, e com isso reforçar a Conlutas e destacar algumas lideranças, acreditando também ser possível crescer batendo em Lula e no PT. Não sei se isto está sendo efetivo. O PCO vai na linha de afirmação de propostas socialistas, e também está tendo bom resultado. O PCB tenta sair do buraco que onde o Roberto Freire jogou a legenda ao fundar o PPS. Também está conseguindo algo positivo. Já Serra entrou achando que iria destruir Dilma e ganhar com facilidade. O resultado está aí, e pode ficar pior ainda, dependendo da opção para o PSDB : recuo organizado ou morte política certa ao lado do DEMO, o grande derrotado destas eleições?

Blogueiros defendem liberdade de expressão

Realizou-se em São Paulo no último domingo o 1° Encontro de Blogueiros Progressistas, que aprovou uma carta de princípios defendendo a liberdade de expressão, com destaque para a Internet, a democratização na comunicação (entendida como descentralização) e a universalização da internet de banda larga. Deverá haver um segundo encontro a ser marcado. O movimento se assume suprapartidário, independente de partidos e grupos polícitos. Vide aqui a íntegra da carta.

Os blogs progressistas são a pedra no sapato da grande mídia, porque revelam verdades inconvenientes, normalmente expurgadas das pautas dos oligopólios de comunicações. A repercussão de análises sobre assuntos que se tenta ocultar é rápida, impedindo a construção da "verdade única" totalitária a serviço dos grandes grupos econômicos e da ideologia do capital. Articulados com o Twitter, os blogs são hoje instrumentos de resistência na formação de opinião.

Nem todos gostam disso. O candidato à presidência José Serra, do PSDB, sentiu-se incomodado pela democracia dos blogs, disse no 8° Congresso Brasileiro de Jornais, para uma platéia de donos da sua mídia aliada, que o governo financia blogs para perseguirem jornalistas, chamando-os de "blogs sujos". Sentindo-se atingido, o blog Cloaca News resolveu interpelar judicialmente o tucano, no que está sendo seguido por outros blogs.

O discurso de Serra está em sintonia fina com os telejornais da Globo. Hoje a Míriam Leitão começou falando da censura de Chavez , preparando o terreno para a crítica a Dilma, em quem tentam colar a pecha de censora autoritária. Ditatorial e contrária à liberdade de imprensa, nas palavras do grande aliado da campanha de Dilma, o desqualificado facistóide vice de Serra, Índio da Costa, aquele que só aparece para radicalizar à direita e tirar pontos do "Zé" (Mané) ao ser rechaçado.

A internet tem de tudo, inclusive sites de extrema direita que pregam abertamente o golpe contra as instituições democráticas e a volta à ditadura militar. A grande mídia vai ter que engolir a divisão do mercado de informações e ser mais convincente, e menos totalitária na defesa dos seus interesses.


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SP : favelas mais inflamáveis que no Rio?

Hoje, pela 3a vez em 3 meses, uma favela pegou fogo no Parque São Rafael, na capital paulista. Praticamente toda semana há um incêndio em favelas paulistas, não se verificando o mesmo nas comunidades do mesmo tipo no Rio nem em qualquer outro lugar do país. Uma estranha frequëncia, considerando-se que os materiais usados, muitas vezes papelão, madeira e lona, e os riscos de combustão (gambiarras elétricas, botijões de gás) são mais ou menos os mesmos.

No Rio as favelas se desenvolveram, desde o fim da Guerra de Canudos, nas vertentes dos morros, áreas em geral públicas, de reservas florestais. Foram os soldados retornados dos combates que, chegando ao Rio, não encontraram moradia, e ocuparam essas áreas. Depois vieram grandes obras de urbanização no centro da cidade, eliminando cortiços e expulsando mais gente para áreas de risco, como morros e mangues. Há também as ocupações de áreas particulares, feitas por grileiros.

Em São Paulo não há a geografia do Rio, de farta montanhosidade, nem há as áreas de mangue marítimo. As favelas se desenvolvem às margens de rios, em áreas públicas como entornos de viadutos e pontes, e em áreas privadas, que devem ser em maior quantidade que no Rio. Acho que os repetidos incêndios deveriam ser investigados pela polícia, para verificar se há ações criminosas de proprietários querendo retomar as áreas ou mesmo de genocidas incendiários, que não gostam de pobres nem de favelas. Como há situações de risco à vontade, sempre os incêndios parecem acidentais, mas essa freqüência maior que em outras áreas enseja alguma suspeição.

Rio : A estranha trégua na Rocinha e Vidigal

O governo fluminense tem obtido relevante sucesso com a política de pacificação de comunidades violentas. Onde foram implantadas as Unidades Policiais Pacificadoras, os índices de violência cairam sensivelmente, tanto nas comunidades como no seu entorno. A estratégia tem priorizado os locais de maior "PIB" do tráfico, como a Zona Sul (Leme, Copacabana, Ipanema, Botafogo) e os aredores do Maracanã, onde haverá a Copa de 2014.

Até aqui foram retiradas do domínio territorial armado do tráfico ou das milícias 11 comunidades, entre elas a Cidade de Deus e o Batan, de maior porte e muitas rotas de fuga. Na Rocinha e Vidigal, que são as maiores comunidades próximas à Zona Sul, havia uma relativa paz, mesmo sem UPP. Com o episódio de guerra do último sábado, quando a polícia tentou emboscar o "chefe" desses morros, o Nem, ficou exposto que nessas áreas há um verdadeiro paiol de armas.

Eram 4 vans com bandidos fortemente armados, com coletes à prova de bala, cerca de 40, segundo a imprensa, e mais 60 equipes em motos. Isso é um comboio militar, que se deslocou à luz do dia num trecho de 5km entre o Vidigal e a Rocinha, passando por áreas críticas para a ligação Zona Sul - Zona Oeste (Barra, Jacarepaguá, etc). Os policiais tinham a informação do deslocamento, e resolveram emboscá-los numa rua com poucas opções de escape, como num desfiladeiro. A única alternativa foi o retorno para a praia, e a invasão do Hotel Intercontinental, cheio de turistas estrangeiros. Felizmente a negociação do BOPE resultou na rendição dos bandidos sem ferir nenhum refém. Uma mulher morreu no tiroteio da rua e foi colocada na conta dos bandidos.

Na Rocinha estão importantes obras do PAC, já mostradas em propagandas eleitorais, como centro esportivo. Tudo na paz, que certamente foi negociada com o alto comando do tráfico através de "lideranças comunitárias" que são o braço político dos grupos armados. Creio que o dilema das autoridades está em encarar o crime com um conflito de amplo espectro, porque esses morros são cidadelas do tráfico, e esperar passar as eleições e continuar a prospecção de inteligência para um ataque mais cirúrgico.

A prioridade na busca de armas tem dado resultados expressivos. No ano passado foram apreendidas no Brasil 40 mil armas, sendo 20 mil no Rio. Os 18 mil policiais envolvidos nessas ações receberam bônus em dinheiro pela queda da criminalidade, variando de R$ 500 a R$ 1500. Na Cidade de Deus, não se registrou nenhum homicídio doloso, o que é um resultado espetacular comparado ao que existia antes. Alguns números do crime no Rio e entorno, segundo o jornal O Dia:

Tipo de ocorrência jan a jun/2009 jan a jun/2010 Variação
Roubos de rua 47.591 40.828 -14%
Roubos de veículos 14.112 10.865 -23%
Homicídios 3.198 2.556 -20%
Policiais mortos em serviço 23 8 -65%
Autos de resistência 561 505 -10%

O episódio de sábado deixou explícito um estranho acordo tácito, nos moldes dos iniciados no governo do Brizola, onde a polícia e os bandidos passaram a ter territórios com limites definidos. Esse tipo de acordo é o que pode explicar, por exemplo, que autoridades vão ao morro ver obras sem nenhum problema. Ou que os Rolling Stones façam um show para 1,5 milhão de pessoas na praia, sem nenhum incidente grave. Parece que as 11 UPPS até aqui implantadas foram os anéis que o tráfico entregou para não entregar os dedos, que estão nos gatilhos das suas armas.

domingo, 22 de agosto de 2010

DF: Roriz condenado a devolver R$ 7,1 mi aos cofres públicos

A 4a Vara Federal condenou o ex-governador de Brasília, Joaquim Roriz, a devolver R$ 7,1 milhões aos cofres públicos por dispensa ilegal de licitação, direcionamento, superfaturamento na aquisição de equipamentos para o Corpo de Bombeiros do DF. A prestação de contas de verbas do governo federal também não explicou porque foram adquiridos 25 caminhões, e recebidos apenas 23.

Esse é apenas um dos episódios do atual candidato ao governo do DF, líder nas pesquisas, cuja candidatura foi negada pelo TRE e aguarda pronunciamento do SFJ sobre o enquadramento na Lei da Ficha Limpa. Roriz pode ter o registro negado porque renunciou ao mandato no senado para fugir à instalação da comissão de ética que investigaria operações de lavagem de dinheiro.

sábado, 21 de agosto de 2010

SP : Pedágios são um roubo


Num comício ontem em São Paulo o presidente Lula esculachou com razão : "Os pedágios em São Paulo são um roubo". Lula disse também que se alguém quiser saír de São Paulo para ver a Festa do Peão de Barretos, que já está acontecendo, vai pagar R$ 65 de pedágio. Errou feio : só o trecho São Paulo - Barretos sai por R$ 57,70. Para voltar, são mais R$ 62,50. Num percurso total, de ida e volta de Sampa a Barretos, de 880 km, um veículo de passeio paga R$ 120,20, ou seja, R$ 0,27 por quilômetro.

Se o carro for a gasolina e o motorista pagar R$ 2,40 por litro do combustível, andando a míseros 10km /l o usuário gastaria R$ 211,20 na viagem. Isso quer dizer, numa hipótese conservadora, que 57% do dinheiro que se gasta de combustível para ir de carro à grande festa ficam nos bolsos dos felizes arrendatários de estradas e do governo tucano, que há 16 anos adota essa política de meter pedágio em toda estrada. Se o carro for a álcool, com o mesmo consumo e o combustível a R$ 1,50, o custo total será de R$ 132,00, o pedágio corresponderá a 91% do gasto.
Na capital, as gestões demo-tucanas conseguiram botar pedágio até para carga e descarga no centro, e para acessar o anel viário que circula a cidade. De tanto pedágio em São Paulo, foi criado o Pedagiômetro na internet, que calcula a cada instante quanto o pedágio arrecadou no ano. Os números já andam na faixa de R$ 3.400.000.000 em 2010.
A comparação do pedágio de São Paulo com rodovias federais é gritante. No site Pedagiômetro, há uma ferramenta para calcular o valor de pedágios no Brasil. Por exemplo, nos 8104 km de Porto Alegre / Fortaleza / Porto Alegre, quase todo em rodovias federais, gasta-se R$ 172,40, ou seja, R$ 0,021 por quilômetro, um doze avos do exemplo se São Paulo a Barretos. São Paulo tem os pedágios mais caros do mundo, e parte do Custo Brasil vem dele, em especial no escoamento dos produtos do centro-oeste, que precisam passar pelas rodovias paulistas para chegar a Santos.
O assalto não pára. Novos postos de pedágio estão sendo construídos em estradas que não têm nada de especial: asfalto liso, acostamento, sinalização. Isso é o básico. Para maior aprofundamento sobre a exploração demo-tucana em São Paulo, recomendo a leitura do artigo deste link, que mostra com números e gráficos a evolução do assalto rodoviário, da construção de praças de pedágio e de tudo que a galera do Zé Pedágio gostaria de esconder nesta véspera de eleições.
Enquanto o governo federal licita concessões a preços baixos em troca de boa qualidade de serviços, São Paulo privatiza indiscriminadamente, fazendo dos pedágios um imposto indireto. Resta saber se essa "obra" de Serra também está no seu projeto para o Brasil. Vamos pagar pedágio até para ir ao supermercado...

Datafolha : Dilma 47%, Serra 30%, Marina 9%

Datafolha de hoje mostra que na série histórica dessa pesquisa de intenção de voto para Presidente a candidata Dilma Roussef, do PT, cresceu de 41% para 47%, enquanto José Serra, do PSDB, caiu de 33% para 30%. Marina Silva oscilou de 10% para 9%. Os demais candidatos não pontuaram 1%. Como Dilma tem um percentual maior que a soma dos demais candidatos, venceria no primeiro turno, se as eleições fossem hoje. Aumenta a diferença entre os dois candidatos mais cotados, se houver segundo turno. Dilma subiu de 49% para 53%, e Serra caiu de 41% para 39%.

A pesquisa já apura o impacto dos primeiros programas eleitorais e das entrevistas no Jornal Nacional e alguns pequenos debates, além das armações dos marqueteiros de Serra para juntar sua imagem à de Lula. Os analistas da grande mídia devem estar se desesperando, porque diziam que a capacidade de Lula passar votos para Dilma estaria no fim, e parece que ainda há muito o que crescer.

Como a metodologia do Datafolha tem gerado resultados conservadores para Serra, acho que Dilma já deve ter mais de 50% dos votos, e Serra deve estar se aproximando dos 25%. Vamos ver o Vox Populi nos próximos dias. O IBOPE, que também tem resultados geralmente minimizando os prejuízos de Serra, também terá que mostrar um aumento de diferença.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Serra tenta se agarrar a Lula e é processado

No programa de TV, o candidato demo-tucano José Serra usou a imagem de Lula para tentar associar-se ao sucesso do seu governo e confundir o eleitorado. A tática dos seus marqueteiros é de afirmar que "depois que o Lula da Silva sair, é o Zé que vai entrar", como diz o jingle que também tenta colar Serra a Lula. Tentam fazer de Zé, O Competente, o herdeiro natural das realizações e do prestígio de Lula.

A jogada da propaganda enterra de vez qualquer referência ao patrono de Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O tucano quer subir na garupa de Lula, e tirar Dilma de lá. No programa de rádio, usou um personagem com a voz igual à de Lula para elogiar o seu governo.

FHC está ressentido, porque além de ser escondido por Serra, ainda é apunhalado com a tentativa de adesão do seu candidato ao inimigo Lula. Os aliados, como o mensaleiro Roberto Jefferson, do PTB, está indignado com a falta de diálogo de Serra com os seus parceiros. Está pronto para deixar o barco. Pior, atirando contra Serra.

O PT vai entrar com representação no TSE pedindo a suspensão do uso de imagens de Lula e do jingle. Diz a Lei 9507 (Lei eleitoral), de 1997:

Art. 54. Dos programas de rádio e televisão destinados à propaganda eleitoral gratuita de cada partido ou coligação poderá participar, em apoio aos candidatos desta ou daquele, qualquer cidadão não filiado a outra agremiação partidária ou a partido integrante de outra coligação, sendo vedada a participação de qualquer pessoa mediante remuneração.

O desespero bate às portas tucanas e demoníacas. Primeiro, querem se apropriar de Lula. Não conseguindo, vão partir para a imundície com o apoio da mídia aliada. Será que isso traz votos a Serra? Claro que não. As campanhas dos candidatos da coligação nos estados desprezam a existência de Serra, para não o terem como âncora, ou seja, aquele peso que arrasta para o fundo.

A campanha de Dilma disse que não vai baixar o nível para rebater as baixarias. Apenas usará a lei e o direito de resposta. É isso aí. Quem quer governar não pode tentar enganar eleitores, nem ficar respingando nos outros a lama onde fuça. Tem que fazer campanha de propostas, e mostrar perfil de estadista.

Futebol brasileiro mergulhado em dívidas

As 26 principais equipes do futebol brasileiro acumularam, em 2009, uma dívida total de R$ 3,1 bilhões. Os dados são do site Futebol Finance, que publicou pesquisa feita pela empresa de consultoria Crowe Horwath RSC. Apenas três clubes apresentaram superávit em 2009 : Corinthians, Atlético Paranaense e São Paulo. Apenas Flamengo, São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Internacional têm receitas acima de R$ 100 milhões. Os maiores déficits de 2009 foram de Santos, Palmeiras e Flamengo.

Na tabela de classificação de endividamento, em primeiro lugar está o Fluminense, com R$ 329 milhões de dívida. O vice, parece até que é gozação, mas é o Vasco, com R$ 327 mi. Em terceiro vem o Botafogo, e em quarto, o Mengão, com R$ 308 mi de dívida. Os quatro grandes do futebol carioca têm, juntos, 41% da dívida total do grupo. Entre os times de primeira linha, aqueles que nunca foram rebaixados, o mais endividado é o Flamengo (R$ 308 mi), depois o Santos (R$ 181 mi), o Internacional (R$ 148 mi), o Cruzeiro (R$ 98 mi) e o São Paulo ( R$ 66 mi).

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Favela cenográfica demo-tucana

Se eu fosse (ainda bem que não sou) o José Serra (ou Zé, como quer a sua propaganda), botava toda a equipe de marqueting para correr do comitê bem rapidinho. O candidato já tem sérias dificuldades de falar para pobres, de andar em lugares pobres, e até de comer comidas de pobres (até tirou foto de um churrasquinho num pagode prá mostrar pros demos-tucanos como pobre come).

Aí vem os marqueteiros e tentam usar um pagode numa favela cenográfica, com pobres de mentirinha, sem povo por perto, para transformar o sisudo José Serra da elite em "Zé", o pobretão. O problema é que isso foi descoberto, e agora explicar por que a Dilma, a Marina e o Plínio gravam programas na boa em favelas, e o Serra em estúdio, é muito complicado.

Lembro bem do Alckmin falando dos restaurantes populares nos programas eleitorais de 2006. Guardei essa fala dele : "comida da boa, para o povão". Risível. Os caras não têm acesso ao andar de baixo. Usam os cabos eleitorais como interfaces na comunicação com o povo. Quando Serra abraça uma pessoa humilde, fica meio sem jeito, não sabe onde pegar, até porque as pessoas de verdade abraçam para valer. Daqui para o povo dizer que ele lava as mãos com álcool depois de cumprimentar pobres é um passo. Logo Serra vai perder de vista o pontinho vermelho à sua frente e ver cada vez maior um pontinho verde no retrovisor...

Elba Ramalho pega Serra na mentira

Incrível a incompetência da campanha de José Serra. A música que aparece no seu programa, adaptada de "Bate coração", cantada por Elba Ramalho, tem a letra modificada para adaptar a realizações de Serra e dizer que ele é bom, etc e tal. Quem ouve, pensa que é Elba cantando, e tem gente que pensa que ela tucanou de novo. Mais um tiro no pé. Agora só falta o PT mandar ele tirar a música onde fala que quando Lula da Silva sair, é o Zé que vai entrar lá. Desse jeito, logo Serra vai começar a ver Marina pelo retrovisor...

Pois é : a cantora deve ter visto a clonagem mal feita, e publicou no seu blog oficial uma nota com o seguinte teor:

"Nota oficial

17 de agosto de 2010

Elba Ramalho esclarece que não é sua a voz na versão de Bate Coração, de autoria de Cecéu, veiculada como jingle na campanha de José Serra. A cantora, que em 2002 apoiou sua candidatura à presidência, não foi nem sequer consultada sobre a veiculação da música na campanha e prefere não se pronunciar sobre a disputa neste ano de 2010."

http://www.elbaramalho.com.br/noticias/2010/08/17/nota-oficial/



Serra, o Comedor Geral da República

Os marqueteiros têm que prestar mais atenção nessa imensa massa que hoje tem acesso à internet e redes sociais, porque tem muita gente de olho nos deslizes e os divulgam impiedosamente. No programa do presidenciável José Serra, da noite de terça, o candidato disse, dentro de um certo contexto:

"...Brasileiros como ele, como a mãe dele, que eu conheci também, como a Vânia , que é sua mulher, como o Damião, como a Andréia, como a dona Maria... "
http://www.youtube.com/watch?v=v1Tm4MbccgM&feature=related

Internautas exploraram a cacofonia (palavras que juntas podem ter outro sentido) e a retiraram do contexto para dar conotação sexual à preposição "como", entendendo-a como flexão do verbo "comer", que tem também o sentido de "fazer sexo com". Então o candidato estaria dizendo que "comeu" ele, a mãe dele, a Vânia, que é mulher de alguém, o Damião, a Andréia e a Dona Maria.

Insaciável, garanhão, o Comedor Geral da República. Nem José Mayer faria isso. Nem Chuck Norris. Nesse entendimento, Serra está sendo alvo de gozações no Twitter, no Orkut e no Youtube. Já tem até versão com funk. Também nesse (duplo) sentido, a gente entende porque tem eleitores correndo dele e procurando a Mãe (do PAC). O eleitorado carente merecia coisa melhor...

Robô astronauta vai ao espaço em novembro


O robô Robonaut 2, ou R2, para os íntimos, desenvolvido pela NASA em parceria com a GM, será levado para a estação espacial no último vôo antes da aposentadoria da nave Discovery, em novembro. Fará tarefas repetitivas em auxílio às tripulações humanas. Novas versões já estão sendo desenvolvidas para futuramente executarem tarefas de maior risco, inclusive fora da estação, e em futuras bases interplanetárias. Veja fotos neste link . Maiores detalhes em http://robonaut.jsc.nasa.gov/default.asp . A foto ao lado é da NASA.

Brasil se desculpa por ter perseguido Betinho

Quem não se lembra de Elis Regina cantando "O bêbado e a equilibrista", lá pelos idos de 1978, na campanha pela Anistia, em especial do trecho "...Meu Brasil / que sonha com a volta do irmão do Henfil / de tanta gente que partiu, num rabo de foguete"... . Pois é, ele voltou ao Brasil com a Anistia, criou a Campanha de Combate à Fome, que denunciou aspectos da miséria que a ditadura escondia, e somente agora, depois de morto, recebeu oficialmente o pedido de desculpas do estado brasileiro pela truculência cometida no passado. O texto abaixo é do Informes PT:

"A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu ontem anistia política ao sociólogo Herbert José de Souza, o Betinho, falecido em 1997. O pedido oficial de desculpas do Estado brasileiro ocorreu durante a 41ª Caravana da Anistia, realizada no auditório Nereu Ramos. A solenidade fez parte do 4º Seminário Latino Americano de Direitos Humanos e Anistia Política, promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Betinho foi um dos fundadores da organização marxista Ação Popular (AP) e um dos símbolos da campanha pela anistia. Natural de Minas Gerais, é o terceiro filho de oito irmãos. Em 1962, graduou-se em Sociologia e Política e também em Administração Pública na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.

Com o golpe de 1964, passou a atuar na resistência contra a ditadura militar, dirigindo organizações de cunho democrático no combate ao regime. No começo da década de 1970, foi para o exílio. Morou no Chile, Panamá, Canadá e México.

Em 1979, retornou ao país. Dedicou-se ao Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas (Ibase) e defendeu intensamente o direito à vida e a dignidade dos portadores do vírus da aids. Hemofílico, contraiu a doença em uma transfusão de sangue.

Além de Betinho, outros seis brasileiros foram anistiados durante a 41ª Caravana da Anistia: o jornalista Mário Alves de Souza Vieira, o camponês José Moraes Silva, o escriturário Raul de Carvalho, o diplomata Jom Tob de Azulay, o militar Jeferson Cardim de Alencar Osório e a professora Maria do Socorro. A caravana já percorreu 18 estados e apreciou publicamente mais de 800 processos. Entre os anistiados estão personalidades como o educador Paulo Freire, o líder seringueiro Chico Mendes, o jornalista Ziraldo, o cartunista Jaguar, o ex-governador Leonel Brizola e o ex-presidente João Goulart."

Empregos baterão recorde em 2010

Lula vai encerrar sua era com chave de ouro, como melhor gestor do capitalismo que o Brasil já teve. Se isso desagrada aos que tiveram a esperança de uma revolução socialista "por cima", horroriza aos doutores e sumidades que construíram o paradigma do operário incompetente para governar. O "apedeuta", como o chamam, vai sair do mandato com o maior índice de aprovação da história.

A previsão em 2010 é de 2 milhões de novos postos de trabalho. O Brasil está chegando à situação de pleno emprego, num cenário mundial onde as grandes potências ainda estão perdendo postos de trabalho. Clique aqui para ver mais.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vox Populi : Dilma abre 16% de vantagem sobre Serra

O Vox Populi confirmou os valores apontados pelas tendências que eu previra: Dilma tem 45%, Serra tem 29%. Ainda não aconteceram as subidas de Marina e de Plinio, que são viáveis diante da maior exposição dos candidatos. Pelo resultado, Dilma venceria no primeiro turno.

O programa eleitoral inicia num cenário ideal para Dilma, com a sua campanha em crescimento e a de Serra descendo a ladeira, sem muitos recursos para virar o jogo. O programa de Dilma foi forte na tentativa de mostrar que Dilma nasceu de uma costela de Lula, ou foi clonada dele, ou é irmã siamesa ou, no mínimo, gêmea univitelina, o que é muito importante para o crescimento dela, porque muita gente que simpatiza com Lula ainda não sabe quem é o seu candidato. Seu programa praticamente a coloca como eleita, com tranquilidade, trabalhando a sua imagem de competência para contrapor ao que seria o diferencial de experiência que Serra tenta vender.

Serra fez um programa que mais parece que sua candidatura é a Ministro da Saúde. Chegou a dizer que, antes de ser ministro, havia filas e demora nos hospitais públicos. Isso é perigoso, porque quem viu teve a impressão dele ter dito que acabou com as filas, e isso provoca uma dissonância com a percepção do eleitor, que sabe que as filas sempre estiveram aí. Também abre o flanco ao ataque de Lula, que poderá dizer, com autoridade, que o fim dos 40 bi da CPMF, criada pelos tucanos e por eles tirada para prejudicar o atual governo, piorou o financiamento da saúde. O programa deve ter também despertado a ira do setor "heavy metal" do DEMO, porque não bateu em ninguém, não denunciou ninguém, nem demonizou ninguém. Vai ter DEMO indo parar nos hospitais do Serra com hipertensão ou enfarto.

Marina veio com um programa que o telespectador, se estivesse distraído, diria que era um documentário da Discovery Channel sobre meio-ambiente. Plínio apelou para o humor, botando caricaturas de Dilma e Serra num ringue, no estilo da programa do Mastercard, falando que ambos têm financiamento de banqueiros, e no fim um jovem meio nerd e fraquinho, com a camisa do PSOL, derrota os dois, fechando o quadro com "não tem preço". Plínio foi curto e incisivo. Vai ser uma apoio importante para eleger parlamentares do partido.

O PCO apresentou o Rui Pimenta impecável, agora de terno e gravata, bastante claro. Ivan Pinheiro também teve um bom desempenho para o tempo disponível. Sua missão será divulgar que o PCB é o sucessor do partidão de 1922, dissociá-lo da degeneração de Roberto Freire e do PPS e tentar eleger parlamentares. O PSTU fez uma leve crítica ao período FHC e dedicou o resto do programa ao ataque às contradições do PT e do governo Lula.

O melhor do programa veio depois: a parte de humor, com as figuraças que se candidatam a deputado federal. Destaque para a campanha dos candidatos da base aliada de Lula, que aposta na identificação como "time do Lula". Isso dá voto. Outra coisa notável foi que os candidatos que apoiam Roriz para o governo e outros não mostram o nome de Serra como candidato a presidente.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

MA : Apagão de trabalhadores qualificados

Acabo de ver no Conta Corrente, da Globonews, que empresários estimam que serão necessários 27 mil trabalhadores para tocar um projeto petroquímico, fertilizantes e outras atividades decorrentes da descoberta de grandes jazidas de gás natural na bacia do rio Parnaíba, no Maranhão. O problema é que só há 5 mil trabalhadores cadastrados com as capacitações mínimas para os cargos.

Vão faltar 22 mil pessoas a curto e médio prazo, indisponíveis na região e cuja formação demandará um prazo que as empresas não poderão esperar. Isso vai beneficiar outras regiões do país, de onde será importada essa mão-de-obra. Pelo visto, a extrema pobreza do Maranhão não será atenuada com essa oportunidade, porque a educação nunca foi prioritária para os oligarcas. É o "custo Sarney", condenando os maranhenses ao atraso.

Embaixador Vinícius de Morais, General Carlos Lamarca

Ontem, numa solenidade no Palácio do Itamaraty, o presidente Lula concedeu a promoção pós-morte do diplomata Vinícius de Morais ao cargo de Embaixador. Vinícius, também poeta e músico foi cassado da diplomacia arbitrariamente, pelo AI-5 da ditadura militar. A anistia e promoção são atos de reconhecimento, pelo estado brasileiro, dos erros cometidos pelo regime de exceção.

Outro caso, mais polêmico, foi o do capitão Carlos Lamarca, que organizou focos de guerrilha em resistência à ditadura, e foi morto pelo exército em 1971. Pela anistia e posterior processo de reparação, Lamarca foi promovido pós-morte ao cargo de coronel, mas sua viúva passou a receber pensão em valor equivalente ao correspondente a general de brigada.

Foi uma solução política para não criar focos de tensão com os militares, que não aceitam ver alguém que consideram como desertor e traidor sendo tratado como general. Mesmo assim, clubes militares entraram na justiça e conseguiram liminar suspendendo o pagamento da pensão e a promoção.

O governo Lula fez muita coisa pela justiça aos que tiveram suas vidas e carreiras destruídas pela ditadura. Infelizmente, tem se mostrado tolerante à resistência reacionária ao resgate da verdade e à punição dos torturadores.

IBOPE : Dilma ganha no primeiro turno

A pesquisa IBOPE divulgada ontem mostra que Dilma (PT) cresceu para 43%, abrindo vantagem de 11% sobre Serra (PSDB), que caiu novamente. Marina continua com 8%. Considerados os votos válidos, Dilma teria 51%, contra 49% da soma dos votos dos demais candidatos, caracterizando, hoje, vitória no primeiro turno.

Se na semana passada houve algum chororô demo-tucano na publicação da sempre favorável a Serra pesquisa do Datafolha, porque a coleta de dados não apuraria os efeitos da entrevista do tucano na Globo, agora não tem mais desculpa: Dilma, sozinha, com Lula fora da mídia, mandou bem no debate da Band e na tentativa de massacre do Jornal Nacional. Agora, no horário político, entra Lula em cena, e Serra terá que defender FHC, porque a comparação entre governos será massacrante.

Estou curioso para ver a pesquisa da Vox Populi, que sempre mostrou a vantagem de Dilma quando o Datafolha e o Ibope não a mostrava. Se as "amigáveis" a Serra já mostram 8% e 11% a favor da petista, acho que vai dar Dilma com 45% e Serra abaix0 de 30%. Outra revelação bombástica do Vox Populi foi a do crescimento da intenção de voto em Marta Suplicy em São Paulo. Tem 34% contra 17% de Romeu Tuma e 16% de Orestes Quércia. Assim os demo-tucanos não podem relaxar nem gozar...

Segurança bancária : e as loterias, banco postal e correspondentes?

Hoje vi na TV que as lotéricas se tornaram alvo fácil de assaltos, cada vez mais freqüentes. A matéria apontava como solução o maior envolvimento da polícia na segurança, com donos de loterias se reunindo com autoridades para socializar um problema criado pelos bancos, que transformaram pontos comerciais em postos bancários sem pagar por cuidados com segurança.

Na ânsia por maiores lucros e sem qualquer preocupação com a sociedade, os banqueiros conseguiram tirar das suas agências uma parte dos serviços bancários, passando-os a casas lotéricas, postos dos correios e correspondentes bancários. A polulação é jogada para fora dos bancos e submetida a filas, calor e insegurança nas agências bancárias terceirizadas. Pela legislação em vigor (Resolução 3110 CMN e atualizações), esses entes podem fazer:

I - recepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de depósitos à vista, a prazo e de poupança; II - recebimentos e pagamentos relativos a contas de depósitos à vista, a prazo e de poupança, bem como a aplicações e resgates em fundos de investimento; III - recebimentos, pagamentos e outras atividades decorrentes de convênios de prestação de serviços mantidos pelo contratante na forma da regulamentação em vigor; IV - execução ativa ou passiva de ordens de pagamento em nome do contratante; V - recepção e encaminhamento de pedidos de empréstimos e de financiamentos; VI - análise de crédito e cadastro; VII - execução de serviços de cobrança; VIII - recepção e encaminhamento de propostas de emissão de cartões de crédito; IX - outros serviços de controle, inclusive processamento de dados, das operações pactuadas; X - outras atividades, a critério do Banco Central do Brasil.

Precarizaram o trabalho bancário, fugindo aos custos de cumprimento de convenções trabalhistas dos bancários, subcontratando, com esse tipo de subagências, empregados da categoria comerciária, que têm menos direitos e são "mais baratos".

Aumentaram a cobertura de suas redes com o uso da capilaridade desses estabelecimentos, sem custos de instalação de novas unidades. Um posto bancário próprio custa, em obras civis, mobiliário, equipamentos de segurança e de informática algo na faixa de R$ 3 a 4 mil reais por m2. Isso não inclui terminais de auto-atendimento e micros. Além disso há as despesas permanentes com os contratos de limpeza, vigilância, manutenções hidrossanitária, de elevadores, de alarmes, de ar condicionado, geradores, etc. Com a terceirização, não arcam com esses custos.

Os bancos também contam com os menores custos de segurança, porque as unidades bancárias precarizadas não cumprem o Plano de Segurança Bancária, que é o documento anual através do qual toda instituição financeira em que haja guarda e movimentação de numerário apresenta o seu sistema de segurança à Polícia Federal.O Plano deve apresentar pelo menos três dispositivos de segurança, sendo dois específicos, que são a presença de vigilantes armados e alarme eficiente, e mais um dispositivo dentre:

  • Equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens;
  • Artefatos que retardem a ação dos criminosos, como:
  • Portas giratórias detectoras de metais e
  • Equipamento de retardo instalado na fechadura do cofre;
  • Cabina blindada com vigilante
Essas providências deveriam ser obrigatórias, à luz da Lei 7102 de 20/06/83, que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências.
]
Como o poder dos banqueiros sobre as autoridades é imenso, acaba a sociedade pagando mais essa "tarifa bancária" ao deslocar os escassos recursos de segurança, pagos por todos, para benefício dos bancos e seus assemelhados.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Demissão voluntária : governo não anula decreto adulterado

Segundo o jornal Correio Braziliense de ontem, a Casa Civil da Presidência da República rejeitou o pedido de anulação da retificação de decreto do então presidente Ernesto Geisel, em 1978, que teria resultado na redução a um terço dos valores pagos a servidores em programas de desligamento voluntário na década de 1990. Com a recusa, a Abraprev - Associação Brasileira de Previdência - vai ingressar com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da retificação.

A alteração no decreto de Geisel prejudicou os pedevistas, que receberam cerca de um terço do que fariam jus no desligamento de empresas como o Banco do Brasil, de onde saíram em Planos de Demissão Voluntária cerca de 40 mil funcionários. A PREVI, fundo de previdência dos funcionários do BB, alega que cumpriu a lei. Se o decreto for anulado, terá que desembolsar uma grande quantia para devolver aos ex-funcionários prejudicados as diferenças a que fariam jus.

Recomendo a leitura da matéria completa clicando neste link .

domingo, 15 de agosto de 2010

Época de viajar ao exterior II - melhor que em 2009

No ano passado mostrei no "post" "Época de viajar ao exterior" que a valorização do Real nos últimos anos dava à moeda brasileira um valor de troca inédito. Em novembro de 2009, um dólar custava R$ 1,85; uma libra esterlina, R$ 3,04 , e um Euro, R$ 2,70. Agora temos um dólar a R$ 1,80, uma libra a R$ 2,70 e um Euro a R$ 2,25.

Isso é péssimo para as contas externas nacionais, pois dificulta as exportações, torna atrativas as importações e permite que a classe média viaje ao exterior como nunca dantes. Considerando que a imensa maioria dos assalariados teve reajustes acima de 4% no período, temos mais reais para comprar moedas estrangeiras mais baratas.

O governo ainda deu uma força para a classe média ir ao paraíso, deixando câmeras, relógios e celulares fora da cota de US$ 500, como objetos de uso pessoal, e facilitando trazer outros bens de consumo. Clique aqui para ver a portaria do Ministério da Fazenda sobre o assunto. Não é para se empolgar já, porque o art 19 da portaria é explícito: entra em vigor em 01/10/10. Notebooks e pads estão fora do benefício.

Outubro é bom para viajar, apesar do outono do hemisfério norte reduzir a duração do dia, das temperaturas caírem e dos dias ficarem mais cinzas ou chuvosos. Já não se pega a alta estação, que é cara e tem as atrações lotadas. Fica mais fácil tirar passaporte e obter vistos. E, penso eu, tirando-se um destino de praias paradisíacas como o Caribe, não viajo para pegar praias lá fora. O investimento é alto demais para ficar descansando em hotel cheio de atrações ou fazendo algo que posso fazer por aqui, mais barato e melhor. O mais adequado é a segunda quinzena de setembro. Final de outubro e início de novembro já complica.

Fico no aguardo da fusão Lan Chile / TAM trazer promoções interessantes de passagens. A Lan já tinha bons preços para viagens à América do Norte, e tem bom padrão. Espero que melhore a TAM, acabando com os seus terríveis overbookings, atrasos e espaços desconfortáveis.

sábado, 14 de agosto de 2010

E se Dilma já estiver ganhando no primeiro turno?

Achei esquisita a ênfase da grande midia no fato de, segundo o Datafolha, Dilma estar a 3% de vencer no primeiro turno. Isso talvez possa ser traduzido por: "a eleição para presidente não acabou". Nem tanto por dar sobrevida a Serra, que está perdendo para Dilma em pessoa, e não para a candidata de Lula. E também perde pelas alianças com o que há de pior na política conservadora, pela associação a FHC e pela falta de realizações a exibir.

A questão central não é essa: se o programa eleitoral começa com a eleição presidencial em segundo plano, com Dilma garantida sem precisar usar Lula como trunfo, o foco passa para as eleições estaduais e de bancadas. Exemplo: Lula, que é o grande cabo eleitoral, pode se dedicar mais a apoiar candidatos como Agnelo, do PT-DF, que cresceu 6% segundo o Datafolha e se aproximou de Roriz, que tem 41%. Pode também fazer Mercadante crescer e forçar o segundo turno em SP. E pode servir de apoio para candidatos a deputado e senador. Esse é o grande temor dos que cercam Serra: a derrota ser geral, tipo "barba, cabelo e bigode".

A mídia que sustenta Serra morre de medo de uma vitória acachapante da situação, porque uma maioria congressual estável pode levar à discussão temas que contrariem seus interesses, como a limitação aos oligopólios de comunicação. Vai lutar até o fim para manter Serra vivo e evitar o estouro da boiada dos apoiadores dos demo-tucanos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Datafolha : Serra desaba

Para o Datafolha apontar hoje que Serra tem 33% e Dilma 41%, mesmo depois da armação do Jornal Nacional pró-tucana e do debate da Band, é porque a coisa está muito pior. O casal 45 do JN ainda informou que Dilma está a 3% de vencer no primeiro turno.

Há menos de um mês 0 Datafolha insistia que Serra estaria à frente de Dilma, com 37% a 36%. De repente, uma virada espetacular. Interessante também é a manutenção de Marina Silva com 10% e Plínio com menos de 1%, mesmo com o aumento de visibilidade que tiveram nos últimos dias.

Qual será a realidade, considerando-se que o Datafolha é o mais afinado com a tentativa da mídia de manter Serra vivo? Chuto que Dilma já deva ter algo em torno de 45%, Serra menos de 30%, Marina por volta de 15% e Plínio uns 3%. A coisa pode estar tão ruim para eles que a mídia aliada a Serra, que noutro dia insistia na tese do "quase empate", talvez agora queira dizer que Dilma ainda não ganha no primeiro turno para evitar a debandada dos apoioadores demo-tucanos e incentivar dossiês, denúncias e baixarias contra Dilma, Lula e o PT.

Serra : informações e promessas mentirosas têm pernas curtas

A campanha de Serra, a começar pelos discursos do candidato, tem abusado do "caô", ou seja, espalha ao vento uma inverdade crível aos incautos, e se colar, colou. Tendo a amplificação da grande mídia aliada ao seu lado, enquanto os adversários dispoem de poucos recursos para repor a verdade, a mentira acaba parecendo verdade.

Atento a essa malandragem, Lula determinou aos ministérios que qualquer mentira assacada pelos candidatos e que atinjam o governo sejam imediatamente respondidas. A primeira delas foi dita no debate da Band: Serra acusou o governo de ser cruel com as APAEs, por ter cortado a ajuda para o transporte de alunos e impediu-as de dar aulas. O Ministério da Educação divulgou nota desmentindo o tucano, informando que em 2010 as APAEs e outras entidades de apoio a deficientes receberam R$ 293 milhões do Fundeb, beneficiando 126.895 alunos.

Outro caô de Serra acusa o governo de não investir em clínicas para reabilitação de dependentes químicos. O Ministério da Saúde desmentiu informando que os investimentos da Política de Saúde Mental saltaram de R$ 619 milhões em 2002 (último ano da Era FHC) para 1,5 bilhão ao ano, em 2009, um crescimento de 142% em relação ao legado tucano.

No campo das promessas e aumento mentiroso de realizações, Serra disse que inaugurou 26 estações do metrô paulistano no seu governo, e que fará, se eleito, 400 km de linhas de metrô no país. Dados oficiais desmentem Serra: apenas 4 estações foram inauguradas na sua gestão. Quanto aos 400 km de metrô, disse que os faria com R$ 45 bi, o que seria um valor por km superior ao do oneroso trem-bala Rio-SP-Campinas, orçado em R$ 30 bi para 530 km de trilhos, sendo 130 km de caros viadutos e túneis, mais os sofisticados materiais rodantes e sistemas de controle, etc.

Sobre os pedágios, Serra criticou o modelo federal e defendeu o sistema paulista de infinitos pedágios em cada via. Disse que as estradas federais são "rodovias da morte", claro, omitindo que a situação atual é bem melhor que a herdada de FHC. Coube à candidata Dilma esclarecer por que os pedágios das concessões feitas no governo Lula são bem mais baratos: no modelo federal, ganha a concessão quem se comprometer a cobrar a menor tarifa; no modelo paulista, vence quem pagar mais ao estado, ou seja, há um imposto embutido nas tarifas escorchantes.

A equipe de marketing de Serra parece desconhecer que o seu candidato terá três minutos a menos de programa na TV que Dilma, onde a candidata do PT poderá deitar e rolar desmentindo Serra, fazendo as comparações entre o atual governo e o de FHC que eles tanto temem, e botando Lula na TV, rompendo o boicote promovido pela grande mídia.

Avião e mídia : barbeiragem no Santos Dumont

A sempre atenta mídia do caos aéreo aproveitou ontem a queda de um Learjet no mar, no final da pista de pouso do Santos Dumont, para fazer mais uma carga pela privatização da Infraero. Uma das razões seria a pista do aeroporto carioca ser muito curta, com apenas 1323 m. O avião teve problemas quando ia para o outro aeroporto da cidade, o Tom Jobim (Galeão), onde iria pegar a apresentadora Xuxa para viajar a Recife.

Em condições normais, o Learjet 55 precisa de 800m para pousar, mas em caso de emergência pode precisar do dobro de pista. Já se fala que a aeronave teria ficado sem uma das turbinas e teria furado um pneu, para justificar o uso da pista além do limite, que é o mar, já que não tem área de escape. A questão que fica é se não seria melhor, em situação de emergência e já que a aeronave estava próxima à pista do Galeão, muito mais extensa. Por que não pousou lá?

O Santos Dumont foi construído a partir de um enorme aterro na Baía de Guanabara, com o desmonte de um morro do centro da cidade, e parece mais um porta-aviões. Mesmo assim, durante toda a sua história teve raros acidentes.

Outra bobagem recorrente é a dos entrevistados falarem que a suspensão das operações e o tumulto causado pelo incidente, com atrasos em diversos vôos, é do tipo "imaginem isso na Copa ou nas Olimpíadas". Quer dizer então que o cidadão aeroportuário brasileiro se sente inferior ao turista estrangeiro, já que para si próprio não importa muito o problema, como parece nas matérias da mídia? Coisa de auto-estima de vira-latas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Epicondilite - do tênis ao martelete

Há dois dias escrevo com o braço esquerdo imobilizado, como parte do tratamento de uma inflamação do tendão do cotovelo, diagnosticada como epicondilite. Por causa dela, até esforços como segurar um celular, levantar uma lata de cerveja ou girar uma chave de fenda tornam-se difíceis e dolorosos. O médico perguntou se eu jogava tênis, afinal essa inflamação é muito comum entre os esportistas, chegando a chamar-se "cotovelo do tenista". Como tênis é esporte de burguês , segundo Lula, e não faço parte da elite, contei ao médico que o motivo era proletário : o uso de um martelete para fazer instalações e remover pisos e revestimentos na minha casa.

Não esperava uma seqüela desta, que vai me render duas semanas de tortura na fisioterapia, compressas quentes e frias, imobilização e remédios. Comprei o martelete portátil para não ter que depender de ninguém nos meus trabalhos de projetista a operário, e gostei da eficiência da ferramenta na arte da demolição. Quem nunca usou um troço desses não sabe o que é a sensação de poder, até parece uma metralhadora na forma de pegar com as duas mãos. E é aí que a gente, sem perceber, acaba se lascando.

Como o poder de corte depende da reação da máquina ao esforço das mãos e braços, a vibração em alta freqüência provoca pequenos movimentos repetitivos que não são sentidos na hora, mas depois trazem dormências e inflamações. O jeito vai ser usar a máquina com um sistema de amortecimento de impacto a ser inventado, e usar menos pressão sobre as superfícies, depois que sair deste tratamento.

Inter quer ser bi do mundo. Grêmio quer ser bi da segundona

Jogão de bola ontem na vitória de virada do Internacional de Porto Alegre contra o Chivas do México, na primeira partida da final da Libertadores. O Inter está a um empate de ser bicampeão da Libertadores, e já está classificado para o mundial interclubes, em Dubai.

Do lado fracassado do futebol gaúcho, o Grêmio acelera rumo a uma nova temporada na segundona, com a contratação de Renato como técnico, que tem reconhecida competência como coveiro de times. Já começou mal, com a eliminação hoje do Grêmio nas oitavas de final da Copa Sul Americana, ao perder em casa para o Goiás por 2 x 0.

JN amordaça Plínio

Numa clara discriminação, o Jornal Nacional deu uns poucos minutos para a expressão do candidato Plínio Arruda aparecer numa entrevista pré-gravada e editada. Só teve tempo de explicar minimamente a proposta de ocupações e de auditoria da dívida externa.

Marina esculacha e elogia Zequinha Sarney

Depois de ter dito que recebeu o ministério do Meio-Ambiente em péssimas condições em 2003, esculachando o seu antecessor, Zequinha Sarney (PV), Marina teve que recuar e elogiar o seu correligionário partidário. Depois diz que Dilma e Serra são reféns dos seus aliados.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

JN : Serra se enrola em papo de compadres

Considerado o clima ameno e respeitoso da entrevista no Jornal Nacional, que não foi o mesmo na recepção a Dilma e Marina, Serra perdeu a oportunidade de se sair muito bem diante da elevada audiência. Começou dizendo que o Plano Real foi criação do governo FHC, o que não é verdade. O Plano Real entrou em vigor em 27/o2/94, no governo onde o presidente era Itamar Franco (sem partido depois que saiu do PRN de Collor)), quase um ano antes da posse de FHC, que era seu ministro da Fazenda. O autor do plano foi o economista Edmar Bacha.

Depois não foi muito seguro ao falar por que não batia de frente com Lula, nem para explicar a presença de um partido do mensalão (PTB) na sua base de apoio. Mais uma vez apelou ao discurso hipocondríaco (só fala de saúde) e tentou ser piegas na despedida, lembrando da sua origem humilde, dos seus pais humildes, e acabou não se despedindo, sendo cortado pelo Bonner porque tinha estourado o tempo. Até jogando em casa Serra consegue perder.

Dilma e os movimentos sociais : discurso e prática

No debate da Band da semana passada, Dilma Roussef (PT) esquivou-se de apoiar claramente a luta pela redução da jornada de trabalho e de redução do latifúndio afirmando que não cabe ao governo substituir os movimentos sociais. Estes é que têm que se organizar para reivindicar e conquistar com as suas próprias forças, segundo Dilma, e que seu governo estará aberto ao diálogo com os movimentos e, a exemplo de Lula, não usará cassetetes para tratar a questão social.

Ainda nesta semana li diversos analistas políticos tentando explicar por que a campanha Dilma consegue mais doações de empresas que a de Serra, que seria, pela lógica, o candidato do capital, pois tem plataforma neoliberal e apoio da direita conservadora. A mídia burguesa "descobriu" que o sucesso de Lula / Dilma entre o empresariado está no controle do movimento social pelo PT, constatando que nos 7 anos deste governo houve poucas greves e uma redução importante do risco de desestabilização social que poderia prejudicar seus lucros.

Se os tucanos voltassem, mesmo que não fizessem nenhum ataque frontal aos movimentos, mas tão somente por não terem a capacidade de cooptação de lideranças sindicais e sociais, a realidade seria outra, com a escalada dos enfrentamentos realimentada pela truculência policial do estado. Esse é um cenário indesejado para o capital, e, pelo visto, a garantia da "paz social" é o compromisso que devem querer de Dilma, além do apoio do estado aos seus negócios.

Quem ouve Dilma falar de autonomia dos movimentos sociais e não conhece a prática que degenerou as entidades sindicais e populares na Era Lula até pensa que vivemos num país onde todas as forças se expressam livremente. Essa "compra da paz" pelo governo tem um preço que passa pela distribuição de cargos e benesses a lideranças, pelo peleguismo sindical descarado e por pequenas reformas sociais e programas de transferência governamental de renda, como Bolsa Família, aumento real do salário mínimo e de aposentadorias, etc.

Eleger Dilma é necessário para termos um ambiente de diálogo movimentos/governo num patamar muito superior ao de Serra e seus cassetetes. A maior tarefa para os movimentos sociais será retomar a luta autônoma e independente, fugindo à armadilha prática do discurso "democrático e isonômico" do governo. Isso será difícil, basta ver que em 7 anos e meio, os aliados do governo no movimento social não perderam espaços, mesmo com todo o peleguismo. Dilma, a exemplo de Lula, não fará um "governo dos trabalhadores" de cima para baixo, sendo essencial o preparo para o confronto.

Governar sem alianças : a utopia de Marina

Ontem no Jornal Nacional até que o Bonner estava menos raivoso e deixou a candidata Marina Silva falar mais. Sobre a falta de partidos aliados na sua campanha, Marina disse ser uma vantagem, e que Serra e Dilma são reféns das alianças. E que vai governar com os melhores, daí achar necessário ter bom trânsito com o PT e o PSDB.

Se eleita, Marina estará na situação enfrentada por Collor e o sem ínfimo partido, o PRN , em 1989. Com meia dúzia de deputados e um ou dois senadores eleitos pela sua coligação, Marina teria que ir às compras de base aliada, já que a cidadania passiva dos brasileiros e a sua falta de ímpeto revolucionário ou populista para liderar um governo "com o povo, acima do sistema" a colocariam na obrigação de montar uma base aliada para poder governar.

A considerar o peso da máquina eleitoral PT /PMDB, esses partidos, elegendo Dilma ou não, terão quase a maioria na Câmara e Senado, podendo atingi-la com o PC do B e PSB, sem precisar ficar comprando votos no varejo de legendas de aluguel. Nesse ponto, o governo Dilma teria estabilidade congressual para votar reformas, impedir CPIs e tratorar o que sobrar do PSDB e DEMo com tranquilidade.

Até Serra teria que entregar grandes nacos de poder para comprar o PMDB para compor base aliada, pois, juntos, creio que o PSDB, DEMo e PPS mal terão 120 deputados, todos juntos. Marina deveria ser mais explícita sobre suas alianças para a governabilidade, antes de criar expectativas de um governo "puro", só com os "bons". Até no seu partido, o PV, tem os "ruins", que traem a sua candidatura para apoiar Serra...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Dilma escapa de cilada do Jornal Nacional

Com uma audiência bem distribuída por todo o Brasil de 40 milhões de expectadores, o Jornal Nacional é o principal veículo de manipulação jornalística da grande mídia. Ali se escrevem verdades, constroem-se ídolos e vilões, a partir da locução de William Bonner e Fátima Bernardes. Ontem participou do programa a candidata a presidente pelo PT, Dilma Roussef, que teve 12 minutos de debate com os apresentadores.

O que se viu, entretanto, era um Bonner transtornado, com sangue na boca, inquirindo Dilma sem deixar espaço para que ela respondesse, de modo que a candidata passasse por insegura, gaguejante, incapaz. Teve momento que a Fátima Bernardes chegou a sinalizar para o Bonner como quem diz "deixa a mulher falar", tamanha a sua avidez de cumprir a missão de desmoralizar a candidata de Lula.

Bonner tentou desmoralizar a candidata como despreparada, como fantoche do Lula, como impiedosa com os colaboradores, e enfiar goela abaixo que o Brasil não cresce. Dilma respondeu com relativa calma, soube freiar Bonner respondendo bem, e ainda botou o governo do FHC na berlinda, ao falar do impacto da sua herança maldita sobre o governo Lula. Soube vender bem seu currículo, e frustrou a Globo, que hoje nos seus meios de comunicação fez questão de dizer que ela errou ao falar da Baixada Santista como Baixada Fluminense, e que usou muito o nome de Lula. O jornal O Globo, em meio a muitos poréns, disse que ela foi bem. E foi mesmo, apesar das limitações. Vamos ver como será com Marina e Serra.

sábado, 7 de agosto de 2010

Pesquisa Globo / IBOPE força o "quase empate" Dilma / Serra

O IBOPE fez duas pesquisas com espaço de uma semana para a Globo, e constatou que os números não se alteraram: Dilma teria 39%, e Serra, 34%. Pela margem de erro de 2%, Dilma teria entre 41% e 37%, e Serra entre 36% e 32%. Se Serra pode ter 36% e Dilma pode ter 37%, isso seria um "quase empate", que é a análise feita pelos comentaristas do partido global. Enxergaram nos números menores que Serra cresceu no Nordeste e Dilma no Sul, e que caiu a diferença de Dilma para Serra no segundo turno para o limite do "quase empate".

Essa pesquisa foi feita antes do debate da Band, que foi assistido por 6% da audiência, enquanto a semifinal da Libertadores, que foi transferida pela Globo para coincidir com o debate da concorrente, teve 30%. O debate está tendo mais repercussão entre os que não viram que os que o viram. A campanha de Serra precisa manter um fio de esperança, já que em termos de arrecadação de recursos Dilma conseguiu mais que ele e Marina juntos. Detalhe: Marina conseguiu mais que ele...

O debate deve melhorar a posição de Plinio e Marina, especialmente entre a juventude. Serra foi o grande perdedor, porque apostava no debate para reduzir a vantagem de Dilma. A próxima pesquisa do Vox Populi / Band deve trazer números da repercussão. Acho que Serra deverá cair mais.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

FHC furioso : com Serra ou com Dilma?


Do alto do seu pedestal olímpico, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mostrou irritação com a atuação de Dilma Roussef (PT), no debate da BAND de ontem, esbravejando que "o PT cuspiu no prato que comeu" e que "eles estão indo à forra porque derrotei Lula duas vezes". O descontrole teve origem, a princípio, porque a candidata da situação a todo momento confrontava os resultados do "seu governo" com o "governo anterior", sem sequer citar o nome do iluminado FHC. Ou seria Voldemort, o bruxo das trevas dos livros de Harry Potter, que todos citam como "aquele cujo nome ninguém deve pronunciar"?

Acho que o que trouxe FHC aos holofotes, o que realmente o incomoda, é como ninguém defende o seu "legado". O PT, por obrigação, deve esculachá-lo. Marina, Plínio, Zé Maria e Ivan Pinheiro devem fazer o mesmo, e de quebra bater em Lula. Já Serra, o PSDB e o DEMO, que realmente comeram no seu prato, deveriam ter a obrigação moral e ética e defendê-lo, mas essas coisas não são o forte deles. Um jornalista, na formulação de pergunta a Serra, afirmou que os tucanos pareciam querer esconder FHC da campanha, e Serra não retrucou isso, partindo para argumentar sobre outros aspectos da pergunta. Engoliu como verdadeira a ocultação do cadáver político.

Se eu fosse o FHC (ainda bem que não sou), meu ego exacerbado gostaria de ouvir antes da resposta à pergunta algo forte e preciso, como "em primeiro lugar, ninguém está escondendo o ex-presidente FHC, o cara que mais fez pelo Brasil desde que o continente sul-americano se formou com a desagregação de Gondwana". Era o mínimo que ele gostaria de ouvir. Mas não ouviu, e resolveu descarregar sobre o PT o seu ódio publicamente, e deve dar um ultimato à campanha de Serra, ameaçador: "se ninguém me defender, eu vou sair das trevas para mostrar ao mundo o que fiz".

Essa reação certamente não estava na contabilização de estragos do PT prevista para o debate. Para Dilma ganhar no primeiro turno, FHC tem que mostrar a cara na campanha de Serra. Ele está caindo direitinho na armadilha involuntária do PT, por causa da omissão do Serra.