sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011 : realizar mais, sonhar menos

Para quem tem o hábito de fazer balanço no fim do ano e planejar o ano seguinte, hoje foi dia de trabalho. A grande maioria se preocupa com a roupa que vai usar no réveillon, com o tráfego para chegar a um local de comemoração, em se despedir nos bares dos colegas de trabalho que fatalmente irá reencontrar na segunda-feira, e não dão atenção à essencial tarefa de planejamento. A esses, só resta desejar que a vida seja boa em 2011como por mágica, porque ficarão esperando as coisas cairem do céu e navegarão ao sabor das conjunturas.

Para quem luta, quem investe nas realizações, e já tem o ano de 2011 todo traçado, desejo muita prosperidade, fruto da ação como transformadores das realidades que virão. Pés no chão, disposição, saúde e garra para esculpir o tempo futuro, e não ser meramente um espectador dele. O Blog do Branquinho agradece a todos os que colaboraram para a sua realização, apoio e incentivo, e deseja que 2011 tenhamos mais e melhor qualidade.

Hipocrisia : Folha censura blog satírico

Quem abrir o link http://desculpeanossafalha.com.br/ , tomará ciência de uma denúncia gravíssima: há 92 dias o blog, que teve o nome original de Falha de São Paulo, está censurado pelo maior jornal do país, que vive se fazendo de arauto da liberdade de imprensa e de expressão. Meteram um processo contra o ínfimo blog por uso indevido da marca e por danos morais, exigindo uma indenização absurda.

Julian Assange, fundador do Wikileaks, que tem convênio com a Folha para divulgação em primeira mão dos documentos vazados do governo americano, disse que a Folha não deveria censurar o pequeno blog. Os Repórteres Sem Fronteira vão no mesmo caminho, e pedem que a Folha retire o processo.

Isso lembra um processo da década de 70 da multinacional Kibon contra o fabricante de sorvete Hébon, do Rio de Janeiro, uma pequena fábrica local. O processo moveu a sociedade por causa da assimetria de forças. A multinacional venceu, e a Hébon passou a se chamar Sorvete Sem Nome, bem mais conhecida justamente por causa da repercussão do caso, e abriu várias lojas no Rio. No caso da Folha, além da assimetria, está a sua intolerência com a crítica, fazendo valer o seu imenso poder econômico para calar vozes distoantes. Ainda vão falar de censura?

Lula : a "novidade" da soberania

Se Lula fosse seguir o que as mídias e oposições colonizadas tentaram impor durante 8 anos em termos de política externa, já teríamos:
- passado o controle do pré-sal, pelo sistema de concessões, para as grandes empresas petrolíferas do mundo;
- deixado a Petrobrás sem capacidade de investir, não fazendo a sua capitalização;
- comprado os jatos americanos;
- mandado tropas brasileiras para o Iraque e Afeganistão para ajudar os interesses americanos;
- invadido a Bolívia por conta da soberania deles em taxar os derivados de petróleo;
- deixado de comprar o Aerolula, reduzindo muito as viagens de aberturas de mercado e projeção do Brasil;
- entrado numa profunda recessão, seguindo os moldes americanos e europeus na crise;
- dito "Amén" às políticas americanas no Oriente Médio e no Irã;
- por omissão, continuado com o G-7 e não o G-20, e deixado o Brasil de fora dos grandes fóruns;
- deixado Zelaya no meio da rua em Honduras, depois da traição americana ao boicote, negando-lhe apoio na embaixada;
- boicotado Cuba, seguindo o bloqueio americano, a qualquer pretexto;
- isolado a Venezuela, mesmo quando estava ameaçada de golpe sofrendo racionamento de petróleo em 2003;
- isolado a Argentina depois que deu calote dos banqueiros internacionais, fazendo crescer as forças reacionárias na crise que contribuiríamos ao fechar os mercados;
- invadir o Paraguai, que por uma questão soberana quis conversar sobre a repactuação de Itaipu;
- deixado os latifundiários ficarem com boa parte de terras griladas em Roraima, permitindo o saque de minerais e a presença estrangeira;
- deixado de comprar submarinos franceses para defender o pré-sal;
- deixado o Mercosul e aderido à Alca;
- mantido a relação de dependência ao FMI e ao Consenso de Washington;
- entregado Cesare Battisti ao governo fascista de Berlusconi, na Itália.

Nos últimos 8 anos a abordagem desses assuntos mudou muito, a partir da inserção da soberania dos interesses nacionais nas relações com o mundo. Deixamos de ser o quintal do Tio Sam, detonando a Alca, que nos escravizaria, e passamos a adotar uma postura múltipla nas relações internacionais.

Hoje o Brasil está entre os 4 emergentes do BRIC, no G-20, negocia como potência no Oriente Médio, atua na pacificação do Haiti, mantém relações com Cuba, Venezuela, Irã e demais países que os Estados Unidos tenta demonizar, e também com praticamente todos os demais, e tem um líder respeitado, mais especialmente porque sai com 87% de popularidade por ter guiado o país para fora da crise. Isso quase todo mundo viu lá fora, exceto os brasileiros que moram nos EUA e Canadá, que só têm notícias pela Globo Internacional e votaram em peso em Serra acreditando que o Brasil está um descalabro.

As elites não estão acostumadas com isso, e a sua mídia cai de pau em tudo que cheire a sair de baixo das saias dos EUA. É bom se acostumarem, porque Dilma vai continuar fazendo o Brasil ser respeitado. Acabou o tempo do presidente que ia ao exterior falar a língua do outro em sinal de submissão.

Segue a integra da nota do Presidente Lula negando a extradição de Cesare Battisti, para desgosto de Berlusconi, magnata da mídia italiana e direitista ferrenho, que anda expulsando imigrantes enquanto protege banqueiros corruptos da extradição. O Brasil disse bem claramente: "é isso aí, e pronto. E que papo é esse de mandarem nota antes da decisão ameaçando o Brasil com retaliações? Respeitem a nossa soberania!". O papo foi muito reto.

"O Presidente da República tomou hoje a decisão de não conceder extradição ao cidadão italiano Cesare Battisti, com base em parecer da Advocacia-Geral da União.

O parecer considerou atentamente todas as cláusulas do Tratado de Extradição entre o Brasil e a Itália, em particular a disposição expressa na letra "f", do item 1, do artigo 3 do Tratado, que cita, entre as motivações para a não extradição, a condição pessoal do extraditando. Conforme se depreende do próprio Tratado, esse tipo de juízo não constitui afronta de um Estado ao outro, uma vez que situações particulares ao indivíduo podem gerar riscos, a despeito do caráter democrático de ambos os Estados.

Ao mesmo tempo, o Governo brasileiro manifesta sua profunda estranheza com os termos da nota da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, de 30 de dezembro de 2010, em particular com a impertinente referência pessoal ao Presidente da República."

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Lula sanciona lei que cria o Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo

Repasso a mensagem que recebi do Sindicato dos Arquitetos do Rio de Janeiro. Parabéns pela vitória, e espero que ajude na organização dos arquitetos e urbanistas.

PRESIDENTE LULA SANCIONA LEI QUE CRIA O CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Brasilia-DF, 17:45h, do dia 30/12/10.

O Presidente Lula acaba de sancionar a Lei que cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, nos Estados e no Distrito Federal na presença das entidades nacionais dos arquitetos e urbanistas.

Uma grande vitória de uma luta que se iniciou há mais de cinquenta anos.

A Lei será pulicada amanhã, 31/12/2010, no Diário Oficial da União.

Aguarde maiores informações no Boletim Especial do SARJ.

Com nossas saudações sindicais,

Do Palácio do Planalto

Jeferson Salazar

Presidente do SARJ

Brasil não convida Honduras para posse de Dilma

Nossa diplomacia não é mais táo diplomática assim, e faz valer a soberania brasileira na hora de convidar pessoas para a posse de Dilma. O presidente de Honduras, eleito após o golpe contra Zelaya numa eleição muito pouco democratica, não foi convidado. Foi o único latino-americano excluído da festa. Logo a Globo tomará as suas dores, e o pessoal do DEMo que andou por lá apoiando os golpistas protestará. É isso aí : não dá para ficar mordendo e assoprando. Boicote é boicote mesmo.

Itália tem que respeitar libertação de Battisti

Possivelmente hoje o presidente Lula acertou com o STF os detalhes da decisão de impedir a extradição de Cesare Batisti para a Itália. A Globo, como de praxe no Jornal Nacional, já mostrou o elenco de ameaças que o governo italiano do imoral e fascistóide Berlusconi anda fazendo, de boicote, etc e tal. O casal 45 já mostrou que a Itália tem uma nota de protesto...antes de Lula decidir! Botaram no programa que os italianos poderiam não vir mais a um país de protege assassinos, etc. Que medo! Acho que a gente não deve ir a um país que protege tarados, também.

A Globo não fez o mesmo quando a Itália se recusou a extraditar o banqueiro Cacciola, que lesou o sistema financeiro nacional com uma ajudinha do governo FHC. E se Berlusconi vier a propor boicote, primeiro, não tem moral para mais nada, porque continua no governo de favor depois de quase perder o cargo num voto de desconfiança (envolvimento com prostituta menor de idade, abuso de poder, etc), e segundo porque a crise de lá impede até o fluxo de turistas para cá. Pelo contrário: se vier bater de frente, ameaçando o Brasil, a chapa vai ficar quente para eles.

Vou ser o primeiro a boicotar os fascistóides que querem matar Battisti por lá. Estou estudando italiano, e a Itália como um todo, para fazer turismo por lá, e posso muito bem desistir disso. Outros brasileiros podem fazer o mesmo. Ou respeitam a nossa soberania, ou amargam mais crise com os berlusconis da vida. Acho que vou mudar os planos para ir à Bulgária, país esquecido que Dilma vai botar no mapa por ser a descendente de búlgaros mais poderosa do mundo

A difícil viagem da classe média ao paraíso

Nem tudo é caos aéreo provocado por empresas, falta de infra-estrutura, de fiscalização, etc. Nunca se viajou tanto, em especial a nova classe média. E nunca houve tantos problemas. Um conhecido acaba de voltar do Rio após um cruzeiro frustrado, que deveria ter ido para o Nordeste, com a comemoraçao do Natal em alto mar. A família do bancário gastou passagens de Brasília para o Rio, embarcou e, de repente, circulou a notícia de pane no sistema de ar condicionado e boato de incêndio no navio Musica, da empresa MSC.

Não teve jeito: as pessoas tiveram que desembarcar e ficar ao léu no Rio de Janeiro, sem encontrar vagas nos hotéis lotados, e sem disponibilidade de troca de passagens para retornar aos locais de origem. A exemplo de outros cruzeiros mal-sucedidos, por razões que vão de panes em motores e surto de intoxicação alimentar, a empresa disse que os passageiros poderão fazer uma nova viagem em abril. Simples assim. Como se as crianças pudessem matar aulas tranquilamente, e todo mundo pudesse arcar com novas passagens aéreas para ficar à disposição da empresa de navegação. Em abril, só pode ser para comemorar a Páscoa em alto mar... Veja aqui a matéria do RJTV. Cuidado antes de embarcar numa cilada dessas, para não ficar a ver navios, literalmente.

Rio : Globo tumultua Copa para show de Roberto Carlos

Tem coisas que a mídia não mostra, para não assumir passivos perante a população que não sabe dos ônus de certas benesses. O show ao vivo de Roberto Carlos, realizado pela Rede Globo na última véspera de Natal, que aparentemente foi grátis, custou caro aos moradores de Copacabana. Aborrecimentos, multas, cerceamento do direito de ir e vir em pleno Natal. Isso não passou na telinha.

O acesso ao bairro foi fechado pela CET-Rio, que botou barreiras nas ruas. Clique aqui para ver a reportagem de Ricardo Gama, que flagrou o abuso patrocinado pelo prefeito Eduardo Paes para agradar a poderosa Rede Globo, que mostra o show mas não mostra os danos que causa à população na véspera de Natal. O prefeito, que conseguiu com esse tumulto uma breve imagem sua tocando pandeiro na apresentação da Beija Flor, vai ser cobrado por essa submissão aos Marinho.

VEJA leva uma dura do Presidente da CGU

Tanto ódio e rancor da revista Veja deve ter razões econômico-financeiras com base no governo Lula, além das ideológicas e do preconceito contra trabalhadores e pobres. Mesmo com Lula tendo 87% de aprovação ao fim do mandato, contra 26% de FHC ao entregar os escombros do Brasil a Lula em 2003, e sendo considerado o recordista mundial de aprovação, os caras continuam batendo pesado, e o chamaram seu governo de "o mais corrupto da história" na Retrospectiva de 8 anos de Lula, nas bancas.

Essa afirmação bateu de frente com o trabalho da Controladoria Geral da União, que vem fazendo um trabalho sério de estruturação de controles para combater a corrupção. No governo Lula, mais de 2.800 funcionários públicos foram demitidos por práticas anti-éticas, inclusive diretores de estatais, a partir dos controles internos. A Polícia Federal botou muita gente fina na cadeia, nem que fosse por uns dias, e até um governador experimentou a frieza da cela. E o Portal da Transparência tornou-se referência mundial reconhecida pela ONU, OCDE e vários organismos internacionais de combate à corrupção.

Aí vai a íntegra da carta do Ministro Jorge Hage à VEJA. Eu não patrocino essa baixaria, não comprando a Veja e similares, e você, leva esse lixo para casa?

"Sr. Editor,

Apesar de não surpreender a ninguém que haja acompanhado as edições da sua revista nos últimos anos, o número 52 do ano de 2010, dito de "Balanço dos 8 anos de Lula", conseguiu superar-se como confirmação final da cegueira a que a má vontade e o preconceito acabam por conduzir.

Qualquer leitor que não tenha desembarcado diretamente de Marte na noite anterior haverá de perguntar-se "de que país a Veja está falando?".

E, se o leitor for um brasileiro e não integrar aquela ínfima minoria de 4% que avalia o Governo Lula como ruim ou péssimo, haverá de enxergar-se um completo idiota, pois pensava que o Governo Lula fora ótimo, bom ou regular.

Se isso se aplica a todas as "matérias" e artigos da dita Retrospectiva, quero deter-me especialmente às páginas não-numeradas e não-assinadas, sob o título "Fecham-se as cortinas, termina o espetáculo". Ali, dentre outras raivosas adjetivações (e sem apontar quaisquer fatos, registre-se), o Governo Lula é apontado como "o mais corrupto da República".

Será ele o mais corrupto porque foi o primeiro Governo da República que colocou a Polícia Federal no encalço dos corruptos, a ponto de ter suas operações criticadas por expor aquelas pessoas à execração pública? Ou por ser o primeiro que levou até governadores à cadeia, um deles, aliás, objeto de matéria nesta mesma edição de Veja, à página 81?

Ou será por ser este o primeiro Governo que fortaleceu a Controladoria-Geral da União e deu-lhe liberdade para investigar as fraudes que ocorriam desde sempre, desbaratando esquemas mafiosos que operavam desde os anos 90, (como as Sanguessugas, os Vampiros, os Gafanhotos, os Gabirus e tantos mais), e, em parceria com a PF e o Ministério Público, propiciar os inquéritos e as ações judiciais que hoje já se contam pelos milhares? Ou por ter indicado para dirigir o Ministério Público Federal o nome escolhido em primeiro lugar pelos membros da categoria, de modo a dispor da mais ampla autonomia de atuação, inclusive contra o próprio Governo, quando fosse o caso? Ou já foram esquecidos os tempos do "Engavetador-Geral da República"?

Ou talvez tenha sido por haver criado um Sistema de Corregedorias que já expulsou do serviço público mais de 2.800 agentes públicos de todos os níveis, incluindo altos funcionários como procuradores federais e auditores fiscais, além de diretores e superintendentes de estatais (como os Correios e a Infraero).

Ou talvez este seja o governo mais corrupto por haver aberto as contas públicas a toda a população, no Portal da Transparência, que exibe hoje as despesas realizadas até a noite de ontem, em tal nível de abertura que se tornou referência mundial reconhecida pela ONU, OCDE e demais organismos internacionais.

Poderia estender-me aqui indefinidamente, enumerando os avanços concretos verificados no enfrentamento da corrupção, que é tão antiga no Brasil quanto no resto do mundo, sendo que a diferença que marcou este governo foi o haver passado a investigá-la e revelá-la, ao invés de varrê-la para debaixo do tapete, como sempre se fez por aqui.

Peço a publicação.

Jorge Hage Sobrinho

Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União"

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Lula: a alegria dos banqueiros

Os 87% de aprovação de Lula no fim do mandato incluem até gente da elite, que gostou de ganhar dinheiro com o seu modo de governar. Roberto Setúbal, dono do Itaú, declarou que Lula foi o maior presidente da história do Brasil. Não só ele, mas se os demais banqueiros fossem sinceros diriam o mesmo e até mais: nunca na história deste país os banqueiros ganharam tanto dinheiro.

Lula nunca peitou a banqueirada. Manteve o representante da classe endinheirada no Banco Central, mantendo as altas taxas de juros do financiamento da dívida pública por todo o período, mesmo tendo baixado dos 24% herdados de FHC para os 11% de hoje.

Nunca se concentrou tanto o sistema bancário, com a absorção dos bancos menores pelos maiores. E nunca os banqueiros tiveram tanta confiança no controle social de Lula: os salários dos bancários praticamente não subiram nos 8 anos de governo, graças aos dirigentes sindicais amestrados, que aceitavam qualquer migalha.

No apagar das luzes do governo Lula, esses mercenários manipularam o funcionalismo do BB para induzi-los a doar metade do superávit da PREVI para engrossar os lucros do banco. É por essas e outras que os banqueiros deram tanto dinheiro para a campanha da Dilma. Bom, deram pro Serra também, afinal, com eles só tem o ganha-ganha.

Água : a sede de lucro acima da saúde


Os cidadãos de Nova Iorque têm orgulho de dizer que bebem água da torneira, sem filtro nem nada. A prefeitura vai além: coloca bebedouros em locais públicos com água de qualidade, e ainda faz propaganda contra as águas minerais industrializadas. Em cada fonte há uma placa dizendo : "Experimente a nossa água de torneira de New York City - é refrescante, deliciosa e saudável".

Nas letras miúdas são apontadas 3 vantagens importantes:
- a água de torneira dispensa o engarrafamento, suprimindo a poluição do ambiente com as garrafas jogadas no lixo;
- é muito mais barata e tem a sua qualidade constantemente verificada pelas autoridades de saúde;
- não necessita de transporte em veículos que usam combustíveis fósseis.

Isso é exatamente o contrário do que vemos em algumas cidades no Brasil. No tempo que morei em Fortaleza, tive que pagar toda semana um "imposto" a um grande grupo empresarial de lá para ter galões de água potável de qualidade, já que a companhia de águas não oferecia um produto confiável. Até parece que nunca se mexe na qualidade da água para dar mais lucros aos engarrafadores.

Em São Paulo o prefeito Kassab, que está de saída do DEMO e quer parecer bonzinho, obrigou as casas noturnas, boates e salões de dança a colocar bebedouros com água potável de qualidade comprovada no prazo de 90 dias. Na ânsia de vender mais bebidas a preços exorbitantes, alguns empresários simplesmente escondem a água grátis. Isso se agrava onde tradicionalmente se vende a droga Ecstasy, que deixa o drogado louco por água, e se não a tomar, fica desidratado. Nessa hora o cara paga uma nota por uma garrafinha de água mineral. Mais cara até que a água mineral superfaturada pelo governo de Brasília para as festas de fim de ano: pagaram R$ 4,89 por garrafinha de 500 ml!

Em diversos restaurantes no exterior a gente vê o garçom, antes de oferecer o couvert ou o cardápio, trazer uma garrafa com água e copos. E à medida que se bebe, ele vai repondo, grátis. As pessoas consomem menos refrigerantes assim, mas nesses lugares há preocupação com a obesidade, que se alastra como epidemia. É bem diferente de alguns restaurantes brasileiros que fazem promoção no preço da comida, e botam os refrigerantes a preços absurdos, para compensar.

As piores frases da mídia golpista sobre Lula

Hoje Lula aproveitou o lançamento da pedra fundamental de uma nova fábrica de automóveis da FIAT em Pernambuco para dar uma alfinetada na Falha de São Paulo, que está ressentida com a pulverização de recursos de comunicação social do governo federal por mais de 8 mil mídias, reduzindo o que cada um dos 12oo recebia das propagandas do governo. Por mais que se queira caracterizar Lula como inimigo da imprensa, o presidente diz que nunca ligou para uma redação para reclamar de alguma matéria, e diz que aposta na inteligência do leitor e do telespectador para discernir entre o que é verdade ou mentira.

Falando na nossa maravilhosa, democrática e libertária imprensa dominada por umas 10 famílias que querem o melhor para o Brasil, depois de atenderem a si mesmas, aí vai um especial de fim de ano do blog "Os Amigos do Presidente Lula", com as besteiras que esse povo disse durante o governo petista. É por esse tipo de coisa, da mentira repetida à exaustão até virar verdade, que a mídia tem que ser democratizada, acabando-se com os oligopólios da desinformação. Clique no Troféu PIG de Ouro 2010, para conferir os que mais contribuiram para a partidarização e manipulação jornalística.

Previsões para o governo Dilma

Todo fim de ano a mídia e as pessoas crédulas em geral bebem com muita ansiedade as previsões dos charlatães de plantão, aqueles que previrão nos próximos dias que importantes pessoas vão morrer, que vai acontecer uma tragédia violenta no Rio, um grande terremoto no Pacífico, inundações em São Paulo, etc. Lançam as previsões ao vento, e no ano seguinte ninguém corre atrás para ver se deram certo. É mais ou menos como horóscopo: cada um diz umas 10 coisas, e quando uma eventualmente se realiza, as pessoas só se lembram dela para afirmar que o astrólogo acertou, desprezando os erros.

Na política não é bem assim. Há as tendências, as análises de conjuntura, que passam pela economia, pelas tensões existentes, pelos posicionamentos institucionais, pelas habilidades das lideranças. As coisas não são tão imprevisíveis quanto a chutometria esotérica, nem cientificamente exatas. É nessa metodologia que vou arriscar o palpite para o governo Dilma nos próximos 4 anos.

Primeiro, será uma espécie de governo Lula sem Lula. Dilma já governa a máquina governamental desde 2005, e todas as realizações visíveis hoje podem ser creditado em parte ao seu trabalho como ministra de Minas e Energia e da Casa Civil. Ela teve a força para encarar e superar, quando precisou, os ministérios da área econômica, que tiveram que baixar o patamar do superávit primário para permitir a retomada dos investimentos.

Dilma não fez nenhuma concessão como a "Carta ao Povo Brasileiro", de Lula em 1992, onde antes de entrar já capitulou ante os poderosos. Também não tem o problema de auto-estima de classe de Lula, que se sentiu obrigado a mostrar que um homem do povo, operário, retirante nordestino, de baixa instrução poderia fazer o melhor governo que o Brasil já teve, mesmo seguindo receitas de sucesso da elite. Ela também não receberá uma herança maldita. Pelo contrário, receberá o país em condições inéditas positivamente em quase todos os indicadores.

A primeira mulher presidente também não terá solavancos na gestão. Pelo contrário, manteve praticamente as mesmas equipes de Lula, mudando para melhor em algumas áreas, como no Banco Central, retirando o banqueiro Meireles e colocando um funcionário de carreira que certamente fará menos resistências às políticas de redução de juros. Trouxe para o planejamento quem realmente planeja, desde o PAC, e começou o empoderamento feminino com a constituição de um ministério com 9 mulheres, o maior número de todos os tempos.

Dilma terá mais estabilidade congressual, já que agora o PMDB está amarrado ao governo por ter colocado o vice na chapa. Não poderão mais atuar como mercenários, cobrando preços políticos e cargos a cada projeto de interesse do governo. Com uma base de apoio respaldada por cargos importantes no governo, Dilma poderá promover as reformas necessárias para uma macro-reestruturação econômica, entre elas a tributária, que será urgente, depois que Lula vetar o projeto que rouba os royalties dos estados produtores de petróleo.

Se não houver uma nova turbulência internacional, Dilma voará em céus de brigadeiro por 4 anos. Possivelmente fará dois anos sem mexer no que já está em andamento, buscando mais eficiência na gestão para reduzir gastos e tentar, mantido o crescimento do PIB na faixa dos 5%, conseguir o superávit nominal nas contas públicas, uma das condições necessárias para promover uma forte queda nos juros básicos da economia. Se conseguir, chegará ao fim do mandato com resultados melhores que os deixados por Lula.

Na área social pouco deverá ser mexido, mantendo-se o Bolsa Família, acelerando-se projetos de inclusão digital e reforçando a educação básica. Herdará de Lula uma grande quantidade de novas escolas técnicas e universidades, que formarão novos profissionais depois do seu mandato, mas contribuirão para melhorar vários indicadores. Na saúde, não deverá voltar a CPMF, pelo menos como algo destacado da reforma tributária e dos fundos do pré-sal, que começarão a colocar dinheiro na economia por volta de 2012. Dilma inaugurará as principais obras de infra-estrutura dos últimos 30 anos, e deixará outras para o sucessor.

Na relação com os movimentos sociais, Dilma será mais pragmática que Lula, o que desagradará uma parte dos fisiologistas que hoje vendem a combatividade das entidades de trabalhadores por benesses do poder. O desgaste dessas lideranças resistiu a 8 anos de governo Lula, mas não resistirá ao governo Dilma mais por apodrecimento que pela competência das oposições de esquerda, que batem na mesma tecla há anos sem avanço real na direção dos movimentos.

O MST deverá continuar a fórmula de sucesso de sempre: ocupa aqui, pede ali, ganha lá mais espaços para a reforma agrária, sem nada que desestabilize a presidente petista. Os salários deverão continuar a recuperar poder de compra, especialmente o mínimo, mesmo com a mídia fazendo côro da iminente volta da inflação. Dilma, assim como Lula, não levará o Brasil ao paraíso socialista democrático. Mas melhorará as condições de vida da maioria, com foco na erradicação da miséria e da exclusão.

O diferencial qualitativo poderá vir no rastro da recente condenação do regime militar brasileiro por um tribunal da OEA, que exige punição aos torturadores. Dilma tem especial interesse no tema, e certamente fará esforços para tornar sem efeito a anistia aos criminosos que agiram em nome do estado. Outra diferença poderá vir com a regulamentação dos meios de comunicação, que existe em todo o mundo, mas no Brasil é a responsável pela concentração de mídias em poucas mãos, que constituem um estado paralelo.

A política externa deverá priorizar a soberania brasileira, a liderança continental e dos países emergentes, e a busca por poder na ONU. As relações com os EUA deverão se manter em banho-maria, como no governo Lula, e o imperialismo econômico brasileiro deverá continuar em expansão, com a agressividade que foi incentivada pelo atual governo e pelas boas ofertas no mundo desenvolvido em crise.

Capitais estrangeiros continuarão entrando para investimentos e especulação até que se retirem condições de atratividade, como novas tarifações ou queda dos juros reais. Em algum momento, pelo mercado ou artificialmente, o dólar começará a subir para não deixar a balança comercial ficar negativa, e a farra de viagens ao exterior deverá diminuir.

Parte das oposições aderirá ao governo para fugir ao isolamento ou do aniquilamento. O prefeito de São Paulo, Kassab, já demonstra que pode ir para o PMDB, Aécio pode ir por gravidade também, e alguns governantes, que poderão ser preteridos em prioridades orçamentarias por aliados do governo, também poderão abandonar o barco DEMO-Tucano. Se o movimento social fosse autônomo em sua maioria, poderia aproveitar o momento para emplacar reformas importantes, como a consolidação dos programas populares de Lula de forma definitiva, na lei.

O ceticismo me impede de ser otimista, mas essas previsões, ao meu ver, podem acontecer sem muito esforço. Acredito que Dilma poderá melhorar mais as coisas, pela boa base que recebeu de Lula. Tem caráter, é discreta, tem compromissos com a sua trajetória de lutas, e é uma gestora como há muito não vemos no setor público. Vamos conferir daqui a quatro anos.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Memórias de cinema

Nesta madrugada zapeava os canais da TV e encontrei no Telecine Cult um filme que me remeteu a 1972, cujo nome na época não recordo, mas na telinha passou como "Quando explode a vingança". O filme em si é um faroeste italiano ou "spaghetti", com Rod Steiger e James Coburn, figuras carimbadas de películas do gênero, ambientado na Revolução Mexicana. A trama envolve o personagem de Steiger, um assaltante de bancos, com o de Coburn, um republicano irlandês especialista em dinamite, que tentam assaltar um banco e explodem junto a cadeia onde estavam presos revolucionários mexicanos, libertando-os. A partir daí passam a ser implacavelmente perseguidos pelas tropas do governo.

Muita ação, cenas violentas, mas em meio a tudo isso, uma trilha sonora inesquecível, do maestro italiano Ennio Moriconi, que quem viveu naquele tempo, certamente se lembrará com emoção. Clique aqui para ouvir o tema de "Fistful of Dynamite" , nome da versão que assisti agora. O filme no lançamento tinha outro nome, e foi cortado em 2000 para tirar o conteúdo mais político do ambiente revolucionário para melhor se enquadrar no gosto dos consumidores de "western".

Além da música, o filme me trouxe o fabuloso ano de 1972 de volta, um dos melhores que vivi, nos meus 15 anos, no Rio de Janeiro. Era fanático por cinema, mas não tinha muita grana. Junto com uma galera do Grajaú, via uns 6 filmes por semana. Na rua Barão do Bom Retiro, no Engenho Novo, havia o Cine Real, que nessa época era um tremendo poeira. Passava dois filmes por sessão, quase invariavelmente um de ação (faroeste, lutas marciais, terror, policial) e uma pornochanchada ou similar.

O ingresso custava o mesmo que uma passagem de ônibus para a escola. Passavam um filme de segunda a quinta, outro de sexta a domingo, o que me obrigava e a outros a voltar do Colégio de Aplicação da R. Barão de Itapagipe (Morro do Turano, para os íntimos) de carona ou a pé para ter os recursos do cinema. A diversão não era só cinematográfica: o cinema fazia parte do espetáculo.

No meio do filme, quebrava o projetor, o filme pegava fogo, faltava luz, passavam ratos abaixo da tela, raramente o ar condicionado funcionava, fora a participação das galeras que matavam aulas nos colégios, dos bêbados que iam dormir por lá, e os manjadíssimos cidadãos que seguiam os jovens até o banheiro. Para evitar abordagens indesejadas, mijava-se mais rápido que "pit stop" de Fórmula 1.

A maioria dos filmes tinha censura para 18 anos, mas poderia passar na sessão da tarde da TV, porque eram extremamente cortados. Isso rendia manifestações de protesto das galeras, que não tinham o menor problema de entrar no cinema, porque ninguém cobrava as carteirinhas de estudante para não ver falsificações grosseiras e passar por otários.

Um filme que ficou na memória foi "As vingadoras de Yang", daqueles de artes marciais feitos em Hong Kong ou Taiwan, de terceira qualidade, onde o cara morria e depois aparecia num outro papel mais adiante no filme. Teve a cena da ponte humana, num desfiladeiro, onde duas pirâmides de pessoas foram feitas dos dois lados e depois se atiraram no abismo, abraçando-se no meio do vão. Quase o cinema veio abaixo. Depois da ponte feita, caravanas passaram por cima... Também vi por ali tudo de James Bond e Bruce Lee.

Às sextas, fazíamos uma maratona, porque íamos ao Real das 14 às 18h, e íamos para um cinema na Tijuca, que ficava na Galeria Skye, que acho que se chamava Art Tijuca. Pegávamos um filme de boa qualidade das 20h às 22h, e já ficávamos no cinema para assistir alguma pré-estréia. Foi nessa que a gente viu esse filme que iniciou este "flashback".

Ainda de cinema jurássico, assisti meu primeiro filme no Bruni Grajaú, que ficavam em frente à Escola Francisco Manoel, onde fiz o primário. Recém-inaugurado, o cinema ofereceu uma sessão gratuita aos alunos da escola, e tive uma ótima impressão ao ver "Deu a Louca no Mundo", uma comédia hilariante, aí por volta de 1964. Este cinema, assim como o Real, terminou seus dias como uma igreja evangélica. O Art Tijuca não sei que fim levou.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Da Gratificação Natalina ao 13o Salário

Também conhecido como "aquele que vem em Dezembro para nos salvar", o décimo-terceiro salário que recebemos nem sempre foi uma obrigação trabalhista, hoje precificada como "um treze avos do salário anual total", sem qualquer referência a ser uma gratificação natalina. Antes de virar lei em 1962, a Gratificação Natalina era uma liberalidade patronal, que poderia ser na forma de dinheiro, presentes ou cestas de Natal, até porque boa parte das empresas era de natureza familiar, composta de parentes e amigos dos donos.

Como nem todos recebiam tal bonificação, havia insatisfações que culminaram com a monetização universalizada do benefício, chegando ao valor de um salário. Com a lei, a Gratificação de Natal, que era espontânea e discriminativa, passou a ser mais um salário, independente de qualquer sentimento de agradecimento pelo patrão ou de reconhecimento de mérito.

Desprovido do espírito natalino, o 13o passou a ser o alvo da cobiça do comércio, que apela ao marketing agressivo para tomá-lo do trabalhador, mesmo que este tenha dívidas a pagar ou até incorpore novas dívidas após consumir todo o salário adicional. Além da gratificação ter perdido o significado como tal, a festa de Natal também o perdeu, e virou um imenso corre-corre consumista.

Leis posteriores eliminaram de vez o caráter natalino do 13o: permitiram o fracionamento, com antecipação de uma parte, com a segunda parcela paga no máximo em novembro, ou o pagamento integral até 20 de dezembro. Algumas empresas preferem o fracionamento por razões de fluxo de caixa, outras precisam vender no fim do ano para acumular o suficiente para pagar as obrigações. O 13o não pode ser reduzido, nem seu pagamento é obrigatório a quem for demitido por justa causa.

As empresas, sem essa ferramenta de remuneração de mérito, tiveram que inventar coisas igualmente desprovidas de espírito humanitário, como festinhas da falsidade democrática, onde o gerente abraça o peão, tomam cachaça juntos, rolam sorteios de brindes, etc. O mérito e os privilégios ficam para os planos de carreira e as participações nos lucros.

Misérias de Natal



Faço parte do razoável grupo que não se sente bem vendo uma ceia farta cercada de miséria por todos os lados. Dos que perdem a vontade de comer num bom restaurante vendo pessoas garimpando comida nas lixeiras. Dos que se deprimem com o apelo ao consumismo desenfreado tendo como foco uma data que, para os cristãos, deveria ser de solidariedade e reflexão.

O sociólogo Betinho era um desses, e foi além: denunciou a miséria da fome, e aproveitou justamente o Natal para fazê-la visível. Concebeu e dedicou-se ao projeto Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e Pela Vida, que tinha como um dos desdobramentos a campanha Natal Sem Fome, conseguindo o apoio da população, da mídia e de alguns capitalistas.

Pelo menos no Natal algumas pessoas miseráveis poderiam comer, e isso aliviava a culpa cristã, mas não era suficiente para os que querem a solução estrutural para o problema. A campanha tocada pelo Betinho falou de fome quando as elites se recusavam a dizer que havia esse problema no Brasil. Desembocou na discussão do tema da Segurança Alimentar, que embasou o programa Fome Zero e, posteriormente, o Bolsa Família, para o qual as elites torcem o nariz, mas foi um dos principais pilares do movimento de ascensão social que foi marca do governo Lula.

A miséria está aí, batendo às portas até da rica Brasília, cidade do maior PIB "per capita" do Brasil, como mostra o acampamento de indigentes na entrada da Asa Norte, na foto. Todo Natal famílias inteiras se deslocam para Brasília para ganhar visibilidade e alguns presentes de envergonhados Ebenezer Scrooge, atormentados pelos seus fantasmas, como no "Conto de Natal" de Charles Dickens.

Aeroviários fazem greve, mesmo com limitações

A grande mídia tem que chegar a um acordo: uma parte diz que não teve greve dos aeroviários ontem. Outra diz que teve para justificar a bandalheira que as empresas aéreas fazem em épocas de grande fluxo, do "overbooking" descarado à falta de pessoal para dar conta do movimento, que causa atrasos. Clique aqui para ver fotos da paralização de ontem.

Em tempos normais, a culpa pela desordem nos aeroportos cai na Infraero e no governo, que não investe, etc. Se der pé, tentam até golpe de estado com base no atraso dos bacanas. Ninguém vai às rodoviárias saber se há atraso, nem às estações de trem ou barcas.

O aeroviário é o trabalhador que serve às empresas aéreas nos trabalhos de terra :manutenção, atendimento, processamento de bagagens, manobristas, etc. Quem trabalha dentro dos aviões é aeronauta.

Recentemente as empresas aéreas passaram a reduzir mais seus custos e ampliar lucros com a supressão de pessoal de bordo, ao passarem a cobrar por refeições. De um lado, eliminaram o custo da comida gratuita para o passageiro, de outro diminuiu a necessidade de gente para servir aos passageiros, pois o que se oferece é muito caro e as pessoas não compram.

Nos balcões de atendimento as filas são cada vez mais "administradas", ou seja, todo mundo entre numa fila sem fim, e quando chega a hora de um determinado vôo o funcionário passa tirando dela os passageiros a embarcar. Por falta de gente também, concentram os horários de vôos de modo a explorar mais as equipes de terra. Veja aqui a revista Sobrevoando de out/2010, que dá um panorama das condições de exploração da categoria

Aí vai a nota do Sindicato Nacional dos Aeroviários, informando que a justiça ameaçou com multas diárias de R$ 100 mil as greves com participação de mais de 20% da categoria durante a temporada de fim de ano. Apesar da articulação dos donos de empresas, que se recusam a pagar um reajuste digno aos salários, com a ANAC e a justiça, a categoria protestou ontem dentro dos limites estabelecidos pelo judiciário.

---------------------------------------------------------------------------
http://www.sna.org.br/noticia.php?id_not=179

Publicada em 24/12/2010

Base: Rio de Janeiro

TST não impede greve dos aeroviários

Trabalhadores se unem e promovem paralisação de acordo com determinação judicial


Por Cláudia Fonseca

A determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que proibiu os sindicatos do setor aéreo de promoverem uma greve com mais de 20% de adesão dos funcionários, sob penalidade de multa de 100 mil reais por dia, não foi suficiente para intimidar os aeroviários. No dia 23 de dezembro, os sindicatos da categoria se mobilizaram em vários estados do país e promoveram paralisações de acordo com a delimitação judicial.

Enquanto a mídia noticiava que nenhum movimento ocorria nos aeroportos do país, Salvador teve seus voos parados, enquanto no Rio de Janeiro trabalhadores aderiam ao movimento, que iniciou em torno das 14hs no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim. Pela primeira vez em muito tempo, a iniciativa dos sindicatos teve total apoio do público usuário, que ficou preocupado com a série de denúncias que ouviu dos diretores do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) durante a manifestação.

Dirigentes sindicais questionaram a rapidez da Justiça do Trabalho quando o objetivo visa beneficiar as empresas aéreas, mas sua lentidão na solução dos problemas dos trabalhadores. “Credores do Plano AERUS vão morrer sem ver o seu dinheiro”, berravam no megafone. Também compararam os aumentos salariais absurdos que autoridades políticas deram em benefício próprio, com a incapacidade das companhias aéreas de oferecerem reajuste salarial com ganho real, apesar de terem apresentado lucro espetacular nos últimos dois anos.

Reposição com dois dígitos
Os profissionais da aviação foram informados pela mídia que o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (SNEA) ofereceu reposição salarial de 8%. A categoria afirma que não fecha acordo com proposta que contemple menos de dois dígitos. Trabalhadores reivindicam reajuste de 13%, além de aumento de 30% nos pisos e criação de piso para os operadores de equipamento de viatura.

O SNA deixou claro que essa foi apenas uma batalha, mas a luta continua. Os aeroviários mantêm estado de greve e não vão desistir de suas reivindicações. A categoria pede apoio do público usuário, e lembra que as péssimas condições de trabalho, que envolvem jornadas excessivas, não prejudicam apenas o profissional do setor; colocam em risco também a segurança de voo e a vida dos passageiros.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Rio : Exposição sobre o Islã no CCBB



Está acontecendo no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio, a exposição O ISLÃ. O acervo tem origem em diversos museus do Oriente Médio, em especial da Síria e Irã. Recomendo acompanhar o guia, que tem muitas informações interessantes. A gente que está acostumado a estudar a história da civilização ocidental estranha um pouco, mas se enriquece de informações que permitem entender melhor como funcionam as sociedades islâmicas e combater o preconceito imposto pela mídia pró-americana.

Rio : Teleférico do Complexo do Alemão





Durante a cobertura de guerra feita pelas TVs na ocupação da Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão, muita gente viu bandeiras hasteadas numa estação de teleférico, e outro tanto soube que bandidos fugiram por galerias de águas pluviais tão grandes que uma pessoa andava em pé. Essas duas obras, além de centenas de novas moradias dignas, fazem parte do PAC do Complexo do Alemão, obras que Lula parcialmente inaugurou ontem, andando num trecho da estação de trem de Bonsucesso até a primeira de seis paradas.

As obras são grandiosas. O teleférico será o maior sistema de transporte por cabos da América Latina. A mídia não dá valor porque vai transportar trabalhadores, pobres, gente que, no entender deles, não merece tais investimentos. Agora sem o domínio do tráfico, andar nas gôndolas ficará mais tranquilo, sem aquela sensação de ser "patinho de estande de tiro". Sem a ocupação policial, o teleférico, que é quase gratuito, certamente faria parte do "mix" de serviços a ser explorado por um traficante ou miliciano, como o gás, gatonet, etc.

Vi de perto as estruturas no dia que ocuparam o Alemão. Coisa grandiosa, uma obra de engenharia espetacular. Tomara que o poder público tenha recursos para a sua manutenção, para que não vire mais um monumento ao descaso. A CEF já botou agência numa das estações, e o Banco do Brasil também colocará a sua. O Alemão virou uma espécie de vitrine do cuidado do poder público com os cidadãos, que fortalece a auto-estima das pessoas em outras áreas para também quererem a libertação do tráfico e das milícias. Ontem mesmo a polícia desmantelou uma milícia em Duque de Caxias a partir de denúncias. Tomara que a moda pegue.

DF: Terra arrasada e cara será a herança de Agnelo



Frequento Brasília com assiduidade desde 2004, e de lá para cá a decadência da gestão pública só é tão intensa quanto a especulação imobiliária, também originada na ação governamental. O cenário de Brasília e das cidades-satélites é inimaginável para quem conheceu o Distrito Federal como um padrão de qualidade de vida: hospitais sem leitos, sem remédios, sem médicos; obras viárias inacabadas, muitas suspeitas; trânsito caótico em diversos pontos; segurança deficiente até nas áreas mais nobres, com ocorrência de arrastões; drogas fora de controle, com cracolândias em toda parte; coleta irregular de lixo; grilagem de terras na falta de política habitacional; déficit orçamentário; falta de terminais de ônibus; obra do VLT parada; ruas esburacadas, plano diretor dilapidado, etc. Por fim, um matagal que traga as áreas públicas, dando um ar definitivo de abandono.

Poderia ser pior: Roriz, enquanto era candidato, chegou a prometer que cada casa na periferia poderia ter até 3 andares, piorando muito o problema de infra-estrutura, já que criou várias cidades para atrair, em troca de votos fiéis, milhares de pessoas pobres de todo o país, sem condições de emprego, que hoje constituem o bolsão de miséria em torno do Plano Piloto.

Nesse curto espaço de 6 anos tivemos Roriz, que se elegeu senador e correu para não ser cassado por corrupção, seu sucessor e aliado Arruda, do DEM, que teve como vice um dos maiores especuladores imobiliários do DF, e depois dos escãndalos, Rosso (PMDB), que entrou junto com a festa dos 50 anos da cidade e até agora não disse a que veio, e é aliado de Roriz. Dinheiro na bolsa, na meia, oração de agradecimento por propinas, uma bandalheira explícita que foi rechaçada pela população ao eleger Agnelo, do PT, e nele deposita esperanças de mudança.

O ponto forte de Agnelo será a proximidade com a presidente Dilma, coisa que Cristóvão Buarque, quando foi governador do PT, não teve dos vizinhos habitantes do Planalto. Voltar Brasília ao que era será muito difícil, porque o estrago é enorme, a rede de corrupção e interesses no GDF é endêmica, resistindo de governo a governo, e além de tudo tem o PMDB como aliado, que é um dos responsáveis pelo descalabro.

Ao meu ver, Brasília só dará sinais de vida saudável quando for contida a especulação imobiliária. Aqui o valor dos imóveis, em algumas áreas, cresce até 24% ao ano! Logo teremos por aqui o metro quadrado mais caro do mundo. No novo bairro, o Noroeste, o metro quadrado construído poderá chegar a R$ 14 mil. No Plano Piloto, já está na faixa dos R$ 6 mil, dos mais caros do Brasil. Quem faz a alegria dos incorporadores é o próprio governo, que tem um imenso estoque de terras nas mãos da Terracap e licita lotes a conta-gotas, especulando de forma monopolista.

Vamos ver se Agnelo tem coragem e força política para fazer uma política habitacional focada nas pessoas, que, ao contrário dos políticos, não têm reajustes de 62,8%, liberando terras baratas para tocar programas como o Minha Casa, Minha Vida, dando um choque de oferta que barateie o custo da moradia e melhore a renda disponível para as pessoas. O governante que fizer isso sairá nos braços do povo.

Bispo protesta contra super-salários . Conlutas idem

Mais um pequeno gesto diante da grande violência praticada pelos políticos ao aumentarem abusivamente seus próprios salários: o bispo de Limoeiro do Norte (CE), dom Edmilson Cruz, em pleno Senado, recusou-se a receber a comenda de direitos humanos Dom Helder Câmara em protesto contra o que considerou uma afronta ao povo pobre e sofrido. Do lado de fora, cerca de 130 estudantes, barrados na entrada, protestavam contra a mordomia. Clique aqui para ver mais.

Ainda contra os reajustes, a central sindical CSP-Conlutas, que é independente do governo, lançou um manifesto e abaixo-assinado exigindo a revogação do reajuste, aumento para os aposentados, o fim do fator previdenciário, que não haja uma nova reforma da previdência e que se dobre imediatamente o valor do salário mínimo, conforme texto a seguir:
------------------------------------------------------------------------------

A CSP-Conlutas recolherá assinaturas em todo o país contra o aumento abusivo aprovado pela Câmara dos Deputados e Senado

Não podemos aceitar o aumento aprovado pelo Congresso Nacional para o Legislativo e Executivo. A aprovação desse Projeto de Lei vai representar um reajuste de 61,83% no salário dos senadores e dos deputados federais, de 133,96% para o salário do presidente da República e de 148,63% no do vice-presidente e dos ministros. Aumentos que nenhum trabalhador conseguiu nesse periodo.

Esse reajuste inaceitável para a esfera federal será estendido para as esferas estaduais e municipais, ou seja, vereadores, prefeitos, vice-prefeitos, deputados estaduais, governadores e seus vices.

Esse escândalo torna-se ainda maior quando observamos que os mesmos parlamentares querem reajustar o salário mínimo em R$ 30 em 2011. São eles também que defendem arduamente congelar o salário do funcionalismo federal por dez anos e dizem que dar reajuste aos aposentados superior à inflação vai quebrar a previdência. Os argumentos são a falta de recursos e a tal da austeridade fiscal.

É necessário repudiar essa atitude abusiva dos parlamentares urgentemente. A CSP-Conlutas está encaminhando um abaixo-assinado eletrônico. Envie o texto abaixo para toda a sua lista e depois a envie para secretaria@cspconlutas.org.br

Abaixo-assinado eletrônico

A Câmara de Deputados e o Senado Federal aprovaram, nesta quarta-feira (15), um Projeto de Lei que aumenta os salários dos próprios deputados e senadores, dos ministros do Estado, do vice-presidente e do presidente da República para R$ 26.723,13, valor igual ao salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, teto salarial dos servidores públicos.

Os reajustes variam de 62% a 148%, índices que nenhuma categoria profissional teve direito.

Ou seja, nesse caso, o chamado “equilíbrio das contas públicas”, argumento utilizado para não conceder um reajuste digno do salário mínimo, aposentadorias e pensões não é aplicado para os próprios membros do Executivo e Legislativo.

Essa decisão é um desrespeito com os trabalhadores e com a sociedade brasileira, ainda mais se observarmos que na proposta de orçamento em discussão para 2011, o reajuste previsto para o salário mínimo é de míseros R$ 30,00.

Apesar de ter sido vergonhoso, o aumento contou com o apoio do presidente Lula e da presidente eleita, Dilma Rousseff, e com a aprovação da ampla maioria dos partidos e parlamentares.

Fazemos um chamado a todos os trabalhadores a se manifestarem contra este aumento absurdo. Fazemos um chamado às centrais a denunciar esse escândalo e exigir aumento geral dos salários.

- Revogação imediata do reajuste concedido aos deputados, senadores, ministros, vice-presidente e presidente da República

- Aumento aos aposentados!

- Fim do fator previdenciário!

- Não à reforma da previdência!

- Dobrar imediatamente o valor do salário mínimo!

Assinatura:

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Abaixo-assinado contra aumentos de políticos

Não acredito na eficácia desses abaixo-assinados de internet, mas tem gente que aposta nisso e tem a melhor das intenções, daí colocar o link abaixo para subscrever o texto reproduzido mais abaixo ainda, que pretende mostrar a indignação dos cidadãos com os reajustes absurdos de salários para deputados, ministros e presidente da república. Eu sou do tempo que a gente levava os protestos para as ruas, e exigia a revogação da medida. No "Fora Sarney", tocado no ano passado pela internet, quando se chamou os internautas para as ruas foi um fiasco. Os sindicatos e movimentos sociais, infelizmente, estão dominados pelo governo, e não farão nada contra mais esse abismo criado entre os políticos e os cidadãos comuns.

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2010N4596

Abaixo-assinado contra o aumento nos salários do presidente da República, ministros e parlamentares. Dezembro/2010

Para:Presidente da República Federativa do Brasil; Congresso Nacional do Brasil; Supremo Tribunal Federal; Câmara dos Deputados; Senado Federal

A Câmara aprovou na tarde desta quarta-feira (15/12/2010) o projeto de decreto legislativo, de autoria da Mesa Diretora da Casa, que equipara os salários de presidente da República, vice-presidente, ministros de Estado, senadores e deputados aos vencimentos recebidos atualmente pelos ministros do Supremo Tribunal Federal: R$ 26.723,13. A matéria foi aprovada simbolicamente. O texto será imediatamente remetido ao Senado, para tentar votá-lo ainda hoje. Por se tratar de decreto legislativo, o projeto precisa apenas ser aprovado nas duas Casas do Congresso, e não há necessidade da sanção do presidente da República.
Os novos salários entram em vigor a partir de 1º de fevereiro. O impacto financeiro nos dois poderes - Legislativo e Executivo - ainda estão sendo calculados. Mas só na Câmara estima-se que o aumento nos subsídios dos deputados (na ativa e aposentados) será de cerca de R$ 130 milhões.

Atualmente, deputados e senadores têm subsídios de R$ 16,7 mil. Presidente e vice recebem salário mensal de R$ 11,4 mil e ministros de Estado, R$ 10,7 mil. Os reajustes variam de 62% a 140%.

Há ainda o efeito cascata da medida nas assembleias legislativas nos estados, já que a Constituição estabelece que os deputados estaduais devem ter subsídios equivalentes a 95% dos recebidos por deputados federais. Para aumentar os seus salários, os deputados estaduais também terão que aprovar projetos nas respectivas assembleias.

Esse projeto amplia o abismo entre o Parlamento e a sociedade. É advocacia em causa própria. O percentual de 62% para os parlamentares e mais de 130% para presidente e ministros, diante da realidade brasileira, é evidentemente demasia.

Vamos mostrar a indignação do povo brasileiro quanto ao autoritarismo evidente na manipulação do orçamento e dos recursos provenientes de arrecadação de impostos e cofres públicos.


Os signatários

domingo, 19 de dezembro de 2010

10 estratégias de manipulação midiática

Hoje vi na Globonews uma matéria favorável à presidente eleita Dilma Roussef e ao legado de Lula. Também anunciaram um programa da Míriam Leitão que falará da ascenção das mulheres no Brasil. Não vou me surpreender se passarem "Lula, o filho do Brasil" na TV até o fim do ano. Afinal, que doideira é essa, de uma hora morderem e noutra, soprarem? Para entender melhor a mídia, reproduzi abaixo o texto do linguista americano Noam Chomsky, publicado pelo jornalista Rodrigo Viana no seu blog Escrevinhador :


10 estratégias de manipulação midiática

publicada terça-feira, 23/11/2010 às 10:45 e atualizada terça-feira, 23/11/2010 às 11:02

O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos

Rio : Hospital jogado no lixo

Hoje pela manhã foi implodida uma ala do prédio inacabado do Hospital Universitário da UFRJ. A estrutura estava submetida às intempéries, porque não havia fechamento com paredes, desde a sua construção em 1950. Foram 60 anos de sol, chuva, calor, frio, maresia, poluição, enferrujando o aço e enfraquecendo o concreto. Foi implodido porque representava risco à outra ala, onde há instalações funcionando.

Foram 60 anos de descaso, irresponsabilidade e desperdício na área de saúde num país campeão de índices negativos no setor. O que virou entulho agora representava cerca de 40% do valor do prédio concluído. Com algum recurso a mais a obra poderia parar num estágio seguro para a estrutura. Faltou visão, ação política, interesse público e, por fim, dinheiro. É daquelas coisas que se aprova num orçamento o recurso para fazer uma etapa, e no outro, por alguma razão ou para atender a interesses políticos, deixa de ter continuidade.

Isso está na nossa cultura política. Alguém vai lá, lança a pedra fundamental, leva a obra até a cumeeira, e depois esquece. Nesse tempo, quem a fez já ganhou a eleição que queria, já recebeu a doação da empreiteira para a sua campanha, e que se dane o esqueleto inútil. Conheci uma cidade no interior onde isso era extremo, pois havia duas facções inimigas que se revezavam no poder. O que um começava, o outro não terminava. Aliás, nenhum terminava, porque ao final dos mandatos eram lançadas outras "novidades" para enganar eleitores. Havia dois esqueletos de rodoviária, dois de hotel municipal, dois de hospital, e por aí vai. E a casa do prefeito era sempre a melhor da cidade, sempre perfeitamente acabada.

Também não dá para entender como esse hospital ficou de fora do Programa Reforsus, do Ministério da Saúde. O programa de conclusão de hospitais teve um convênio onde os recursos eram do Banco Mundial, e as maiores obras foram supervisionadas pela engenharia do Banco do Brasil, que controlava da qualidade dos projetos à liberação de recursos. Todas as obras foram concluídas com qualidade, sem desvios de dinheiro. No Rio, o Hospital Pedro Ernesto, da UERJ, entrou no pacote de reformas.

O Reforsus não era só obras: nos pacotes de financiamento havia uma parte dos recursos dedicada ao treinamento de gestão e outra à aquisição de equipamentos. Terminado o programa, o Reforsus virou um "link" morto na página do Ministério da Saúde. Uma equipe de ótimos profissionais foi desativada, pulverizando conhecimentos adquiridos no processo. Foi uma das poucas vezes que vi planejamento e controle das coisas do governo.

O desperdício não para nas obras: na época que participei como supervisor de dois contratos de obras, tive contato com todas as partes interessadas: governos, instituições interessadas, profissionais de saúde, autoridades federais, funcionários, etc. Uma das obras era de um hospital universitário, parada há 20 anos. Quando estava por lá, as pessoas diziam coisas tipo "duvido que terminem, pois há 20 anos se batalha verba e não tem", e mesmo coisa mais ofensiva como "vão comer o dinheiro e não vão acabar a obra". Nesse período de 1999 a 2002, ouvi relatos cabeludos de coisas da burocracia que não conseguia acreditar.

Um exemplo grave: num certo hospital foi comprada uma central de ar condicionado de ótima qualidade. Terminada a garantia, teve um problema no compressor que demandou a compra de uma peça. Não havia recurso para adquiri-la no orçamento, que tem rubricas bem especificadas. Mas no mesmo orçamento havia dinheiro para comprar aparelhos tipo janeleiro, e em toda a edificação eles foram instalados, sem os requisitos da central, que tinha filtros, etc. Outro: havia uma carcaça de ambulância num pátio que não podia ser jogada fora porque era de um convênio, tinha que constar do inventário, etc.

O hospital do Rio é a ponta do iceberg de um sistema cheio de desperdícios e politicagem. A meta de dar saúde universalizada de qualidade parece utópica diante dos problemas internos de gestão do sistema e dos externos, de prioridade política. Prédios atraem mais votos que gente saudável, afinal, quando a saúde está boa, ninguém vai ao hospital e nada se barganha em troca disso. Há poucos dias o prefeito de Leme (SP), Wagner Antunes Filho, o Wagão, do DEM, foi denunciado em reportagem da BAND por obrigar os pacientes do hospital municipal a pedir pessoalmente a ele ou a algum vereador autorização para pegar remédios que são fornecidos pelo SUS. Isso não é caso isolado: a indústria da doença rende votos a políticos e clientes aos planos de saúde privados.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Esquenta a guerra cibernética

Só em 2010 a Google teve perdas com um ataque de hackers, dados da diplomacia americana vazaram em grande escala, a China testou o desvio do tráfego telefônico de áreas estratégicas norte-americanas podendo ter pegado dados do Pentágono, Casa Branca e Forças Armadas, e o vírus Stuxnet atacou instalações militares do Irã. O que era guerra-fria começou a esquentar: Julian Assange corre riscos, e hackers o defendem com ataques a empresas financeiras, especialistas iranianos de defesa virtual são assassinados, e outras coisas que a gente não vê mas intui que estão rolando nos bastidores da espionagem.

Governos vêm dedicando cada vez mais verbas a equipes especializadas em guerra virtual, em tempo de paz, porque para ter efetividade numa guerra total é necessário que informações vitais de sistemas dos potenciais inimigos sejam conhecidas. Recomendo ver o documentário do Sem Fronteiras, da Globonews, onde um especialista afirma que num ataque de Israel à Síria o sistema de defesa do país árabe foi iludido, deixando de mostrar a entrada dos bombardeiros.

Um grande problema é saber a origem dos ataques, já que se pode fazer uso de computadores invadidos por hackers em qualquer lugar do mundo. Também é quase impossível saber de o ataque parte de um maluco avulso ou de um governo. Há quem afirme que o Brasil teve um apagão em 2007 por ciberterrorismo, e o advento de novos vírus da categoria do Stuxnet representa um perigo potencial de sabotagem em sistemas nucleares, de defesa, indústrias, etc.

O pior é que a criatividade para a guerra não pára por aí: pesquisas de controle ambiental para fins militares estão em andamento pelo mundo. Clique aqui para ver o Projeto Haarp, desenvolvido pelos americanos, que se suspeita servir a manipulações, pelo controle da ionosfera, de sistemas de vigilância e segurança, além de mudar o clima para causar, por exemplo, enchentes em algum lugar de interesse militar. Dinheiro para combater a fome, ninguém tem, mas para matar pessoas, não falta nunca.

Bancos multados por falta de segurança

Oito bancos foram multados pelo Ministério da Justiça por não cumprirem normas de segurança em agências e postos de atendimento. A maior penalidade foi aplicada ao Banco do Brasil, que recebeu multa de R$ 523,6 mil.

A Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (Ccasp) do Ministério da Justiça, que fixa as penalidades, também multou, pela mesma razão, o Itaú Unibanco (R$ 483,5 mil), a Caixa Econômica Federal (R$ 426,4 mil), o Santander (R$ 379,8 mil), Bradesco (R$ 307,9 mil), HSBC (R$ 65,3 mil), Mercantil (R$ 42,4 mil), e Citibank (R$ 14,1 mil). (fonte: JB On Line)

É o tal negócio: dependendo do porte do banco, os volumes eventualmente roubados são inferiores aos dos gastos com segurança para evitá-los. Vidas e a saúde psicológica dos bancários e clientes são um detalhe que não entra nessa conta nem no balanço de responsabilidade social dos bancos. Isso é o que se chama de relação custo x benefício do capital.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Science : Melhores da década na ciência

A Science Magazine, revista semanal publicada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) de hoje, traz em destaque as idéias mais geniais (insights) da década e a descoberta do ano. As dez mais da década são:
- Luzes sobre o genoma obscuro - Desde a conclusão do sequenciamento do genoma humano em 2001, cientistas descobriram que importantes informações e funções podem estar no material existente entre os genes (DNA lixo);
- Cosmologia de precisão - o entendimento do universo ganhou nesta década uma teoria padrão que deu à cosmologia a condição de ciência precisa, deixando de ser apenas qualitativa;
- Estudo de DNA fóssil - métodos de pesquisa em biomoléculas de fósseis (DNA, colágeno) abriram novos campos de pesquisa, trazendo informações sobre seres vivos desaparecidos há milhares de anos.
- Água em Marte - seis missões espaciais na década deixaram claro que Marte já teve água em estado líquido, provocando erosões, e possivelmente sustentando a origem de vida.
- Reprogramação celular - pesquisadores descobriram como transformar uma célula de sangue ou pele em uma célula pluripotentes, com potencial para se tornar qualquer célula do corpo.
- Microbioma - Mudou a maneira de ver a ação de micróbios e vírus que habitam os corpos humanos. Cerca de mil espécies, com informação genética 100 vezes maior que a humana, constituem 90% do nosso corpo, e o estudo as relações intercelulares do microbioma pode trazer mais informações sobre doenças.
- Planetas fora do sistema solar - a descoberta de quase 500 exoplanetas na década e da provável abundância no universo de planetas como a Terra criou expectativas de possibilidade de existir formas de vida e melhorou o entendimento da formação de sistemas solares.
- O lado obscuro das inflamações - até esta década associava-se um papel benigno às inflamações, como reconstrutora de tecidos danificados por trauma ou infecção. Agora inflamações são associadas também à ocorrência de doenças como cancer, diabetes, obesidade, doença de Alzheimer, aterosclerose.
- Manipulação da luz e invisibilidade - a criação de "metamateriais" com propriedades óticas bizarras pode permitir, através da transformação ótica, a criação de "mantos de invisibilidade" como na ficção científica.

- Aquecimento global induzido por humanos - na última década os climatologistas convergiram para concluir que o aquecimento global existe, que fenômenos naturais não estão explicam sua ocorrência e que a ação humana é a responsável por isso. O fim da incerteza sobre as causas do aquecimento pode levar a ações políticas mais efetivas.

Para a Science, o destaque de 2010 foi a Máquina Quântica, que abre caminho para uma gama de experimentos sobre as estranhas regras que regem a mecânica quântica ou sub-atômica. Segundo seus inventores, novas pesquisas podem um dia fazer com que um objeto seja colocado em dois lugares ao mesmo tempo ou que uma pessoa possa atravessar um muro. O vídeo deste link (Breakthrough of the year 2010 - The first quantum machine) explica tudo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Mombuca (SP) - Prefeito do DEM preso por receptação

Mais um desses casos que a gente vê na TV, que cita o nome do prefeito, o crime, mas não diz de que partido é. Demorei a achar na internet que o prefeito de Mombuca (SP), Marco Antônio Poletti, é filiado ao DEMO. Na sua casa, foram encontradas pela polícia duas máquinas retroescavadeiras e um carro roubado. Apesar de dizer que comprou de uma empresa, foi preso em flagrante por crime de receptação de roubo e ficou na cadeia. Alô Globo, alô Band, que tal dizer a sigla partidária do elemento?

"Banqueiros na prisão ou economia não se recupera", diz Nobel de Economia

O economista Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, sugere que sem o fim dos crimes de colarinho branco no setor financeiro os governos continuarão injetando dinheiro para recuperar bancos sem bons resultados. No mundo inteiro os banqueiros, responsáveis pela crise, são poupados, enquanto empregos são eliminados e salários são rebaixados. O texto abaixo é do site Carta Capital:
----------------------------------------------------------------------------


Stiglitz: Ou mandamos os banqueiros para a prisão, ou a economia não vai se recuperar"

Como não se cansaram de repetir o economista James Galbraith e o economista e penalista William Black, não podemos resolver a crise econômica, a menos que ponhamos na cadeia os delinquentes que cometeram atos fraudulentos. E o ganhador do prêmio Nobel de Economia, George Akerlof demonstrou que a negligência em castigar os delinquentes de colarinho branco e, a fortiori, resgatá-los, cria incentivos para que se cometam mais delitos econômicos e para que se proceda a uma destruição futura da economia. Outro Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, acaba de dizer a mesma coisa.

No dia 20 de novembro, Stiglitz declarou o que se segue ao Yahoo’s Daily Finance:

É um assunto realmente importante e nossa sociedade deve compreender cabalmente. Supõe-se que o sistema jurídico é a codificação de nossas normas e de nossas crenças, do que temos de fazer para que nosso sistema funcione. Se se percebe o caráter explorador em nosso sistema jurídico, então a confiança em todo o sistema começa a erodir. E esse é na verdade o problema que temos agora.

Uma multidão de práticas predatórias estão em vias de continuar como se nada tivesse ocorrido no sistema de crédito para a compra de automóveis. Por que está tudo bem para os maus empréstimos no setor automobilístico e não no mercado hipotecário? Há alguma razão de princípio? Todos sabemos a resposta: não. Não há razões de princípio, há razões de dinheiro. São as contribuições para as campanhas eleitorais, a troca de favores, as portas giratórias entre a política e os negócios, todas essas coisas.

O sistema está neste momento desenhado para estimular esse tipo de prática, apesar das multas [a referência é o ex-executivo da Countrywide, Angelo Mozillo, que acaba de pagar 10 milhões de dólares de multa, uma ínfima parte do que ganhou fradulentamente, porque ganhou centenas de milhões de dólares].

Conheço muita gente que diz: é um escândalo que tenhamos tido mais supervisão, controle e prestação de contas nos anos 80, quando se deu a crise de crédito e o arrocho, do que agora. Sim, aplicamos multas neles. E qual é a grande lição que se tira disso? Comporta-te mal, e o governo ficará com 5% ou 10% dos lucros mal havidos, que estarás muito tranquilo em casa, com várias centenas de milhões de dólares que ainda restarão para ti, depois de pagares umas multas que parecem enormes, mas que na verdade são muito pequenas em relação à quantidade de dinheiro que conseguiste embolsar.

O sistema está configurado de tal modo, que mesmo que te peguem, o castigo é apenas uma ínfima parte do que levas para a tua casa. A multa é apenas um custo a mais do negócio. É como uma multa de estacionamento. Às vezes decides estacionar mal sabendo que levarás uma multa, porque começar a dar voltas ao redor do estacionamento leva muito tempo.

Eu acredito que deveríamos fazer o que fizemos nos anos 80, com a crise de crédito e o com o arrocho, e pôr na cadeia um bom número destes tipos. Acredito nisso absolutamente. Não são apenas delitos de colarinho branco, ou pequenos incidentes. Há vítimas reais. É disso que se trata. Houve vítimas no mundo inteiro.

Ou acreditamos que esses tipos que nos meteram no atual estado de coisas mudaram realmente de atitude? Muito pelo contrário. Escutei alguns discursos que diziam: “Na verdade, não fez nada de realmente errado. Não fizemos as coisas muito bem. Mas nossa compreensão desses assuntos é bastante razoável”. Se pensam de verdade isso, estamos numa confusão realmente tremenda.

[A dissuasão do delito] tem aspectos distintos. Os economistas se concentram inteiramente na ideia dos incentivos. Às vezes as pessoas têm incentivos para se comportarem mal, porque podem ganhar mais dinheiro se dão calote ou se metem em atividades fraudulentas. Se queremos que nosso sistema econômico funcione, temos de nos assegurar de que nosso sistema econômico funcione, temos de nos assegurar de que o ganho com a fraude seja anulado pelo sistema de castigos e multas.

Por isso, no caso de nossa legislação anti-oligopólica, amiúde não detemos as pessoas quando elas se comportam mal, mas quando o fazem e podemos dizer que há danos constatáveis. Então, pagam três vezes o dano que causaram. É uma forma muito radical de dissuasão.

Desgraçadamente, o que estamos fazendo agora no caso desses delitos financeiros recentes são muitas frações – frações! – do dano direto causado, e uma fração ainda menor do dano social total. Quer dizer, o setor financeiro levou verdadeiramente o a economia global à bancarrota, e se levarmos em conta todos os danos colaterais, estamos falando já realmente de bilhões de dólares.

Mas se pode falar num sentido ainda mais amplo de dano colateral, ao qual não se tem prestado atenção. É a confiança em nosso sistema jurídico, no império da lei e do Estado de Direito, em nosso sistema de justiça. Quando se faz o Juramento de Lealdade [constitucional nos EUA], diz-se “justiça para todos”. Pois bem: as pessoas não têm segurança de que tenhamos justiça para todos. Alguns são detidos por algum delito menor de droga, e dão com os ossos no cárcere por muito tempo; mas quando se trata dos chamados delitos do colarinho branco, que não deixam de ter vítimas, quase nenhum dos sujeitos que os perpetram acaba atrás das grades.

***
Permita-me um outro exemplo que ilustra até que ponto nosso sistema jurídico descarrilhou, contribuindo para a crise financeira.

Em 2005 aprovamos uma reforma do processo de falência. Foi uma reforma defendida pelos bancos. Foi concebida para permitir legalmente o empréstimo – o mal empréstimo – a pessoas que não entendiam do assunto e basicamente destinada a estrangulá-las. A espoliá-las. E poderíamos tê-la chamado com justiça de “a nova lei de servidão permanente”. Porque é o que era, na realidade.

Permita-me que conte brevemente o quanto má era essa reforma. Não acredito que os estadunidenses entendam até que ponto era tão má. Ela realmente torna muito difícil que as pessoas consigam liberarem-se da dívida. O princípio básico nos EUA do passado era as pessoas terem o direito de começar bem a vida. As pessoas cometem erros. Especialmente quando são presas de espólio. E então têm direito a voltar a começar bem. Apaga-se a conta e se começa uma nova. Paga o que pode e volta a começar. Agora, se o fazes mais de uma vez, então é outra coisa. Mas ao menos, enquanto andam soltos esses emprestadores predadores, deverias conservar o direito de voltar a começar sem encargos.

No entanto, os bancos dizem: “Não, não e não; não podes liberar-te de tua dívida”, ou não podes livrar-te dela tão facilmente.

***

Essa é a servidão permanente. E criticamos os outros países por permitirem esse tipo de servidão duradoura, o trabalho escravo. Mas nos EUA instituímos isso em 2005, sem sequer promover um debate público sobre as consequências. O que essa lei fez foi animar os bancos a realizarem empréstimos ainda piores.

***
Os bancos pretendem que acreditemos que não fizeram empréstimos ruins. Negam-se a aceitar a realidade. É um fato que alteraram os critérios contábeis, de modo que os empréstimos prejudicados pela incapacidade dos devedores de pagarem o que devem se contabiliza da mesma maneira que as hipotecas que são pagas em bom prazo e sem mora.

De modo que toda a estratégia dos bancos consistiu em esconder as perdas, seguir enganando e em conseguir fazer com que o governo mantenha os taxas de juros realmente baixas.

***

Resultado: se toleramos essa estratégia, terá de se passar muito tempo antes que a economia se recupere.

Tradução: Katarina Peixoto

Jandira (SP) : Mídia esconde crimes tucanos

Acabei de assistir uma reportagem de uns 5 minutos no Jornal da Band sobre a morte do prefeito de Jandira (SP). Mostraram que um vereador também já foi assassinado, mais outra pessoa foi morta, hoje um secretário foi preso. Mostraram que o prefeito pagaria mensalão aos vereadores e que teria feito acordo com duas máfias de caça-níqueis para instalar máquinas na cidade, e que o seu assassinato seria porque resolveu romper acordo com uma delas. Em nenhum ponto da reportagem falaram que esse povo é do PSDB. A Globo também omite o partido dos envolvidos.

Quando é para falar da morte dos prefeitos do PT, grandes espaços são dados ao levantamento de suspeitas de crimes envolvendo petistas. Quando é com os tucanos, ninguém fala nada da filiação dos envolvidos. É que nem temporal em São Paulo: quando tudo fica submerso, a culpa é do excesso de chuvas, e não da falta de competência de 16 anos de gestão tucana. Nessa hora, governador e prefeito não têm nada a ver com as enchentes, e também não têm partidos.

Brasil escapa de arrocho mundial de salários

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o ritmo de crescimento de salários reduziu em todo o mundo com a crise internacional. Exceção foi o Brasil, que teve aumento real do salário mínimo em plena crise, e aponta para não ter arrocho. Mais informações em
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101214_oit_trabalho_br.shtml