quarta-feira, 17 de outubro de 2012

VIAGEM : De Seul a Pequim

Saímos do hotel no centro de Seul para o aeroporto de Incheon às 10h, para pegar o vôo das 13:05h para Pequim. Como se gasta na viagem da Seoul Station até o aeroporto cerca de 1h, o tempo estava razoável para deslocamento. Precisamos pegar o metrô no trecho de uma estação, e com malas na mão a coisa complicou: praticamente não há escadas rolantes descendo nem elevadores nas linhas mais antigas do metrô. Perdemos tempo nisso, e chegamos à Seoul Station às 10:30h. Lá tivemos que correr a imensa estação até o trem, pois o metrô para longe. Ainda chegamos a tempo de pegar o trem das 10:47h. Como o percurso leva uns 55 min, seria tranquilo chegar com mais de uma hora ao aeroporto antes do vôo.

O problema é que fomos vítimas da falta de informação, um problema crônico da Coréia. Na estação central de trens há, na verdade, duas plataformas para o aeroporto. Uma é a linha da AREX, expressa, que vai direto e sai a cada 20min aproximadamente. Outra é a Gieonggi Line, onde se tem que trocar de trem na estação Digital Media City e pegar o trem da AREX. Foi aí que perdemos bastante tempo, esperando a composição da Gioeonggi Line e depois esperando o outro trem para o aeroporto. Moral da estória: chegamos a Incheon às 12:10h, corremos até o guichê da Air China, mas eles tinham acabado de encerrar o check-in, e perdemos o vôo. Aí veio a boa surpresa: o funcionário do balcão já foi apresentando a solução, um vôo às 15:30h, e fez a mudança das passagens. O mais importante: sem cobrar mais nada!.

Com esse adiamento inesperado tivemos tempo de conhecer melhor o aeroporto, que tem no setor de embarque internacional lojas de praticamente todas as grandes grifes de moda. Mais de uma até. E uma loja com artesanato coreano e palco para shows ao vivo. Assim como em Narita, o aeroporto oferece água potável em bebedouros e até lentes de aumento para os turistas enxergarem os mapas no balcão de informações. Se a gente bobeasse, perdia novamente o vôo, porque ao procurar pelo portão de embarque descobrimos que as indicações nos levavam a uma estação de trem para deslocamento até outro terminal.

O vôo lotado atrasou um pouco. O serviço de bordo da Air China foi impecável, da atenção do pessoal à qualidade da comida, se é que se pode avaliar a partir de um tipo de empadão oferecido no lanche. Poltronas com razoável conforto para as pernas, mesmo na classe econômica. Cerca de 1:50 h de vôo. Chegamos a Pequim (ou Beijing) às 16:50h (já considerado o desconto de 1 h do fuso horário). Assim que cruzamos o Mar da China e entramos no continente deu para ver o tamanho das cidades, com verdadeiros nichos de prédios altos e galpões de fábrica praticamente sem intervalo até a capital. E a névoa alaranjada, similar à poluição de São Paulo que se chega em época de inversão térmica. E o gigantismo do aeroporto também.

Passamos pela imigração sem problema nenhum, nem uma pergunta. Esquema cara-crachá e carimbo, deixando as digitais e a foto na hora. Mais um aeroporto onde antes de tudo se passa pela frente de câmeras com sensibilidade térmica, que verificam se o passageiro está com febre ao chegar, herança do tempo da gripe aviária (SARS). Da imigração se pega um trem até o outro terminal, onde são recebidas as bagagens. O aeroporto tem boa informação em inglês. No setor de informações o máximo que se consegue são mapas de Pequim e nada mais sobre outras regiões ou mapa geral da China.

O primeiro sufoco veio na aquisição de moeda local, o Renmimbi, nome oficial do Yuan. Já tínhamos caído na real quando tentamos pagar com Visa Travel Money ou com cartão internacional uma compra no free-shop e não conseguimos. Sabíamos que haveria dificuldades com cartões na China, mas não logo de cara assim. Corremos 3 caixas eletrônicos no desembarque e nada de conseguir sacar. No setor de embarque, ao lado do guichê F18 da Air China uma máquina do Standard Chartered veio a nos salvar. Aproveitamos para sacar logo bastante dinheiro prevendo novos sufocos com os cartões.

Pegamos o trem expresso por 25 RMB (remimbi é o nome oficial do yuan, e adotamos para cálculo a divisão aproximada por 3), ou seja, uns 8 reais, que saiu do terminal 3, passou pela estação dos terminais 1 e 2 (uma só) e seguir para o centro. Ou quase centro, porque Pequim tem anéis retangulares concêntricos, e a estação Sanyuanquiao, fica aproximadamente no quarto anel. Dela se pode pegar o metrô da Linha 10, que tanto serve aos hotéis próximos ao Parque Olímpico (tem que fazer nova conexão) ou os mais afastados da Cidade Proibida, que é o centro propriamente dito, pelo lado leste. Seguimos mais adiante até a estação Dongzhimen, onde mudamos para o metrô da linha 2 (circular) até estação Jionguomen.

Até aqui, tudo sem problemas. O esquema de compra de tickets de metrô é o mesmo do Japão e Coréia. O procedimento é apertar o botão de opção em inglês, escolher a linha, depois a estação, aí aparece o valor de incríveis 2 RMB (isso mesmo, cerca de R$ 0,70) pelos quais se anda praticamente toda a cidade, escolhe-se o número de tickets, coloca-se uma nota (em geral só aceitam 5 ou 10 RMB) ou moedas, e caem os cartões e troco. Depois é só passar o cartão na catraca (num local em cima), guarda-se o cartão, acompanha-se a chegada da estação pelos displays em cima das portas (e mensagens em inglês pelo som) e pronto. Chegando à estação de destino, basta colocar o cartão numa ranhura da catraca e sair.

O visitante logo percebe uma forte presença de policiais em todos os lugares públicos e em postos por toda a cidade. Não se entra em metrô, trem ou avião sem uma bolsa passar por máquina de raios-X. Um nível de segurança bem superior até ao de Moscou, o mais rigoroso que vimos até aqui, mais que EUA ou Europa. Se foi legado da Olimpíada de 2008, ótimo. Isso deve inibir bastante a circulação de armas pela cidade. Outra coisa sensível de imediato é que as filas não existem na prática, apesar dos metrôs terem displays mostrando vídeos de boas maneiras o tempo todo. Acho que já vimos isso antes, no Brasil. É empurra-empurra para entrar e sair do trem, sem os que entrem esperarem a saída dos que saltam.

Ao chegar a Jianguomen começou a bater a realidade. Na saída do metrô não havia praticamente informações além do mapa com arredores, tudo em chinês. Pedimos ajuda aos policiais, e percebemos uma boa vontade que fez um perguntar ao outro até chegar a um passageiro que falava inglês para nos explicar. O cara pegou o celular, acessou o mapa da cidade em chinês, achou nosso hotel e fez a correta indicação. Depois foi só caminhar. Mesmo assim, ao chegar perto tivemos que pedir novas informações na recepção de um hotel luxuoso, e simplesmente ninguém falava inglês. Chamaram o carregador de malas que entendeu o que escrevi e nos levou à rua para explicar por gestos a localização. Mais uma vez prevaleceu a boa vontade das pessoas, acima da barreira linguística. Esse percurso do aeroporto ao hotel levou cerca de 1,5 h. O trem expresso levou uns 30 min.

No hotel exploramos logo os limites da Internet, sabendo de restrições de acesso a blogs, twitter, facebook e a pesquisas no Google. Isso é real. Achamos até que tinha problemas com e-mails, mas era problema de rede do hotel. Abrimos IG, Yahoo, Gmail normalmente. Picasa até agora não abriu, por isso mando fotos por e-mail. Para postar em blog ou Facebook o caminho é mandar e-mail a alguém de fora para fazer isso. Mesmo assim, sem saber o que se vai comentar, porque não dá para ver nada. É o caso deste post. Aqui há aplicativos locais que são usados pelos chineses, similares aos de redes sociais e ao Google.

Saímos à rua para pesquisar o entorno. Zona hoteleira, preços de conveniência, verdadeiros disparates. Compramos o que era necessário e comemos no hotel. No dia seguinte achamos um supermercado e pudemos ver como os preços são realmente baratos. Em Pequim uma pessoa consegue fazer uma refeição simples na faixa dos R$ 3. Para evitar ficar comendo coisas desconhecidas e pagar uma nota em restaurantes turísticos encontramos nas lojas de conveniência pratos feitos, custando de R$ 2,60 a R$ 6,00, que a gente pede para esquentar no microondas e come bem quentinho no quarto, acompanhado de uma cerveja de 0,5 L na faixa dos R$ 1,50. O café da manhã do Ibis custa 30 RMB (R$10) e é um verdadeiro almoço.

O chato é escrever com atraso para os amigos de fora daqui, até porque as cidades são gigantescas (Pequim tem 23 milhões de habitantes) e a gente acaba não cumprindo as programações sem fazer uma grande correria, faltando tempo para escrever depois. De qualquer forma passamos 5 noites em Pequim e já vamos para o segundo dia em Shanghai (ou Xangai) gostando muito da viagem. Tem muita coisa interessante, digna de comentários. China não é coisa para passar apenas 23 dias, como planejamos. É um mês no mínimo em cada cidade.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Fotos & Fatos 0001 - Samsung Gangnan Style

Seul (Coréia do Sul) - Avenida em Gangnan - tirada em 10-10-12

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Venezuela : Chávez derrota direita em todo o país

Não morro de amores pelo estilo Hugo Chávez de caudilhismo, mas ver a direitona apoiada pelos Estados Unidos derrotada não tem preço. Se forem pesquisados jornais e vídeos do início do ano, os urubus da mídia do capital diziam que Chávez não sobreviveria do câncer para poder ser eleito e outras azarações. O tratamento em Cuba foi um sucesso, para duplo desespero desses agourentos. Aqui no Brasil a mídia colonizada diz que "a Venezuela ficou dividida".

O mapa eleitoral da foto mostra que Chávez ganhou em quase todo o país, e meteu uma diferença de 10% sobre o seu fascistóide opositor Henrique Caprilles, o José Serra da Venezuela, que deve estar agora procurando maneiras de contestar o resultado e conseguir apoio para golpear a eleiçaõ. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Viagem : De Tóquio a Seul

Para quem viaja de avião o trecho entre os aeroportos de Narita (Japão) e Incheon (Coréia) parece perto do ideal. Saindo de Tóquio há várias opções para chegar a Narita. A mais curta é o trem expresso que sai da estação de Ueno, e leva 47 minutos. Há os trens da Japan Railwais que partem das estações de Tóquio, Shinjuku e outras, levando no mínimo 1 hora.

Os ônibus tipo limousine custam o mesmo que os trens da JR (3000 iens, uns R$ 75) levam em torno de 80 minutos, passam em frente a diversos hotéis e saem de variados pontos da cidade. Tomamos essa opção pela praticidade de não arrastar malas por um trecho muito grande até a estação de trem. Não usamos táxi, cuja bandeirada começa de mais de 700 iens (uns R$ 18) e o km rodado também é caro.

A viagem de ônibus é uma espécie de city-tour informal. Pega a via do litoral, passando por várias ilhas, pelo porto, pela Disney, numa auto-estrada sem maiores problemas com tráfego bem disciplinado. Saímos de Shinjuku às 9:20 e chegamos ao Terminal 1 asa Norte de Narita às 10:45. Esses ônibus partem a cada 20 minutos. Os trens da JR também têm intervalo parecido. Muito confortáveis.

O aeroporto de Narita tem 2 grandes terminais. O terminal 1 serve principalmente às grandes alianças aéreas. O terminal 2 é mais usado pela empresa japonesa ANA, entre outras com destinos internacionais. O aeroporto é moderno, mas não causa a sensação de tumulto, pois tem o teto muito alto e é naturalmente iluminado. Segurança por todo lado, ostensiva. Fiquei sentado uns 20 minutos e a lata de lixo próxima foi vistoriada pelo menos 3 vezes por policiais em busca de artefatos terroristas. A internet wi-fi é gratuita, bastando cadastrar no site da rede do aeroporto.

Para voar à Coréia do Sul não é necessário visto, mas parece ser obrigatório confirmar à empresa aérea existir uma passagem de saída do país. No nosso caso apresentamos na tela do computador uma solicitação ainda não confirmada do Decolar.com para o trecho Seul / Pequim e colou. Segundo a funcionária da empresa, é permitido ficar na Coréia do Sul até 90 dias para turismo.

De fato, parece que a única inspeção é na empresa aérea, pois ao chegar a Seul a passagem pela imigração não exigiu nenhum diálogo. O funcionário abriu o passaporte, olhou a coleção de vistos anteriores, mandou colocar os dedos indicadores num scanner de digitais, escaneou o passaporte, tirou foto, disse "thank you" e mandou ir. Menos de 2 minutos na imigração. Uns 10, considerada a fila.

O vôo saiu pontualmente às 13:00h e pousou às 14:40h, sobrevoando o Japão na horizontal, segundo o mapa dinãmico disponível no display individual da cadeira, cruzando o Mar da China (ou da Coréia, do Japão, de Taiwan, é aquela briga por ilhotas e nomenclaturas), toda a Coréia do Sul, até chegar à cidade litorânea de Incheon, que dista 58km do centro de Seul.


O vôo da Korean Air foi impecável, lembrando a antiga Varig, para quem teve a oportunidade de voar por essa grande empresa brasileira. Serviço de bordo de qualidade, até com talheres de metal, coisa que só vimos recentemente na russa Aeroflot. Isso na classe turística do Boeing 777, uma máquina fantástica, que fez o vôo com grande estabilidade. O espaço entre cadeiras era excepcional, a ponto de uma pessoa passar da janela ao corredor sem que os demais passageiros praticamente se movessem. Mais espaço que entre poltronas de cinema. Tem porta USB para aparelhos na própria poltrona e porta-casaco, permitindo fazer a marmota hi-tech mostrada em uma das fotos.

O aeroporto de Incheon é muito moderno e grande. No dispensário de bagagens há um enorme display onde a propaganda afirma que pelo sexto ano seguido foi eleito por especialistas o melhor aeroporto do mundo em serviços. Deve ser mesmo. Demoramos pouco no percurso da aeronave à bagagem, e ela já estava lá, girando na esteira. A internet wi-fi também é gratuita e muito veloz. Os celulares e modems à disposição para locação são 4G.

A comparação com Narita é inevitável. A fartura de displays com informações em inglês acabou, embora haja o suficiente. Os mapas do tipo "você está aqui" também não são tantos. O setor de informações também não chega ao nível japonês, sendo disponíveis apenas alguns mapas específicos para ônibus, trens e metrô, alguns com o mapa de Seul em coreano. Se não tivesse vasculhado a cidade pelo Google Earth, teríamos grande dificuldade em localizar o hotel.

Optamos pela ferrovia que leva à estação Seul, distante 800 m do nosso hotel. A viagem completa leva cerca de uma hora, com uma transferência de trem para metrô na estação Digital Media City. O ticket é comprado em máquinas. Compramos dois por 8900 won, moeda coreana que equivale a 555 vezes o valor em reais. Para simplificação conservadora usamos o divisor por 500 para ter idéia de preço. Como dividir por 500 é o mesmo que multiplicar por dois e dividir por 1000, os nossos 8900 won vezes dois viram uns 19000 que são uns R$ 19, no máximo. Bom preço para a distância, comparado ao trecho entre Tóquio e Narita.



A estação central de Seul parece um aeroporto, grande e moderna. Assim como no aeroporto de Incheon, rareiam as indicações em inglês e os mapas de localização de entorno. Parece que o legado da Copa do Mundo não deixou tanta facilidade aos turistas por aqui. Isso se repete nas ruas, onde praticamente tudo que se vê está escrito em coreano.

Saindo da estação, o choque da realidade coreana. Parecia que tínhamos saído da Central do Brasil. O relevo lembra o Vale do Anhangabaú. A pobreza das pessoas (pedintes, mendigos dormindo no chão) e a falta de manutenção dos pisos pareciam mostrar que estávamos entrando num país do futuro propagandeado pelas onipresentes propagandas da Samsung e Hyunday, com um passivo social de terceiro mundo. Bastava abrir um mapa para aparecer um "auxiliar" tentando ajudar e pedir um trocado. As ruas próximas também mostravam uma imundície e desorganização que não vimos em lugar nenhum do Japão. Adeus faixas e sinais de pedestres respeitados, adeus mapas.

Claro que não dá para medir um país tomando como amostra os arredores da Praça da Sé ou da Candelária, mas já sentimos uma diferença que nos fez ativar o modo de segurança padrão carioca: não dar muita informação sobre destino, botar dinheiro e passaporte em locais mais internos da roupa e deixar algum dinheiro disponível em local acessível, o "dinheiro do ladrão". Nada de malas de bobeira, evitar abordagens. E assim fomos andando com o auxílio da bússola do celular (GPS não funcionou mais uma vez) e com alguns pontos referenciais que estudamos antes.

Nosso hotel fica no meio de uma área comercial que a princípio assustou dado o choque inicial do entorno da estação. Quarto pequeno, cerca de 3 x 4m, banheiro pequeno com banheira que não cabe uma criança, porém cheio de aparatos tecnológicos, em especial de segurança, o que reforçou o nosso pré-conceito a respeito de estarmos num lugar inseguro. Pela cidade também vimos muito policiamento ostensivo, o que indica que também há criminalidade endêmica.

Era o hotel que tinha com a localização desejada, porque no planejamento não associamos uma variável que se mostrou incômoda: o calendário da Fórmula 1. Isso nos atingiu na seleção de hotel em Osaca (GP do Japão em Suzuka, que fica perto), e agora do da Coréia, que acontecerá aqui no dia 14/10, próximo fim de semana. A gente só vai ficar até quinta, mas o circo da Fórmula 1 já está na área preparando a corrida e enche hotéis.

Deixadas as coisas no hotel, partimos para o reconhecimento cauteloso do entorno, e nossas primeiras impressões foram se dissipando, sem baixar o nível de alerta. Estamos bem perto da prefeitura, no meio dos principais hotéis de luxo, embora o nosso seja num prédio antigo. Andamos na rua até umas 11 da noite, jantamos vendo um jogão de beisebol (devia ser, porque no restaurante o povo caiu no saquê e torcia como final de futebol) entre o Giants e o Bears locais, voltamos caminhando e tudo bem.

No restaurante também conhecemos o hashi de metal, pós-graduação em oriente para quem sequer aprendeu a comer com os de madeira. A dona do restaurante delicadamente me trouxe um garfo.

O único stress da viagem ficou por conta da E-Dreams, onde tentamos comprar a passagem. Como temos acesso à internet praticamente restrito ao hotel e não há tempo para ler e-mails, o que entendi pelo tópico ser a confirmação da compra da passagem Tóquio-Seul era na verdade um pedido para mandarmos cópias escaneadas dos passaportes e do cartão de crédito, uma coisa absurda de se pedir para alguém que está em trânsito. Mandamos tardiamente, e acabamos comprando a passagem no guichê do aeroporto, porque não existia reserva. Mandei 3 e-mails falando do absurdo, encaminhando os documentos e finalmente pedindo que não fizessem mais nada porque já havia comprado. Recebemos à noite o comunicado da E-Dreams dizendo que não foi possível fazer a reserva. Ainda bem. Livrou-nos a apurrinhação de brigar pelo estorno de pagamento. 

domingo, 7 de outubro de 2012

Eleições 2012 : Pesquisas falham novamente

No sábado havia duas pesquisas em São Paulo apontando resultados diferentes. Uma dizia que Russomano estava bem à frente de Serra e Haddad, mas caindo, depois de ter ficado por meses na dianteira crescendo. Outra mostrava números muito próximos entre Serra e Russomano, com Haddad em terceiro. Abertas as urnas, Russomano ficou em terceiro. bem abaixo de Serra e Haddad. Se erram grosseiramente assim, para que servem as pesquisas, senão para a manipulação?

Ainda sobre eleições, mesmo estando longe duplamente (em Brasília não tem eleição e estou muito longe de lá), é de comemorar o avanço da militância de, esquerda no Rio, que deu a Marcelo Freixo (PSOL) 30% dos votos, contra o rolo-compressor do atual prefeito Paes, que teve apoio do governo federal, estadual e tem baixa rejeição pelas obras que realizou e deixou para realizar no próximo mandato. Bom também para o Rio foi o enterro da dupla Rodrigo Maia / Filha do Garotinho, com menos de 3% dos votos. O PV de Gabeira não conseguiu nem 2%, enterrando de vez o pseudo-esquerdismo verde.

Em Fortaleza a militância que ainda vive no PT levou Elmano Freitas ao segundo turno, enterrando o DEM, mas disputando muito proximamente com a direita travestida de PSB, de Ciro, Cid e que certamente terá o apoio de Tasso Jereissati no segundo turno. 

sábado, 6 de outubro de 2012

Japão : O saquê das sextas-feiras

Tóquio - bares em Ueno
Na sexta passada vimos em Osaca e ontem aqui em Tóquio como os bares lotam de pessoas vindas do trabalho para beber saquê literalmente até cair pelas ruas. Beber na sexta é uma coisa bem normal entre colegas de trabalho (tem gente que faz isso todo dia), mas é muita cerveja, e para alguém sair do bar às quedas é coisa para três da manhã.

Por aqui as cenas lamentáveis de pessoas em geral bem vestidas cambaleantes andando nas ruas acontecem às 10 da noite! Isso depois de muita gritaria, gargalhadas e de pagar micos em karaokês. Parece institucional, socialmente aceito, esse hábito, como uma válvula de escape para as tensões do cotidiano. O que parece variar numa comparação entre a nossa cervejinha e o saquê deles é o nível de estresse a que eles estão submetidos, que parece ser mais alto.

Tóquio : cardápio indecifrável para nós
Falando em biritar em Tóquio numa sexta, devem ser evitados os ambientes fechados, porque o nível de ruído é muito elevado, contrastando com o silêncio cotidiano que presenciamos em todos os locais públicos nas outras ocasiões. Até em ônibus ou metrô é proibido falar em celular. Ouvir música alto em transportes públicos, como vemos em alguns lugares do Brasil, nem pensar. Fora o cheiro de cigarro, que aparece mesmo com proibições.


Há lugares com mesas e cadeiras nas calçadas, raros pelos principais centros da cidade, mas presentes em Ueno, por exemplo, nas ruas vizinhas às linhas de trens. Ou mesmo no agitado Shinkuju, onde experimentamos um boteco sem cadeiras, com mesas improvisadas em latões de óleo, onde rola cerveja com tira-gostos indecifráveis e gostosos que são pedidos através de apontamento (tipo "quero aquilo ali"),  mas de ambiente leve, mais agradável.

Conseguimos até bater um bom papo com japoneses e um casal de suecos, falando a mesma língua que unia a todos : o "bad english". Bom para combater o calor de 30 graus mesmo com a cerveja custando na base de 10 reais (380 ienes) a caneca de 500 ml. No supermercado, o latão de 500 ml da mesma cerveja Asahi super dry, japonesa muito boa, está na base de 280 ienes, ou uns R$ 7,50. Observação muito importante: não tem 10% em canto nenhum. 

Eleições 2012 : Dinheiro vence de novo

Eleição virou Réveillon : a cada edição renovam-se as esperanças, faz-se promessas e no momento seguinte tudo fica igual. Nestas eleições a política ficou longe dos palanques, mais uma vez. Ideologia? Vote em mim, e fim.

Dinheiro farto (legal ou ilegal) bancado de alguma forma pelo eleitor irriga campanhas caras que elegerão não os melhores, mas os que montaram melhores esquemas com cabos eleitorais, candidatos bois-de-piranha para fazer votos na legenda, compra de votos, etc.

No fim vencerá o dinheiro eleitoral, que não costuma atender aos anseios de quem mais precisa do amparo do estado. Assim é o sistema, onde aqui e ali se elege alguém bom, mas a regra geral é da vitória dos esquemas. 

A direita e a relação de amor e ódio aos tribunais

O julgamento do mensalão está servindo para mostrar mais o caráter (ou a falta dele) da extrema-direita que faz campanha golpista pela internet. Tenho recebido e-mails de gente que sei ser racista, escravagista mesmo, defendendo o ministro Joaquim Barbosa, que é negro, nomeado por Lula, até para presidente da república, porque está agindo como promotor anti-petista no caso do mensalão.

Inventam até que os militares montaram um esquema para defender Barbosa, que teria sua vida ameaçada por petistas e outras baboseiras paranóides. Quando os ministros não votam com o relator, recebem a ira destemperada de outros e-mails, como o relator Lewandovski e o ministro Dias Tófoli. Querem processos, destituição e que se afastem a partir de uma alegada inidoneidade e parcialidade pró-petista.

Por que essa relação de amor e ódio da extrema-direita com o judiciário? Uma explicação é que de tempos em tempos chega ao Supremo algum tipo de processo falando em rever a lei da Anistia. Em outros países latino-americanos, onde as próprias ditaduras militares se auto-anistiaram com leis desse tipo, os juízes das supremas cortes as tornaram sem efeito, permitindo o julgamento dos criminosos que torturaram, estupraram, mataram, perseguiram e fizeram sumir muita gente nesses períodos de exceção.

A direita não dorme no ponto, e sabe que a última cidadela de defesa de muitos dos seus é o supremo. Quando a Comissão da Verdade terminar seu trabalho, é previsível que pressões sociais exijam punições, e quanto mais eles conseguirem denegrir e afastar será melhor para manterem a impunidade. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Japão : Suásticas budistas

Desde que comecei a planejar a viagem encontrava nos mapas japoneses suásticas representando templos budistas. Ontem, visitando o templo Senso-Ji em Asakusa (Tóquio), o mais belo que vimos até aqui, entre milhares de turistas do local vi alguns judeus andando em meio a uma grande fartura de suásticas, que não são as do nazismo alemão, mas um espelhamento do símbolo. O símbolo recebe no Japão o nome de "manji".

Não sei o que pensaram daquilo, mas do jeito que o mundo anda, com gente revendo até a obra de Monteiro Lobato porque tem coisas que se analisa sua obra hoje como racista na época da publicação, como se bastasse isso para acabar com o racismo implícito de hoje, logo aparece alguém querendo que os budistas e gente de outras culturas retirem os símbolos milenares porque lembram as cruzes gamadas usadas pelos nazistas. 

Tóquio : Garagens misteriosas

No Japão há carros com duas cores de placas. As amarelas indicam carros de menos de 1000 cilindradas, que gozam de vários benefícios legais. Os de placa branca só podem ser vendidos se o comprador comprovar que tem uma vaga para guardá-lo. Como os terrenos são caríssimos, o jeito é empilhar os carros com soluções criativas, que existem em outras partes do mundo, mas aqui em Tóquio a gente vê nos bairros.


As fotos mostram os carros empilhados num estacionamento em Asakusa que nos deixou intrigados. Como ninguém apareceu para tirar um carro,  e não tem nenhum operador no local, batemos as fotos e em retirada sem entender. Pesquisando depois na internet, conseguimos um filme que explica o mistério, no link de um fabricante de garagens automáticas similares à que vimos:  http://www.youtube.com/watch?v=vVT0EL9nztc&feature=related

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Japão : Suicídios em trens viraram rotina


Hoje íamos a Fukushima, ao norte de  Tóquio, aquela cidade atingida pelo tsunami e pela radiação no ano passado, e tivemos o trem parado na estação Akabane por mais de meia hora sem entender o que se falava pelo sistema de som, em japonês. No nosso vagão parecia que a mensagem era sobre algo banal, algo que no Brasil seria algum sistema de controle que quebrou ou trem velho que parou de funcionar.

Sentindo que a situação não iria ser revertida, e que a passividade dos passageiros refletia normalidade, buscamos outras alternativas para não perder a conexão com o trem seguinte. Saltamos do vagão e fomos à estação, onde vimos num painel que várias linhas estavam paradas por causa de "personal injury", ou lesão a passageiros. Pensamos que era acidente. Replanejei a rota e fomos para o lado oposto visitar a cidade histórica de Kamakura, que fica no litoral além de Yokohama, ao sul de Tóquio.

Durante todo o dia víamos nas estações a mesma mensagem afetando diversas linhas. Ao chegar ao hotel agora à noite tive a curiosidade de saber o que se passava, e por incrível que pareça foi uma menina que se suicidou atirando-se na frente de um trem. Ontem à noite outra pessoa fez o mesmo, momentos depois que saímos do trem em Shinjuku. E, mais incrível ainda, é que os suicídios em trens são tão frequentes que chegam a parar 40 mil trens por ano no Japão, que tem o terceiro maior índice de suicídios do mundo.

Por aqui há o suicídio pela honra, que vem do tempo dos samurais. Segundo estudos do governo, a maior causa é o desemprego. A segunda maior é a perda de qualidade de vida. A depressão vem em terceiro. O suicídio é a maior causa de mortes entre homens de 20 a 44 anos, e é motivo de preocupação das autoridades. Duas fotos mostram o sistema de barreiras que vimos em estações de metrô em algumas cidades do Japão. Já vi isso em algumas estações novas do metrô de São Paulo, mas creio que no Japão haja a preocupação com os suicidas em potencial.

O que achamos estarrecedor é que não vimos por aqui até agora problemas que cheguem longe dos que enfrentam os brasileiros, principalmente os pobres, e a passividade das pessoas diante de "mais um" que se jogou na linha do trem. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Quioto - Pavilhão Dourado - Templo Kinkakuiji

Estar diante de um dos cartões postais do Japão não tem preço. O Pavilhão Dourado ou Templo Kikakuji foi construído por um nobre que mandou folhear a ouro sua fachada. Depois que morreu, virou templo e em 1950 um monge muito doido tocou fogo em tudo. O que está lá hoje é reconstrução, como quase tudo no Japão, que se um terremoto não destruiu, o fogo lambeu. O ingresso custa 400 iens, cerca de R$ 10, muito pouco para a beleza do lugar.



Quioto é uma cidade para visitar em dois dias, no mínimo. Em um dia, com o cenário bem estudado, dá para ir ao Palácio Imperial, Palácio Nijo, Templo Kinkakuji,  o Templo Kiyomizu e dar uma caminhada pelo Gion Corner, onde está o melhor do comércio da cidade. É um lugar daqueles para descansar por uma semana, caminhar pelos parques, degustar cada coisa boa que a cidade tem. Pena que a correria nos impôs tão pouco tempo. E pensar que tem roteiro de operadora turística que faz Quioto e Nara num dia só...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Viagem : Quando o roteiro manda no ritmo

A instabilidade é uma das coisas que mais cansa muito numa viagem longa. Passar 30 dias num só lugar, visitando em profundidade poucas coisas, exige bem menos esforço de assimilação que estar numa cidade desconhecida a cada dia, não apenas vendo as atrações, mas buscando sobreviver em meio à cultura estranha. Nesta  viagem ao Japão cada dia passado é comemorado como uma vitória. Aprendemos cada vez mais, e isso vai facilitando a vida, mas cansa muito.

Pegar trem, metrô, ônibus, comprar passes que facilitam o acesso às coisas, comer, essas coisas básicas que nos primeiros dias perturbavam já não são problema. Aprendemos rapidamente a conviver com os ideogramas mais importantes para facilitar o entendimento do ambiente, e em uma semana já não sentimos tanto o efeito do jet-lag. No entanto, vai batendo o cansaço, a sensação de desorganização e principalmente a necessidade de andar num ritmo ditado pelo roteiro.

Temos um passe de 7 dias da Japan Railways, o JR Pass, que estamos usando sem piedade para pegar trens sem olhar para os preços, que seriam salgados se os pagássemos sem o passe. Uma vez ativado, você tem que correr para fazer tudo que precise de trem, e é o que faremos até a quinta. Se não aproveitar, paga caro. O hotel já está confirmado em Tóquio, e se desmarcar, paga uma taxa.

Até agora temos reservas de hotéis para mais 20 dias, que podem ser canceladas até a véspera, tanto na Coréia como na China, e nenhuma passagem aérea, a não ser a de retorno ao Brasil. Por que não compramos as demais? Porque não podemos forçar tanto o ritmo, e a todo momento temos que repensar o esforço futuro. Uma viagem dessa envergadura é frágil, porque os eventos são encadeados. Basta um dia doente para mudar tudo, por isso levamos a extremo as decisões sobre os próximos passos. Para tudo tem que ter "Plano B".

Até aqui conhecemos na medida do possível Nagóia, Osaka, Kobe, Nara. Hoje vamos fazer um bate-e-volta de grande intensidade a Kyoto. Amanhã só sabemos que vamos dormir em Tóquio e pegar o trem na direção de lá, mas na nossa programação está uma viagem por perto da capital. O que começa a preocupar é a organização da viagem. Não conseguimos ficar acordados além das 10 da noite, e estamos acordando às 6 da manhã normalmente.

Até aqui temos rígido controle orçamentário, estamos mandando fotos todos os dias para o Brasil pelo Picasa, escrevendo diário e postando blog na medida do possível. Não está mais sobrando tempo para atualização de notícias locais, nem para um replanejamento mais criterioso. O caminho está sendo feito ao andar. 

Divulgados salários da Câmara e Senado

Muita gente vai se surpreender quando souber que o presidente da Câmara e o do Senado ganham menos de R$ 20 mil reais por mês. Não são cargos tão bem remunerados assim, assim como os de deputados e senadores. Salário não é o que faz a riqueza do político: é o quanto o seu voto representa para os interesses de lobistas e para compor base aliada de governo.

No mundo todo vereadores sequer recebem salários. Há países onde tudo que o político tem de "vantagem" é a liberação do trabalho para o exercício da representação, no caso de assalariado, e um valor suficiente ao seu sustento por conta da função eletiva. As assessorias são todas profissionais do parlamento, não havendo a penca de cargos à disposição onde "normalmente" se emprega a família dos parlamentares. Não tem carro oficial nem nada. Política não é motivo de ascensão social.

Já no Brasil ser eleito parece o mesmo que ganhar na loteria. Gasta-se em torno de R 5 milhões para eleger um deputado federal. Ele receberá ao longo de seu mandato cerca de R$ 960 milhões (48 meses x R$ 20 mil). Quem cobre a diferença? Apoiadores de campanha, que não dão dinheiro de graça, e depois, os lobistas, comprando votos para aprovar leis de interesses de terceiros. Além, claro, dos mensalões que são uma instituição tão antiga quanto os parlamentos.