Mais uma vítima no campo da direitona dita impoluta: segundo a Folha, o deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) recebeu R$ 175 mil do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo o artista parlamentar, pegou dinheiro emprestado com o amigo porque podia não arranjar com bancos. Gastou R$ 160 mil com a compra de um apartamento, e R$ 15 mil com um camarote na Sapucaí, no carnaval carioca. Pediu afastamento do partido para evitar o alastramento da investigação das relações espúrias para mais correligionários. Desse jeito, a única oposição que vai sobrar para Dilma será a da base aliada do governo.
sábado, 31 de março de 2012
Argentina : Governo quer re-estatizar petróleo
O governo argentino avalia que as empresas que controlam a YPF, antiga estatal de petróleo, não têm vontade de atender às necessidades energéticas do país, e estuda a possibilidade de expropriar ou intervir na empresa. Como a YPF tem uma política de distribuição de dividendos acima do praticado no mercado petrolífero, faltam recursos para investimentos, o que obriga o governo argentino a cada vez mais gastar com a importação de insumos energéticos.
O governo deve propor uma lei tornando a YPF de interesse público, e daí assumir o controle pela compra de ações ou pela expropriação, o que trará consequências políticas similares às que sofreram a Bolívia, Venezuela e Equador. A empresa espanhola Repsol é quem atualmente controla a YPF, e conta com parcerias de investidores espanhóis, norte-americanos e mexicanos, que não aceitarão passivamente perder um negócio tão rentável.
O governo deve propor uma lei tornando a YPF de interesse público, e daí assumir o controle pela compra de ações ou pela expropriação, o que trará consequências políticas similares às que sofreram a Bolívia, Venezuela e Equador. A empresa espanhola Repsol é quem atualmente controla a YPF, e conta com parcerias de investidores espanhóis, norte-americanos e mexicanos, que não aceitarão passivamente perder um negócio tão rentável.
Marcadores:
argentina,
estatal,
re-estatização,
repsol. petróleo,
ypf
sexta-feira, 30 de março de 2012
Demóstenes : A queda de um ídolo da direita
Agora é ladeira abaixo mesmo. O Engavetador Geral da República não aguentou a pressão e representou contra o Senador Demóstenes Torres, parceiro do bicheiro Carlinhos Cachoeira em negócios ilícitos. O Senado deve abrir processo por falta de decoro. O DEM ameaça expulsar. A Globo todo dia bota uma matéria enterrando mais o moribundo político. O que faltava mais ao "exemplar" bastião da moralidade?
A cusparada final vem do seu fã incondicional, defensor eterno e seguidor Reinaldo Azevedo, blogueiro de extrema direita da VEJA. Aqui vai o link da confissão da traição de Demóstenes aos seus seguidores. Coitados: cada vez têm menos gente para seguir. Os comentários da matéria estão deliciosos. Num deles, um seguidor do "meu Rei" cobra por que só deu a notícia e não comentou. Nos demais, os bajuladores do Rei só fazem dizer "é, Demóstenes se ferrou", ou seja, como no clássico "1984" de George Orwell, apague-se que o Demóstenes foi nosso ídolo, e agora é inimigo. Com o andar das investigações, talvez fiquem até sem revista para ler.
Os "heróis" deles estão morrendo de overdose de corrupção, e os inimigos estão no poder. O que falta agora? Protestos contra o 31 de março? Comissão da Verdade de verdade?
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/pf-demostenes-pediu-dinheiro-a-carlinhos-cachoeira/
A cusparada final vem do seu fã incondicional, defensor eterno e seguidor Reinaldo Azevedo, blogueiro de extrema direita da VEJA. Aqui vai o link da confissão da traição de Demóstenes aos seus seguidores. Coitados: cada vez têm menos gente para seguir. Os comentários da matéria estão deliciosos. Num deles, um seguidor do "meu Rei" cobra por que só deu a notícia e não comentou. Nos demais, os bajuladores do Rei só fazem dizer "é, Demóstenes se ferrou", ou seja, como no clássico "1984" de George Orwell, apague-se que o Demóstenes foi nosso ídolo, e agora é inimigo. Com o andar das investigações, talvez fiquem até sem revista para ler.
Os "heróis" deles estão morrendo de overdose de corrupção, e os inimigos estão no poder. O que falta agora? Protestos contra o 31 de março? Comissão da Verdade de verdade?
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/pf-demostenes-pediu-dinheiro-a-carlinhos-cachoeira/
Marcadores:
bicheiros,
carlinhos cachoeira,
demóstenes torres,
veja
Espanha : Banqueiros mandam e governo corta orçamento em € 27 bi
O governo espanhol perdeu a noção do perigo. Um dia após a maior greve geral do país em muitos anos, com atos violentos contra a bolsa de valores de Barcelona e confrontos, anuncia um corte orçamentário de 27 bilhões de Euros. Isso significará congelamento dos salários dos servidores públicos e cortes em programas sociais, previdência, etc. Os banqueiros agradecem pela presteza no atendimento às suas ordens, as bolsas sobem, a Troika européia abre champanhe, tudo bem para o capital. E o povo? E os 30% de desempregados? E os 50% de jovens sem perspectiva? A Espanha agora dispara na frente da Grécia e Portugal no ranking do país que terá a primeira grande convulsão social.
A prioridade do governo continua sendo reduzir o déficit para criar superávits fiscais e ter recursos para pagar juros de dívidas, não o desemprego. O autoritarismo está presente nas suas ações. Sequer convocam as centrais sindicais para discutir reformas, como a da previdência, desobedecendo a dispositivos constitucionais. Uma ditadura econômica está se instalando, e greves como a de ontem, que teve 77% de adesão, deverão se repetir e se intensificar, prometem as centrais sindicais. Mesmo com a proposta dos sindicatos de negociar com o governo um Pacto pelo Emprego, os direitistas no poder desprezam qualquer conversação e seguem cumprindo os ditames dos banqueiros.
A prioridade do governo continua sendo reduzir o déficit para criar superávits fiscais e ter recursos para pagar juros de dívidas, não o desemprego. O autoritarismo está presente nas suas ações. Sequer convocam as centrais sindicais para discutir reformas, como a da previdência, desobedecendo a dispositivos constitucionais. Uma ditadura econômica está se instalando, e greves como a de ontem, que teve 77% de adesão, deverão se repetir e se intensificar, prometem as centrais sindicais. Mesmo com a proposta dos sindicatos de negociar com o governo um Pacto pelo Emprego, os direitistas no poder desprezam qualquer conversação e seguem cumprindo os ditames dos banqueiros.
Marcadores:
banqueiros,
corte gastos,
desemprego,
espanha,
greve,
troika
Banqueiros e ex-dirigentes do BC terão que devolver bilhões
No governo FHC dois bancos foram "ajudados" por dirigentes do Banco Central com intervenções privilegiadas que evitaram que tivessem prejuízos numa maxi-desvalorização do Real em 12 de janeiro de 1999. O prejuízo aos cofres públicos, atualizado, vai a mais de R$ 6 bilhões. Os bancos Marka e Fonte Cindam faziam especulação com dólar futuro, e teriam enormes prejuízos sem a "mãozinha" do governo.
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2012/03/29/ex-dirigentes-do-bc-e-banqueiros-sao-condenados-a-devolver-bilhoes-ao-erario/
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2012/03/29/ex-dirigentes-do-bc-e-banqueiros-sao-condenados-a-devolver-bilhoes-ao-erario/
Marcadores:
bancos,
banqueiros,
condenados,
fonte cindam,
marka
quinta-feira, 29 de março de 2012
Rio : Protesto contra comemoração do golpe militar de 64
Enfim o povo foi às ruas para protestar contra as atrocidades cometidas pelo regime militar. Hoje o STF julgará recurso contra a decisão anterior que considerou que a anistia cobria também crimes contra a humanidade como a tortura, o que desrespeita decisões de cortes internacionais que consideram o Brasil conivente com atrocidades pela impunidade.
Agora há pouco, no Rio, uma multidão protestava em frente ao Clube Militar contra a comemoração dos 48 anos do golpe militar, quando a polícia interviu com bombas de gás e pancadaria. Que o exemplo da manifestação se repita em todo o país para calar a empáfia de criminosos que usam instituições miltares como fachada para escaparem á punição.
Agora há pouco, no Rio, uma multidão protestava em frente ao Clube Militar contra a comemoração dos 48 anos do golpe militar, quando a polícia interviu com bombas de gás e pancadaria. Que o exemplo da manifestação se repita em todo o país para calar a empáfia de criminosos que usam instituições miltares como fachada para escaparem á punição.
Marcadores:
1964,
ditadura,
golpe militar,
protesto,
rio
CUT faz plebiscito sobre manutenção do imposto sindical
A CUT - Central Única dos Trabalhadores, está promovendo um plebiscito a partir da campanha DIGA NÃO AO IMPOSTO SINDICAL, como forma de conscientizar os trabalhadores da necessidade de autonomia e liberdade sindical. Descontado compulsoriamente dos salários dos trabalhadores uma vez por ano no mês de março, a Contribuição Sindical, nome oficial do imposto, é distribuída pelos diversos níveis de instituições sindicais (confederações, federações e sindicatos).
Para os sindicatos pelegos, aqueles que têm diretorias eternas e muitas mordomias, e poucos associados sob controle da diretoria, o imposto é essencial, pois financia as entidades independentemente da vontade dos associados. Nos sindicatos mais combativos as receitas principais são as mensalidades, obtidas através da livre filiação, e os descontos assistenciais, votados em assembléia para repor despesas de campanhas salariais.
Como os come-dormes do sindicalismo pelego não têm base para sustentar essas entidades, o destino será a falência, permitindo que direções mais combativas tomem os espaços para organizar categorias. Mais detalhes neste link: http://www.cut.org.br/destaques/21649/pelo-fim-do-imposto-sindical
Para os sindicatos pelegos, aqueles que têm diretorias eternas e muitas mordomias, e poucos associados sob controle da diretoria, o imposto é essencial, pois financia as entidades independentemente da vontade dos associados. Nos sindicatos mais combativos as receitas principais são as mensalidades, obtidas através da livre filiação, e os descontos assistenciais, votados em assembléia para repor despesas de campanhas salariais.
Como os come-dormes do sindicalismo pelego não têm base para sustentar essas entidades, o destino será a falência, permitindo que direções mais combativas tomem os espaços para organizar categorias. Mais detalhes neste link: http://www.cut.org.br/destaques/21649/pelo-fim-do-imposto-sindical
Marcadores:
campanha,
contribuição sindical,
cut,
imposto sindical
Espanha : Greve geral contra saque trabalhista
Uma poderosa greve geral parou hoje a Espanha. Convocada pelas maiores centrais sindicais - União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Comissões Obreras (CCOO), o movimento é uma reação à reforma dos direitos trabalhistas, aprovada no mês passado.
Na verdade, uma reforma para acabar com direitos, imposta pelo FMI, Comunidade Européia e Banco Central Europeu - a Troika. Por trás de tudo, a redução de salários, a destruição de serviços sociais para cortes de gastos e privatizações, para criar condições de pagar juros escorchantes à banca internacional.
O governo direitista de Mariano Hahoy, do Partido Popular, tristemente eleito com o apoio de muitos dos manifestantes da Plaza del Sol que protestavam contra o governo socialista de Zapatero, aprovou no Congresso em 12 de fevereiro um pacote que diz oxigenar a economia espanhola, mas é o pior ataque a trabalhadores já feito na história da Espanha. O ex-primeiro-ministro do Partido Socialista já tinha dado a sua contribuição à patronal com um pacote em junho de 2010.
A reforma individualiza os contratos de trabalho, dificulta negociações coletivas, rebaixa o piso salarial, permite a suspensão de convenções coletivas e direitos em caso de má situação financeira das empresas, cria empregos precarizados, reduz direitos de novos trabalhadores, reduz a indenização por demissão, entre outras coisas. Num país onde metade dos jovens não tem horizonte, essa luta parece que não vai parar por aí.
Na verdade, uma reforma para acabar com direitos, imposta pelo FMI, Comunidade Européia e Banco Central Europeu - a Troika. Por trás de tudo, a redução de salários, a destruição de serviços sociais para cortes de gastos e privatizações, para criar condições de pagar juros escorchantes à banca internacional.
O governo direitista de Mariano Hahoy, do Partido Popular, tristemente eleito com o apoio de muitos dos manifestantes da Plaza del Sol que protestavam contra o governo socialista de Zapatero, aprovou no Congresso em 12 de fevereiro um pacote que diz oxigenar a economia espanhola, mas é o pior ataque a trabalhadores já feito na história da Espanha. O ex-primeiro-ministro do Partido Socialista já tinha dado a sua contribuição à patronal com um pacote em junho de 2010.
A reforma individualiza os contratos de trabalho, dificulta negociações coletivas, rebaixa o piso salarial, permite a suspensão de convenções coletivas e direitos em caso de má situação financeira das empresas, cria empregos precarizados, reduz direitos de novos trabalhadores, reduz a indenização por demissão, entre outras coisas. Num país onde metade dos jovens não tem horizonte, essa luta parece que não vai parar por aí.
Marcadores:
direitos trabalhistas,
espanha,
greve geral
Brasil : Instalada CPI do trabalho escravo
A partir da elaboração da Lista Suja do Trabalho Escravo pela Organização Internacional do Trabalho, Instituto Ethos e da ONG Repórter Brasil, ficou evidente quem escraviza gente no pais, no campo ou na cidade. As empresas constantes do relatório estão banidas como fornecedoras das cadeias produtivas das empresas signatárias do Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. A Lista permite a consulta atualizada dos que cometem o crime de escravidão. Hoje será instalada a CPI do Trabalho Escravo, que terá 120 dias para apresentar relatório.
Marcadores:
cpi do trabalho escravo,
escravidão,
lista suja,
trabalho escravo
VEJA : A associação da mídia com o crime
Segue abaixo artigo do jornalista Luis Nassif que enquadra a revista Veja na associação com o crime, ao participar de armações com malfeitores para golpear a democracia.
A associação da mídia com o crime
Está comprovado que a revista tinha parceria com Carlinhos Cachoeira e Demóstenes. É quase impossível que ignorasse o relacionamento entre ambos - Demóstenes e Cachoeira.
No entanto, valeu-se dos serviços de ambos para interferir em inquéritos policiais (Satiagraha), para consolidar quadrilhas nos Correios, para criar matérias falsas (grampo sem áudio).
Até que a Polícia Federal começasse a vazar peças do inquérito, incriminando Demóstenes, a posição da revista foi de defesa intransigente do senador (clique aqui), através dos mesmos blogueiros das quais se valeu para tentar derrubar a Satiagraha.
Aproveitando a falta de coragem do Judiciário, arvorou-se em criadora de reputações, em pauteira do que deve ser denunciado, em algoz dos seus inimigos, valendo-se dos métodos criminosos de aliados como Cachoeira. Paira acima do bem e do mal, um acinte às instituições democráticas do país, que curvam-se ao seu poder.
O esquema Veja-Cachoeira-Demóstenes foi um jogo criminoso, um atentado às instituições democráticas. Um criminoso - Cachoeira - bancava a eleição de um senador. A revista tratava de catapultá-lo como reserva moral, conferindo-lhe um poder político desproporcional, meramente abrindo espaço para matérias laudatórias sobre seu comportamento. E, juntos, montavam jogadas, armações jornalísticas de interesse de ambos: do criminoso, para alijar inimigos, da revista para impor seu poder e vender mais.
Para se proteger contra denúncias, a revista se escondeu atrás de um macartismo ignóbil, conforme denunciei em "O caso de Veja".
Manteve a defesa de Demóstenes até poucas semanas atrás, na esperança de que a Operação Monte Carlo não conseguisse alcança-lo (clique aqui). Apenas agora, quando é desvendada a associação criminosa entre Cachoeira e Demóstenes, é que resolve lançar seus antigos parceiros ao mar.
A associação da mídia com o crime
sab, 24/03/2012 - 12:47
Autor: Luis Nassif
Está na hora de se começar a investigar mais a fundo a associação da Veja com o crime organizado. Não é mais possível que as instituições neste país - Judiciário, Ministério Público - ignorem os fatos que ocorreram.
Autor: Luis Nassif
Está na hora de se começar a investigar mais a fundo a associação da Veja com o crime organizado. Não é mais possível que as instituições neste país - Judiciário, Ministério Público - ignorem os fatos que ocorreram.
Está comprovado que a revista tinha parceria com Carlinhos Cachoeira e Demóstenes. É quase impossível que ignorasse o relacionamento entre ambos - Demóstenes e Cachoeira.
No entanto, valeu-se dos serviços de ambos para interferir em inquéritos policiais (Satiagraha), para consolidar quadrilhas nos Correios, para criar matérias falsas (grampo sem áudio).
Até que a Polícia Federal começasse a vazar peças do inquérito, incriminando Demóstenes, a posição da revista foi de defesa intransigente do senador (clique aqui), através dos mesmos blogueiros das quais se valeu para tentar derrubar a Satiagraha.
Aproveitando a falta de coragem do Judiciário, arvorou-se em criadora de reputações, em pauteira do que deve ser denunciado, em algoz dos seus inimigos, valendo-se dos métodos criminosos de aliados como Cachoeira. Paira acima do bem e do mal, um acinte às instituições democráticas do país, que curvam-se ao seu poder.
O esquema Veja-Cachoeira-Demóstenes foi um jogo criminoso, um atentado às instituições democráticas. Um criminoso - Cachoeira - bancava a eleição de um senador. A revista tratava de catapultá-lo como reserva moral, conferindo-lhe um poder político desproporcional, meramente abrindo espaço para matérias laudatórias sobre seu comportamento. E, juntos, montavam jogadas, armações jornalísticas de interesse de ambos: do criminoso, para alijar inimigos, da revista para impor seu poder e vender mais.
Para se proteger contra denúncias, a revista se escondeu atrás de um macartismo ignóbil, conforme denunciei em "O caso de Veja".
Manteve a defesa de Demóstenes até poucas semanas atrás, na esperança de que a Operação Monte Carlo não conseguisse alcança-lo (clique aqui). Apenas agora, quando é desvendada a associação criminosa entre Cachoeira e Demóstenes, é que resolve lançar seus antigos parceiros ao mar.
Marcadores:
cachoeira,
crime,
demóstenes torres,
luis nassif,
veja
quarta-feira, 28 de março de 2012
STJ praticamente liquida a Lei Seca
Turma do Supremo Tribunal de Justiça decide que o teste do bafômetro ou exame de sangue são indispensáveis para a abertura de processo por embriaguez ao volante. Testemunhas e outras evidências não servem para esse fim. O Ministério Público Federal havia feito consulta devido à objeção dos motoristas flagrados com uso de álcool em usar os bafômetros, daí buscar saber da legalidade de outros meios, como testemunhas, para indiciar motoristas embriagados.
Como a Constituição diz que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, ou seja, só faz prova no bafômetro ou exame de sangue quem autoriza, o que restará às autoridades? Até a apreensão de carteira ou multa ficam comprometidos? Quem não pode me prender por evidências de alcoolismo, porque há de me tomar a carteira de motorista ou aplicar multa, já que nas barreiras policiais da Lei Seca as pessoas geralmente acatam ao chamamento da autoridade para parar, sem cometer qualquer outra infração? Se não há como provar no ato, qual a base legal para a punição?
A impunidade e a morte agradecem por mais essa atitude generosa do judiciário. Parafraseando o slogan do executivo, poderíamos propor "Brasil : País impune é país sem lei"
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/stj-decide-que-apenas-bafometro-e-exame-de-sangue-provam-embriag/n1597725069152.html
Como a Constituição diz que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, ou seja, só faz prova no bafômetro ou exame de sangue quem autoriza, o que restará às autoridades? Até a apreensão de carteira ou multa ficam comprometidos? Quem não pode me prender por evidências de alcoolismo, porque há de me tomar a carteira de motorista ou aplicar multa, já que nas barreiras policiais da Lei Seca as pessoas geralmente acatam ao chamamento da autoridade para parar, sem cometer qualquer outra infração? Se não há como provar no ato, qual a base legal para a punição?
A impunidade e a morte agradecem por mais essa atitude generosa do judiciário. Parafraseando o slogan do executivo, poderíamos propor "Brasil : País impune é país sem lei"
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/stj-decide-que-apenas-bafometro-e-exame-de-sangue-provam-embriag/n1597725069152.html
Marcadores:
bafômetro,
embriaguez,
exame de sangue,
indústria da multa,
lei seca,
stj
Rio : Ponte Rio-Niterói ainda tem lixo da ditadura
O brasileiro parece não ligar muito para a personalização das coisas públicas. Quando não são os Sarneys que botam seus nomes em ruas, praças, prédios, postes, etc, sejam parentes vivos ou mortos, contrariando o princípio constitucional da impessoalidade, são os restos de períodos obscuros da história. Diariamente estão lá, referências geográficas, como que absolvendo as pessoas e fatos que nominam as coisas, igualando-as a grandes vultos e episódios da história.
Florianópolis é um desses casos. Era Nossa Senhora do Desterro o nome da cidade, até que o presidente Marechal Floriano mandou tropas para sufocar uma rebelião para exigir eleições que não realizou, ao arrepio da Constituição, prendeu os revoltosos e os fuzilou, deixando no poder apenas os seus simpatizantes, que mudaram o nome da cidade para Florianópolis. Até hoje ostenta o nome do algoz de alguns dos seus melhores cidadãos.
Em Fortaleza há um resto ditatorial chamado Praça 31 de Março. Muitas tentativas foram feitas para mudar o nome que lembra a "redentora", na boca da direita, mas parece que agora que o logradouro passou por reforma a Câmara Municipal deverá debater se altera para Praça do Futuro, nome proposto pela prefeita Luizianne Lins, ou Praça Dom Helder Câmara, como proposto pelo vereador João Alfredo, do PSOL.
Uma recente pesquisa mostrou que a cidade de São Paulo não tem rua ou avenida com o nome do ex-ditador Getúlio Vargas. A princípio se poderia pensar que não aceitaram batizar nada com o nome do ditador, mas a razão é outra: em 1932, num movimento que alguns consideram separatista, a elite paulista declarou guerra a Getúlio, a pretexto de fazê-lo seguir a Constituição. Recrutaram jovens e se envolveram numa guerra civil, sendo derrotados por Getúlio. Diferentemente de Florianópolis, ninguém propôs dar a algum logradouro o nome do algoz.
No Rio de Janeiro a Ponte Rio-Niterói carrega o nome do ditador Costa e Silva. Coisa da época da ditadura, que a construiu, e resolveu homenageá-lo, na ditadura Médici. Era o início do processo de fusão da Guanabara com o antigo Estado do Rio, que culminou com a imposição de um governador biônico goela abaixo do Rio oposicionista. Estava lá, quietinha, até porque ninguém lembra disso (todos só falam na Ponte Rio-Niterói), quando o deputado federal Chico Alencar (PSOL) resolveu propor a mudança do nome para Ponte Herbert de Souza, o Betinho, cujo trabalho social ficou como exemplo para a história. Já tem militar direitista de pijama chiando, falando em revanchismo, etc, porque algumas pessoas no Brasil não aceitam manter o lixo da história debaixo do tapete.
Florianópolis é um desses casos. Era Nossa Senhora do Desterro o nome da cidade, até que o presidente Marechal Floriano mandou tropas para sufocar uma rebelião para exigir eleições que não realizou, ao arrepio da Constituição, prendeu os revoltosos e os fuzilou, deixando no poder apenas os seus simpatizantes, que mudaram o nome da cidade para Florianópolis. Até hoje ostenta o nome do algoz de alguns dos seus melhores cidadãos.
Em Fortaleza há um resto ditatorial chamado Praça 31 de Março. Muitas tentativas foram feitas para mudar o nome que lembra a "redentora", na boca da direita, mas parece que agora que o logradouro passou por reforma a Câmara Municipal deverá debater se altera para Praça do Futuro, nome proposto pela prefeita Luizianne Lins, ou Praça Dom Helder Câmara, como proposto pelo vereador João Alfredo, do PSOL.
Uma recente pesquisa mostrou que a cidade de São Paulo não tem rua ou avenida com o nome do ex-ditador Getúlio Vargas. A princípio se poderia pensar que não aceitaram batizar nada com o nome do ditador, mas a razão é outra: em 1932, num movimento que alguns consideram separatista, a elite paulista declarou guerra a Getúlio, a pretexto de fazê-lo seguir a Constituição. Recrutaram jovens e se envolveram numa guerra civil, sendo derrotados por Getúlio. Diferentemente de Florianópolis, ninguém propôs dar a algum logradouro o nome do algoz.
No Rio de Janeiro a Ponte Rio-Niterói carrega o nome do ditador Costa e Silva. Coisa da época da ditadura, que a construiu, e resolveu homenageá-lo, na ditadura Médici. Era o início do processo de fusão da Guanabara com o antigo Estado do Rio, que culminou com a imposição de um governador biônico goela abaixo do Rio oposicionista. Estava lá, quietinha, até porque ninguém lembra disso (todos só falam na Ponte Rio-Niterói), quando o deputado federal Chico Alencar (PSOL) resolveu propor a mudança do nome para Ponte Herbert de Souza, o Betinho, cujo trabalho social ficou como exemplo para a história. Já tem militar direitista de pijama chiando, falando em revanchismo, etc, porque algumas pessoas no Brasil não aceitam manter o lixo da história debaixo do tapete.
Marcadores:
betinho,
chico alencar,
costa e silva,
herbert de souza,
nome,
ponte rio-niterói
DEM : Cachoeira vira tromba d'água para Demóstenes Torres
Gosto de ver quando gente que se arvora de vestal é desmascarada. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é um desses. Quantas vezes não o vimos na tribuna do Senado bradando contra desmandos do governo, exigindo cabeças por corrupção, etc. Foi peça importante no "escândalo das escutas telefônicas" denunciado pelo ministro do STF, Gilmar Mendes, e alardeado pela revista VEJA. Nunca foram mostrados os áudios de uma conversa entre Gilmar e Demóstenes, pivô do factóide. Agora se descobre que eles têm mais em comum: uma enteada de Gilmar trabalha no gabinete de Demóstenes.
O bicheiro Carlinhos Cachoeira é o mesmo que gravou as imagens de corrupção nos Correios, que entraram no esquema VEJA + grande mídia e viraram o escândalo do Mensalão, que serviu para quase derrubar Lula. Agora se sabe que Demóstenes é amigo de Cachoeira, que recebeu presentes dele, e uma operação da Polícia Federal grampeou ligação dos dois, onde o ilibado senador goiano pede que o bicheiro pague uma conta sua de táxi aéreo. Também é acusado de cobrar 30% do faturamento do bicheiro para que opere um esquema de caça-níqueis livremente em Goiás.
Agora a coisa vai ladeira abaixo contra Demóstenes. O DEM já fala em expulsá-lo, fazendo discurso de moralidade. Deixou a liderança do partido no Senado. A Procuradoria Geral da República vai abrir inquérito no STF contra ele. Corruptos petistas que afundaram o PT na lama no Mensalão irão usar o caso para tentar reduzir suas culpas no julgamento que se aproxima, ou para adiá-lo até a prescrição dos crimes, alegando ter havido um complô armado pelo esquema Demóstenes / Bicheiro / VEJA, e vão mover mundos e fundos para destruir Demóstenes e o DEM. Pode sobrar para Gilmar Mendes e para a VEJA.
Quanto ao DEM, o que o povo não fez nas urnas a polícia está fazendo agora: expurgar as velhas raposas corruptas. Hoje é um partido nanico, e deve piorar em 2012, perdendo mais bases. Não sobrevive sem o fisiologismo bancado pelo poder público. Morre por inanição. Já vai tarde.
O bicheiro Carlinhos Cachoeira é o mesmo que gravou as imagens de corrupção nos Correios, que entraram no esquema VEJA + grande mídia e viraram o escândalo do Mensalão, que serviu para quase derrubar Lula. Agora se sabe que Demóstenes é amigo de Cachoeira, que recebeu presentes dele, e uma operação da Polícia Federal grampeou ligação dos dois, onde o ilibado senador goiano pede que o bicheiro pague uma conta sua de táxi aéreo. Também é acusado de cobrar 30% do faturamento do bicheiro para que opere um esquema de caça-níqueis livremente em Goiás.
Agora a coisa vai ladeira abaixo contra Demóstenes. O DEM já fala em expulsá-lo, fazendo discurso de moralidade. Deixou a liderança do partido no Senado. A Procuradoria Geral da República vai abrir inquérito no STF contra ele. Corruptos petistas que afundaram o PT na lama no Mensalão irão usar o caso para tentar reduzir suas culpas no julgamento que se aproxima, ou para adiá-lo até a prescrição dos crimes, alegando ter havido um complô armado pelo esquema Demóstenes / Bicheiro / VEJA, e vão mover mundos e fundos para destruir Demóstenes e o DEM. Pode sobrar para Gilmar Mendes e para a VEJA.
Quanto ao DEM, o que o povo não fez nas urnas a polícia está fazendo agora: expurgar as velhas raposas corruptas. Hoje é um partido nanico, e deve piorar em 2012, perdendo mais bases. Não sobrevive sem o fisiologismo bancado pelo poder público. Morre por inanição. Já vai tarde.
Marcadores:
bicheiros,
cachoeira,
dem,
demóstenes torres,
gilmar,
mensalão,
pgr,
polícia federal,
procuradoria
terça-feira, 27 de março de 2012
Serra trocou churrasco e transporte por votos nas prévias tucanas
Tucano tem bico grande para ter como se segurar quando outro tucano lhe passa a perna. Além de ter tido votos de metade dos 32% de filiados que compareceram à convenção do PSDB de São Paulo, o então pré-candidato José Serra bancou churrasco e transporte para trazer filiados mais humildes ao evento. E votar nele, claro. Quem diz isso não é nenhum jornal de esquerda, mas o Estadão, que o apoiou nas últimas aventuras eleitorais. Coisa de coronel, de política do século XIX. Ai, Zé Serra, assim você se enrasca!
Veja aqui a matéria:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,para-atrair-eleitor-tucano-transporte-e-churrasco-,853338,0.htm
Veja aqui a matéria:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,para-atrair-eleitor-tucano-transporte-e-churrasco-,853338,0.htm
Marcadores:
churrasco,
josé serra,
prévia,
transporte,
voto
FHC visita Lula no hospital
Lula estava no hospital, sofrendo do câncer e dos efeitos colaterais do tratamento, quando ligaram da portaria.
- "Seu Lula, más notícias. Tá subindo alguém que o senhor não queria ver tão cedo".
- "A morte?" respondeu Lula
- "Não. Pior. Aquela assombração do FHC..."
- "Nossa! Mais sofrimento... não bastavam a doença e o Corínthians?" resmungou Lula, com o olhar fixo, perdido, vendo o sorridente ex-presidente entrando pela porta do quarto
Pois é. A foto diz tudo. O sorriso de dentes desalinhados de FHC contrasta com o olhar perdido de Lula. FHC não é mineiro, mas quer parecer solidário na hora do câncer. Seu sorriso não nega: está mais para o de quem passou lá só pra sacanear que para prestar sincero apoio. E ficar bem na mídia, como alguém civilizado, humano, etc.
Veja a foto no link http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/politicos-e-amigos-visitam-lula/4f71e37254cb1d4c52001e80.html
- "Seu Lula, más notícias. Tá subindo alguém que o senhor não queria ver tão cedo".
- "A morte?" respondeu Lula
- "Não. Pior. Aquela assombração do FHC..."
- "Nossa! Mais sofrimento... não bastavam a doença e o Corínthians?" resmungou Lula, com o olhar fixo, perdido, vendo o sorridente ex-presidente entrando pela porta do quarto
Pois é. A foto diz tudo. O sorriso de dentes desalinhados de FHC contrasta com o olhar perdido de Lula. FHC não é mineiro, mas quer parecer solidário na hora do câncer. Seu sorriso não nega: está mais para o de quem passou lá só pra sacanear que para prestar sincero apoio. E ficar bem na mídia, como alguém civilizado, humano, etc.
Veja a foto no link http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/politicos-e-amigos-visitam-lula/4f71e37254cb1d4c52001e80.html
Brasil : O Estado não pode se submeter a qualquer religião
Tentou-se desqualificar com base em preconceito a vitória obtida na justiça por uma entidade de luta pelos direitos de homossexuais do Rio Grande do Sul contra a existência da cruz, símbolo cristão, na sala de julgamentos do Tribunal de Justiça. O símbolo teve que ser retirado. A argumentação é a da laicidade do estado, além do que os cristãos têm visões, nas diversas religiões, contrárias aos homossexuais. Assim como também em relação ao aborto, etc.
O rolo compressor religioso tenta impor, na forma de bancadas legislativas poderosas e da intolerãncia em relação a outros cultos minoritários e aos não-religiosos e ateus, leis, valores, símbolos e práticas pertencentes à sua vertente ideológica. Por tradição, o Estado brasileiro, que se separou da religião na Proclamação da República, ainda tem vícios de um tempo de poder institucional religioso, e depois de 123 anos e da Constituição de 1988 já deveria ter-se adaptado a tempos de laicidade. Segue transcrição de interessante artigo publicado no jornal O GLOBO, do advogado Alexandre Vidal Porto, que coloca de forma qualificada essa discussão.
O BRASIL NÃO É REGIDO PELA BÍBLIA
A Constituição determina que o Brasil é um Estado laico e assegura liberdade religiosa para todos os cidadãos. As autoridades devem dar garantias ao culto de quaisquer religião, sem, no entanto, agir em nome de nenhuma. Em uma democracia, esses princípios são importantes porque preservam o pluralismo da sociedade e protegem o pleno exercício dos direitos individuais.
Trata-se de uma conquista da civilização ocidental que se encontra ameaçada no Brasil. Hoje, fé e política parecem manter uma relação espúria, na qual princípios religiosos contaminam de forma indevida o processo legislativo nacional. Absurdamente, começa-se a achar natural que projetos de lei submetidos à Câmara dos Deputados, ainda que consonantes com os princípios da Constituição e dirigidos ao todo da população - religiosa ou não - tenham de passar pelo crivo doutrinário das igrejas e fiquem reféns de sua sanção.
Retira-se, assim, de parcela considerável do povo brasileiro, a possibilidade de regular seus direitos constitucionais fora de preceitos bíblicos que não abraçou. Ao mesmo tempo, as lideranças religiosas assumem ares de superioridade moral e alavancam seus interesses políticos baseados em uma ideologia teocrática de exclusão, que desqualifica quem não partilha de sua fé.
Ninguém é melhor ou mais ético porque tem religião. Cada um tem o direito de escolher os princípios morais que nortearão sua vida de acordo com a sua consciência. Essa prerrogativa fundamenta os direitos individuais. Foi conquistada a duras penas, em reação, justamente, ao monopólio ideológico e religioso que, diversas vezes na história, impôs, com resultados terríveis para a humanidade.
Ao longo dos séculos, muitas atrocidades foram cometidas em nome da Bíblia e de outros textos religiosos. Não fosse a garantia da pluralidade democrática, o mesmo deputado que vocifera contra cultos de matriz africana ou direitos reprodutivos das mulheres, poderia ter sido queimado na fogueira da inquisição católica ou morto por apedrejamento como infiel.
O Brasil é um país diverso. E quer continuar a sê-Io. Nele, não deve haver espaço para a intolerância. O Congresso não legisla apenas para quem tem religião. Tem de proteger a todos. Tentar impor uma ideologia religiosa por meio da ação legislativa desfigura nossa democracia. Os religiosos têm o direito de observar seus princípios, mas não podem impingi-los ao resto da população. O Brasil não é regido pela Bíblia. Que os religiosos cultuem o que quiserem, mas que respeitem quem não pensa e não quer viver como eles.
É importante que as autoridades do governo tentem colocar em perspectiva a ação política de grupos religiosos no Brasil. O Estado Brasileiro é laico e deve comportar-se como tal. Em mais de uma instância, minorias sociais têm visto seus direitos individuais virarem moeda de troca. Tolerar a intolerância pode render votos, mams não é uma forma justa de governar.
Alexandre Vidal Porto é advogado.
(Publicado em O GLOBO de 18/03/12)
O rolo compressor religioso tenta impor, na forma de bancadas legislativas poderosas e da intolerãncia em relação a outros cultos minoritários e aos não-religiosos e ateus, leis, valores, símbolos e práticas pertencentes à sua vertente ideológica. Por tradição, o Estado brasileiro, que se separou da religião na Proclamação da República, ainda tem vícios de um tempo de poder institucional religioso, e depois de 123 anos e da Constituição de 1988 já deveria ter-se adaptado a tempos de laicidade. Segue transcrição de interessante artigo publicado no jornal O GLOBO, do advogado Alexandre Vidal Porto, que coloca de forma qualificada essa discussão.
O BRASIL NÃO É REGIDO PELA BÍBLIA
A Constituição determina que o Brasil é um Estado laico e assegura liberdade religiosa para todos os cidadãos. As autoridades devem dar garantias ao culto de quaisquer religião, sem, no entanto, agir em nome de nenhuma. Em uma democracia, esses princípios são importantes porque preservam o pluralismo da sociedade e protegem o pleno exercício dos direitos individuais.
Trata-se de uma conquista da civilização ocidental que se encontra ameaçada no Brasil. Hoje, fé e política parecem manter uma relação espúria, na qual princípios religiosos contaminam de forma indevida o processo legislativo nacional. Absurdamente, começa-se a achar natural que projetos de lei submetidos à Câmara dos Deputados, ainda que consonantes com os princípios da Constituição e dirigidos ao todo da população - religiosa ou não - tenham de passar pelo crivo doutrinário das igrejas e fiquem reféns de sua sanção.
Retira-se, assim, de parcela considerável do povo brasileiro, a possibilidade de regular seus direitos constitucionais fora de preceitos bíblicos que não abraçou. Ao mesmo tempo, as lideranças religiosas assumem ares de superioridade moral e alavancam seus interesses políticos baseados em uma ideologia teocrática de exclusão, que desqualifica quem não partilha de sua fé.
Ninguém é melhor ou mais ético porque tem religião. Cada um tem o direito de escolher os princípios morais que nortearão sua vida de acordo com a sua consciência. Essa prerrogativa fundamenta os direitos individuais. Foi conquistada a duras penas, em reação, justamente, ao monopólio ideológico e religioso que, diversas vezes na história, impôs, com resultados terríveis para a humanidade.
Ao longo dos séculos, muitas atrocidades foram cometidas em nome da Bíblia e de outros textos religiosos. Não fosse a garantia da pluralidade democrática, o mesmo deputado que vocifera contra cultos de matriz africana ou direitos reprodutivos das mulheres, poderia ter sido queimado na fogueira da inquisição católica ou morto por apedrejamento como infiel.
O Brasil é um país diverso. E quer continuar a sê-Io. Nele, não deve haver espaço para a intolerância. O Congresso não legisla apenas para quem tem religião. Tem de proteger a todos. Tentar impor uma ideologia religiosa por meio da ação legislativa desfigura nossa democracia. Os religiosos têm o direito de observar seus princípios, mas não podem impingi-los ao resto da população. O Brasil não é regido pela Bíblia. Que os religiosos cultuem o que quiserem, mas que respeitem quem não pensa e não quer viver como eles.
É importante que as autoridades do governo tentem colocar em perspectiva a ação política de grupos religiosos no Brasil. O Estado Brasileiro é laico e deve comportar-se como tal. Em mais de uma instância, minorias sociais têm visto seus direitos individuais virarem moeda de troca. Tolerar a intolerância pode render votos, mams não é uma forma justa de governar.
Alexandre Vidal Porto é advogado.
(Publicado em O GLOBO de 18/03/12)
Marcadores:
bíblia,
estado laico,
laicidade,
laico
Rio : Rampa da Pedra Bonita - asa delta e parapente
Este post foi feito para quem não conhece a rampa de lançamentos de vôo livre da Pedra Bonita, no Rio, poder entender como funciona o local, e ter mais elementos para compreender o noticiário, pautado pelo lamentável acidente com a jovem baiana Priscila Boliveira, de 24 anos, que se desprendeu de um parapente. Pelos dados da TV e pelos vídeos, o instrutor e a moça tentaram um primeiro vôo, que acabou abortado, possivelmente por medo da tripulante, por não terem atingido a velocidade suficiente para a decolagem. Acabaram caindo num platô logo abaixo da rampa. E deram sorte, porque ele é estreito, e dali adiante é abismo.
Para sair dali, voltar para a rampa, arrumar de novo o parapente e fazer nova decolagem, a garota obrigatoriamente se soltou do instrutor. Na nova decolagem, até por conta do susto da tentativa anterior, o instrutor pode ter vacilado e deixado de verificar que sua passageira estava sem as cintas que amarram as pernas ao conjunto, e sem um cinto de segurança central. Quando decolaram, ela ficou pendurada. Desesperado, o instrutor deve ter partido em linha reta para a Praia de São Conrado, pois estima-se que foram apenas 2 minutos de vôo. Mais uns 15 segundos e teriam pelo menos caído no mar, aumentando as chances de sobrevivência. Não deu: ela caiu de mais de 30 metros, na areia. Agora é com a perícia e com a ANAC , que correrá contra o prejuízo mais uma vez e fará o que não fez até aqui: fiscalizar a pista de lançamentos de vôo livre da Pedra Bonita, no Rio.
Nas várias vezes que fui à rampa da Pedra Bonita e à chegada em São Conrado o sistema de acompanhamento de vôos pareceu bastante organizado. Auto-organizado, para ser mais exato. Há duas rampas de decolagem sobrepostas: a de cima, para asas, e a de baixo, de parapentes. Quando alguém está decolando grita para avisar, e o outro dá o ok, evitando choques. Se o tempo não está bom, para tudo. Se o vento não dá suporte, também para até conseguir condição segura para vôo.
Para quem não teve a oportunidade de ir lá, aí vão algumas fotos tiradas em abril de 2009. Mostram como é esticado o parapente na grama da rampa, como se posicionam instrutor e passageiro antes da corrida para o salto, os dois níveis (rampa de cima para asas, a de baixo de parapentes), o tráfego de asas e a arquibancada para ver a paisagem e as decolagens.
Estando no Rio, visite a rampa. Fica na Floresta da Tijuca. Para chegar lá, os caminhos são a Estrada das Canoas, partindo de São Conrado; a Estrada da Vista Chinesa, partindo da Lagoa, e pelo Alto da Boa Vista, e daí pegar a Estrada da Pedra Bonita. No local há uma cancela e geralmente há fila de carros esperando, porque a estradinha é de mão única, e há controle de subidas e descidas alternadas. Não vá de carro com pôneis malditos no motor, porque a rampa é muito íngreme. O estacionamento fica num patamar bastante abaixo da rampa, e uma caminhada de uns 15 min em ladeira forte é necessária. Ainda há a opção de conhecer a Pedra Bonita, que dá de frente para a Pedra da Gávea, onde se tem um dos melhores visuais do Rio. Não é muito puxado. Uma meia hora de subida tranquila.
Mais sobre o assunto:
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2009/08/rio-rj-praia-do-pepino-sao-conrado.html
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2009/08/rio-estrada-das-canoas.html
Para sair dali, voltar para a rampa, arrumar de novo o parapente e fazer nova decolagem, a garota obrigatoriamente se soltou do instrutor. Na nova decolagem, até por conta do susto da tentativa anterior, o instrutor pode ter vacilado e deixado de verificar que sua passageira estava sem as cintas que amarram as pernas ao conjunto, e sem um cinto de segurança central. Quando decolaram, ela ficou pendurada. Desesperado, o instrutor deve ter partido em linha reta para a Praia de São Conrado, pois estima-se que foram apenas 2 minutos de vôo. Mais uns 15 segundos e teriam pelo menos caído no mar, aumentando as chances de sobrevivência. Não deu: ela caiu de mais de 30 metros, na areia. Agora é com a perícia e com a ANAC , que correrá contra o prejuízo mais uma vez e fará o que não fez até aqui: fiscalizar a pista de lançamentos de vôo livre da Pedra Bonita, no Rio.
Nas várias vezes que fui à rampa da Pedra Bonita e à chegada em São Conrado o sistema de acompanhamento de vôos pareceu bastante organizado. Auto-organizado, para ser mais exato. Há duas rampas de decolagem sobrepostas: a de cima, para asas, e a de baixo, de parapentes. Quando alguém está decolando grita para avisar, e o outro dá o ok, evitando choques. Se o tempo não está bom, para tudo. Se o vento não dá suporte, também para até conseguir condição segura para vôo.
Para quem não teve a oportunidade de ir lá, aí vão algumas fotos tiradas em abril de 2009. Mostram como é esticado o parapente na grama da rampa, como se posicionam instrutor e passageiro antes da corrida para o salto, os dois níveis (rampa de cima para asas, a de baixo de parapentes), o tráfego de asas e a arquibancada para ver a paisagem e as decolagens.
Estando no Rio, visite a rampa. Fica na Floresta da Tijuca. Para chegar lá, os caminhos são a Estrada das Canoas, partindo de São Conrado; a Estrada da Vista Chinesa, partindo da Lagoa, e pelo Alto da Boa Vista, e daí pegar a Estrada da Pedra Bonita. No local há uma cancela e geralmente há fila de carros esperando, porque a estradinha é de mão única, e há controle de subidas e descidas alternadas. Não vá de carro com pôneis malditos no motor, porque a rampa é muito íngreme. O estacionamento fica num patamar bastante abaixo da rampa, e uma caminhada de uns 15 min em ladeira forte é necessária. Ainda há a opção de conhecer a Pedra Bonita, que dá de frente para a Pedra da Gávea, onde se tem um dos melhores visuais do Rio. Não é muito puxado. Uma meia hora de subida tranquila.
Mais sobre o assunto:
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2009/08/rio-rj-praia-do-pepino-sao-conrado.html
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2009/08/rio-estrada-das-canoas.html
Marcadores:
acidente,
asa delta,
parapente,
pedra bonita,
rampa,
rio de janeiro,
são conrado
Herrar é umano (0015) - Acessibilidade radical
Moscou - Metrô estação Kutuzovskiy |
Prédios de órgãos públicos federais e empresas de economia mista tiveram prazos para se adaptar, e a gente passou a ver não apenas a preocupação com os problemas dos deficientes levada em conta nos projetos, como verdadeiras atrocidades construtivas.
Sófia - Palácio Nacional da Cultura |
Em Brasília vi rampa que se projeta para a rua, ou seja, o cadeirante tem que enfrentar os carros para subir, mesmo assim num ângulo excessivo. Fotografo essas coisas que obrigam o cadeirante a ser um esportista radical. Vide os (maus) exemplos nas fotos. No Leste Europeu vimos muitas rampas de trilhos nas escadarias. Não chegamos a ver nenhuma cadeira de rodas ou qualquer veículo, mesmo carrinho de carga, descendo ou subindo essas rampas. Numa estação havia essa rampa, com um corrimão que praticamente deve esmagar a mão do cadeirante, com um elevador inclinado colocado do outro lado.
Berlim - acessibilidade ônibus |
Marcadores:
acessibilidade,
berlim,
cadeira de rodas,
cadeirante,
moscou,
sófia
segunda-feira, 26 de março de 2012
Bancos : E-mails de golpes ou desorganização?
Recebi mais um e-mail suspeito de golpe, que seria parte de uma campanha de cobrança feita por empresa de recuperação de ativos em nome de um grande banco privado. Examinando o material, apareceram as estranhezas, tipo :
- o e-mail era endereçado a uma pessoa, com o meu e-mail;
- não existia nenhuma referência na internet à empresa de cobrança, a não ser um site da empresa, bem organizado, onde para acessar qualquer coisa já capturava o seu perfil e e-mail, o que não é usual para empresas que têm sites na internet;
- havia um título impresso, com valor promocional de liquidação de uma dívida, em arquivo de formato PDF, onde o cedente era uma terceira empresa, e não o banco em nome do qual se fazia cobrança. Essa empresa também não tinha nenhuma indicação na internet, a não ser em uma parceria com uma universidade um site indicando uma empresa séria, espanhola.
- não tinha nada tipo "CLIQUE AQUI", que geralmente faz instalar algum arquivo malicioso, mas um arquivo PDF anexado. É possível passar vírus em PDF, por isso só o visualizei, sem salvar ou abri. Mesmo assim seria algo muito sofisticado para bandidos desqualificados aplicarem golpe.
Antes de fazer a denúncia no blog, segui a via protocolar: abri a página do banco e procurei algum "fale conosco", o que usualmente não existe. Tentei o SAC. Mandaram para o atendimento a clientes. Consegui falar com uma atendente, que abriu um protocolo. Insisti em enviar o material para o setor de segurança de TI. Ela me passou um e-mail do próprio SAC para onde poderia mandar o e-mail, falando do número do protocolo.
De lá, veio uma resposta "carimbada" tipo "o banco xxx não manda e-mail", mas nele veio o e-mail da área de segurança. Mandei tudo para lá contando a estória. Responderam que só atuam em casos onde o golpista cita o nome do banco (o que está nos elementos dos e-mails) e que aquele e-mail é privativo para evidências de golpes, praticamente desconsiderando a minha mensagem. Mesmo sem uma resposta, tipo "é golpe", que era o meu interesse maior, guardei o e-mail e agora mando para lá toda porcaria que recebo em nome desse banco.
Não classifiquei logo como "golpe" porque também é possível que o banco seja uma dessas badernas que repassa os dados sigilosos dos clientes para empresas terceirizadas de cobranças, que fazem o que querem com as informações. Nesse caso, recebi informações de um cliente, que não conheço, nem sei se existe. Sei tudo dele, até endereço. Dá vontade de mandar para a pessoa cujos dados foram devassados todo o material que recebi, para que cobre do banco mais cuidado com o tal sigilo bancário.
- o e-mail era endereçado a uma pessoa, com o meu e-mail;
- não existia nenhuma referência na internet à empresa de cobrança, a não ser um site da empresa, bem organizado, onde para acessar qualquer coisa já capturava o seu perfil e e-mail, o que não é usual para empresas que têm sites na internet;
- havia um título impresso, com valor promocional de liquidação de uma dívida, em arquivo de formato PDF, onde o cedente era uma terceira empresa, e não o banco em nome do qual se fazia cobrança. Essa empresa também não tinha nenhuma indicação na internet, a não ser em uma parceria com uma universidade um site indicando uma empresa séria, espanhola.
- não tinha nada tipo "CLIQUE AQUI", que geralmente faz instalar algum arquivo malicioso, mas um arquivo PDF anexado. É possível passar vírus em PDF, por isso só o visualizei, sem salvar ou abri. Mesmo assim seria algo muito sofisticado para bandidos desqualificados aplicarem golpe.
Antes de fazer a denúncia no blog, segui a via protocolar: abri a página do banco e procurei algum "fale conosco", o que usualmente não existe. Tentei o SAC. Mandaram para o atendimento a clientes. Consegui falar com uma atendente, que abriu um protocolo. Insisti em enviar o material para o setor de segurança de TI. Ela me passou um e-mail do próprio SAC para onde poderia mandar o e-mail, falando do número do protocolo.
De lá, veio uma resposta "carimbada" tipo "o banco xxx não manda e-mail", mas nele veio o e-mail da área de segurança. Mandei tudo para lá contando a estória. Responderam que só atuam em casos onde o golpista cita o nome do banco (o que está nos elementos dos e-mails) e que aquele e-mail é privativo para evidências de golpes, praticamente desconsiderando a minha mensagem. Mesmo sem uma resposta, tipo "é golpe", que era o meu interesse maior, guardei o e-mail e agora mando para lá toda porcaria que recebo em nome desse banco.
Não classifiquei logo como "golpe" porque também é possível que o banco seja uma dessas badernas que repassa os dados sigilosos dos clientes para empresas terceirizadas de cobranças, que fazem o que querem com as informações. Nesse caso, recebi informações de um cliente, que não conheço, nem sei se existe. Sei tudo dele, até endereço. Dá vontade de mandar para a pessoa cujos dados foram devassados todo o material que recebi, para que cobre do banco mais cuidado com o tal sigilo bancário.
Marcadores:
assalto a banco,
banco,
cobrança,
título
Brasil : Despreparo para receber turismo internacional
Hoje levei uns amigos para fazer o tal "turismo cívico" em Brasília. Num subsolo da Praça dos Três Poderes há o interessante Espaço Lúcio Costa, onde fica uma maquete de todo o Distrito Federal. Gosto de levar as pessoas ali para mostrar espacialmente a cidade, mas desta vez havia poeira em cima da maquete. O que chamou a atenção foi um grupo de turistas franceses que tentavam entender alguma coisa de tudo aquilo ali (há também escritos de Lúcio Costa sobre a concepção do projeto). Notei que não há nada em outra língua, e o pouco que tem em português também não explica muito. Os turistas ficaram frustrados, e foram embora rapidamente.
Cito Brasília, mas poderia falar de todo o país, que pretende receber turistas estrangeiros para a Copa, em especial o Rio, para a Olimpíada. Hoje somos um país caro para quem chega, pelo desequilíbrio cambial, e despreparado para receber os visitantes, a começar pelo planejamento da viagem. Se a gente quiser ir a qualquer grande cidade no exterior, vê na internet as linhas de metrô, de ônibus, trens, etc. As páginas das atrações turísticas estão disponíveis em várias línguas, enfim, quem tem interesse em receber turismo permite o acesso a informações da forma mais fácil possível.
No Rio, desde o Pan - Americano de 2007, há nos trens do metrô mensagens em português e inglês. Um começo, mas parou por aí. Comparo o Rio a Moscou, outra cidade mundial que também não tem uma comunicação muito amistosa. O máximo que se vê por lá, em placas de ruas da região central, é a transliteração dos nomes do cirílico para o alfabeto ocidental, com indicações. Praticamente mais nada.
Alguns museus têm folhetos para cada sala explicando os objetos em cada língua, mas na maioria dos casos o turista olha a legenda em russo e nada entende. Nas estações de metrô nada é explicado. No aeroporto de Sheremetievo, o mínimo indispensável à qualificação de "internacional".
Assim como no Rio, as pessoas vão porque é uma cidade importante, mas poderiam gostar bem mais se entendessem melhor as informações que coletam pelas ruas. O interessante foi no Museu Histórico do Estado, um dos principais da Rússia, onde tiramos duas das fotos acima, que só quem se lembrou do turista foi o faxineiro do banheiro. Vide a última foto.
Cito Brasília, mas poderia falar de todo o país, que pretende receber turistas estrangeiros para a Copa, em especial o Rio, para a Olimpíada. Hoje somos um país caro para quem chega, pelo desequilíbrio cambial, e despreparado para receber os visitantes, a começar pelo planejamento da viagem. Se a gente quiser ir a qualquer grande cidade no exterior, vê na internet as linhas de metrô, de ônibus, trens, etc. As páginas das atrações turísticas estão disponíveis em várias línguas, enfim, quem tem interesse em receber turismo permite o acesso a informações da forma mais fácil possível.
No Rio, desde o Pan - Americano de 2007, há nos trens do metrô mensagens em português e inglês. Um começo, mas parou por aí. Comparo o Rio a Moscou, outra cidade mundial que também não tem uma comunicação muito amistosa. O máximo que se vê por lá, em placas de ruas da região central, é a transliteração dos nomes do cirílico para o alfabeto ocidental, com indicações. Praticamente mais nada.
Alguns museus têm folhetos para cada sala explicando os objetos em cada língua, mas na maioria dos casos o turista olha a legenda em russo e nada entende. Nas estações de metrô nada é explicado. No aeroporto de Sheremetievo, o mínimo indispensável à qualificação de "internacional".
Assim como no Rio, as pessoas vão porque é uma cidade importante, mas poderiam gostar bem mais se entendessem melhor as informações que coletam pelas ruas. O interessante foi no Museu Histórico do Estado, um dos principais da Rússia, onde tiramos duas das fotos acima, que só quem se lembrou do turista foi o faxineiro do banheiro. Vide a última foto.
Marcadores:
brasil,
brasília,
moscou,
turismo internacional
domingo, 25 de março de 2012
SP : Serra terá apoio de meio PSDB
Mesmo com apoio de FHC, do governador Alckmin e de Aécio Neves, que estão loucos para vê-lo preso a uma mesa na prefeitura de São Paulo em atrapalhar o rumo de Aecinho em 2014, o candidato José Serra teve 52% nas prévias do PSDB que escolheu o candidato a prefeito em 2012. Votaram cerca de 6 mil tucanos paulistanos. 48% dos tucanos paulistanos não o querem, e deverão bandear-se para outros galhos.
Com tantos problemas pela falta de discurso de oposição e pelo constante assédio fisiológico dos partidos governistas, o PSDB ainda tem que aturar essa mala sem alça. O candidato do PSDB que o PT gosta. Hoje é favorito nas pesquisas, mas sobre sua cabeça sensível a bolinhas de papel pende uma espada: a CPI da Privataria.
Hoje essa proposta está quietinha no Congresso, em banho-maria por parte do governo, que não terá nenhum escrúpulo para usar as bandalheiras tucanas da era FHC para transformar a campanha eleitoral de Sampa num verdadeiro chiqueiro. E ainda vai sobrar para o resto do tucanato.
Com tantos problemas pela falta de discurso de oposição e pelo constante assédio fisiológico dos partidos governistas, o PSDB ainda tem que aturar essa mala sem alça. O candidato do PSDB que o PT gosta. Hoje é favorito nas pesquisas, mas sobre sua cabeça sensível a bolinhas de papel pende uma espada: a CPI da Privataria.
Hoje essa proposta está quietinha no Congresso, em banho-maria por parte do governo, que não terá nenhum escrúpulo para usar as bandalheiras tucanas da era FHC para transformar a campanha eleitoral de Sampa num verdadeiro chiqueiro. E ainda vai sobrar para o resto do tucanato.
Marcadores:
cpi da privataria,
josé serra,
prévia
sábado, 24 de março de 2012
SINIAV : A indústria da multa faz upgrade
Não é de hoje a idéia de botar um chip nos veículos para localização por GPS, um projeto chamado SINRAV. Bom para as seguradoras, péssimo para a privacidade das pessoas. A idéia estancou. A novidade agora é o SINIAV - Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos - que o governo quer implantar em todos os carros em 2014. Além de poder rastrear onde você anda, ainda vai dedurar para as barreiras policiais se o IPVA está atrasado, se tem multas, etc. Pior : pode controlar se você está acima dos limites, porque permitirá calcular a velocidade média nos trechos. Como o Tutor System, da Italia.
A princípio, ninguém pode ser contra a exigência de respeito às leis de trânsito. Nem a favor da sonegação tributária. Quem anda dentro da lei não deve ter nada a temer. Mesmo assim, os dados sobre a movimentação do seu carro ficarão arquivados em algum lugar. Como quem paga IPVA em dia e respeita os limites de velocidade é minoria, é previsível um tsunami de multas num primeiro momento. Depois, um tsunami de "cervejinhas" nas barreiras de fiscalização. A indústria da multa terá seus tempos de glória, pegando infratores mais fácil que pegar peixe em pesque-e-pague.
Como funciona o sistema? Cada veículo automotor terá um chip, como esses que são reconhecidos em cancelas de pedágios e mandam a conta para a casa do usuário. Nas ruas e estradas serão instalados pórticos com sensores e câmeras, que na passagem dos veículos capturarão os dados do chip. É como existe hoje, com reconhecimento ótico de placas existente em raros locais. Os dados serão encriptados e transmitidos "on line" para os computadores dos Detrans, que vasculharão a vida dos carros para ver se são roubados, procurados, de há taxas em atraso, etc.
Esses dados podem ser transmitidos instantaneamente para todas as unidades de fiscalização, podendo ser emitidas ordens de bloqueio contra os veículos irregulares. Ao passar por dois pórticos, a velocidade média no trecho entre eles será computada, podendo haver multa automática se a média for superior à velocidade permitida no trecho. Uma nova modalidade possível à Indústria da Multa com o upgrade tecnológico.
Caso o chip seja instalado, e todos os carros venham a tê-los, pedágios poderão ser cobrados em quaisquer vias a partir dos dados de circulação. Em São Paulo, que tem os pedágios mais caros do mundo e em grande quantidade, os atuais governantes poderão penalizar bem mais os veículos, arrecadando muito mais. O veículo que for pego sem chip também sofrerá penalidades.
Que o Brasil precisa de medidas duras para acabar com a chacina do trãnsito, concordamos. Que os carros devam estar regularizados, idem. Que o sistema iniba o roubo de carros, é válido. O problema é o uso que se fará dos dados, que serão encriptados na origem, mas depois arquivados em computadores do DETRAN, portanto vulneráveis à bisbilhotagem da vida alheia, a distribuição para golpistas, etc. O que serve para as autoridades de planejamento urbano usar como dados para reordenar o tráfego por sistemas inteligentes, também serve a um estado policialesco para controlar a vida dos cidadãos.
A princípio, ninguém pode ser contra a exigência de respeito às leis de trânsito. Nem a favor da sonegação tributária. Quem anda dentro da lei não deve ter nada a temer. Mesmo assim, os dados sobre a movimentação do seu carro ficarão arquivados em algum lugar. Como quem paga IPVA em dia e respeita os limites de velocidade é minoria, é previsível um tsunami de multas num primeiro momento. Depois, um tsunami de "cervejinhas" nas barreiras de fiscalização. A indústria da multa terá seus tempos de glória, pegando infratores mais fácil que pegar peixe em pesque-e-pague.
Como funciona o sistema? Cada veículo automotor terá um chip, como esses que são reconhecidos em cancelas de pedágios e mandam a conta para a casa do usuário. Nas ruas e estradas serão instalados pórticos com sensores e câmeras, que na passagem dos veículos capturarão os dados do chip. É como existe hoje, com reconhecimento ótico de placas existente em raros locais. Os dados serão encriptados e transmitidos "on line" para os computadores dos Detrans, que vasculharão a vida dos carros para ver se são roubados, procurados, de há taxas em atraso, etc.
Esses dados podem ser transmitidos instantaneamente para todas as unidades de fiscalização, podendo ser emitidas ordens de bloqueio contra os veículos irregulares. Ao passar por dois pórticos, a velocidade média no trecho entre eles será computada, podendo haver multa automática se a média for superior à velocidade permitida no trecho. Uma nova modalidade possível à Indústria da Multa com o upgrade tecnológico.
Caso o chip seja instalado, e todos os carros venham a tê-los, pedágios poderão ser cobrados em quaisquer vias a partir dos dados de circulação. Em São Paulo, que tem os pedágios mais caros do mundo e em grande quantidade, os atuais governantes poderão penalizar bem mais os veículos, arrecadando muito mais. O veículo que for pego sem chip também sofrerá penalidades.
Que o Brasil precisa de medidas duras para acabar com a chacina do trãnsito, concordamos. Que os carros devam estar regularizados, idem. Que o sistema iniba o roubo de carros, é válido. O problema é o uso que se fará dos dados, que serão encriptados na origem, mas depois arquivados em computadores do DETRAN, portanto vulneráveis à bisbilhotagem da vida alheia, a distribuição para golpistas, etc. O que serve para as autoridades de planejamento urbano usar como dados para reordenar o tráfego por sistemas inteligentes, também serve a um estado policialesco para controlar a vida dos cidadãos.
Marcadores:
indústria da multa,
pedágio,
siniav,
sinrav,
velocidade média
sexta-feira, 23 de março de 2012
RIO : Cidade da Música custa mais que estádio da Copa
Como é que uma obra orçada em R$ 80 milhões chega a mais de R$ 600 milhões em 10 anos (valores históricos, sem reajustes)? Esse "milagre da multiplicação orçamentária" foi feito pelo ex-prefeito César Maia na cidade do Rio de Janeiro. Houve CPI, Maia foi indiciado por improbidade administrativa pelo Ministério Público, mas nem a obra está pronta, nem os responsáveis por esse flagrante superfaturamento com dinheiro público estão na cadeia. Se houvesse alguma punição, possivelmente o filho de César, Rodrigo, não teria condições de se candidatar a prefeito em 2012.
Uma conta básica: os valores apresentados pela imprensa não são atualizados monetariamente para a data presente. Se considerarmos o fluxo de caixa desses mais de R$ 600 milhões atualizado para valor presente, considerando-se que mais de R$ 500 milhões foram pagos antes de 2008, quando César Maia "inaugurou" a obra com um concerto no apagar das luzes do seu mandato, teremos tranquilamente bem mais de R$ 700 milhões que o povo do Rio pagou até aqui por um equipamento inútil à cidade. Pior, deverá ter sua gestão privatizada logo que fique pronto. O povo gasta dinheiro para depois um empresário lucrar.
O orçamento original da obra de reforma do Maracanã foi de R$ 705 milhões. As dimensões do estádio são visivelmente superiores às da Cidade da Música. Como o prédio tem sua fachada tombada pelo Patrimônio Histórico, não pôde ser implodido para começar do zero, como em Brasília o Mané Garrincha, o que leva a uma obra lenta e cara, de demolição e refazimento para atender aos novos padrôes. Essa obra começou no início de 2011, e não tinha o serviço extra da coberta, que deverá elevar seu valor para R$ 931 milhões.
Em Brasília, o novo estádio Nacional teve seu orçamento em 2011 estimado em R$ 696 milhões. O Itaquerão, estádio do Corinthians que começou do zero, teve seu orçamento em 2011 estimado em R$ 820 milhões. E sobre todas as obras da Copa pairam dúvidas, com o Tribunal de Contas da União exigindo projetos mais detalhados e impondo reduções.
Como é que um centro cultural como a Cidade da Música, de volume de obras e complexidades inferiores às dos estádios, custa o mesmo ou mais que estádios da Copa? Onde foi parar essa grana toda? O melhor que se faz no momento é, pelo menos, inaugurar para que não fique ali apenas empatando o principal cruzamento da Barra da Tijuca e servindo de foco para dengue.
Uma conta básica: os valores apresentados pela imprensa não são atualizados monetariamente para a data presente. Se considerarmos o fluxo de caixa desses mais de R$ 600 milhões atualizado para valor presente, considerando-se que mais de R$ 500 milhões foram pagos antes de 2008, quando César Maia "inaugurou" a obra com um concerto no apagar das luzes do seu mandato, teremos tranquilamente bem mais de R$ 700 milhões que o povo do Rio pagou até aqui por um equipamento inútil à cidade. Pior, deverá ter sua gestão privatizada logo que fique pronto. O povo gasta dinheiro para depois um empresário lucrar.
O orçamento original da obra de reforma do Maracanã foi de R$ 705 milhões. As dimensões do estádio são visivelmente superiores às da Cidade da Música. Como o prédio tem sua fachada tombada pelo Patrimônio Histórico, não pôde ser implodido para começar do zero, como em Brasília o Mané Garrincha, o que leva a uma obra lenta e cara, de demolição e refazimento para atender aos novos padrôes. Essa obra começou no início de 2011, e não tinha o serviço extra da coberta, que deverá elevar seu valor para R$ 931 milhões.
Em Brasília, o novo estádio Nacional teve seu orçamento em 2011 estimado em R$ 696 milhões. O Itaquerão, estádio do Corinthians que começou do zero, teve seu orçamento em 2011 estimado em R$ 820 milhões. E sobre todas as obras da Copa pairam dúvidas, com o Tribunal de Contas da União exigindo projetos mais detalhados e impondo reduções.
Como é que um centro cultural como a Cidade da Música, de volume de obras e complexidades inferiores às dos estádios, custa o mesmo ou mais que estádios da Copa? Onde foi parar essa grana toda? O melhor que se faz no momento é, pelo menos, inaugurar para que não fique ali apenas empatando o principal cruzamento da Barra da Tijuca e servindo de foco para dengue.
Marcadores:
cidade da música,
copa do mundo,
Maracanã
Direita se articula para assassinar por preconceito
Dois homens foram presos em Curitiba por manterem site na internet que prega não apenas o ódio a nordestinos, judeus, mulheres, homossexuais, comunistas e negros, mas também o seu extermínio. E também propondo a liberação da pedofilia. A polícia suspeita que iriam fazer um atentado contra uma festa de estudantes de Ciências Sociais da Universidade de Brasília. Pior: que podem ter se articulado com o assassino de crianças da escola em Realengo, no Rio, no ano passado.
Quando houve a chacina de jovens na Noruega, o autor dos atentados foi preso e declarou que tem ligações com outros grupos no mundo. A motivação era anticomunista e neonazista. Será que esses assassinos estão se articulando mundialmente para começar uma nova era de terrorismo, de extrema-direita? Será que essas pessoas no Brasil fazem parte de alguma ramificação internacional de assassinos por precoceito? Será que a matança de moradores de rua em Brasília, com grandes requintes de crueldade, faz parte dessa possível articulação? A polícia tem que dar essas respostas e a justiça punir exemplarmente para que o mal não se espalhe.
Quando houve a chacina de jovens na Noruega, o autor dos atentados foi preso e declarou que tem ligações com outros grupos no mundo. A motivação era anticomunista e neonazista. Será que esses assassinos estão se articulando mundialmente para começar uma nova era de terrorismo, de extrema-direita? Será que essas pessoas no Brasil fazem parte de alguma ramificação internacional de assassinos por precoceito? Será que a matança de moradores de rua em Brasília, com grandes requintes de crueldade, faz parte dessa possível articulação? A polícia tem que dar essas respostas e a justiça punir exemplarmente para que o mal não se espalhe.
Marcadores:
neonazismo,
pedofilia,
racismo
Dilma precisa derrotar chantagem do Congresso
O governo quer aprovar a Lei da Copa, mas não tem nenhum interesse em voltar logo a Reforma Florestal, ou Lei da Motosserra, pois em junho acontece a conferência mundial sobre meio-ambiente Rio + 20 e o Brasil não quer mostrar esse retrocesso. Isso estressa o congresso, já que a bancada ruralista, que tem membros na oposição e na base aliada, quer logo marcar a data para anistiar dívidas de crimes ambientais já cometidos e passar o trator legalmente em reservas naturais das propriedades.
Pelo lado da base aliada, o pior dos mundos. PDT, PR e PMDB querem cargos para continuar apoiando o governo, e têm traído Dilma em algumas votações. São partidos que tiveram a oportunidade de apresentar ministros para o governo, que fizeram bandalheiras, e ainda têm a cara de pau de pedir para nomear outros, como se com tanto estrago político ainda merecessem alguma coisa.
Dilma não tem muita margem de manobra para negociar com a pior escória de políticos que o nosso infeliz Congresso possui. Chantagem nunca tem fim. Se pagar o preço exigido, depois pedem mais e mais. Base aliada com seriedade é programática, ou seja, ajuda a eleger e depois apoia o governo, não o chantageia. Que sentido tem um aliado colaborar para derrotar seu próprio governo, como estão fazendo esses partidos?
Para a população, essa chantagem por poder é vista como ganância por mais corrupção. Dilma deveria fazer uso dos espaços de comunicação social para denunciar isso, e pressionar as bases desses partidos contra as quadrilhas que medem os cargos pela quantidade de dinheiro dos seus orçamentos. E ameaçar excluir do governo, de cada carguinho, todos os indicados por esses partidos. Se até a oposição está doida por raspas e restos do governo, o que se dirá essa turma, que hoje tem tudo e amanhã pode amargar o exílio numa oposição sem discurso. Sem cargos e sem dinheiro para roubar também.
Pelo lado da base aliada, o pior dos mundos. PDT, PR e PMDB querem cargos para continuar apoiando o governo, e têm traído Dilma em algumas votações. São partidos que tiveram a oportunidade de apresentar ministros para o governo, que fizeram bandalheiras, e ainda têm a cara de pau de pedir para nomear outros, como se com tanto estrago político ainda merecessem alguma coisa.
Dilma não tem muita margem de manobra para negociar com a pior escória de políticos que o nosso infeliz Congresso possui. Chantagem nunca tem fim. Se pagar o preço exigido, depois pedem mais e mais. Base aliada com seriedade é programática, ou seja, ajuda a eleger e depois apoia o governo, não o chantageia. Que sentido tem um aliado colaborar para derrotar seu próprio governo, como estão fazendo esses partidos?
Para a população, essa chantagem por poder é vista como ganância por mais corrupção. Dilma deveria fazer uso dos espaços de comunicação social para denunciar isso, e pressionar as bases desses partidos contra as quadrilhas que medem os cargos pela quantidade de dinheiro dos seus orçamentos. E ameaçar excluir do governo, de cada carguinho, todos os indicados por esses partidos. Se até a oposição está doida por raspas e restos do governo, o que se dirá essa turma, que hoje tem tudo e amanhã pode amargar o exílio numa oposição sem discurso. Sem cargos e sem dinheiro para roubar também.
quinta-feira, 22 de março de 2012
EUA : Vem aí a energia de fusão nuclear, ou....
Ainda estão bem vivas na memória imagens de um documentário sobre o Projeto Manhattan, aquele que reuniu renomados cientistas para desenvolver a bomba atômica, onde num determinado momento de teste todos estavam na sala do experimento, alguns portando extintores de incêndio. Se não fosse a certeza do resultado, pouco adiantaria extintores, porque tudo iria pelos ares. Ou havia uma falta absoluta de noção do que poderia acontecer. Não aconteceu, para felicidade das famílias dos cientistas. Tudo deu certo, para infelicidade das famílias de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, varridas do mapa pelos produtos do projeto.
Agora recebi a notícia do disparo do raio laser mais poderoso da história, em laboratório norte-americano. Comecei a ler preconceituosamente, pensando que já seria uma nova arma, e que os caras gastam muito para matar e pouco para fazer as pessoas viverem. Pode até virar uma arma, mas o fim era outro: esmagar átomos de hidrogênio, produzir estrelas ínfimas, de grande energia, confinadas em equipamento que transformarão o calor gerado em energia elétrica. Resumo: fusão nuclear para produção de energia limpa, talvez em escala inimaginável. Se a energia produzida for superior à gasta pelo potente laser, a diferença será útil a eliminar a dependência em relação aos reatores de fissão, as usinas nucleares que temos hoje. Veja aqui a matéria com mais detalhes.
Aí vem novamente a imagem dos extintores. Confio na ciência. Teoricamente, tudo dá certo, mas sempre há riscos na hora de botar em prática o que a academia produz. Assim como o Colisor de Hadrons, do CERN, causa um enorme temor pelo gigantismo do equipamento montado e por eventuais consequências imprevisíveis nos modelos teóricos, se algo der errado num experimento dessa magnitude também pode causar muito estrago.
Tomara que dê certo, pensando na energia e na evolução tecnológica que isso trará para o desenvolvimento de alternativas a combustíveis fósseis, usinas nucleares, etc. . E que o laser não venha a fazer parte de peças militares. Considerando que os EUA podem vir a ter a primazia dessa tecnologia produtora de energia e possuir um laser com potencial militar, a notícia pode não ser muito boa para muitos neste planeta.
Agora recebi a notícia do disparo do raio laser mais poderoso da história, em laboratório norte-americano. Comecei a ler preconceituosamente, pensando que já seria uma nova arma, e que os caras gastam muito para matar e pouco para fazer as pessoas viverem. Pode até virar uma arma, mas o fim era outro: esmagar átomos de hidrogênio, produzir estrelas ínfimas, de grande energia, confinadas em equipamento que transformarão o calor gerado em energia elétrica. Resumo: fusão nuclear para produção de energia limpa, talvez em escala inimaginável. Se a energia produzida for superior à gasta pelo potente laser, a diferença será útil a eliminar a dependência em relação aos reatores de fissão, as usinas nucleares que temos hoje. Veja aqui a matéria com mais detalhes.
Aí vem novamente a imagem dos extintores. Confio na ciência. Teoricamente, tudo dá certo, mas sempre há riscos na hora de botar em prática o que a academia produz. Assim como o Colisor de Hadrons, do CERN, causa um enorme temor pelo gigantismo do equipamento montado e por eventuais consequências imprevisíveis nos modelos teóricos, se algo der errado num experimento dessa magnitude também pode causar muito estrago.
Tomara que dê certo, pensando na energia e na evolução tecnológica que isso trará para o desenvolvimento de alternativas a combustíveis fósseis, usinas nucleares, etc. . E que o laser não venha a fazer parte de peças militares. Considerando que os EUA podem vir a ter a primazia dessa tecnologia produtora de energia e possuir um laser com potencial militar, a notícia pode não ser muito boa para muitos neste planeta.
Marcadores:
energia,
fusão nuclear,
laser
Os novos ricos do governo Dilma
Interessante a matéria do link abaixo. É uma análise da pesquisa "De volta ao país do futuro", divulgada pela Fundação Getúlio Vargas. Fala da possibilidade de, em 18 meses, o Brasil ter pela primeira vez na história mais gente nas classes A e B que miseráveis. As classes mais ricas crescem 4 vezes mais que a badalada classe C, a nova classe média.
Segundo a FGV, a crise não atingiu a base dos assalariados brasileiros. O Índice de Gini, que mede a concentração de renda, apresentou o melhor resultado desde que começou a série histórica em 1960. A pesquisa traz boas notícias para as expectativas das mulheres em relação ao futuro.
http://colunistas.ig.com.br/lucianosuassuna/2012/03/07/o-governo-dilma-e-a-nova-classe-rica/
Segundo a FGV, a crise não atingiu a base dos assalariados brasileiros. O Índice de Gini, que mede a concentração de renda, apresentou o melhor resultado desde que começou a série histórica em 1960. A pesquisa traz boas notícias para as expectativas das mulheres em relação ao futuro.
http://colunistas.ig.com.br/lucianosuassuna/2012/03/07/o-governo-dilma-e-a-nova-classe-rica/
Marcadores:
Dilma,
FGV,
nova classe média,
país do futuro,
ricos
quarta-feira, 21 de março de 2012
Golpe : Sincronização de token do Santander
Todo dia recebo algum e-mail com golpe, mas para não saturar o blog só faço posts dos mais toscos, mostrando os elementos visíveis de armações para que as pessoas não tenham prejuízos. Aqui vai o de hoje, onde o golpista ignorante se passa pelo Banco Santander, e pede para que um potencial cliente desavisado, preposto de alguma empresa (o sistema que dizem atualizar é empresarial) clique num botão para "sincronizar o token", senão não poderá fazer transações bancárias, contábeis, etc. Token é aquele dispositivo que se coloca na porta USB para validar a segurança da transação.
A burrice do autor está na extensão do seu spam (milhares de mensagens mandadas para listas aleatórias). O público-alvo é uma pequena minoria de clientes pessoa jurídica que trabalha com o banco pela internet. A não ser que tenham conseguido a lista de e-mails dos prepostos de empresas que têm autorização para operar com o banco, a probabilidade de sucesso é mínima.
Onde estão os erros? Primeiro, a Febraban acertou com todos os bancos que ninguém mandará e-mail para clientes. No Banco do Brasil, por exemplo, quando acesso minha conta, dentro da área segura com senha, há um espaço "Minhas Mensagens", que o banco usa para se comunicar comigo. Creio que nos demais a coisa funcione assim, com segurança e dentro do ambiente web do próprio banco.
Analisando a tentativa de golpe, a começar pelo remetente "santander@qodokat.com, já é sensível o cheiro de fraude. Um e-mail instutucional sairia com algo tipo "@santander", e não de um servidor desconhecido. Com isso mais o título "(sincronização) do dispositivo token.", escrito de forma incompatível com os padrões de comunicação de uma grande empresa, a suspeição de fraude é praticamente certa. Ainda há um erro de pontuação entre os parágrafos, cabendo uma vírgula e não um ponto. O link do "clique aqui" manda o incauto para "islamictides.com/logs/c289226/" e sabe-se lá o que acontece nesse lugar, porque não paguei para ver.
A burrice do autor está na extensão do seu spam (milhares de mensagens mandadas para listas aleatórias). O público-alvo é uma pequena minoria de clientes pessoa jurídica que trabalha com o banco pela internet. A não ser que tenham conseguido a lista de e-mails dos prepostos de empresas que têm autorização para operar com o banco, a probabilidade de sucesso é mínima.
Onde estão os erros? Primeiro, a Febraban acertou com todos os bancos que ninguém mandará e-mail para clientes. No Banco do Brasil, por exemplo, quando acesso minha conta, dentro da área segura com senha, há um espaço "Minhas Mensagens", que o banco usa para se comunicar comigo. Creio que nos demais a coisa funcione assim, com segurança e dentro do ambiente web do próprio banco.
Analisando a tentativa de golpe, a começar pelo remetente "santander@qodokat.com, já é sensível o cheiro de fraude. Um e-mail instutucional sairia com algo tipo "@santander", e não de um servidor desconhecido. Com isso mais o título "(sincronização) do dispositivo token.", escrito de forma incompatível com os padrões de comunicação de uma grande empresa, a suspeição de fraude é praticamente certa. Ainda há um erro de pontuação entre os parágrafos, cabendo uma vírgula e não um ponto. O link do "clique aqui" manda o incauto para "islamictides.com/logs/c289226/" e sabe-se lá o que acontece nesse lugar, porque não paguei para ver.
Marcadores:
fraude,
golpe,
santander,
sincronização,
token
Poupança : Mudar para baixar juros
A Caderneta de Poupança é a opção preferencial do pequeno poupador. Apesar da remuneração pouco atrativa, as pessoas conseguem abri-la sem pagar tarifas bancárias, os juros são de TR (taxa referencial de juros - variável) mais 0,5% ao mês, e até R$ 50 mil não tem impostos. Hoje rende algo na faixa de 7,4% ao ano. Tem a garantia do Tesouro Nacional, ou seja, se o banco falir, o poupador não perde nada.
Em 1990 houve um imenso trauma quando o governo Collor fez o confisco temporário das poupanças, ou seja, congelou os saques por 18 meses, numa dessas pajelanças econômicas chamada Plano Collor. A idéia era deixar todo mundo sem acesso a dinheiro para reduzir o consumo e daí os preços pararem de subir, acabando com a inflação. Collor dizia que só tinha uma bala para atirar no tigre da inflação, fez toda a maldade de uma vez.
Collor errou o tiro, feriu o tigre e a inflação veio depois galopando. E o povo não se esqueceu da maldade com as poupanças, o que contaminará a discussão que agora vai se abrir sobre a mudança na remuneração. Falar sobre isso é muito complicado, até porque o assunto vai ser explorado politicamente. Coisas como "Dilma quer roubar a poupança" logo sairão das bocas oposicionistas, apesar de tanto o PSDB como o DEM, por princípio, deverem defender o que se propõe.
Por que mudar? Para baixar de vez a taxa de juros, e romper com os níveis de taxas de juros que extorquem o povo e o governo. Há espaço para mais redução na SELIC, mas a poupança, indiretamente, não permite que a taxa caia abaixo de 8,5%, nível atingido no governo Lula.
A SELIC é a taxa básica de juros para os títulos que o governo lança no mercado para rolar suas dívidas, já que gasta mais que arrecada, quando os juros são computados como despesa. Na realidade, se o Brasil não pagasse juros, seria superávitário num volume de recursos, no mínimo, igual ao que se chama de "superávit primário", que receita menos despesa, desconsiderado o valor dos juros.
Com a SELIC no atual nível de 9,75%, e a inflação em 5,8%, os juros reais, que são a SELIC menos a inflação, está na faixa de 4%. Os países emergentes em mesma situação de risco que o Brasil pagam de juros reais na faixa de 2%, e é essa a meta que Dilma persegue no momento. Algo em torno de 7,8%. Se a SELIC descer a este patamar, haverá uma enorme fuga de capitais dos títulos públicos para a poupança, que não pode ser usada como fonte para financiamento do governo, mas apenas para o crédito imobiliário, e o governo teria um desequilíbrio orçamentário.
Nesse patamar de 7,8%, a poupança ainda sobrevive, mas esse indice bruto aplicados em qualquer outra opção do mercado de títulos, pagando imposto de renda, IOF e taxas de administração, renderão abaixo de 7%. Quem aplica em títulos públicos normalmente tem aversão a risco, e não procurará as bolsas de valores como primeira opção. Correrá para a poupança, que se não mudar a regra se tornará o melhor investimento para o grande capital.
O rendimento da poupança vai cair? Sim, vai. A proposta especulada até aqui é acabar com a parte fixa da remuneração, os 0,5% ao mês. Deve-se usar um indicador baseado na SELIC para completar a remuneração, permitindo que os rendimentos variem abaixo desse valor fixo.
O que o poupador vai ganhar com isso? A aposta do governo é na redução global dos juros. Hoje quem tem perfil de pequeno poupador, se botar R$ 1.000 na poupança e comprar um bem no mesmo valor financiado em 12 meses, receberá da poupança R$ 74 em um ano, e pagará de juros R$ 400 na compra da geladeira. Se a poupança render 5%, e as taxas de juros caírem para um patamar ainda absurdo de 30%, a conta anterior ficaria em renda de R$ 50 e juros da geladeira de R$ 300, ou seja, no frigir dos ovos a diferença compensaria.
Isso mexe com o FGTS ? Ninguém falou nada sobre isso?
E o crédito imobiliário, muda? Idem.
E para o país? Se as premissas se concretizarem, os juros pagos pelo governo tenderão a cair, aumentando o superávit orçamentário, que pode chegar ao superávit nominal, ou seja, pagando tudo, até os juros, o país tem dinheiro sobrando para investir. Se chegar a esse nível, não necessitará de novos empréstimos, reduzindo a necessidade de emitir novos títulos e naturalmente tirando a pressão sobre a SELIC.
Com as contas equilibradas, pode-se baixar impostos seletivamente, reduzindo custos de cadeias produtivas que impactam a inflação. Com a queda da inflação, a renda das famílias melhora, estimulando o consumo, aquecendo a economia. Isso pode dar num ciclo virtuoso de queda tanto de juros como de inflação, rompendo a cultura inflacionária de muitas décadas e fazendo o Brasil ter uma economia capitalista com indicadores de país avançado (de antes da crise).
A poupança, nesse cenário, teria os rendimentos cada vez menores, mas pelo menos repondo a inflação, preservando o valor do dinheiro, que é a prioridade um de quem não tem dinheiro para ser investidor.
E os bancos? Com a queda do volume de dinheiro fácil, obtido com a mamata dos títulos públicos de alta remuneração, terão que pensar em ser bancos de verdade, ou seja, emprestar dinheiro. Com todos os bancos procurando clientes ao mesmo tempo, os juros ao consumidor, esses que estão em patamares mínimos de 40%, podendo chegar no cartão a 300%, não vão se sustentar.
Os bancos vão ter que ser competitivos, mais eficientes. Eles vão trabalhar para que a mudança na poupança não aconteça, e se for inevitável, que sejam preservados seus privilégios. Até aqui não vi a mídia contra a mudança, mas isso vai mudar à medida que interesses do grande capital forem contrariados no aclaramento da proposta do governo.
Em 1990 houve um imenso trauma quando o governo Collor fez o confisco temporário das poupanças, ou seja, congelou os saques por 18 meses, numa dessas pajelanças econômicas chamada Plano Collor. A idéia era deixar todo mundo sem acesso a dinheiro para reduzir o consumo e daí os preços pararem de subir, acabando com a inflação. Collor dizia que só tinha uma bala para atirar no tigre da inflação, fez toda a maldade de uma vez.
Collor errou o tiro, feriu o tigre e a inflação veio depois galopando. E o povo não se esqueceu da maldade com as poupanças, o que contaminará a discussão que agora vai se abrir sobre a mudança na remuneração. Falar sobre isso é muito complicado, até porque o assunto vai ser explorado politicamente. Coisas como "Dilma quer roubar a poupança" logo sairão das bocas oposicionistas, apesar de tanto o PSDB como o DEM, por princípio, deverem defender o que se propõe.
Por que mudar? Para baixar de vez a taxa de juros, e romper com os níveis de taxas de juros que extorquem o povo e o governo. Há espaço para mais redução na SELIC, mas a poupança, indiretamente, não permite que a taxa caia abaixo de 8,5%, nível atingido no governo Lula.
A SELIC é a taxa básica de juros para os títulos que o governo lança no mercado para rolar suas dívidas, já que gasta mais que arrecada, quando os juros são computados como despesa. Na realidade, se o Brasil não pagasse juros, seria superávitário num volume de recursos, no mínimo, igual ao que se chama de "superávit primário", que receita menos despesa, desconsiderado o valor dos juros.
Com a SELIC no atual nível de 9,75%, e a inflação em 5,8%, os juros reais, que são a SELIC menos a inflação, está na faixa de 4%. Os países emergentes em mesma situação de risco que o Brasil pagam de juros reais na faixa de 2%, e é essa a meta que Dilma persegue no momento. Algo em torno de 7,8%. Se a SELIC descer a este patamar, haverá uma enorme fuga de capitais dos títulos públicos para a poupança, que não pode ser usada como fonte para financiamento do governo, mas apenas para o crédito imobiliário, e o governo teria um desequilíbrio orçamentário.
Nesse patamar de 7,8%, a poupança ainda sobrevive, mas esse indice bruto aplicados em qualquer outra opção do mercado de títulos, pagando imposto de renda, IOF e taxas de administração, renderão abaixo de 7%. Quem aplica em títulos públicos normalmente tem aversão a risco, e não procurará as bolsas de valores como primeira opção. Correrá para a poupança, que se não mudar a regra se tornará o melhor investimento para o grande capital.
O rendimento da poupança vai cair? Sim, vai. A proposta especulada até aqui é acabar com a parte fixa da remuneração, os 0,5% ao mês. Deve-se usar um indicador baseado na SELIC para completar a remuneração, permitindo que os rendimentos variem abaixo desse valor fixo.
O que o poupador vai ganhar com isso? A aposta do governo é na redução global dos juros. Hoje quem tem perfil de pequeno poupador, se botar R$ 1.000 na poupança e comprar um bem no mesmo valor financiado em 12 meses, receberá da poupança R$ 74 em um ano, e pagará de juros R$ 400 na compra da geladeira. Se a poupança render 5%, e as taxas de juros caírem para um patamar ainda absurdo de 30%, a conta anterior ficaria em renda de R$ 50 e juros da geladeira de R$ 300, ou seja, no frigir dos ovos a diferença compensaria.
Isso mexe com o FGTS ? Ninguém falou nada sobre isso?
E o crédito imobiliário, muda? Idem.
E para o país? Se as premissas se concretizarem, os juros pagos pelo governo tenderão a cair, aumentando o superávit orçamentário, que pode chegar ao superávit nominal, ou seja, pagando tudo, até os juros, o país tem dinheiro sobrando para investir. Se chegar a esse nível, não necessitará de novos empréstimos, reduzindo a necessidade de emitir novos títulos e naturalmente tirando a pressão sobre a SELIC.
Com as contas equilibradas, pode-se baixar impostos seletivamente, reduzindo custos de cadeias produtivas que impactam a inflação. Com a queda da inflação, a renda das famílias melhora, estimulando o consumo, aquecendo a economia. Isso pode dar num ciclo virtuoso de queda tanto de juros como de inflação, rompendo a cultura inflacionária de muitas décadas e fazendo o Brasil ter uma economia capitalista com indicadores de país avançado (de antes da crise).
A poupança, nesse cenário, teria os rendimentos cada vez menores, mas pelo menos repondo a inflação, preservando o valor do dinheiro, que é a prioridade um de quem não tem dinheiro para ser investidor.
E os bancos? Com a queda do volume de dinheiro fácil, obtido com a mamata dos títulos públicos de alta remuneração, terão que pensar em ser bancos de verdade, ou seja, emprestar dinheiro. Com todos os bancos procurando clientes ao mesmo tempo, os juros ao consumidor, esses que estão em patamares mínimos de 40%, podendo chegar no cartão a 300%, não vão se sustentar.
Os bancos vão ter que ser competitivos, mais eficientes. Eles vão trabalhar para que a mudança na poupança não aconteça, e se for inevitável, que sejam preservados seus privilégios. Até aqui não vi a mídia contra a mudança, mas isso vai mudar à medida que interesses do grande capital forem contrariados no aclaramento da proposta do governo.
terça-feira, 20 de março de 2012
Lei da Copa : Governo vendeu mercadoria que não tinha.
Quando o governo brasileiro fez o contrato com a FIFA em 2008 para a realização da Copa no Brasil aceitou condições que não podia garantir, como a da suspensão do item do Estatuto do Torcedor que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
Como o governo garantiria a aprovação disso no Congresso? Como poderiam garantir prazos para a aprovação do marco legal para a Copa, quando é uma prerrogativa do Congresso estabelecer seu cronograma de prioridades? Venderam mercadoria que não tinham para entregar.
Agora começou a rolar o sufoco. O agrado vai ficar mais caro, porque nossos ilibados políticos vão cobrar "taxa de urgência" para aprovar o projeto. Vai ter base aliada se rebelando para liberar grana das tais emendas parlamentares. A oposição vai chantagear com obstruções, para negociar projetos de seu interesse. Pelo visto, para ter cerveja nos estádios, o governo vai ter que dar uma "cervejinha" aos políticos para garantir maioria na aprovação da lei.
Como o governo garantiria a aprovação disso no Congresso? Como poderiam garantir prazos para a aprovação do marco legal para a Copa, quando é uma prerrogativa do Congresso estabelecer seu cronograma de prioridades? Venderam mercadoria que não tinham para entregar.
Agora começou a rolar o sufoco. O agrado vai ficar mais caro, porque nossos ilibados políticos vão cobrar "taxa de urgência" para aprovar o projeto. Vai ter base aliada se rebelando para liberar grana das tais emendas parlamentares. A oposição vai chantagear com obstruções, para negociar projetos de seu interesse. Pelo visto, para ter cerveja nos estádios, o governo vai ter que dar uma "cervejinha" aos políticos para garantir maioria na aprovação da lei.
Marcadores:
cerveja,
Congresso,
lei da copa
Fantástico : Enfim, o foco nos corruptores
A jogada ensaiada do MEC com a Globo deve estar preocupando muito pilantra por aí. Não vi a matéria sobre armações em licitações nos hospitais públicos no Fantástico, mas ontem no Jornal Nacional. Embora a matéria desse a entender que a cilada foi armada por um repórter, quem estava sentado à mesa ouvindo as propostas de propinas devia ser alguém do órgão público, articulado com a imprensa, certamente com o aval dos superiores. Os empresários caíram feio na armadilha.
Cenas obscenas de 171, como a da diretora de uma empresa que chega com todas as propostas prontas, e dos caras oferecendo propinas em diversos percentuais, sem qualquer pudor, demonstrando ser rotineira a prática. Apenas uma das pessoas mostrou alguma preocupação, e mandou o funcionário fechar o laptop.
Essa é uma pequena amostra do mundo da bandidagem empresarial, que não tem nada de concorrencial. Só ganha roubando. Nos muitos anos que convivi com comissões de licitação e com fornecedores, pensava ter visto de tudo. Quem vai acreditar num empresário que te conta que fraudou uma licitação noutro canto, mas seria incapaz de fazer o mesmo nas licitações do órgão onde você trabalha? Eles falam nisso abertamente, sem noção, é só dar linha neles que abrem o jogo.
Os corruptores têm prazer em dizer como corromperam, os nomes dos corruptos, e dizer que "lá no órgão tal tá todo mundo no nosso bolso". De tudo que vi, a novidade foi no edital pela internet para pregão, com a regra de mandar buscar o impresso nas mãos do funcionário para que ele anote as concorrentes e passe para a lista para o corruptor interessado em depois ir lá fazer o "combinemos", o conchavo onde alguém ganhará superfaturando e os demais serão figurantes, ganhando um trocadinho e a promessa de rodízio na próxima licitação.
A matéria não acusou funcionários, botando o foco nas empresas. Foram entrevistados policiais, pessoas do Ministério Público, da CGU, TCU e o Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, que aproveitou a deixa para fazer propaganda da empresa que criará para centralizar as licitações dos hospitais universitários. Em nenhum momento a matéria tentou derrubar o ministro, o que deixou clara a jogada ensaiada. Afinal, como a Globo entraria numa repartição pública sem autorização, colocando a câmera bem arrumada na sala, com áudio de ótima qualidade?
As empresas envolvidas já são freguesas da Polícia Federal, CGU e TCU. Uma foi até impedida de participar de licitações em órgãos públicos, mas conseguiu uma liminar na justiça para continuar fazendo suas armações. Agora foi a pá de cal, mas os empresários se limitaram a dizer que iriam demitir os envolvidos. Numa, a cara de pau do preposto dava nojo, porque disse que aquilo não fazia parte dos padrões éticos da empresa.
O deputado tucano Álvaro Dias deu o ar da graça na matéria falando em CPI da corrupção na saúde. Sou a favor, começando lá por umas certas ambulâncias que um ministro de outro governo comprou de uma máfia de mensalão. Ele deve ter achado que a matéria iria, como de praxe na Globo, fazer conspiração contra o governo, e deu o seu recado nesse sentido.
Essa de culpa do mordomo não cola: orçamentos de propostas são elementos definidos pelo dono da empresa ou alguém de sua total confiança. Já vi caso de empreiteiro que recebeu de um profissional um orçamento feito dentro das normas técnicas, considerando todos os encargos sociais, impostos, etc. Na entrega do trabalho, o empresário disse que estava alto, e iria baixar bastante, porque tinha uma política de sonegação de direitos trabalhistas e de impostos que tornava sua empresa altamente competitiva.
É o tal do "dumping social". Além disso, empresários compram fiscais e gestores para descumprir os contratos, ganhando muito com isso. Propina é para essas coisas, mas também serve para mensalões, para manter políticos que defendem emendas no orçamento de obras já encomendadas no esquema, etc. Nos países ditos desenvolvidos há leis rígidas para punir os corruptores, não apenas afastando empresas de licitações, mas botando na cadeia os aliciadores. Aqui no Brasil eles agem impunes, causando rombos no mercado, e saem rindo de um episódio como este.
Cenas obscenas de 171, como a da diretora de uma empresa que chega com todas as propostas prontas, e dos caras oferecendo propinas em diversos percentuais, sem qualquer pudor, demonstrando ser rotineira a prática. Apenas uma das pessoas mostrou alguma preocupação, e mandou o funcionário fechar o laptop.
Essa é uma pequena amostra do mundo da bandidagem empresarial, que não tem nada de concorrencial. Só ganha roubando. Nos muitos anos que convivi com comissões de licitação e com fornecedores, pensava ter visto de tudo. Quem vai acreditar num empresário que te conta que fraudou uma licitação noutro canto, mas seria incapaz de fazer o mesmo nas licitações do órgão onde você trabalha? Eles falam nisso abertamente, sem noção, é só dar linha neles que abrem o jogo.
Os corruptores têm prazer em dizer como corromperam, os nomes dos corruptos, e dizer que "lá no órgão tal tá todo mundo no nosso bolso". De tudo que vi, a novidade foi no edital pela internet para pregão, com a regra de mandar buscar o impresso nas mãos do funcionário para que ele anote as concorrentes e passe para a lista para o corruptor interessado em depois ir lá fazer o "combinemos", o conchavo onde alguém ganhará superfaturando e os demais serão figurantes, ganhando um trocadinho e a promessa de rodízio na próxima licitação.
A matéria não acusou funcionários, botando o foco nas empresas. Foram entrevistados policiais, pessoas do Ministério Público, da CGU, TCU e o Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, que aproveitou a deixa para fazer propaganda da empresa que criará para centralizar as licitações dos hospitais universitários. Em nenhum momento a matéria tentou derrubar o ministro, o que deixou clara a jogada ensaiada. Afinal, como a Globo entraria numa repartição pública sem autorização, colocando a câmera bem arrumada na sala, com áudio de ótima qualidade?
As empresas envolvidas já são freguesas da Polícia Federal, CGU e TCU. Uma foi até impedida de participar de licitações em órgãos públicos, mas conseguiu uma liminar na justiça para continuar fazendo suas armações. Agora foi a pá de cal, mas os empresários se limitaram a dizer que iriam demitir os envolvidos. Numa, a cara de pau do preposto dava nojo, porque disse que aquilo não fazia parte dos padrões éticos da empresa.
O deputado tucano Álvaro Dias deu o ar da graça na matéria falando em CPI da corrupção na saúde. Sou a favor, começando lá por umas certas ambulâncias que um ministro de outro governo comprou de uma máfia de mensalão. Ele deve ter achado que a matéria iria, como de praxe na Globo, fazer conspiração contra o governo, e deu o seu recado nesse sentido.
Essa de culpa do mordomo não cola: orçamentos de propostas são elementos definidos pelo dono da empresa ou alguém de sua total confiança. Já vi caso de empreiteiro que recebeu de um profissional um orçamento feito dentro das normas técnicas, considerando todos os encargos sociais, impostos, etc. Na entrega do trabalho, o empresário disse que estava alto, e iria baixar bastante, porque tinha uma política de sonegação de direitos trabalhistas e de impostos que tornava sua empresa altamente competitiva.
É o tal do "dumping social". Além disso, empresários compram fiscais e gestores para descumprir os contratos, ganhando muito com isso. Propina é para essas coisas, mas também serve para mensalões, para manter políticos que defendem emendas no orçamento de obras já encomendadas no esquema, etc. Nos países ditos desenvolvidos há leis rígidas para punir os corruptores, não apenas afastando empresas de licitações, mas botando na cadeia os aliciadores. Aqui no Brasil eles agem impunes, causando rombos no mercado, e saem rindo de um episódio como este.
Marcadores:
Corrupção,
fantástico
segunda-feira, 19 de março de 2012
Mídia : A propaganda que pagamos
Toda propaganda é paga pelo consumidor, de alguma forma, afinal, faz parte dos custos dos produtos disponibilizados e entra na composição do preço final. Isso vale para um anúncio em revista, na TV, rádio ou para aqueles estandes belíssimos e decorados de imóveis em lançamento. No final, você paga tudo isso. Faz parte do jogo comercial.
O que a gente não para para pensar é em quanta propaganda nos empurram, por exemplo, numa revista semanal que você paga. Peguei uma revista Veja para ler enquanto fazia fisioterapia, e rapidamente li quase tudo, em menos de duas horas. Como não tinha outra revista para ler por perto, resolvi buscar matérias mais chatas que tinha deixado de ler, e fiz uma loteria: abri aleatoriamente a revista por diversas vezes tentando achar algo, mas só caía em páginas de anúncios.
Pensei que estava com azar, mas percebi que realmente tinha muita propaganda. Coisa de 10 páginas seguidas. Na falta do que fazer diante da inevitável imobilização do tratamento, resolvi fazer a estatística de anúncios x páginas com algum conteúdo (incluindo capa, fotos, página do corpo técnico da editora, etc). O resultado foi 93 páginas com anúncio contra 78 "úteis". Chegando em casa, abri a Isto É e a pesquisa deu 77 páginas úteis contra 58 de anúncios.
Alguém pode justificar que os anúncios barateiam o preço final na banca, ou seja, se não fosse por eles você pagaria o dobro. E os da Veja devem ser caros e em maior quantidade, porque são muito focados na classe A de renda, portanto, a revista deveria sair mais barata. Esse detalhe não bate com a realidade. Conclusão: pagamos duas vezes pela propaganda ao adquirir algum daqueles produtos - a embutida no preço da revista, e a embutida no preço do produto.
Nas rádios você não paga, mas também não recebe muita coisa de volta. Exemplo: rádios FM, que vieram para ser algo bem melhor que as rádios AM, a começar pelo som estéreo. A princípio tinham programação diferenciada, melhor que as AM. Hoje, dependendo do canal, você passa muito tempo sem ouvir uma música ou informação. Quando não são os apresentadores falando abobrinhas sem parar ou fazendo merchandising, são intermináveis anúncios que impedem que algo útil seja colocado no ar, como música ou informação. A gente gasta muito tempo bombardeado por algum tipo de propaganda e leva muito pouca contrapartida gratuita.
Com TVs por assinatura acontece em alguns canais isso. Exemplos mais gritantes: Universal, TNT e Sony. Um seriado enlatado de 40 minutos vira uma hora de exibição facilmente. Um filme de duas horas vira três horas. E tome anúncio. Dá para levantar, tomar um banho e pegar o filme ao final do intervalo. E quando o filme chega ao final, o espaço "útil" se reduz, com o aumento da frequência dos anúncios, porque sabem que ninguém vai largar o filme ou programa no fim.
Na maioria dos casos as propagandas são de programação da própria emissora, mas são um desrespeito ao assinante, que paga para ter o conforto de ver programas praticamente sem interrupções. Já que estamos falando de TV por assinatura, há pacotes que oferecem dezenas de canais, mas não fica claro que um terço é de programas religiosos, canais governamentais de televendas. Além da propaganda, o assinante paga por muito sebo para pouca carne.
O que a gente não para para pensar é em quanta propaganda nos empurram, por exemplo, numa revista semanal que você paga. Peguei uma revista Veja para ler enquanto fazia fisioterapia, e rapidamente li quase tudo, em menos de duas horas. Como não tinha outra revista para ler por perto, resolvi buscar matérias mais chatas que tinha deixado de ler, e fiz uma loteria: abri aleatoriamente a revista por diversas vezes tentando achar algo, mas só caía em páginas de anúncios.
Pensei que estava com azar, mas percebi que realmente tinha muita propaganda. Coisa de 10 páginas seguidas. Na falta do que fazer diante da inevitável imobilização do tratamento, resolvi fazer a estatística de anúncios x páginas com algum conteúdo (incluindo capa, fotos, página do corpo técnico da editora, etc). O resultado foi 93 páginas com anúncio contra 78 "úteis". Chegando em casa, abri a Isto É e a pesquisa deu 77 páginas úteis contra 58 de anúncios.
Alguém pode justificar que os anúncios barateiam o preço final na banca, ou seja, se não fosse por eles você pagaria o dobro. E os da Veja devem ser caros e em maior quantidade, porque são muito focados na classe A de renda, portanto, a revista deveria sair mais barata. Esse detalhe não bate com a realidade. Conclusão: pagamos duas vezes pela propaganda ao adquirir algum daqueles produtos - a embutida no preço da revista, e a embutida no preço do produto.
Nas rádios você não paga, mas também não recebe muita coisa de volta. Exemplo: rádios FM, que vieram para ser algo bem melhor que as rádios AM, a começar pelo som estéreo. A princípio tinham programação diferenciada, melhor que as AM. Hoje, dependendo do canal, você passa muito tempo sem ouvir uma música ou informação. Quando não são os apresentadores falando abobrinhas sem parar ou fazendo merchandising, são intermináveis anúncios que impedem que algo útil seja colocado no ar, como música ou informação. A gente gasta muito tempo bombardeado por algum tipo de propaganda e leva muito pouca contrapartida gratuita.
Com TVs por assinatura acontece em alguns canais isso. Exemplos mais gritantes: Universal, TNT e Sony. Um seriado enlatado de 40 minutos vira uma hora de exibição facilmente. Um filme de duas horas vira três horas. E tome anúncio. Dá para levantar, tomar um banho e pegar o filme ao final do intervalo. E quando o filme chega ao final, o espaço "útil" se reduz, com o aumento da frequência dos anúncios, porque sabem que ninguém vai largar o filme ou programa no fim.
Na maioria dos casos as propagandas são de programação da própria emissora, mas são um desrespeito ao assinante, que paga para ter o conforto de ver programas praticamente sem interrupções. Já que estamos falando de TV por assinatura, há pacotes que oferecem dezenas de canais, mas não fica claro que um terço é de programas religiosos, canais governamentais de televendas. Além da propaganda, o assinante paga por muito sebo para pouca carne.
Marcadores:
mídia,
propaganda,
rádio,
tv por assinatura
domingo, 18 de março de 2012
Moscou : Cidade com mais bilionários no mundo
Nesses 20 anos que se seguiram ao fim da União Soviética e ao sistema dito comunista, a "igualitária e socialista" Rússia despontou para o mundo como a cidade com maior número de bilionários. Na lista dos 50 mais ricos da revista Forbes, 15 são russos. Dos 300 bilionários da Europa, 100 são russos.
Todas essas riquezas se formaram em meio ao caos econômico dos anos Gorbatchev / Ieltsin, com orgias de privatizações e aparecimento de fortunas guardadas por altos burocratas ligados aos comunistas e de mafiosos. Para não dar muito na vista que havia "comunistas ricos" anteriormente à queda do sistema, boa parte dos novos-ricos que compraram tudo a preço de banana dizem ter se associado a capitalistas estrangeiros, que teriam entrado com a grana na privataria.
Mexendo numas fotos que tirei em Moscou, fiquei curioso com esse prédio majestoso, o Vienna House, com uma escultura de foguete e uma águia folheados a ouro, que fica próximo ao Boulevard Smolenskiy, área de embaixadas e do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, construído em 2004. Não consegui chegar aos nomes dos arquitetos que o projetaram, mas achei o preço de um apartamento de cerca de 1.500m², com quatro andares, cinco vagas na garagem, heliponto no prédio, com decoração do mesmo profissional que enfeita as casas de Madonna e Elton John. Quinze quartos e seis banheiros, mais 5 dependências sanitárias. Detalhe desnecessário : o metrô Smolenskaya fica a meia quadra.
Preço negociável : US$ 40,888,647, ou no nosso supervalorizado Real com câmbio de US$ = R$ 1,80, temos a bagatela de R$ 73.599.564,60. Essa merreca significa uns R$ 49 mil por metro quadrado para o bilionário russo viver como um Czar. Para se ter idéia do que isso significa em termos de Brasil, no ano passado um proprietário de uma cobertura de 1.200 m² na Av. Vieira Souto, em Ipanema, de frente para o mar, recusou uma proposta de R$ 60 milhões, o que representaria R$ 50 mil / m².
Considerada a valorização no Rio, e que os apartamentos de frente para o mar no Leblon valem mais que em Ipanema, e que o anúncio de Moscou é de 2 anos atrás, a coisa é mais ou menos parecida em termos de preço. A grande diferença é que esse lugar em Moscou não tem praia, nem floresta, nem montanha, fica num lugar que é uma imensa muvuca, cinzento, horroroso, e no inverno a temperatura chega a uns 20 graus abaixo de zero. Mas dá para o Czar botar seus carrões de grife nas garagens e tirar onda em cima dos milhões de russos que viram a qualidade de vida cair para que alguns poucos tivessem muito, muito mesmo.
Todas essas riquezas se formaram em meio ao caos econômico dos anos Gorbatchev / Ieltsin, com orgias de privatizações e aparecimento de fortunas guardadas por altos burocratas ligados aos comunistas e de mafiosos. Para não dar muito na vista que havia "comunistas ricos" anteriormente à queda do sistema, boa parte dos novos-ricos que compraram tudo a preço de banana dizem ter se associado a capitalistas estrangeiros, que teriam entrado com a grana na privataria.
Mexendo numas fotos que tirei em Moscou, fiquei curioso com esse prédio majestoso, o Vienna House, com uma escultura de foguete e uma águia folheados a ouro, que fica próximo ao Boulevard Smolenskiy, área de embaixadas e do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, construído em 2004. Não consegui chegar aos nomes dos arquitetos que o projetaram, mas achei o preço de um apartamento de cerca de 1.500m², com quatro andares, cinco vagas na garagem, heliponto no prédio, com decoração do mesmo profissional que enfeita as casas de Madonna e Elton John. Quinze quartos e seis banheiros, mais 5 dependências sanitárias. Detalhe desnecessário : o metrô Smolenskaya fica a meia quadra.
Preço negociável : US$ 40,888,647, ou no nosso supervalorizado Real com câmbio de US$ = R$ 1,80, temos a bagatela de R$ 73.599.564,60. Essa merreca significa uns R$ 49 mil por metro quadrado para o bilionário russo viver como um Czar. Para se ter idéia do que isso significa em termos de Brasil, no ano passado um proprietário de uma cobertura de 1.200 m² na Av. Vieira Souto, em Ipanema, de frente para o mar, recusou uma proposta de R$ 60 milhões, o que representaria R$ 50 mil / m².
Considerada a valorização no Rio, e que os apartamentos de frente para o mar no Leblon valem mais que em Ipanema, e que o anúncio de Moscou é de 2 anos atrás, a coisa é mais ou menos parecida em termos de preço. A grande diferença é que esse lugar em Moscou não tem praia, nem floresta, nem montanha, fica num lugar que é uma imensa muvuca, cinzento, horroroso, e no inverno a temperatura chega a uns 20 graus abaixo de zero. Mas dá para o Czar botar seus carrões de grife nas garagens e tirar onda em cima dos milhões de russos que viram a qualidade de vida cair para que alguns poucos tivessem muito, muito mesmo.
Marcadores:
bilionário,
moscou
sábado, 17 de março de 2012
Viagem : Saboreando milhares de fotos
Moscou - Museu Cosmonáutico |
Por trás de cada imagem há uma potencial pesquisa, e isso é o que fixa o conhecimento histórico e cultural após a viagem. Exemplo é a foto do post: quem vai a Moscou ver o Museu Cosmonáutico, onde estão expostas naves e equipamentos da conquista espacial soviética? A gente só vê a NASA, mas eles sempre estiveram à frente nas pesquisas e no desenvolvimento espacial. Dentro do museu está uma história que nos foi escondida durante todo o tempo de Guerra Fria. Não tem pacote de viagem que mostre isso, e mesmo que fosse, era para bater umas fotos e cair fora logo para ir ver outra coisa. Quem estiver por lá, é só pegar o metrô para a estação VDNK (linha 6), que segue a Prospekt Mira na direção norte da cidade. Saindo do Museu, é só atravessar uma avenida que chega ao Parque All Russia, muito interessante e enorme. Na volta, deve-se visitar o museu da famosa estátua do operário e da camponesa, que fica perto da estação. De quebra, já se visita algumas belíssimas estações do metrô. Isso tudo depois vira post do blog.
Até agora classifiquei e pesquisei informações de 8 mil fotos. Se quisesse escrever uma três matérias por dia para o blog sobre o que dizem as fotos, teria material para muitos anos. Fora as fotos há os registros escritos, que também contribuem para a bagagem adquirida. Depois vêm as estatísticas de custos, de tempos gastos, a análise das decisões tomadas na logística, o tratamento do conhecimento adquirido para aprimorar as novas viagens, etc. Com mais tempo, a idéia é transformar tudo num e-book.
Vamos ver se até o fim de abril terminamos, e postamos uma avalanche de matérias sobre os países visitados (Áustria, Alemanha, Eslováquia, Rep. Tcheca, Rússia, Eslovênia, Croácia, Bulgária, Hungria e Itália). Nesse meio tempo já estamos preparando um novo roteiro, antes que o câmbio fique ruim para nós. Desta vez, para o norte da Europa, em torno do Mar Báltico. Setembro.
Marcadores:
all russia,
moscou,
museu cosmonáutico,
Planejamento de viagem,
vdnk
sexta-feira, 16 de março de 2012
Juros : Governo quer baixar "spread" e alterar regras da poupança
O governo parece querer mesmo baixar os juros a níveis internacionais para países emergentes, ou seja, algo na faixa de 2% reais. Hoje estamos na faixa dos 4% reais. Nas próximas reuniões do COPOM, segundo a ata da reunião anterior, a SELIC deve cair para 9% e aí permanecer até que se resolva a questão da poupança. Ao mesmo tempo, mandaram BB e CEF baixar os "spreads", ou seja, a diferença entre o que se gasta com a captação de depósitos e o juro cobrado ao cliente, que é o mais alto do mundo. Dilma quer que os bancos públicos quebrem o cartel dos bancos privados e comecem a emprestar mais barato.
Quanto ao "spread", a solução apontada é a regulamentação do cadastro positivo, que é uma forma de reconhecer os potenciais tomadores de empréstimos que têm menor risco, e assim diminuir as reservas para eventual inadimplência. Não sei da eficácia disso, porque os bancos já têm seus clientes classificados por riscos e já oferecem juros menores aos bons pagadores. Além de exigirem pesadas garantias de empréstimos maiores. Isso deve influir mais nos financiamentos a prazo do comércio.
Outro gargalo para a redução dos juros está na eventual fuga de capitais para a poupança, caso a taxa de juros baixe para menos de 8,5%. Hoje a poupança é remunerada pela TR mais 0,5% ao mês, o que leva o seu rendimento para cerca de 7,4%. Não incide imposto de renda sobre os seus rendimentos. Ela acaba se tornando uma espécie de piso para a taxa de juros. Como as aplicações que hoje rendem na base de 10% ao ano têm impostos e taxas de intermediação, com a queda da SELIC logo estarão com rendimentos líquidos na base da poupança. Se a SELIC cair mais ainda, a poupança terá um forte atrativo. Bom a princípio para o financiamento imobiliário, mas a existência da regra atual não permitirá que o Brasil rompa de vez com as elevadas taxas de juros que pratica.
Para não mexer nas regras atuais, o governo tem um projeto que taxaria as novas poupanças, evitando uma avalanche de capitais especulativos migrando dos outros investimentos. A idéia do governo é substituir os juros mensais da poupança para um índice baseado na SELIC com redutor, mantendo a TR porque está prevista nos contratos de financiamento. Isso pode sair por medida provisória. Como pode resultar numa ameaça para os especuladores e banqueiros, a tropa de choque da mídia já está fazendo terrorismo com o assunto, dizendo que irá prejudicar os poupadores, que não se deve mexer nisso em ano eleitoral, etc.
Quanto ao "spread", a solução apontada é a regulamentação do cadastro positivo, que é uma forma de reconhecer os potenciais tomadores de empréstimos que têm menor risco, e assim diminuir as reservas para eventual inadimplência. Não sei da eficácia disso, porque os bancos já têm seus clientes classificados por riscos e já oferecem juros menores aos bons pagadores. Além de exigirem pesadas garantias de empréstimos maiores. Isso deve influir mais nos financiamentos a prazo do comércio.
Outro gargalo para a redução dos juros está na eventual fuga de capitais para a poupança, caso a taxa de juros baixe para menos de 8,5%. Hoje a poupança é remunerada pela TR mais 0,5% ao mês, o que leva o seu rendimento para cerca de 7,4%. Não incide imposto de renda sobre os seus rendimentos. Ela acaba se tornando uma espécie de piso para a taxa de juros. Como as aplicações que hoje rendem na base de 10% ao ano têm impostos e taxas de intermediação, com a queda da SELIC logo estarão com rendimentos líquidos na base da poupança. Se a SELIC cair mais ainda, a poupança terá um forte atrativo. Bom a princípio para o financiamento imobiliário, mas a existência da regra atual não permitirá que o Brasil rompa de vez com as elevadas taxas de juros que pratica.
Para não mexer nas regras atuais, o governo tem um projeto que taxaria as novas poupanças, evitando uma avalanche de capitais especulativos migrando dos outros investimentos. A idéia do governo é substituir os juros mensais da poupança para um índice baseado na SELIC com redutor, mantendo a TR porque está prevista nos contratos de financiamento. Isso pode sair por medida provisória. Como pode resultar numa ameaça para os especuladores e banqueiros, a tropa de choque da mídia já está fazendo terrorismo com o assunto, dizendo que irá prejudicar os poupadores, que não se deve mexer nisso em ano eleitoral, etc.
quinta-feira, 15 de março de 2012
PR ganhou ministério de graça?
Vergonhosa a politicagem brasileira. Que um partido apóie a proposta que levou a presidente Dilma ao governo pleiteie a divisão das responsabilidades pelo governo, e a partir daí alguns cargos, para preencher com seus melhores quadros, é legítimo, é democrático, é político. Chantagear o próprio governo para obter vantagens, ameaçando alinhar-se com a oposição, é degenerado, é canalhocracia.
Partidos como o PR e o PDT estão devendo a Dilma. Indicaram ministros que traíram a confiança da presidente, envolvendo-se em bandalheiras. Deveriam botar o rabo entre as pernas e pedir desculpas pelos erros que comprometeram a credibilidade daquela que elegeram. Não é isso que estamos vendo. O PDT quer se rebelar se não tiver outro nome no Ministério do Trabalho.
O PR quer botar outro dos seus no Ministério dos Transportes, e já faz oposição no senado. Isso na mesma semana da contemplação no Ministério da Pesca pelo senador Crivella, que também é do PR VIDE ERRATA). O que querem? Jogar o governo na lama, como fizeram nos transportes, e depois pleitear mais espaços? Nem na política mais rasteira existe isso.
Querem ir para a oposição? Entreguem todos os cargos e vão. Não falta no mercado da baixa política gente sem vergonha para se vender e virar base aliada com alguns mimos e carguinhos. Dilma deveria passar o rodo nesse povo.
ERRATA : Alertado pelo leitor Lúcio Faller, corrigimos a informação: O Senador Crivela é do PRB, e não do PR, que só tinha o Ministério dos Transportes e fez aquela lambança toda. O PRB é outra estória: o governo quer retirar a candidatura de Russomano a prefeito de São Paulo, que é do partido, para que apoie o candidato do PT, Haddad. Outro "negócio" mal feito, porque o PRB já disse que não topa o conchavo. Ficou de graça, também. Valeu, Lúcio. Falha nossa.
Partidos como o PR e o PDT estão devendo a Dilma. Indicaram ministros que traíram a confiança da presidente, envolvendo-se em bandalheiras. Deveriam botar o rabo entre as pernas e pedir desculpas pelos erros que comprometeram a credibilidade daquela que elegeram. Não é isso que estamos vendo. O PDT quer se rebelar se não tiver outro nome no Ministério do Trabalho.
O PR quer botar outro dos seus no Ministério dos Transportes, e já faz oposição no senado. Isso na mesma semana da contemplação no Ministério da Pesca pelo senador Crivella, que também é do PR VIDE ERRATA). O que querem? Jogar o governo na lama, como fizeram nos transportes, e depois pleitear mais espaços? Nem na política mais rasteira existe isso.
Querem ir para a oposição? Entreguem todos os cargos e vão. Não falta no mercado da baixa política gente sem vergonha para se vender e virar base aliada com alguns mimos e carguinhos. Dilma deveria passar o rodo nesse povo.
ERRATA : Alertado pelo leitor Lúcio Faller, corrigimos a informação: O Senador Crivela é do PRB, e não do PR, que só tinha o Ministério dos Transportes e fez aquela lambança toda. O PRB é outra estória: o governo quer retirar a candidatura de Russomano a prefeito de São Paulo, que é do partido, para que apoie o candidato do PT, Haddad. Outro "negócio" mal feito, porque o PRB já disse que não topa o conchavo. Ficou de graça, também. Valeu, Lúcio. Falha nossa.
DF : Calçadão da Asa Norte está pronto?
Pelo menos é o que diz a propaganda oficial, que anuncia a entrega de mais de R$ 1 bi em obras. Estive no domingo no calçadão e o quadro não mudou desde o post que fiz sobre a obra em 18 de julho. O que mudou foi para pior: a película protetora das madeiras do deck praticamente sumiu, deixando o material exposto às intempéries e pragas, sendo previsível o encurtamento da vida útil, com o sol inclemente de Brasília que destrói até pinturas de carros.
O que era para ser um lugar de lazer de permanência prolongada virou um pier onde poucos pescadores vão. Não há sombras, nem nos carramanchões que deveriam ser locais de piqueniques. Continuam lá os três ou quatro bancos para sentar (pelo menos parece que não roubaram nenhum). Não há segurança. Nem bebedouros. Lixeiras insuficientes. E os banheiros? Os matinhos próximos que o digam... Quem sabe às vésperas da próxima eleição, quando a falta de manutenção já tiver detonado tudo (normal no Brasil inteiro isso), façam uma reforma e coloquem o que falta, para inaugurar como se fosse uma novidade?
O que era para ser um lugar de lazer de permanência prolongada virou um pier onde poucos pescadores vão. Não há sombras, nem nos carramanchões que deveriam ser locais de piqueniques. Continuam lá os três ou quatro bancos para sentar (pelo menos parece que não roubaram nenhum). Não há segurança. Nem bebedouros. Lixeiras insuficientes. E os banheiros? Os matinhos próximos que o digam... Quem sabe às vésperas da próxima eleição, quando a falta de manutenção já tiver detonado tudo (normal no Brasil inteiro isso), façam uma reforma e coloquem o que falta, para inaugurar como se fosse uma novidade?
Marcadores:
asa norte,
calçadão,
lago norte
Caos aéreo : Vêm aí mais overbooking e passagens mais caras...
Faz tempo que não viajo num avião com assentos vazios. O normal é andar lotado, mas os trechos que frequento não servem de amostra para o universo de vôos do país. O fato é que aumentou muito a quantidade de pessoas que usam transporte aéreo, e as empresas não aumentaram tanto assim a oferta.
No auge do caos aéreo, onde até um bando de riquinhos safados tentou derrubar o governo com uma campanha elitista, era comum a prática do "overbooking", ou seja, a empresa aérea aceitava mais gente para os vôos que cabia nos aviões, contando com alguma desistência. Uma certa empresa aérea se notabilizava por isso, e contribuía enormemente para os atrasos nos aeroportos, e a culpa caía no governo. Quando o governo percebeu a malandragem e deu em cima, a prática parou.
Agora a Gol e a TAM, que dominam ampla fatia do mercado, resolveram pisar no freio na expansão de oferta. A Gol já enxugou pessoal de terra (aeroviários) e oferece planos de férias temporárias aos pilotos, para não demiti-los. A idéia é manter a oferta limitada enquanto a demanda cresce, e com isso lotar os aviões e pressionar pelo aumento de preços. Se isso não é criminoso, pelo menos ético não é. Mercado oligopolizado dá margem a essas práticas abusivas contra o consumidor.
No auge do caos aéreo, onde até um bando de riquinhos safados tentou derrubar o governo com uma campanha elitista, era comum a prática do "overbooking", ou seja, a empresa aérea aceitava mais gente para os vôos que cabia nos aviões, contando com alguma desistência. Uma certa empresa aérea se notabilizava por isso, e contribuía enormemente para os atrasos nos aeroportos, e a culpa caía no governo. Quando o governo percebeu a malandragem e deu em cima, a prática parou.
Agora a Gol e a TAM, que dominam ampla fatia do mercado, resolveram pisar no freio na expansão de oferta. A Gol já enxugou pessoal de terra (aeroviários) e oferece planos de férias temporárias aos pilotos, para não demiti-los. A idéia é manter a oferta limitada enquanto a demanda cresce, e com isso lotar os aviões e pressionar pelo aumento de preços. Se isso não é criminoso, pelo menos ético não é. Mercado oligopolizado dá margem a essas práticas abusivas contra o consumidor.
Marcadores:
caos aéreo,
overbooking
quarta-feira, 14 de março de 2012
Juros x Inflação : O paradoxo dos banqueiros
Toda a artilharia dos banqueiros & especuladores é usada quando se fala em baixar a SELIC, que remunera principalmente títulos públicos. É aquele deus-nos-acuda inflado por "analistas" e economistas do esquema midiático patrocinado pelos bancos, repetindo até virar verdade que se os juros baixarem, virá a inflação e tudo virará o caos. O governo Dilma embarcou nessa balela no ano passado, e teve que amargar um desaquecimento da economia que prejudicou o crescimento no ano passado, com o PIB crescendo meros 2,7%. Não é pouco, mas poderia ser mais.
O paradoxal é que os mesmos que prevêem o apocalipse na queda da SELIC são os que aumentaram os juros aos clientes nos últimos meses, mesmo com a tendência de baixa, já espelhada nos mercados futuros, que trabalham com a taxa básica na faixa de 8,6% em janeiro de 2013. Os brasileiros pagam os maiores juros do mundo aos banqueiros. O governo paga os juros mais altos do mundo aos banqueiros. E depois botam a culpa em "custo Brasil" e na carga tributária. Juros altos aumentam a inadimplência, aí os banqueiros aumentam mais os juros para se defenderem da inadimplência que criam!
Hoje o ministro Mantega receberá os presidente do BB e da CEF. Sintomático isso, num momento onde se busca a recuperação da indústria e o combate ao tsunami cambial. Depois Mantega se encontrará com a presidente Dilma. Aí vem coisa. Considerando-se que o governo tem um amplo arsenal para fazer o Real se desvalorizar, e com isso alavancar exportações e dificultar importações, selecionando os capitais externos que quiserem investir, alguma ação dos bancos públicos deverá ser exigida.
Nesse cenário de encarecimento de importações, o estímulo á fabricação local poderá ser feito tanto por facilidades ao capital estrangeiro produtivo como por linhas de crédito de juros menores. Aí entram o BB e a CEF. Hoje o BB tem o menor juro no crédito pessoal. A CEF tem o menor no cartão de crédito. Juntos, dominam boas fatias do mercado e têm redes extensas. Creio que novamente serão chamados ao dever, ou seja, a quebrar o cartel dos bancos e fornecer crédito mais barato para aquecer o consumo.
Baixar SELIC não provoca inflação, mas reduz ganhos de capitais improdutivos, que terão que buscar outras fontes de rendimentos. Investimentos em infra-estrutura, financiamento de empresas via mercado de ações, substituição de importações são algumas alternativas. Ou ir embora buscando outros pescoços para sugar. Baixar os juros aos clientes via bancos públicos poderá estimular o sistema a concorrer, pois da última vez que o BB fez isso tomou uma dianteira no mercado. O aumento de consumo, que pode aumentar a inflação, também pode ser o estímulo para que as indústrias brasileiras de baixa competitividade externa produzam para o mercado local, ajudadas pela desvalorização do Real.
O paradoxal é que os mesmos que prevêem o apocalipse na queda da SELIC são os que aumentaram os juros aos clientes nos últimos meses, mesmo com a tendência de baixa, já espelhada nos mercados futuros, que trabalham com a taxa básica na faixa de 8,6% em janeiro de 2013. Os brasileiros pagam os maiores juros do mundo aos banqueiros. O governo paga os juros mais altos do mundo aos banqueiros. E depois botam a culpa em "custo Brasil" e na carga tributária. Juros altos aumentam a inadimplência, aí os banqueiros aumentam mais os juros para se defenderem da inadimplência que criam!
Hoje o ministro Mantega receberá os presidente do BB e da CEF. Sintomático isso, num momento onde se busca a recuperação da indústria e o combate ao tsunami cambial. Depois Mantega se encontrará com a presidente Dilma. Aí vem coisa. Considerando-se que o governo tem um amplo arsenal para fazer o Real se desvalorizar, e com isso alavancar exportações e dificultar importações, selecionando os capitais externos que quiserem investir, alguma ação dos bancos públicos deverá ser exigida.
Nesse cenário de encarecimento de importações, o estímulo á fabricação local poderá ser feito tanto por facilidades ao capital estrangeiro produtivo como por linhas de crédito de juros menores. Aí entram o BB e a CEF. Hoje o BB tem o menor juro no crédito pessoal. A CEF tem o menor no cartão de crédito. Juntos, dominam boas fatias do mercado e têm redes extensas. Creio que novamente serão chamados ao dever, ou seja, a quebrar o cartel dos bancos e fornecer crédito mais barato para aquecer o consumo.
Baixar SELIC não provoca inflação, mas reduz ganhos de capitais improdutivos, que terão que buscar outras fontes de rendimentos. Investimentos em infra-estrutura, financiamento de empresas via mercado de ações, substituição de importações são algumas alternativas. Ou ir embora buscando outros pescoços para sugar. Baixar os juros aos clientes via bancos públicos poderá estimular o sistema a concorrer, pois da última vez que o BB fez isso tomou uma dianteira no mercado. O aumento de consumo, que pode aumentar a inflação, também pode ser o estímulo para que as indústrias brasileiras de baixa competitividade externa produzam para o mercado local, ajudadas pela desvalorização do Real.
Marcadores:
banqueiros,
juros,
selic
SUS tem coisas que nem no Canadá tem
A idéia de universalização da saúde que veio com o SUS só não apresentou resultados retumbantes porque nunca há dinheiro para isso. E porque se a saúde pública prestasse, enfraqueceria o poderoso mercado de clínicas particulares e convênios, que movimenta bem mais dinheiro que os R$ 80 bi do orçamento da união. Mesmo assim, o SUS tem suas virtudes.
Lendo na Isto É uma matéria sobre a atriz brasileira Louise Wishermann, que foi Paquita no programa da Xuxa e morava no Canadá, onde pede socorro às autoridades brasileiras para ter acesso ao seu filho que ficou com o pai, há uma passagem interessante: vítima de esclerose múltipla, teve que voltar ao Brasil porque aqui o tratamento pelo SUS é gratuito, e lá custa caro.
O sistema de saúde pública do Canadá, até há pouco tempo, era um modelo. Atendia até os imigrantes recente. Os americanos diziam que era coisa de comunista, porque tudo era de graça e de excelente qualidade. Pelo visto, andaram privatizando coisas por lá. Ou cortando gastos públicos. Ou tudo junto.
Lendo na Isto É uma matéria sobre a atriz brasileira Louise Wishermann, que foi Paquita no programa da Xuxa e morava no Canadá, onde pede socorro às autoridades brasileiras para ter acesso ao seu filho que ficou com o pai, há uma passagem interessante: vítima de esclerose múltipla, teve que voltar ao Brasil porque aqui o tratamento pelo SUS é gratuito, e lá custa caro.
O sistema de saúde pública do Canadá, até há pouco tempo, era um modelo. Atendia até os imigrantes recente. Os americanos diziam que era coisa de comunista, porque tudo era de graça e de excelente qualidade. Pelo visto, andaram privatizando coisas por lá. Ou cortando gastos públicos. Ou tudo junto.
terça-feira, 13 de março de 2012
Kony 2012 : Show de marketing
Fazer alguém assistir um filme publicitário por 30 minutos hoje em dia é uma façanha, já que as mídias são instantâneas e de rápida assimilação. Fazer mais de 100 milhões verem isso é realmente fantástico, num meio alternativo como a Internet. Não dá para ficar sem comentar o fenômeno Kony 2012, o maior viral da história da web.
A idéia do filme é dar visibilidade a um senhor da guerra, o ugandês Joseph Kony,procurado desde 2001 pelo Tribunal Penal Internacional de Haia por crimes contra a humanidade. Kony sequestra crianças e as recruta para um grupo armado chamado LRA (Lord Resistence Army, ou Exército de Resistência do Senhor), sob pretexto de criar um "estado bíblico". Perseguido em Uganda, passou a agir nos países vizinhos, como a República Democrática do Congo e na República Centro Africana. Há 26 anos Kony comete seus crimes, entre eles o de tornar meninas escravas sexuais.
Até aí temos mais um criminoso entre tantos que existem na África que explora e aterroriza populações a partir de algum pretexto dito ideológico para construir um império e acumular fortuna. O mundo todo fecha os olhos para isso, já que sequer se mobiliza para combater as misérias humanas dos seus próprios países, deixando a África a critério da lei do mais forte. Nenhuma potência quer ir lá, porque não há interesses econômicos, como petróleo. Nada de novo na hipocrisia civilizatória, que se interessa mais em agir onde há retorno econômico, criando para isso imensas campanhas de mídia justificatórias. A Líbia já passou por isso, agora a Síria, amanhã o Irã. Para as criancinhas invisíveis da África, nada.
Um cinegrafista americano foi lá, viu o problema, criou uma ONG, arregimentou apoiadores, procurou autoridades e celebridades, ralou muito e finalmente produziu esse filme de denúncia, muito bom enquanto peça publicitária. Tão bom que ao final chama a platéia para a compra de kit, bracelete e doar dinheiro para a causa, que também tem como subprodutos a construção de escolas e de estações de rádio para alertar as pessoas sobre a movimentação dos rebeldes comandados por Kony.
O filme mostra que, a princípio, o governo norte-americano não se interessou pelo assunto, explicitando que não havia interesses financeiros por lá. De certa forma, mostra que os políticos de ambos os partidos americanos não mostraram interesse, e faz um chamamento para as pessoas agirem, no estilo "yes, we can" que elegeu Obama há 4 anos. Apelando principalmente aos jovens, os autores criaram um fenômeno que a história poderá reconhecer como a inauguração da fase de mobilização social pela internet. Ou de manipulação, dependendo do que vem por aí.
Multiplicando-se pela internet através de redes sociais, o filme está atingindo boa parte do mundo que tem internet, o que não é o caso do público-alvo, ou seja, as crianças de Uganda, Congo, etc. Chama à intervenção dos poderosos ditos civilizados contra a barbárie, e nisso fortalece a idéia do desrespeito a qualquer soberania territorial, desde que para uma boa causa. Em nenhum trecho do filme se busca saber o que as autoridades dos países onde há vítimas do terror de Kony estão fazendo a respeito para combatê-lo e prendê-lo. Simplesmente propoem o nivelamento de Kony com Hitler e Bin Laden, como num cartaz do kit publicitário vendido pela ONG Invisible Children. Isso é forte no meio das novas gerações, que não têm muito conhecimento histórico mas reconhecem ícones.
Numa campanha de americanos, com visão intervencionista, para americanos de mesma formação, a associação a Bin Laden cria o link com o terror onipresente, que justifica toda a supressão de liberdades a partir do atentado de 11 de setembro de 2001. E todo o discurso da doutrina do "ataque preventivo", ou seja, o terror deve ser combatido em qualquer lugar do mundo, a qualquer custo, sem respeitar leis ou fronteiras, e destruído antes que ataque os Estados Unidos. Segundo o vídeo, o maior trunfo da mobilização foi o presidente Barack Obama mandar 100 militares para Uganda, que não se envolverão na busca, mas treinarão os militares para capturá-lo. Isso foi em outubro de 2011.
O vídeo faz das eleições norte-americanas o mote para tentar fazer o governo se envolver mais com a causa. Usam símbolos republicanos e democratas (o elefante e o burro) mesclados como se fossem uma só força, e mostram os materiais da campanha para capturar Kony ao lado das propagandas eleitorais. usam o mote "Kony 2012" para associá-lo a alguém a eleger em 2012 para a cadeia, algemado, um anti-candidato. Querem fazer de Kony uma anti-celebridade mundial, para que seja reconhecido em qualquer lugar onde tente de esconder, e usar o a fama de outras celebridades para ajudar nesse intento com suas participações em sites e redes sociais, divulgando o vídeo.
Como na propaganda, está se criando uma expectativa para poderosa para que algum interesse colha seus frutos quando o produto for lançado. Mais ou menos o método de um célebre fabricante de produtos eletrônicos, que ao lançar seus gadgets já encontra filas de pessoas dispostas a pagar qualquer preço por algo que não é o melhor do mercado, mas tem um fetiche da grife. Bin Laden ajudou Obama a recuperar parte do prestígio que havia perdido na crise econômica. Será que a captura de Kony também não renderia bons votos? Talvez seja esse o mote do vídeo: botar Obama para caçar desesperadamente o inimigo público número 1 do mundo, para sair como super-herói no final de tudo. Daqui até as eleições, quem sabe, Kony não aparece?
A idéia do filme é dar visibilidade a um senhor da guerra, o ugandês Joseph Kony,procurado desde 2001 pelo Tribunal Penal Internacional de Haia por crimes contra a humanidade. Kony sequestra crianças e as recruta para um grupo armado chamado LRA (Lord Resistence Army, ou Exército de Resistência do Senhor), sob pretexto de criar um "estado bíblico". Perseguido em Uganda, passou a agir nos países vizinhos, como a República Democrática do Congo e na República Centro Africana. Há 26 anos Kony comete seus crimes, entre eles o de tornar meninas escravas sexuais.
Até aí temos mais um criminoso entre tantos que existem na África que explora e aterroriza populações a partir de algum pretexto dito ideológico para construir um império e acumular fortuna. O mundo todo fecha os olhos para isso, já que sequer se mobiliza para combater as misérias humanas dos seus próprios países, deixando a África a critério da lei do mais forte. Nenhuma potência quer ir lá, porque não há interesses econômicos, como petróleo. Nada de novo na hipocrisia civilizatória, que se interessa mais em agir onde há retorno econômico, criando para isso imensas campanhas de mídia justificatórias. A Líbia já passou por isso, agora a Síria, amanhã o Irã. Para as criancinhas invisíveis da África, nada.
Um cinegrafista americano foi lá, viu o problema, criou uma ONG, arregimentou apoiadores, procurou autoridades e celebridades, ralou muito e finalmente produziu esse filme de denúncia, muito bom enquanto peça publicitária. Tão bom que ao final chama a platéia para a compra de kit, bracelete e doar dinheiro para a causa, que também tem como subprodutos a construção de escolas e de estações de rádio para alertar as pessoas sobre a movimentação dos rebeldes comandados por Kony.
O filme mostra que, a princípio, o governo norte-americano não se interessou pelo assunto, explicitando que não havia interesses financeiros por lá. De certa forma, mostra que os políticos de ambos os partidos americanos não mostraram interesse, e faz um chamamento para as pessoas agirem, no estilo "yes, we can" que elegeu Obama há 4 anos. Apelando principalmente aos jovens, os autores criaram um fenômeno que a história poderá reconhecer como a inauguração da fase de mobilização social pela internet. Ou de manipulação, dependendo do que vem por aí.
Multiplicando-se pela internet através de redes sociais, o filme está atingindo boa parte do mundo que tem internet, o que não é o caso do público-alvo, ou seja, as crianças de Uganda, Congo, etc. Chama à intervenção dos poderosos ditos civilizados contra a barbárie, e nisso fortalece a idéia do desrespeito a qualquer soberania territorial, desde que para uma boa causa. Em nenhum trecho do filme se busca saber o que as autoridades dos países onde há vítimas do terror de Kony estão fazendo a respeito para combatê-lo e prendê-lo. Simplesmente propoem o nivelamento de Kony com Hitler e Bin Laden, como num cartaz do kit publicitário vendido pela ONG Invisible Children. Isso é forte no meio das novas gerações, que não têm muito conhecimento histórico mas reconhecem ícones.
Numa campanha de americanos, com visão intervencionista, para americanos de mesma formação, a associação a Bin Laden cria o link com o terror onipresente, que justifica toda a supressão de liberdades a partir do atentado de 11 de setembro de 2001. E todo o discurso da doutrina do "ataque preventivo", ou seja, o terror deve ser combatido em qualquer lugar do mundo, a qualquer custo, sem respeitar leis ou fronteiras, e destruído antes que ataque os Estados Unidos. Segundo o vídeo, o maior trunfo da mobilização foi o presidente Barack Obama mandar 100 militares para Uganda, que não se envolverão na busca, mas treinarão os militares para capturá-lo. Isso foi em outubro de 2011.
O vídeo faz das eleições norte-americanas o mote para tentar fazer o governo se envolver mais com a causa. Usam símbolos republicanos e democratas (o elefante e o burro) mesclados como se fossem uma só força, e mostram os materiais da campanha para capturar Kony ao lado das propagandas eleitorais. usam o mote "Kony 2012" para associá-lo a alguém a eleger em 2012 para a cadeia, algemado, um anti-candidato. Querem fazer de Kony uma anti-celebridade mundial, para que seja reconhecido em qualquer lugar onde tente de esconder, e usar o a fama de outras celebridades para ajudar nesse intento com suas participações em sites e redes sociais, divulgando o vídeo.
Como na propaganda, está se criando uma expectativa para poderosa para que algum interesse colha seus frutos quando o produto for lançado. Mais ou menos o método de um célebre fabricante de produtos eletrônicos, que ao lançar seus gadgets já encontra filas de pessoas dispostas a pagar qualquer preço por algo que não é o melhor do mercado, mas tem um fetiche da grife. Bin Laden ajudou Obama a recuperar parte do prestígio que havia perdido na crise econômica. Será que a captura de Kony também não renderia bons votos? Talvez seja esse o mote do vídeo: botar Obama para caçar desesperadamente o inimigo público número 1 do mundo, para sair como super-herói no final de tudo. Daqui até as eleições, quem sabe, Kony não aparece?
Marcadores:
kony video,
Obama
Assinar:
Postagens (Atom)