domingo, 9 de fevereiro de 2014

Aeroportos : Agora é a vez do povo, para sempre.

Hoje ao chegar ao Aeroporto JK, em Brasília, vi uma jovem com camisa do Movimento dos Sem Terra com um cartaz para receber os participantes do Congresso do MST. Fiquei imaginando como ficaria aquela professora e outros ilustres letrados que disseram numa rede social que "aeroporto estava virando rodoviária" com "tipos esquisitos (Mr Rodoviária) pegando avião" e que o glamour teria terminado.

Coitada da professora! Ainda não percebeu que o seu conto de fadas acabou. O dela e de sua minoria. Felizmente. A pequena (em todos os sentidos) elite brasileira, econômica ou não, privatiza o que há de melhor em nome do glamour: praias, montanhas, paisagens, aeroportos, shoppings, ruas para seus carros, etc. O poder que exerce reverte em benefícios para poucos, daí o péssimo serviço público para as massas e as ilhas de exuberância construída com dinheiro público para eles. Exemplos são os estádios da Copa. Maravilhosos, mas poucos podem pagar pelos ingressos.

A elite não percebeu que o fenômeno econômico dos últimos 11 que tirou 40 milhões de pessoas da miséria e as lançou na classe média veio para ficar. A demanda triplicou, segundo a ANAC. Mesmo que hoje entrasse um governo arrochando salários e detonando todas as conquistas recentes esse povo não aceitaria mais voltar à situação anterior. Engrossaria movimentos por melhores condições de vida, questionando qualquer governo. Se até o governo dito "dos trabalhadores" recebeu fortes pressões, imagine-se o que aconteceria com algum governo de direita.

O que chamaram de "caos aéreo" pode ser analisado com momento de ruptura com os "aeroportos dos VIP". O aumento da demanda por vôos pelos mais pobres, em função da melhora da qualidade de vida, permitiu que muita gente fizesse sua primeira viagem de avião. E daí para a frente não viajou mais de outra forma. A valorização do Real perante as moedas estrangeiras num ambiente de crise externa abriu as portas para as massas viajarem ao exterior. Aí o prejuízo da elite foi maior ainda: tomaram-lhes os "glamurosos aeroportos" e depois sua exclusividade na viagem ao estrangeiro.

As ampliações e reformas de aeroportos não têm como finalidade a Copa ou Olimpíadas. São para atender com conforto, segurança e qualidade a um número gigantesco que agora viaja e estava fora dos projetos dos aeroportos anteriores. O que são os estrangeiros trazidos pela Copa diante dos milhões de brasileiros viajantes? Praticamente nada. No caso dos aeroportos, o legado é o todo.

Por conta da Copa a ANAC liberou cerca de 300 novos vôos domésticos. E muitas empresas estrangeiras passaram a fazer vôos internacionais para o Brasil. Isso tudo deverá ficar depois da Copa, mesmo tendo o dólar sido valorizado em 50% nos últimos dois anos e com o IOF de 6,38% nos cartões. O povo não quer só comida, também quer viajar, se divertir, conhecer.

Essa apropriação elitista dos espaços vai ser cada vez mais questionada. Nos shoppings já está acontecendo. Nas ruas também. Não adianta reclamar do "absurdo" de "tanto pobre" nos seus caminhos. O povo veio para ocupar os espaços. E veio para ficar. Se alguém não estiver gostando, que frete um jatinho num aeroporto particular.





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