quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Brasil : O sinal invertido da direita

No ano passado estava no Estádio Nacional de Brasília no jogo Brasil x Japão, na abertura da Copa das Confederações. Vi quando Joseph Blatter vacilou no microfone e tomou uma estrondosa vaia. A presidente Dilma também tomou uma vaia. Da minha parte, aplaudi, e algumas pessoas ao meu lado aplaudiram, afinal, aquela cerimônia era um marco de uma realização que custou caro ao Brasil com repercussões que irão além da Copa e Olimpíada.

Do lado de fora havia manifestações questionando o alto custo das obras e a falta de prioridades de investimentos em áreas sociais para fazer uma festa de poucos, dar dinheiro à FIFA, etc. Não lhes tiro a razão, só que o momento de abortar a Copa foi em 2007, quando o governo federal e diversos governadores e prefeitos correram atrás dos jogos serem no Brasil. Todo mundo vacilou, e o prejuízo menor é fazer a Copa acontecer dentro da sua lógica de investimento capitalista.

Agora a direita incita a violência contra a Copa, aliando-se taticamente aos grupos mais radicais de esquerda e aos fascistas da violência. Por outro lado serão traídos pela mídia, que tem mais interesses em ter lucro com o evento que tentar derrubar Dilma a 3 meses da eleição. 

Peraí: Dilma, a socialista, moveu mundos e fundos, pagou um preço político caro para fazer a festa da Globo, dos coxinhas que pagaram os caros ingressos, de todas as cadeias produtivas envolvidas no evento obtendo lucros, fazendo a Copa no Brasil, e tomou vaia... dos riquinhos? Os caras acham ruim terem removido favelas, valorizado áreas para a especulação imobiliária, ter investido em reformas urbanas para turistas e ricos aplaudirem e ainda vaiam? Uma contradição que expõe um grupelho fascistóide ignorante enquanto muitos capitalistas ganham dinheiro graças a Dilma.

Outro caso de sinal invertido na direita: O porto de Mariel, em Cuba. Apesar das boas intenções do governo Dilma de apoiar o desenvolvimento das nações amigas, o fato é que o Brasil fez altas apostas no fim do embargo norte-americano (o que é positivo) e nas mudanças econômicas profundas no sistema cubano. Apostou em um negócio de venda financiada de um porto, com aquecimento de várias cadeias produtivas no Brasil gerando empregos e lucros, que pode trazer ainda mais lucros aos empresários brasileiros que se instalarem na Zona Econômica Especial do porto, em especial com a conclusão da ampliação do Canal do Panamá.

Se tudo der certo, empresas brasileiras ganharão muito com a mais-valia dos trabalhadores cubanos, farão de Cuba uma plataforma de exportação para os Estados Unidos, Caribe, América Central e Ásia, enfim, algo digno de aplausos pela burguesia nacional. Isso está reconhecido na entrevista de um diretor da FIESP (veja o vídeo). Aí a direita parte com tudo para desqualificar Dilma, a obra, o Brasil, o porto, fazer terra arrasada com a "submissão brasileira à ditadura comunista".

No caso do porto de Mariel em Cuba quem deveria estar descontente, com razão, era a esquerda. Imperialismo brasileiro para destruir a revolução cubana, abrindo flancos para a exploração desenfreada de mais-valia, etc, etc. Mas é a direita que já nem parece mais ter qualquer contato com a burguesia capitalista que reclama... E uma boa parte da esquerda parece também ter perdido o referencial.


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