segunda-feira, 25 de março de 2013

Carestia : A hora boicotar preços altos

Pacote com 4 unidades custa R$ 3,68 em outro supermercado
Conversa para boi dormir. Os preços não estão baixando. 
O governo Dilma vem cometendo "heresias econômicas" aos olhos dos neoliberais, despertando a fúria dos capitalistas das principais economias como dos seus paus-mandados no Brasil. A toda hora o Financial Times debocha e pede a cabeça de Guido Mantega. Eles e outros criticam o modelo desenvolvimentista neo-keynesiano aplicado por aqui, e defendem as receitas clássicas para resolver crises: redução da massa salarial com aumento das margens de lucro, redução das despesas governamentais para diminuir impostos pagos pelos ricos, enfim, medidas duras contra os povos visando melhorar a rentabilidade dos investidores.
Preço do leite em Brasília. No Rio está na faixa de R$ 3. 

Dilma chutou a santa quando forçou a queda de juros para o patamar de 7,25%, porque muita gente grande parou de ganhar dinheiro sem fazer nada. Jogou pedra na cruz quando botou o BB e a CEF para oferecer crédito mais barato e mais acessível. Cuspiu na água benta quando baixou o preço da energia e manteve a política de investimentos da Petrobrás comprometendo a distribuição de lucros aos rentistas. Mordeu a hóstia quando manteve a política de reajustes do salário mínimo acima da inflação. Enfim, criou todas as condições para ser queimada em praça pública como bruxa pelos especuladores e rentistas que ganham dinheiro na moleza.

Preço em Brasília. No Rio está na faixa de R$ 2,20, e a cerveja vem de lá. 
O ataque é pesado, e não tem tido a resposta adequada por aqueles que mais se sacrificariam caso Dilma fracasse: a grande população, não apenas a mais pobre. A campanha midiática chega às raias do absurdo. Em  dezembro diziam que os empresários deveriam parar de investir e comprar geradores, porque faltaria energia com a redução do preço. Hoje eles ainda dizem que a energia vai ficar cara, porque os reservatórios estão vazios, etc. Querem que o Brasil não dê "mau exemplo" aos EUA e à Europa falida, que, no caso de Chipre, até roubar o dinheiro dos depositantes para pagar aos banqueiros já estão tentando.

Um dos flancos mais perigosos para a política econômica de Dilma está na aparente combinação dos varejistas para aumentar os preços dos produtos sem qualquer crise de demanda, apostando na falta de noção do poder de compra da classe média. Tem supermercado que parece ter pegado seu banco de dados de preços e jogado 30%, apostando que o povo não vai deixar de comprar porque não quer baixar o nível de consumo.

O resultado está aí: tem grande cadeia de supermercado vendendo até 30% mais caro alguns produtos que outra. Exemplo: No supermercado Prix, no Rio, vi o sabão em pó de 1 kg por R$ 7,98, enquanto no Guanabara estava a R$ 4,99. O mesmo produto! Os preços do Extra estão pela hora da morte. E ainda têm a cara de pau de dizer que baixaram os preços após a redução dos impostos da cesta básica.

As pessoas reclamam dos preços altos, reclamam e continuam comprando, passivamente, esperando que alguém faça o que é o seu dever: organizar uma rede de informações de preços, boicotar, fazer compras no atacado para grupos, tudo o que já se fez no passado recente em tempos de inflação alta. Se não fizerem isso e a inflação subir por causa da especulação, os juros subirão e a política econômica será desmoralizada. O pior é que estão comendo os ganhos reais de poder aquisitivo dos mais pobres.

Que tal começar por um boicote aos artigos da Páscoa? A festa cristã não precisa de ovos de chocolate, bacalhau e outras coisas gostosas porém supérfluas, cujos preços subiram mais de 10% em relação ao ano passado, quando já estavam caras. Não é nenhum pecado fazer um almoço no domingo, reunir a família para celebrar sem nenhum desses apelos de consumo. Além do mais, 1/3 da população está na faixa de obesidade, em especial as crianças, e é um bom momento para a reeducação.

Um encalhe nesses produtos será um sinal claro de que as pessoas não vão pagar o preço da exploração. Cadê as associações de moradores, donas de casa com suas panelas vazias, sindicatos e todos os que se interessam em defender o poder de compra dos trabalhadores? Manifestações contra a carestia não são obrigatoriamente contra o governo. Pelo contrário, trata-se de defender uma política que aumenta o poder de compra, contra a ganância de capitalistas que só querem ganhar em cima da miséria dos outros. 

Um comentário:

  1. Adorei os argumentos...pena não ser o pensamento da grande massa consumidora que adere as propagandas e fornece aos crueis lojistas os lucros exorbitantes que os enriquece cada vez mais.

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