Esqueçam as picuinhas mútuas entre PT e PSDB. Tire da frente todo esse teatro de Dilma, Cunha, Bolsonaro, FHC, Lula, petistas, tucanos, números, crise, obras, Lava Jato e baixarias da política que enchem as páginas de jornais e os bits da internet. Tudo isso está sendo tragado por uma onda de lixo e esgoto que, por erros e omissões, está enlameando o país e colocando em risco a tênue democracia: o ascenso sem freio da direita, do fascismo, no nazismo.
Hoje vemos gente fazendo discursos racistas, homofóbicos, discriminatórios contra o Nordeste, contra pobres, favelados, pedindo linchamentos em poste, pregando pena de morte, armas, bombardeio de comunidades carentes, pregando superioridade dos ricos e "bonitos" contra pobres "feios", enfim, tudo de execrável que as pessoas tinham pudor para falar agora flui em qualquer conversa sem preocupação com o "politicamente incorreto", "sem noção" ou mesmo ser crime. Vai tudo numa visão equivocada de "liberdade de expressão" que desrespeita princípios civilizatórios. A estupidez está virando exemplo para jovens e crianças, que repetem tudo sem entender nada. Contamina a classe média emergente, paradoxalmente a que o PT diz ter melhorado a vida.
A direita ficou presa no seu esgoto desde o fim da ditadura mas a impunidade pelos crimes do regime militar abriu as portas para que a possibilidade de golpe fosse "razoável" e "abraçável" por gente "de bem". Mas não foi só isso. O PT contribuiu muito para o ascenso da direita e mesmo que hoje o partido fosse proscrito durante muito tempo haveria perseguição à esquerda, numa ditadura formal ou da hegemonia midiática.
O PT começou a acabar em 1989, com a coincidência de dois fatos: a queda do muro de Berlim e a derrota de Lula contra Collor. Varreu o mundo a teoria do "fim da história" com a pregação da vitória definitiva do capitalismo contra o comunismo. A campanha de Collor bebeu nessa fonte. E algumas lideranças expressivas do partido também. Passaram a formular teses de adaptação ao capitalismo que congresso a congresso do partido foram descaracterizando seu ideário original, socialista, classista, para um partido da ordem, focado na estratégia eleitoral de acesso ao poder.
Isso aguou o programa partidário até que em 2002 (continuando depois) a corrente majoritária, encabeçada por José Dirceu, impôs a todos a Carta aos Brasileiros, um programa pífio que permitia a aliança com setores do capital e da direita para vencer a eleição. E depois da posse de Lula foram feitas concessões à direita para "não dar cavalo de pau"no Brasil, ou seja, nada que pudesse assustar os donos do poder do estado. Lula só tinha o governo, não o poder real.
O sectarismo interno presente no rolo compressor da corrente majoritária Articulação e os acordos à direita fizeram o partido expelir suas correntes mais à esquerda, que desaguaram no PSTU, PSOL, PCO, Rede e em milhões de militantes e simpatizantes que foram abandonando o partido e passando à crítica de esquerda, alguns defendendo o legado das conquistas sociais, depois à lavagem das mãos, que é o que vemos hoje.
Os descontentes sinceros com o PT, não aqueles que nunca votaram, sempre foram contra e agora dizem que "traiu o país", agiram conforme os estímulos recebidos. A despolitização da campanha de Dilma, a própria Dilma com seu perfil tecnocrático, a política de alianças e cada vez mais concessões à direita e ao capital, quase levaram ao retorno da direita ao governo em 2014 através de Aécio Neves. Não fosse Lula percorrer o país buscando com seu prestígio pessoal e no resgate de alguma referência de esquerda, teria havido o desastre maior e hoje possivelmente viveríamos uma ditadura de direita que não permitiria que estivesse neste momento escrevendo isto.
O desafio da esquerda não é deixar o PT se acabar pelos ataques da direita apostando em tomar sua base social no momento seguinte. Fosse assim hoje o PSOL, PSTU e outros estariam com milhões de filiados angariados entre os descontentes. O que fica das ruínas do PT é a direita forte, com ideologia padrão Cunha e sua base de primatas políticos. Se com Dilma contra e algum movimento de massa ainda contra as leis favorecendo o capital e destruindo avanços sociais estão passando no Congresso, imaginem sob um governo Aécio?
O grande desafio hoje é barrar a direita e fazê-la voltar aos encanamentos fétidos de onde emanam suas idéias. Não é defender Dilma nem o PT ou Lula, mas rebater toda essa coreografia, esse oba-oba que contaminou até a juventude e fez surgir igrejinhas com seus clérigos do oportunismo como Revoltados On Line, Movimento Brasil Livre, etc. Falta condenar e partir para o combate dessas idéias, não ficar de braços cruzados como hoje se vê diante de uma manifestação que pede a volta da ditadura, torturas, fechamento de partidos e extermínio da esquerda. Ser de direita tem que voltar a ser algo vergonhoso, execrável, proibitivo de falar em público a partir da pressão social.
Dilma navega nas águas sujas que lhe chegam aos pés. Agora se submeteu à Agenda Brasil, de Renan, do PMDB e do capital mais explícito para poder sobreviver. Como quando estava presa na ditadura. Vão a todo momento lhe dar papéis para assinar assumindo o elenco de maldades contra os trabalhadores e os mais pobres. Há quem ache isso ótimo, porque acaba com o PT mais rápido e aí a esquerda cresce mais fácil. E prepare movimentos sociais para enfraquecer mais ainda Dilma sem atacar a verminose de direita.
Hoje foi um fiasco a manifestação e muita gente inteligente saiu do limbo para atacar a direita, mesmo sem defender Dilma ou o PT. É por aí. O lema do fascismo espanhol era "Morte à Inteligência, viva a Morte". Isso não pode vencer. E digo mais: partir para o confronto direto de idéias para fechar o bueiro com a direita dentro novamente hoje é mais avançado para a politização que ficar denunciando as contradições de Dilma e o PT fazendo coro com aqueles que não querem esquerda nenhuma. Como cantava Cazuza, a burguesia fede, só olha pra si, é a direita, é a guerra.
Como fazer? A tarefa é gigantesca mas, ao mesmo tempo, simples de executar. A cada discurso direitista deve caber uma reação desigual e maior, na proporção real entre ricos e outros na sociedade, ou seja, 1 para 99. O esgoto direitista tem que ser diluído com muita água limpa da democracia, da ética, do respeito, do amor. Isso vale para festinhas de família, redes sociais, locais de trabalho, turma do futebol, grupo de igreja, todo lugar. Não se pode dar asas a cobras. Quando perceberem que não estão agradando, que o discurso e práticas não encontram eco nas pessoas decentes, correrão para os ralos e ficarão contidos até que a sociedade dê outra bobeira.
Hoje vemos gente fazendo discursos racistas, homofóbicos, discriminatórios contra o Nordeste, contra pobres, favelados, pedindo linchamentos em poste, pregando pena de morte, armas, bombardeio de comunidades carentes, pregando superioridade dos ricos e "bonitos" contra pobres "feios", enfim, tudo de execrável que as pessoas tinham pudor para falar agora flui em qualquer conversa sem preocupação com o "politicamente incorreto", "sem noção" ou mesmo ser crime. Vai tudo numa visão equivocada de "liberdade de expressão" que desrespeita princípios civilizatórios. A estupidez está virando exemplo para jovens e crianças, que repetem tudo sem entender nada. Contamina a classe média emergente, paradoxalmente a que o PT diz ter melhorado a vida.
A direita ficou presa no seu esgoto desde o fim da ditadura mas a impunidade pelos crimes do regime militar abriu as portas para que a possibilidade de golpe fosse "razoável" e "abraçável" por gente "de bem". Mas não foi só isso. O PT contribuiu muito para o ascenso da direita e mesmo que hoje o partido fosse proscrito durante muito tempo haveria perseguição à esquerda, numa ditadura formal ou da hegemonia midiática.
O PT começou a acabar em 1989, com a coincidência de dois fatos: a queda do muro de Berlim e a derrota de Lula contra Collor. Varreu o mundo a teoria do "fim da história" com a pregação da vitória definitiva do capitalismo contra o comunismo. A campanha de Collor bebeu nessa fonte. E algumas lideranças expressivas do partido também. Passaram a formular teses de adaptação ao capitalismo que congresso a congresso do partido foram descaracterizando seu ideário original, socialista, classista, para um partido da ordem, focado na estratégia eleitoral de acesso ao poder.
Isso aguou o programa partidário até que em 2002 (continuando depois) a corrente majoritária, encabeçada por José Dirceu, impôs a todos a Carta aos Brasileiros, um programa pífio que permitia a aliança com setores do capital e da direita para vencer a eleição. E depois da posse de Lula foram feitas concessões à direita para "não dar cavalo de pau"no Brasil, ou seja, nada que pudesse assustar os donos do poder do estado. Lula só tinha o governo, não o poder real.
O sectarismo interno presente no rolo compressor da corrente majoritária Articulação e os acordos à direita fizeram o partido expelir suas correntes mais à esquerda, que desaguaram no PSTU, PSOL, PCO, Rede e em milhões de militantes e simpatizantes que foram abandonando o partido e passando à crítica de esquerda, alguns defendendo o legado das conquistas sociais, depois à lavagem das mãos, que é o que vemos hoje.
Os descontentes sinceros com o PT, não aqueles que nunca votaram, sempre foram contra e agora dizem que "traiu o país", agiram conforme os estímulos recebidos. A despolitização da campanha de Dilma, a própria Dilma com seu perfil tecnocrático, a política de alianças e cada vez mais concessões à direita e ao capital, quase levaram ao retorno da direita ao governo em 2014 através de Aécio Neves. Não fosse Lula percorrer o país buscando com seu prestígio pessoal e no resgate de alguma referência de esquerda, teria havido o desastre maior e hoje possivelmente viveríamos uma ditadura de direita que não permitiria que estivesse neste momento escrevendo isto.
O desafio da esquerda não é deixar o PT se acabar pelos ataques da direita apostando em tomar sua base social no momento seguinte. Fosse assim hoje o PSOL, PSTU e outros estariam com milhões de filiados angariados entre os descontentes. O que fica das ruínas do PT é a direita forte, com ideologia padrão Cunha e sua base de primatas políticos. Se com Dilma contra e algum movimento de massa ainda contra as leis favorecendo o capital e destruindo avanços sociais estão passando no Congresso, imaginem sob um governo Aécio?
O grande desafio hoje é barrar a direita e fazê-la voltar aos encanamentos fétidos de onde emanam suas idéias. Não é defender Dilma nem o PT ou Lula, mas rebater toda essa coreografia, esse oba-oba que contaminou até a juventude e fez surgir igrejinhas com seus clérigos do oportunismo como Revoltados On Line, Movimento Brasil Livre, etc. Falta condenar e partir para o combate dessas idéias, não ficar de braços cruzados como hoje se vê diante de uma manifestação que pede a volta da ditadura, torturas, fechamento de partidos e extermínio da esquerda. Ser de direita tem que voltar a ser algo vergonhoso, execrável, proibitivo de falar em público a partir da pressão social.
Dilma navega nas águas sujas que lhe chegam aos pés. Agora se submeteu à Agenda Brasil, de Renan, do PMDB e do capital mais explícito para poder sobreviver. Como quando estava presa na ditadura. Vão a todo momento lhe dar papéis para assinar assumindo o elenco de maldades contra os trabalhadores e os mais pobres. Há quem ache isso ótimo, porque acaba com o PT mais rápido e aí a esquerda cresce mais fácil. E prepare movimentos sociais para enfraquecer mais ainda Dilma sem atacar a verminose de direita.
Hoje foi um fiasco a manifestação e muita gente inteligente saiu do limbo para atacar a direita, mesmo sem defender Dilma ou o PT. É por aí. O lema do fascismo espanhol era "Morte à Inteligência, viva a Morte". Isso não pode vencer. E digo mais: partir para o confronto direto de idéias para fechar o bueiro com a direita dentro novamente hoje é mais avançado para a politização que ficar denunciando as contradições de Dilma e o PT fazendo coro com aqueles que não querem esquerda nenhuma. Como cantava Cazuza, a burguesia fede, só olha pra si, é a direita, é a guerra.
Como fazer? A tarefa é gigantesca mas, ao mesmo tempo, simples de executar. A cada discurso direitista deve caber uma reação desigual e maior, na proporção real entre ricos e outros na sociedade, ou seja, 1 para 99. O esgoto direitista tem que ser diluído com muita água limpa da democracia, da ética, do respeito, do amor. Isso vale para festinhas de família, redes sociais, locais de trabalho, turma do futebol, grupo de igreja, todo lugar. Não se pode dar asas a cobras. Quando perceberem que não estão agradando, que o discurso e práticas não encontram eco nas pessoas decentes, correrão para os ralos e ficarão contidos até que a sociedade dê outra bobeira.
As vezes falta articulação nas idéias, mesmo sabendo que tudo está errado... Cabeças trabalhando juntas no mesmo sentido farão um caminho mais próspero
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