O Morro dos Macacos continua sob domínio de uma facção criminosa. Os invasores, ou "alemães", na gíria carioca (para ser mais exato, fala-se "os alemão") foram rechaçados e agora a ação policial se resume a procurar quem derrubou o helicóptero da PM, matando 3 policiais. Diversas comunidades estão sendo vasculhadas, e o policiamento ostensivo foi retirado dos acessos ao morro. Escolas da região ainda estão sem aulas, com a insegurança.
Fica a pergunta: quem chamou a polícia na madrugada do sábado, durante a invasão? No Rio, não existe comunidade sem poder paralelo. Se o traficante sai, entra a milícia, grupo de criminosos oriundo das polícias, bombeiros, forças armadas, que cobram proteção e um "mix" enorme de produtos e serviços de extorsão. No Morro dos Macacos, e no vizinho Morro São João, a polícia não retirou os "inquilinos", apenas apartou a briga, e logo tudo voltará ao "normal": polícia no quartel, bandido no tráfico, fazendo o papel do estado no território dominado.
Fazer Unidade Policial de Pacificação no Morro Dona Marta é relativamente fácil. Comunidade pequena, isolada, quase um apêndice de Botafogo, com poucos acessos e com acesso a uma das melhores paisagens do Rio. São necessários poucos efetivos policiais e logo a classe média e o turismo tomará essas áreas dos atuais pobres, com a compra de imóveis regularizados. Difícil é a Cidade de Deus, que consome quase 600 policiais, onde ainda há focos de tráfico por ter muitos acessos. Ou o Complexo do Alemão, onde a polícia não entra há um ano para não prejudicar as obras do PAC, num daqueles acordos com a facção criminosa inquilina do pedaço que a gente se acostumou a ver desde o governo Brizola I .
Mesmo paliativa ou ação de vitrine, a instalação de uma UPP em todo Morro do Macaco, Morro São João e no vizinho Morro do Encontro, que também domina o vale da estrada Grajaú-Jacarepaguá e o acesso à zona norte pela R. Barão de Bom Retiro seria uma demonstração de soberania territorial do estado. Não se pode dizer que a polícia agirá para evitar novas invasões, como se a bandidagem existente fosse inquilina ou tivesse adquirido a área por usucapião. Tem que ocupar e ficar, e assim fazer em todos os pontos próximos a mercados onde a droga consegue melhores rendimentos, para estrangular o tráfico pela queda nas receitas. Afinal, só existe todo esse problema porque os consumidores têm acesso aos pontos de venda.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Guerra do Rio : traficante é inquilino?
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