Desde que a capital federal foi transferida do Rio para Brasília, a cidade perdeu continuamente prestígio e recursos, e ainda teve que arcar com os ônus da fusão Guanabara - Estado do Rio. Tida como polo de resistência à ditadura, por ter sido o único lugar onde o MDB ganhou eleições indiretas, a cidade-estado não via apoio político federal até o governo Lula. Mesmo assim, os recursos para o PAN em 2007 foram mal aplicados, resultando em diversas pendências por má qualidade de obras e em praticamente nenhuma solução para os problemas que mais carecem de investimentos, os de infra-estrutura de transportes.
Ontem uma falha no sistema de trens do Grande Rio foi a centelha que faltou para explodir o descontentamento popular com um sistema caro, ineficiente e de confiabilidade duvidosa. Trens foram incendiados e estações depredadas pelos usuários, e somente hoje o tráfego voltou ao que se pode chamar de normal, ou seja, precário. Se essas imagens tivessem aparecido há uma semana, o Rio não teria ganhado a disputa para abrigar a olimpíada de 2016.
A midia tratou o assunto como obra de vandalismo, que demandará a punição dos depredadores. E só isso. Não se levou em conta o recado. No metrô, na semana passada, a linha 2 ficou inoperante por falta de energia. Ao chegar à estação do Estácio, onde se faz a transferência entre linhas, vi que simplesmente avisaram esse ramal estava parado, sem previsão de solução do problema. As pessoas que normalmente transitam com vale-transporte ou dinheiro contado enlouquece com a falta de alternativas, e com a demora de algum tipo de ressarcimento, que dificilmente atenderá ao cumprimento do transporte do trajeto original.
Com o quebra-quebra de ontem, acabou o clima de festa dos ufanismos do pré-sal, da copa do mundo e das olimpíadas, e ficou patente que a conta de tantas promessas deverá ser cobrada na forma de melhorias definitivas para a população.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Quebra-quebra de trens : o Rio que o COI não viu
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Branquinho, como sempre muito rápido e objetivo em suas análises!
ResponderExcluirO problema é que os (sempre escassos) recursos para as obras de infra-estrutura serão canalizados do país para somente o Rio. E as outras necessidades da população brasileira, como é que ficam?