A falta de visão além dos muros do seu estado faz muito mal ao candidato José Serra. Com tanta coisa para dizer de política externa, escolheu a pobre Bolívia para saco de pancadas, dizendo que o país não faz nada para conter o tráfico de drogas que entram no Brasil. É tão limitado que chega a ser ridículo. Criou um problema diplomático que só não foi pior porque Evo Morales sabe que Serra não sabe o que diz.
O que aconteceria com o trabalho que Lula e Celso Amorim fizeram nesses últimos anos, em relação à política externa brasileira, numa trágica eleição de Serra? Primeiro, Serra venderia o Aerolula e voltaria a andar de Sucatão, afinal, a crítica dos seus aliados à aquisição do Airbus presidencial parecia querer fazer o presidente andar de ônibus. Depois, viagem aos Estados Unidos para beijar as mãos dos presidentes de lá (Obama e Hillary), pedir desculpas pela "insanidade" de Lula na questão iraniana e colocar o país a postos para quaisquer retaliações.
Iria à reunião da Unasul para dizer que o Brasil não quer papo com Chavez, Evo, Cristina Kirchner, Fidel, Nicarágua, Equador. Reataria relações com Honduras e peitaria a OEA para tirar a condenação do organismo ao isolamento de Honduras. Invadiria a Bolívia para retomar as refinarias da Petrobrás e as terras dos latifundiários brasileiros. Moveria os pauzinhos para a comissão do Prêmio Nobel tirar Lula da lista para o Nobel da Paz e na ONU para impedir que ocupe qualquer cargo.
Iria a Israel botar uma coroa de flores no túmulo de Theodor Herzl, como queria o ministro de relações exteriores israelense, pedindo perdão por Lula não ter beijado a mão do sionismo. Mandaria os palestinos mudarem o nome da rua principal em frente ao parlamento, tirando o nome de "Brasil". Seguraria os investimentos do pré-sal até aprovar um marco regulatório que permitisse o amplo loteamento das áreas de exploração entre empresas estrangeiras. Travaria a compra dos aviões franceses e adquiriria os americanos. Deixaria colocar bases americanas na Amazônia para combater as FARC.
Para completar o desastre, Serra se comprometeria com as grandes potências a participar das próximas "joint-ventures" militares, com a participação dos nossos jovens como alvos para morrerem em gloriosas batalhas pelos interesses de Tio Sam no petróleo alheio. Parece exagero tudo isso? De jeito nenhum. É só ver como a oposição se posicionou em relação a cada assunto desses para ver que a negação do que foi feito seria mais ou menos isso. De nação aspirando à soberania passaríamos a ser um país vira-latas, com o presidente recebendo aqui e ali os prêmios de reconhecimento por submissão, como no tempo de FHC.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Serra : desastre diplomático para o Brasil
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