terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Vaga da Globo" na Academia Brasileira de Letras??

Depois que o "imortal" Roberto Marinho contrariou o título e se foi, agora vemos Merval Pereira, a principal cara da direita da Globo chegar a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. A pergunta básica: qual o mérito? Qual sua a obra de importância para as letras nacionais?


Pesquisei que Merval escreveu dois livros: o primeiro, "A segunda guerra, sucessão de Geisel", em 1979, uma compilação de matérias que fez para o Jornal de Brasília; o outro, lançado em 27 de setembro do ano passado na própria ABL, um panfleto partidário chamado "O Lulismo no Poder". Em plena campanha eleitoral onde a Globo usou de tudo para eleger José Serra e sua patota e ele era um dos principais porta-vozes contra Lula e Dilma.

Coincidentemente esteve na sua posse todo o alto comando tucano : Serra, Aécio, Tasso, etc. A eleição de Merval, assim como a do próprio Marinho, pareceu mais uma ação política da ABL para manter seu prestígio na mídia, dando à Globo uma cadeira de morto rotativo.

O mérito não é o fundamental. Isso vem de longe, esse puxassaquismo, muito bem descrito por Jorge Amado, esse sim um "imortal" com todos os méritos, em "Farda, Fardão, Camisola de Dormir", contextualizado na ditadura Vargas, onde se tentava dar uma cadeira que fora ocupada por um poeta a um militar para bajular o regime. Era a idéia da "cadeira militar" na academia, acima de qualquer mérito. Agora temos a "cadeira rotativa da Globo". Te cuida, Merval, porque a fila dessa cadeira é grande entre os seus...

Os meios da Globo fizeram um grande esforço para justificar um jornalista numa casa onde grandes escritores já estiveram. A matéria do Jornal Nacional mostra a escritora Nelida Piñon falando que o estatuto da casa permite. Adiante, que Machado de Assis e o próprio ocupante anterior da cadeira 31, Moacyr Scliar, também eram jornalistas. Além de escritores, é claro!

No melhor estilo manipulatório, não colocaram nenhuma imagem de Serra, Aécio e Tasso na festa, nem fizeram referências às suas presenças. Botaram a imagem do Sarney, que é governista, mas acima de tudo, também é "imortal" por suas "contribuições" à literatura nacional. Para não acharem que é implicância deste blog, aqui vão os links da cobertura da Globo à posse. Onde estão os "Wally" Serra, Aécio e Tasso?

A propósito, o livro de Jorge Amado custa R$ 45,00, e está na 17a edição. A "obra literária" anti-lulista de Merval Pereira custa R$ 79,90 e está na 1a edição. Qual deles você daria a um amigo para conhecer a literatura brasileira?

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