Para quem viaja de avião o trecho entre os aeroportos de Narita (Japão) e Incheon (Coréia) parece perto do ideal. Saindo de Tóquio há várias opções para chegar a Narita. A mais curta é o trem expresso que sai da estação de Ueno, e leva 47 minutos. Há os trens da Japan Railwais que partem das estações de Tóquio, Shinjuku e outras, levando no mínimo 1 hora.
Os ônibus tipo limousine custam o mesmo que os trens da JR (3000 iens, uns R$ 75) levam em torno de 80 minutos, passam em frente a diversos hotéis e saem de variados pontos da cidade. Tomamos essa opção pela praticidade de não arrastar malas por um trecho muito grande até a estação de trem. Não usamos táxi, cuja bandeirada começa de mais de 700 iens (uns R$ 18) e o km rodado também é caro.
A viagem de ônibus é uma espécie de city-tour informal. Pega a via do litoral, passando por várias ilhas, pelo porto, pela Disney, numa auto-estrada sem maiores problemas com tráfego bem disciplinado. Saímos de Shinjuku às 9:20 e chegamos ao Terminal 1 asa Norte de Narita às 10:45. Esses ônibus partem a cada 20 minutos. Os trens da JR também têm intervalo parecido. Muito confortáveis.
O aeroporto de Narita tem 2 grandes terminais. O terminal 1 serve principalmente às grandes alianças aéreas. O terminal 2 é mais usado pela empresa japonesa ANA, entre outras com destinos internacionais. O aeroporto é moderno, mas não causa a sensação de tumulto, pois tem o teto muito alto e é naturalmente iluminado. Segurança por todo lado, ostensiva. Fiquei sentado uns 20 minutos e a lata de lixo próxima foi vistoriada pelo menos 3 vezes por policiais em busca de artefatos terroristas. A internet wi-fi é gratuita, bastando cadastrar no site da rede do aeroporto.
Para voar à Coréia do Sul não é necessário visto, mas parece ser obrigatório confirmar à empresa aérea existir uma passagem de saída do país. No nosso caso apresentamos na tela do computador uma solicitação ainda não confirmada do Decolar.com para o trecho Seul / Pequim e colou. Segundo a funcionária da empresa, é permitido ficar na Coréia do Sul até 90 dias para turismo.
De fato, parece que a única inspeção é na empresa aérea, pois ao chegar a Seul a passagem pela imigração não exigiu nenhum diálogo. O funcionário abriu o passaporte, olhou a coleção de vistos anteriores, mandou colocar os dedos indicadores num scanner de digitais, escaneou o passaporte, tirou foto, disse "thank you" e mandou ir. Menos de 2 minutos na imigração. Uns 10, considerada a fila.
O vôo saiu pontualmente às 13:00h e pousou às 14:40h, sobrevoando o Japão na horizontal, segundo o mapa dinãmico disponível no display individual da cadeira, cruzando o Mar da China (ou da Coréia, do Japão, de Taiwan, é aquela briga por ilhotas e nomenclaturas), toda a Coréia do Sul, até chegar à cidade litorânea de Incheon, que dista 58km do centro de Seul.
O vôo da Korean Air foi impecável, lembrando a antiga Varig, para quem teve a oportunidade de voar por essa grande empresa brasileira. Serviço de bordo de qualidade, até com talheres de metal, coisa que só vimos recentemente na russa Aeroflot. Isso na classe turística do Boeing 777, uma máquina fantástica, que fez o vôo com grande estabilidade. O espaço entre cadeiras era excepcional, a ponto de uma pessoa passar da janela ao corredor sem que os demais passageiros praticamente se movessem. Mais espaço que entre poltronas de cinema. Tem porta USB para aparelhos na própria poltrona e porta-casaco, permitindo fazer a marmota hi-tech mostrada em uma das fotos.
O aeroporto de Incheon é muito moderno e grande. No dispensário de bagagens há um enorme display onde a propaganda afirma que pelo sexto ano seguido foi eleito por especialistas o melhor aeroporto do mundo em serviços. Deve ser mesmo. Demoramos pouco no percurso da aeronave à bagagem, e ela já estava lá, girando na esteira. A internet wi-fi também é gratuita e muito veloz. Os celulares e modems à disposição para locação são 4G.
A comparação com Narita é inevitável. A fartura de displays com informações em inglês acabou, embora haja o suficiente. Os mapas do tipo "você está aqui" também não são tantos. O setor de informações também não chega ao nível japonês, sendo disponíveis apenas alguns mapas específicos para ônibus, trens e metrô, alguns com o mapa de Seul em coreano. Se não tivesse vasculhado a cidade pelo Google Earth, teríamos grande dificuldade em localizar o hotel.
Optamos pela ferrovia que leva à estação Seul, distante 800 m do nosso hotel. A viagem completa leva cerca de uma hora, com uma transferência de trem para metrô na estação Digital Media City. O ticket é comprado em máquinas. Compramos dois por 8900 won, moeda coreana que equivale a 555 vezes o valor em reais. Para simplificação conservadora usamos o divisor por 500 para ter idéia de preço. Como dividir por 500 é o mesmo que multiplicar por dois e dividir por 1000, os nossos 8900 won vezes dois viram uns 19000 que são uns R$ 19, no máximo. Bom preço para a distância, comparado ao trecho entre Tóquio e Narita.
A estação central de Seul parece um aeroporto, grande e moderna. Assim como no aeroporto de Incheon, rareiam as indicações em inglês e os mapas de localização de entorno. Parece que o legado da Copa do Mundo não deixou tanta facilidade aos turistas por aqui. Isso se repete nas ruas, onde praticamente tudo que se vê está escrito em coreano.
Saindo da estação, o choque da realidade coreana. Parecia que tínhamos saído da Central do Brasil. O relevo lembra o Vale do Anhangabaú. A pobreza das pessoas (pedintes, mendigos dormindo no chão) e a falta de manutenção dos pisos pareciam mostrar que estávamos entrando num país do futuro propagandeado pelas onipresentes propagandas da Samsung e Hyunday, com um passivo social de terceiro mundo. Bastava abrir um mapa para aparecer um "auxiliar" tentando ajudar e pedir um trocado. As ruas próximas também mostravam uma imundície e desorganização que não vimos em lugar nenhum do Japão. Adeus faixas e sinais de pedestres respeitados, adeus mapas.
Claro que não dá para medir um país tomando como amostra os arredores da Praça da Sé ou da Candelária, mas já sentimos uma diferença que nos fez ativar o modo de segurança padrão carioca: não dar muita informação sobre destino, botar dinheiro e passaporte em locais mais internos da roupa e deixar algum dinheiro disponível em local acessível, o "dinheiro do ladrão". Nada de malas de bobeira, evitar abordagens. E assim fomos andando com o auxílio da bússola do celular (GPS não funcionou mais uma vez) e com alguns pontos referenciais que estudamos antes.
Nosso hotel fica no meio de uma área comercial que a princípio assustou dado o choque inicial do entorno da estação. Quarto pequeno, cerca de 3 x 4m, banheiro pequeno com banheira que não cabe uma criança, porém cheio de aparatos tecnológicos, em especial de segurança, o que reforçou o nosso pré-conceito a respeito de estarmos num lugar inseguro. Pela cidade também vimos muito policiamento ostensivo, o que indica que também há criminalidade endêmica.
Era o hotel que tinha com a localização desejada, porque no planejamento não associamos uma variável que se mostrou incômoda: o calendário da Fórmula 1. Isso nos atingiu na seleção de hotel em Osaca (GP do Japão em Suzuka, que fica perto), e agora do da Coréia, que acontecerá aqui no dia 14/10, próximo fim de semana. A gente só vai ficar até quinta, mas o circo da Fórmula 1 já está na área preparando a corrida e enche hotéis.
Deixadas as coisas no hotel, partimos para o reconhecimento cauteloso do entorno, e nossas primeiras impressões foram se dissipando, sem baixar o nível de alerta. Estamos bem perto da prefeitura, no meio dos principais hotéis de luxo, embora o nosso seja num prédio antigo. Andamos na rua até umas 11 da noite, jantamos vendo um jogão de beisebol (devia ser, porque no restaurante o povo caiu no saquê e torcia como final de futebol) entre o Giants e o Bears locais, voltamos caminhando e tudo bem.
No restaurante também conhecemos o hashi de metal, pós-graduação em oriente para quem sequer aprendeu a comer com os de madeira. A dona do restaurante delicadamente me trouxe um garfo.
O único stress da viagem ficou por conta da E-Dreams, onde tentamos comprar a passagem. Como temos acesso à internet praticamente restrito ao hotel e não há tempo para ler e-mails, o que entendi pelo tópico ser a confirmação da compra da passagem Tóquio-Seul era na verdade um pedido para mandarmos cópias escaneadas dos passaportes e do cartão de crédito, uma coisa absurda de se pedir para alguém que está em trânsito. Mandamos tardiamente, e acabamos comprando a passagem no guichê do aeroporto, porque não existia reserva. Mandei 3 e-mails falando do absurdo, encaminhando os documentos e finalmente pedindo que não fizessem mais nada porque já havia comprado. Recebemos à noite o comunicado da E-Dreams dizendo que não foi possível fazer a reserva. Ainda bem. Livrou-nos a apurrinhação de brigar pelo estorno de pagamento.
Os ônibus tipo limousine custam o mesmo que os trens da JR (3000 iens, uns R$ 75) levam em torno de 80 minutos, passam em frente a diversos hotéis e saem de variados pontos da cidade. Tomamos essa opção pela praticidade de não arrastar malas por um trecho muito grande até a estação de trem. Não usamos táxi, cuja bandeirada começa de mais de 700 iens (uns R$ 18) e o km rodado também é caro.
A viagem de ônibus é uma espécie de city-tour informal. Pega a via do litoral, passando por várias ilhas, pelo porto, pela Disney, numa auto-estrada sem maiores problemas com tráfego bem disciplinado. Saímos de Shinjuku às 9:20 e chegamos ao Terminal 1 asa Norte de Narita às 10:45. Esses ônibus partem a cada 20 minutos. Os trens da JR também têm intervalo parecido. Muito confortáveis.
O aeroporto de Narita tem 2 grandes terminais. O terminal 1 serve principalmente às grandes alianças aéreas. O terminal 2 é mais usado pela empresa japonesa ANA, entre outras com destinos internacionais. O aeroporto é moderno, mas não causa a sensação de tumulto, pois tem o teto muito alto e é naturalmente iluminado. Segurança por todo lado, ostensiva. Fiquei sentado uns 20 minutos e a lata de lixo próxima foi vistoriada pelo menos 3 vezes por policiais em busca de artefatos terroristas. A internet wi-fi é gratuita, bastando cadastrar no site da rede do aeroporto.
Para voar à Coréia do Sul não é necessário visto, mas parece ser obrigatório confirmar à empresa aérea existir uma passagem de saída do país. No nosso caso apresentamos na tela do computador uma solicitação ainda não confirmada do Decolar.com para o trecho Seul / Pequim e colou. Segundo a funcionária da empresa, é permitido ficar na Coréia do Sul até 90 dias para turismo.
De fato, parece que a única inspeção é na empresa aérea, pois ao chegar a Seul a passagem pela imigração não exigiu nenhum diálogo. O funcionário abriu o passaporte, olhou a coleção de vistos anteriores, mandou colocar os dedos indicadores num scanner de digitais, escaneou o passaporte, tirou foto, disse "thank you" e mandou ir. Menos de 2 minutos na imigração. Uns 10, considerada a fila.
O vôo saiu pontualmente às 13:00h e pousou às 14:40h, sobrevoando o Japão na horizontal, segundo o mapa dinãmico disponível no display individual da cadeira, cruzando o Mar da China (ou da Coréia, do Japão, de Taiwan, é aquela briga por ilhotas e nomenclaturas), toda a Coréia do Sul, até chegar à cidade litorânea de Incheon, que dista 58km do centro de Seul.
O vôo da Korean Air foi impecável, lembrando a antiga Varig, para quem teve a oportunidade de voar por essa grande empresa brasileira. Serviço de bordo de qualidade, até com talheres de metal, coisa que só vimos recentemente na russa Aeroflot. Isso na classe turística do Boeing 777, uma máquina fantástica, que fez o vôo com grande estabilidade. O espaço entre cadeiras era excepcional, a ponto de uma pessoa passar da janela ao corredor sem que os demais passageiros praticamente se movessem. Mais espaço que entre poltronas de cinema. Tem porta USB para aparelhos na própria poltrona e porta-casaco, permitindo fazer a marmota hi-tech mostrada em uma das fotos.
O aeroporto de Incheon é muito moderno e grande. No dispensário de bagagens há um enorme display onde a propaganda afirma que pelo sexto ano seguido foi eleito por especialistas o melhor aeroporto do mundo em serviços. Deve ser mesmo. Demoramos pouco no percurso da aeronave à bagagem, e ela já estava lá, girando na esteira. A internet wi-fi também é gratuita e muito veloz. Os celulares e modems à disposição para locação são 4G.
A comparação com Narita é inevitável. A fartura de displays com informações em inglês acabou, embora haja o suficiente. Os mapas do tipo "você está aqui" também não são tantos. O setor de informações também não chega ao nível japonês, sendo disponíveis apenas alguns mapas específicos para ônibus, trens e metrô, alguns com o mapa de Seul em coreano. Se não tivesse vasculhado a cidade pelo Google Earth, teríamos grande dificuldade em localizar o hotel.
Optamos pela ferrovia que leva à estação Seul, distante 800 m do nosso hotel. A viagem completa leva cerca de uma hora, com uma transferência de trem para metrô na estação Digital Media City. O ticket é comprado em máquinas. Compramos dois por 8900 won, moeda coreana que equivale a 555 vezes o valor em reais. Para simplificação conservadora usamos o divisor por 500 para ter idéia de preço. Como dividir por 500 é o mesmo que multiplicar por dois e dividir por 1000, os nossos 8900 won vezes dois viram uns 19000 que são uns R$ 19, no máximo. Bom preço para a distância, comparado ao trecho entre Tóquio e Narita.
A estação central de Seul parece um aeroporto, grande e moderna. Assim como no aeroporto de Incheon, rareiam as indicações em inglês e os mapas de localização de entorno. Parece que o legado da Copa do Mundo não deixou tanta facilidade aos turistas por aqui. Isso se repete nas ruas, onde praticamente tudo que se vê está escrito em coreano.
Saindo da estação, o choque da realidade coreana. Parecia que tínhamos saído da Central do Brasil. O relevo lembra o Vale do Anhangabaú. A pobreza das pessoas (pedintes, mendigos dormindo no chão) e a falta de manutenção dos pisos pareciam mostrar que estávamos entrando num país do futuro propagandeado pelas onipresentes propagandas da Samsung e Hyunday, com um passivo social de terceiro mundo. Bastava abrir um mapa para aparecer um "auxiliar" tentando ajudar e pedir um trocado. As ruas próximas também mostravam uma imundície e desorganização que não vimos em lugar nenhum do Japão. Adeus faixas e sinais de pedestres respeitados, adeus mapas.
Claro que não dá para medir um país tomando como amostra os arredores da Praça da Sé ou da Candelária, mas já sentimos uma diferença que nos fez ativar o modo de segurança padrão carioca: não dar muita informação sobre destino, botar dinheiro e passaporte em locais mais internos da roupa e deixar algum dinheiro disponível em local acessível, o "dinheiro do ladrão". Nada de malas de bobeira, evitar abordagens. E assim fomos andando com o auxílio da bússola do celular (GPS não funcionou mais uma vez) e com alguns pontos referenciais que estudamos antes.
Nosso hotel fica no meio de uma área comercial que a princípio assustou dado o choque inicial do entorno da estação. Quarto pequeno, cerca de 3 x 4m, banheiro pequeno com banheira que não cabe uma criança, porém cheio de aparatos tecnológicos, em especial de segurança, o que reforçou o nosso pré-conceito a respeito de estarmos num lugar inseguro. Pela cidade também vimos muito policiamento ostensivo, o que indica que também há criminalidade endêmica.
Era o hotel que tinha com a localização desejada, porque no planejamento não associamos uma variável que se mostrou incômoda: o calendário da Fórmula 1. Isso nos atingiu na seleção de hotel em Osaca (GP do Japão em Suzuka, que fica perto), e agora do da Coréia, que acontecerá aqui no dia 14/10, próximo fim de semana. A gente só vai ficar até quinta, mas o circo da Fórmula 1 já está na área preparando a corrida e enche hotéis.
Deixadas as coisas no hotel, partimos para o reconhecimento cauteloso do entorno, e nossas primeiras impressões foram se dissipando, sem baixar o nível de alerta. Estamos bem perto da prefeitura, no meio dos principais hotéis de luxo, embora o nosso seja num prédio antigo. Andamos na rua até umas 11 da noite, jantamos vendo um jogão de beisebol (devia ser, porque no restaurante o povo caiu no saquê e torcia como final de futebol) entre o Giants e o Bears locais, voltamos caminhando e tudo bem.
No restaurante também conhecemos o hashi de metal, pós-graduação em oriente para quem sequer aprendeu a comer com os de madeira. A dona do restaurante delicadamente me trouxe um garfo.
O único stress da viagem ficou por conta da E-Dreams, onde tentamos comprar a passagem. Como temos acesso à internet praticamente restrito ao hotel e não há tempo para ler e-mails, o que entendi pelo tópico ser a confirmação da compra da passagem Tóquio-Seul era na verdade um pedido para mandarmos cópias escaneadas dos passaportes e do cartão de crédito, uma coisa absurda de se pedir para alguém que está em trânsito. Mandamos tardiamente, e acabamos comprando a passagem no guichê do aeroporto, porque não existia reserva. Mandei 3 e-mails falando do absurdo, encaminhando os documentos e finalmente pedindo que não fizessem mais nada porque já havia comprado. Recebemos à noite o comunicado da E-Dreams dizendo que não foi possível fazer a reserva. Ainda bem. Livrou-nos a apurrinhação de brigar pelo estorno de pagamento.
Estou programando para ir à convenção do Rotary em Seul,em maio, e conhecer a China e o Japão e estas informações muito me foram úteis. Obrigado.
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