quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Japão : Suicídios em trens viraram rotina


Hoje íamos a Fukushima, ao norte de  Tóquio, aquela cidade atingida pelo tsunami e pela radiação no ano passado, e tivemos o trem parado na estação Akabane por mais de meia hora sem entender o que se falava pelo sistema de som, em japonês. No nosso vagão parecia que a mensagem era sobre algo banal, algo que no Brasil seria algum sistema de controle que quebrou ou trem velho que parou de funcionar.

Sentindo que a situação não iria ser revertida, e que a passividade dos passageiros refletia normalidade, buscamos outras alternativas para não perder a conexão com o trem seguinte. Saltamos do vagão e fomos à estação, onde vimos num painel que várias linhas estavam paradas por causa de "personal injury", ou lesão a passageiros. Pensamos que era acidente. Replanejei a rota e fomos para o lado oposto visitar a cidade histórica de Kamakura, que fica no litoral além de Yokohama, ao sul de Tóquio.

Durante todo o dia víamos nas estações a mesma mensagem afetando diversas linhas. Ao chegar ao hotel agora à noite tive a curiosidade de saber o que se passava, e por incrível que pareça foi uma menina que se suicidou atirando-se na frente de um trem. Ontem à noite outra pessoa fez o mesmo, momentos depois que saímos do trem em Shinjuku. E, mais incrível ainda, é que os suicídios em trens são tão frequentes que chegam a parar 40 mil trens por ano no Japão, que tem o terceiro maior índice de suicídios do mundo.

Por aqui há o suicídio pela honra, que vem do tempo dos samurais. Segundo estudos do governo, a maior causa é o desemprego. A segunda maior é a perda de qualidade de vida. A depressão vem em terceiro. O suicídio é a maior causa de mortes entre homens de 20 a 44 anos, e é motivo de preocupação das autoridades. Duas fotos mostram o sistema de barreiras que vimos em estações de metrô em algumas cidades do Japão. Já vi isso em algumas estações novas do metrô de São Paulo, mas creio que no Japão haja a preocupação com os suicidas em potencial.

O que achamos estarrecedor é que não vimos por aqui até agora problemas que cheguem longe dos que enfrentam os brasileiros, principalmente os pobres, e a passividade das pessoas diante de "mais um" que se jogou na linha do trem. 

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