Ceará : Tasso precisa do PT para se reeleger

Mais uma vez chegam ao meu conhecimento notícias ruins do Ceará, onde a relação PT / PSDB volta e meia fica promíscua. Desta vez o foco está em uma das candidaturas ao senado. Por acordos anteriores mantidos entre a prefeita da capital, Luiziane Lins, o governador Cid Gomes, PC do B e PMDB, nesta eleição o PT apoiaria a reeleição de Cid, irmão de Ciro Gomes, também do PSB. Uma das candidaturas ao senado ficaria para o empresário Eunício Oliveira, do PMDB, e a outra, naturalmente, caberia ao PT, com a indicação do ex-ministro da Previdência, José Pimentel.

Mantida essa configuração, o atual senador Tasso Jereissati não poderia contar com a habitual ajuda dos Ferreira Gomes, com quem mantém relações umbilicais desde os tempos de companheirismo no PSDB, o que criou uma grave crise, onde dirigentes do PT defendem que não haja a candidatura de Pimentel para abrir espaço para Tasso se reeleger. Sem esse "apoio", Tasso corre o risco de não se reeleger.

Até Zé Dirceu, que não apita nada nisso, mas gosta de se achar poderoso, chegou a propor a retirada da candidatura de Ciro à presidência em troca do apoio a Tasso, o que revoltou os petistas cearenses. Nem todos, porque sempre tem os que cultivam uma ótima relação com os tucanos, desde os tempos mais primórdios. Eu mesmo fui vítima disso, disputando uma eleição à prefeitura de Fortaleza em 1992 contra a direção estadual do PT, que queria apoiar os tucanos.

Como o PSB abortou a candidatura de Ciro, os Gomes ficaram sem moeda de troca. Agora o governador Cid diz que vai negociar com o PSDB, afinal, os deputados estaduais desse partido têm apoiado o seu governo, etc e tal. Lula esteve lá e, aparentemente, lavou as mãos, dizendo que isso é problema da direção estadual do PT. Da parte do PSDB, o partido está tão fraco depois da cooptação de vários dos seus quadros pelo governo Lula que não tem condições de lançar um candidato ao governo capaz de encarar Cid Gomes e alavancar a candidatura de Tasso.

Só espero que o episódio não tenha o desfecho de Minas Gerais, onde a direção nacional do PT baixou o porrete e impôs a candidatura do ex-ministro Hélio Costa, do PMDB, ao governo, eliminando a possibilidade de uma candidatura própria. O maior avanço que a eleição do Ceará pode ter será a derrota de Tasso Jereissati, desejo íntimo de todo e qualquer petista e demais militantes que tenham sido vítimas da sua política opressora. Quem diria que Tasso chegaria a um poço tão fundo: depender do PT para se reeleger!