Aqui e ali se ouvia falar num linchamento, que geralmente é um assunto do qual ninguém quer falar, dado o grau extremo de barbárie que cerca cada um deles. Em geral alguém faz uma acusação contra uma pessoa ou empresa e potencializa ódios e frustrações latentes, outras pessoas engrossam a turba e quem chega só sabe que tem que linchar porque os outros já estão linchando. Todos acham que agindo coletivamente ninguém será punido pelo "justiçamento", que é um assassinato.
Quem é mais responsável por essa sucessão de violências? A jornalista Raquel Sherazade, por causa de uma infeliz opinião levada ao ar no jornal do SBT para milhões de pessoas validando a justiça com as próprias mãos, ou isso foi só a ponta do iceberg?
A banalização da violência não é de hoje. Eu era criança e ouvia no rádio, em qualquer estação, programas policiais exacerbando a eliminação dos bandidos como algo razoável. Até hoje há programas e mais programas de rádio e TV, e agora sites na internet, divulgando que "bandido bom é bandido morto". Além disso nas redes sociais, como foi no caso da senhora assassinada no Guarujá há poucos dias pela multidão de sem-noção, espalham fotos de "criminosos", que podem ser qualquer pessoa, basta ter a foto.
O sensacionalismo policial e a incitação à violência deveriam ser banidos dos meios de comunicação. Em muitos países não existe a "crônica policial", apenas se relata os fatos sem a dose sensacionalista que vemos por aqui. Não há datenas ou montes para alimentar audiência com a carniça alheia. Isso deveria partir da ética jornalística, mas como dá ibope, cada vez mais vemos programas que exploram a desgraça humana.
A Falta de Noção que Assola o País - FANOAPÁ - encontra terreno fértil onde se estimula o ódio. Não é só no campo policial, na política há o "efeito manada". Eu estava no estádio Mané Garrincha no jogo de reinauguração - Brasil x Japão - quando algumas pessoas começaram a vaiar o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e em seguida o coro se ampliou contra a presidente Dilma. Eu, minha esposa e algumas pessoas próximas nos levantamos e começamos a aplaudir e fomos seguidos por outras pessoas num setor do estádio. Claro que toda a mídia, por interesses políticos, noticiou a vaia e a incitou para que acontecesse em outros cantos.
Para mim ficou claro que ali havia pessoas vaiando sem saber exatamente o quê, já que estavam pagando ingressos caros para ver um jogo da seleção em um dos mais belos estádios do mundo, mandado construir pela pessoa que estavam vaiando. Se naquele momento alguém gritasse "vamos matar a Dilma" creio que haveria gente para seguir a idéia, pois ouve todo dia o dia todo que ela é "inimiga", "corrupta", "mensaleira", que "vicia pobres" com os "bolsa-tudo" usando o dinheiro dos |"seus" impostos.
Há linchamentos e linchamentos. Na Alemanha nazista os alvos eram judeus, negros, ciganos, homossexuais, comunistas, portadores de deficiências, etc. A pessoa sem nem saber porque jogava uma pedra no vidro da loja previamente marcada com a estrela de Davi. Muitos sabiam o que se passava nos campos de extermínio e concordavam tacitamente com aquilo, afinal, faziam parte de uma "raça superior" e tinham todo o apoio da mídia de Goebbels. No fim da guerra, com a derrota e a destruição completa da Alemanha, a ficha caiu e muita gente se questionou sobre como é que houve toda aquela catarse, aquela loucura coletiva.
Falta de noção e linchamento a gente não sabe como começa, mas sempre termina em catástrofe. Sheherazade está pagando o preço por ter dito com todas as palavras aquilo que os incitadores do ódio não diziam. Jogou um fósforo em cima da pólvora espalhada. Merece ser responsabilizada pela incitação, assim com o SBT, concessionário de um serviço público. Que a lei e a justiça da civilização punam exemplarmente esse tipo de abuso para que os demais se intimidem e pensem duas vezes antes de incitar o ódio.
Quem é mais responsável por essa sucessão de violências? A jornalista Raquel Sherazade, por causa de uma infeliz opinião levada ao ar no jornal do SBT para milhões de pessoas validando a justiça com as próprias mãos, ou isso foi só a ponta do iceberg?
A banalização da violência não é de hoje. Eu era criança e ouvia no rádio, em qualquer estação, programas policiais exacerbando a eliminação dos bandidos como algo razoável. Até hoje há programas e mais programas de rádio e TV, e agora sites na internet, divulgando que "bandido bom é bandido morto". Além disso nas redes sociais, como foi no caso da senhora assassinada no Guarujá há poucos dias pela multidão de sem-noção, espalham fotos de "criminosos", que podem ser qualquer pessoa, basta ter a foto.
O sensacionalismo policial e a incitação à violência deveriam ser banidos dos meios de comunicação. Em muitos países não existe a "crônica policial", apenas se relata os fatos sem a dose sensacionalista que vemos por aqui. Não há datenas ou montes para alimentar audiência com a carniça alheia. Isso deveria partir da ética jornalística, mas como dá ibope, cada vez mais vemos programas que exploram a desgraça humana.
A Falta de Noção que Assola o País - FANOAPÁ - encontra terreno fértil onde se estimula o ódio. Não é só no campo policial, na política há o "efeito manada". Eu estava no estádio Mané Garrincha no jogo de reinauguração - Brasil x Japão - quando algumas pessoas começaram a vaiar o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e em seguida o coro se ampliou contra a presidente Dilma. Eu, minha esposa e algumas pessoas próximas nos levantamos e começamos a aplaudir e fomos seguidos por outras pessoas num setor do estádio. Claro que toda a mídia, por interesses políticos, noticiou a vaia e a incitou para que acontecesse em outros cantos.
Para mim ficou claro que ali havia pessoas vaiando sem saber exatamente o quê, já que estavam pagando ingressos caros para ver um jogo da seleção em um dos mais belos estádios do mundo, mandado construir pela pessoa que estavam vaiando. Se naquele momento alguém gritasse "vamos matar a Dilma" creio que haveria gente para seguir a idéia, pois ouve todo dia o dia todo que ela é "inimiga", "corrupta", "mensaleira", que "vicia pobres" com os "bolsa-tudo" usando o dinheiro dos |"seus" impostos.
Há linchamentos e linchamentos. Na Alemanha nazista os alvos eram judeus, negros, ciganos, homossexuais, comunistas, portadores de deficiências, etc. A pessoa sem nem saber porque jogava uma pedra no vidro da loja previamente marcada com a estrela de Davi. Muitos sabiam o que se passava nos campos de extermínio e concordavam tacitamente com aquilo, afinal, faziam parte de uma "raça superior" e tinham todo o apoio da mídia de Goebbels. No fim da guerra, com a derrota e a destruição completa da Alemanha, a ficha caiu e muita gente se questionou sobre como é que houve toda aquela catarse, aquela loucura coletiva.
Falta de noção e linchamento a gente não sabe como começa, mas sempre termina em catástrofe. Sheherazade está pagando o preço por ter dito com todas as palavras aquilo que os incitadores do ódio não diziam. Jogou um fósforo em cima da pólvora espalhada. Merece ser responsabilizada pela incitação, assim com o SBT, concessionário de um serviço público. Que a lei e a justiça da civilização punam exemplarmente esse tipo de abuso para que os demais se intimidem e pensem duas vezes antes de incitar o ódio.
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