quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Ações da Petrobrás, Vale e Sabesp caem 37% em 2014, mas...

Uma curiosa coincidência naquilo que chamam de "mercado": Petrobrás, Vale e Sabesp tiveram a mesma desvalorização de 37% em suas ações em 2014.  Mas só a Petrobrás é que é a empresa "destruída pelos petralhas, por Dilma, pela incompetência e pela corrupção". Estranho, né?

Começo a análise pela Sabesp, que vende água e trata esgotos em São Paulo. Por falta de investimentos, priorizando a distribuição de lucros, deixou seu estoque de mercadoria cair a níveis perigosos. Essa irresponsabilidade pode levar a resultados não financeiros extremos, como a falta de água na principal cidade do país. Hoje já afeta decisões de investidores que preferem levar suas fábricas para outros estados temendo o risco de desabastecimento. Com mais uma temporada de chuvas aquém do esperado, o racionamento e o colapso serão bastante prováveis. Se a água acabar as despesas emergenciais eliminarão lucros e as ações deverão desabar.Como o acionista majoritário é o governo de São Paulo, tarifas poderão ser elevadas a título de estimular a economia e para continuar a manter a lucratividade e o usuário paga mais caro por algo pior e mais escasso. Um caso de empresa problemática em situação extrema de risco mas que ninguém fala nisso.

A Vale é a maior empresa privada do país. Com a queda de atividade econômica no mundo todo suas mercadorias estão encalhando porque há excesso de oferta. Gera menos lucros e o mercado se desinteressa por suas ações, por isso caem de preço. A perspectiva de recuperação é associada à recuperação econômica global. É uma empresa que opera na normalidade do capitalismo e do mercado de ações, a partir de oferta e procura. Notícia escondinha :

 "De acordo com dados da Economatica, a Vale também fechou o ano no vermelho, com queda de 36,82% no valor das ações preferenciais e de 34,55% nas ordinárias. O valor de mercado da mineradora encolheu R$ 70,526 bilhões, passando de R$ 178,163 bilhões em 2013 para R$ 107,637 bilhões neste ano." - Fonte: G1. 

A Petrobrás está sofrendo ataque especulativo há mais de um ano. Grandes tubarões compram ações, causam o overshooting para cima e começam a vender quando os apostadores (sim, é cassino mesmo) menores entram comprando. Esse movimento grande de realização de lucros afunda novamente o valor das ações e causa o overshooting para baixo, com o efeito-manada de pânico de apostadores menores. A cada movimento desses o piso de valor é mais baixo. Ontem (7/1) a ação PETR4 chegou ao mínimo de R$ 8,48. Hoje está em R$ 9.20. Com estímulo de grandes especuladores, poderá subir mais e garantir margem superior a R$ 1 quando venderem, ou seja, mais de 10% de ganho em menos de uma semana. E a CVM, que deveria fiscalizar esses movimentos, não toma nenhuma providência.

Moral da estória: Petrobrás todo dia anuncia mais poços, mais qualidade de petróleo, recorde em produção, inauguração de refinaria reduzindo importação de diesel, importa cada vez menos e poderá chegar à autossuficiência em breve, tem vários investimentos em maturação, vive do mercado interno, e "está em crise terminal", se acreditarmos na mídia. Já a SABESP, que pode ficar sem ter o que vender, não tem problemas. E a Vale, que caiu o mesmo em bolsa que a Petrobrás, sendo empresa privada, não aparece nas manchetes da mídia que defende a privatização. Num país sério já teríamos gente graúda algemada tendo que explicar como se faz dinheiro destruindo uma empresa com manipulação de mídia e altas jogadas em bolsa. 

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