O filme "Lula, filho do Brasil", mesmo antes da estréia, já está causando reações iradas. O pouco que vi do treiler é de fazer emocionar. Parece "2 filhos de Francisco". Promete forte identificação com os 80% de brasileiros que certamente irão se identificar com alguma das desgraças da narrativa, e que dão popularidade a Lula.
Que a Veja 2040 tenha dedicado sua capa para colocar Lula com uma auréola de santo, com o título "Lula: o mito a fita e os fatos" e subtítulo "Pago por empresas privadas com interesses no governo, o filme sobre a vida do presidente é um melodrama que depura a sua biografia, eudeusa o político e servirá de propaganda em 2010", é perfeitamente normal para a linha editorial da publicação de direita. As páginas que dedicou à destilação de ódio na tentativa de desconstrução de Lula, idem.
Agora, ver uma pessoa de credibilidade como o jornalista César Benjamin, que foi um dos fundadores do PT e ainda é um valoroso companheiro de esquerda, assacar contra Lula a acusação de assédio sexual contra um militante durante a prisão, sem testemunhas, sem provas, sem gravações, nada, em meio às tentativas de desconstrução de Lula que virão com o filme, é uma coisa que preferia não ter visto, ainda mais em artigo especial para a Folha de São Paulo.
Quantos de nós não vimos as nossas esperanças se dissiparem com a chegada de Lula ao poder? Quantos de nós não gastamos dinheiro, tempo, nos queimamos nos empregos, nas carreiras, perdemos vidas, para fazer do operário símbolo da luta de classes chegar lá, e depois vimos o abandono do programa de esquerda, a adesão aos valores do capital em boa parte das suas ações, o modo de governar com políticos corruptos comprados por mensalões, expurgos no partido, e muito mais coisas que nos dariam razões muito mais fortes que as da direita para odiar Lula?
Para a direita, Lula é o apedeuta, o iletrado, aquele que jamais deveria ter saído das senzalas do capital, pois entendem que o poder é coisa para gente culta, para os doutores e para os ricos. Lula é simplesmente desprezível, e deve ser destruído especialmente no campo moral e ético, já que o seu governo, infelizmente para eles, mostrou-se muito mais competente que os das oligarquias dos últimos 500 anos, mesmo jogando o jogo deles. O ódio deles é de classe, do preconceito, da arrogância.
Na esquerda, a figura mais odiada é a do traidor, a daquele que nos arrebatou os sonhos e os entregou ao patrão. Para muitos de nós, esse sentimento é forte o suficiente para querer ver a destruição do "companheiro", principalmente se estivemos muito próximos dele. O combate político ao que ele passou a representar deve ser feito em cada trincheira de sindicato, movimento social, dentro do PT (ainda há os que resistem), nos partidos dele derivados e na mídia, com base num programa mais avançado, pela oposição de esquerda, entendendo que, apesar de tudo, Lula não é a pela expressão da burguesia no poder, já que a desagrada e muito. Sem ilusões de disputá-lo, pois seu caminho para o centro é irreversível, apesar de aqui e ali vermos alguma conquista social ou posicionamento mais avançado.
Não conheço pessoalmente o César Benjamin, mas leio o que escreve e considero-o um dos bons quadros da esquerda com capacidade de elaboração. Teria tudo para dar credibilidade às suas acusações a Lula, não tivesse visto hoje os depoimentos de pessoas que têm grande divergência com o presidente, mas esteve presa com ele e deram seus depoimentos desmentindo a matéria de ontem, como o Zé Maria, presidente do PSTU e futuro candidato à presidência, e que tem razões de sobra para querer ver Lula se arrebentar.
O Planalto já se pronunciou, achando o epísódio coisa de psicopata, e já disse que não processará o jornalista. Talvez por que, ao contrádio de Cesar, tenha se preocupado em preservar a figura do importante quadro da esquerda, minimizando o episódio, que está fazendo a festa nos sites e publicações da direita. Estranhamente, até de sites mantidos por gorilas saudosos da ditadura, que foram responsáveis pela sua própria prisão. Seria bom que o jornalista pedisse desculpas, para não correr o risco de ser uma espécie de Mark Chapman de Lula. É lamentável que tenha servido a esse papel, de contribuir para o preconceito contra o trabalhador no poder.
sábado, 28 de novembro de 2009
Cesar Benjamin : o Mark Chapman de Lula?
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Caríssimo Branquinho
ResponderExcluirMuito bem analisado. Essa direita está raiando o absurdo.
Abraços
José Milton Bertoco
ontem vi o filme, certamente a história de Lula é sofrida como de todos que vieram do nordeste em busca de um sonho, mas falando no filme em si parece que quando Lula assistiu aquele dvd pirata de 2 Filhos de Francisco no Aerolula ele falou para os assessores "quero um filme assim de minha vida" pois particularidades à Parte o nome do filme deveria ser "O Filho de Dona Lilu", As musicas dos encontros amorosos e o final com imagem real são bem parecidas, faltou originalidade .
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