Pela TAM, o vôo para Londres sai de Brasília às 19:30h para pegar a conexão em São Paulo. Mandam chegar 2 horas antes do vôo, mas não adianta nada, porque você fica na fila única de todos os demais vôos, e acaba naquele estresse característico da empresa, que em cima da hora sai chamando o povo do vôo em mais atraso para atendimento correndo em outros guichês. E, como é praxe em Brasília, te botam prá esperar um dentro do avião até decolar. Botam todos os vôos na mesma hora e dá nisso. Mas, tudo bem, a conexão seria apenas às 23:55h, tempo suficiente para aguentar um pequeno atraso de 4o minutos.
Chegando a Guarulhos quase às 22h, desembarcamos normalmente e entramos novamente pelo embarque internacional em uma fila enorme que se formou porque, além do no nosso vôo, também embarcaram no mesmo horário os passageiros da United, os de algum vôo para o Japão ou adjacências, etc. Da fila de entrada entramos na fila do raios-x e depois na fila da imigração. Levamos 40 minutos desde que entramos na fila de entrada até sairmos da imigração. Assim que chegamos ao portão para embarque, encontramos outra fila gigantesca para o vôo de Londres. O avião é um Boeing 777, com capacidade para 356 passageiros, e foi quase lotado, daí a demora para o preenchimento.
O avião tem apenas duas turbinas, o que foi uma novidade, pois o usual para vôos de longo alcance é a aeronave de 4 motores. Mesmo sabendo que qualquer avião se sustenta com apenas uma turbina em funcionamento, se pifa uma do quadrimotor são 25% a menos, e ainda tem mais duas para queimar, enquanto no bimotor uma turbina representa 50% o empuxo, e aí tem só mais uma... Considerando que a rota passa por aquela rota do Atlântico onde noutro dia caiu o avião da Air France, uma pessoa que não tivesse a crença na capacidade humana de fazer uma boa engenharia poderia ficar com um justificado receio.
Apesar da TAM ter conseguido botar todo esse batalhão prá dentro do avião em tempo normal, esperamos 1:10 h num engarrafamento de aeronaves na pista, o que foi ruim porque só fomos jantar às 3 da manhã, mesmo assim um purezinho de abóbora com carne de sol e cerveja Sol, necessária para tentar dormir. Também distribuem, além das balinhas de praxe, um kit com escova de dentes, pasta, meias, pente e fone de ouvido, e um pequeno travesseiro com uma manta que não cobre nada.
O avião é o melhor que já viajei, em termos de arquitetura. Tem um pé-direito (altura do piso ao teto) de uns 2,5m, o que dá uma visão ampla e sensação de não estar enlatado. Até os banheiros são altos e bem mais espaçosos que os dos vôos convencionais. O espaço para as pernas e a largura dos bancos também são maiores, mas insuficientes para o conforto num vôo direto de 12,5 horas. A inclinação dos bancos também não ajuda.
O monitor individual interativo que fica nas costas da poltrona da frente é uma novidade interessante. Dá prá se distrair bastante com as opções que são acionadas por "touch-screen". O menu varia de músicas que podem ser selecionadas formando uma "playlist" extraída de uns poucos discos até filmes, documentários, joguinhos, diversões para crianças, displays de produtos vendidos pela Duty Free, entre outros.
Uma novidade interessante está no menu de informações, onde se pode ver a imagem de uma câmera que mostra o que está à frente do avião, e outro que mostra a imagem do chão na vertical abaixo do aparelho. Outra opção é ver os dados técnicos do vôo, como a altitude, velocidade, distância percorrida, tempo e distância que faltam, previsão de hora de chegada, além de gráficos com mapas mostrando a posição da aeronave, quase em tempo real. As opções de e-mail e mensagens SMS para celulares, apesar de existentes, não estão operacionais. No avião também não havia teclados / controles para jogos e essas opções de comunicação. Na hora que fui selecionar as músicas, o aparelho travou e não reiniciou nem com o "reset" geral da hora do pouso.
Em algum momento do vôo vi uma velocidade de 956 km/h e altitude de quase 11 km. Apesar do esforço do piloto andando em velocidade acima da prevista para cruzeiro, pegamos uma turbulência sobre a Baía de Biscaia, na costa da Espanha, que forçou a redução da velocidade e a suspensão do café da manhã, servido quase na hora do pouso, mesmo assim parcialmente. Depois que a gente sai do território brasileiro, sobrevoa o oceano por 7 horas até avistar a terra da costa de Portugal, sobrevoando o continente europeu a partir de Vigo, na Espanha, depois sobrevoando o mar na Baía de Biscaia, e novamente no continente na Normandia francesa, o Canal da Mancha e, por fim, a ilha inglesa.
As aeromoças não deixam abrir as janelas até que resolvam servir o café da manhã. Se você abrir, elas partem para cima e mandam fechar, mesmo que seja meio-dia na hora local. O fuso horário, nesta época do ano, considerando os horários de verão, é de apenas 2 horas a mais no Brasil. Para quem dorme mal ou não consegue dormir em viagem de avião, o metabolismo nem sente essa diferença, já que o cansaço mascara tal diferença. Talvez devido à meia-hora de turbulência, as aeromoças se esqueceram de distribuir a ficha que temos que entregar na imigração. Só obtivemos porque pedimos. Quem vacilou teve que fazer na hora, na fila da imigração, o que é desconfortável de fazer em pé.
Chegamos ao aeroporto de Heathrow às 14:20h, hora local, com 55 minutos de atraso. Apesar da grande quantidade de passageiros, o desembarque foi relativamente rápido, e chegamos à imigração (apenas com a bagagem de mão) apenas 20 minutos após o pouso. Na imigração os brasileiros são encaminhados à fila dos párias que não pertencem à comunidade européia, formando uma grande fila junto com gente de todo o mundo. Na entrevista com o funcionário britânico fomos questionados sobre coisas básicas como : quanto tempo vão passar, o que vieram fazer, onde vão ficar (na ficha se coloca o endereço do hotel ou casa de destino), profissão, se têm parentes na Inglaterra, etc.
Falando inglês direitinho e demonstrando convicção é tranquilo de passar na imigração. Num guichê próximo havia um estudante brasileiro passando o maior perrengue, acho que não conseguia comprovar endereço de destino. Não pediram para declarar quanto havíamos levado em dinheiro, que era o nosso receio, já que portávamos apenas 100 libras (R$ 316), que são suficientes desde que o cartão de crédito internacional tenha sido destravado antes da viagem, uma providência que muitos desconhecem e depois passam sufoco, tendo que gastar ligações internacionais para o banco no Brasil.
Depois do OK da imigração, passamos por um pequeno (ínfimo, consideradas as dimensões gigantescas de Heathrow) free-shop do terminal 4 (onde a TAM opera), onde compramos apenas o adaptador de tomada, que será assunto de outro post. Os poucos produtos estavam aparentemente mais caros que no free-shop do Brasil. O próximo passo foi pegar a mala na esteira, que felizmente estava sob a vigilância de um funcionário da TAM. Caso contrário, qualquer um poderia sair com ela, pois dali passamos por uma porta onde uma placa mostrava que era a saída de quem nada tinha a declarar, e caía no saguão de desembarque, sem qualquer revista.
Do pouso às 14:20h à entrada no metrô da linha Picadilly, que passa no terminal, foram duas horas gastas em atividades obrigatórias e outras como informações, saque de dinheiro, banheiro, deslocamentos, etc. A surpresa foi ver que às 16:20h o dia já estava escurecendo, ficando noite às 17:10h. Frio tolerável, de uns 10 graus, apenas com calça jeans, tênis, meia, camiseta e um casaco acolchoado, na hora da saída do aeroporto. Conto mais depois em outros posts. Vide fotos.
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