Depois de duas semanas passando em 3 grandes cidades européias, e praticamente sem ter contato com outros brasileiros, a gente começa a ficar comparando demais as coisas, não mais por referência no que tem no Brasil, mas no que o foro íntimo acha certo ou errado. Primeiro, nos lugares onde tradicionalmente os turistas andam não tem as pessoas do local, e a prática da conversação em língua do país fica prejudicada. Em Londres, por exemplo, você não encontrará muitos ingleses nos guichês de empresas aéreas, na esteira do raios-x do aeroporto, nos bares, nas lojas, nos ônibus e metrôs, nos locais de badalação.
Em Paris já é bem diferente, mas o afluxo de turistas é gigantesco. Peguei uma estatística que mostra que Paris recebe três vezes mais turistas que o Brasil inteiro em um ano. Não é como em Copacabana, onde a gente vê um ou outro gringo diluído na multidão de nativos. A diferença de Paris para Londres é que lá a maior parte dos de fora já fala a língua local, seja porque o inglês virou uma língua genérica em todo o mundo, ou porque são em grande percentual da Comunidade Britânica (Commonwealth) .
Enquanto a Inglaterra é uma ilha, a França tem fronteiras com uma porção de países, e a língua deles não é muito conhecida no mundo. Além de tudo, certos sistemas são fruto da evolução da cultura local, e não são entendidos pelos de fora, a começar pela grande quantidade de máquinas dispensadoras de praticamente tudo, de comidas e bebidas a ingressos de museus e passagens de metrô, que causam problemas aos estrangeiros até pela falta de opção. Exemplo: depois de certa hora não há gente atendendo em guichês, daí só ter a máquina dispensadora para você comprar coisas passagens de metrô. Quem não entende, fica na pior. Com mais tempo vou fazer umas matérias para o blog com dicas de sobrevivência nessas situações.
O caos vem da coexistência muito próxima das diversas culturas. Mulheres de burca, africanos vestidos com trajes típicos, italianos falando sem parar, asiáticos andando em batalhões com enormes máquinas fotográficas, indianos de turbante, tudo isso se mistura a algumas coisas praticadas pelos franceses, como levar cachorro dentro de metrô e lojas de departamentos, andar com carrinhos de bebês duplos ou triplos em todo lugar, submetendo as pobres crianças ao sobe-e-desce de escadas e aos amassos das multidões, fumar muito prá todo lado, etc. Mesmo assim, prefiro essa confusão à rigidez perfeccionista dos ingleses e alemães, que só atravessam as ruas na faixa e com o sinal aberto para pedestres e não têm qualquer "jeitinho" com horários. Não viveria confortavelmente num lugar assim, cheio de regras implacáveis.
domingo, 22 de novembro de 2009
Paris : da Babel ao caos
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