sábado, 6 de novembro de 2010

Canadá : belos cenários em Niagara Falls


Em 1998 planejei uma viagem ao Canadá, país que sempre tive muita curiosidade para conhecer por ser atípico: primeiro mundo, com estrutura de bem-estar social das melhores, belas paisagens, políticas de acolhimento a imigrantes e refugiados, preocupação ambiental, etc. Na minha opinião são vários países num só. O Quebec tem sua identidade francesa. Ontario tem referência na Inglaterra.

O país faz parte da Comunidade Britânica, e Elizabeth II é sua rainha. Há imensas áreas vazias, habitadas pelos Primeiros Povos, onde também há autonomias culturais e políticas. Ganharam uma guerra contra os americanos, quando estes tentaram anexá-lo à sua recente república no início do século XIX. Paradoxalmente usam o sistema métrico-decimal (km, graus centígrados), enquanto os americanos usam o sistema imperial inglês (milhas, graus Farenheit). Até recentemente as leis aprovadas no país tinham que ser referendadas no parlamento britânico.

Juntei um dinheiro, e quando ia começar a dar os primeiros passos para concretizar a viagem veio a primeira quebra do Real, com consequente desvalorização da moeda e inviabilização da viagem. O dólar, que estava na faixa de R$ 1,15, pulou para quase R$ 3. Adeus Canadá!

Hoje com o dólar na faixa de R$ 1,80 a coisa ficou muito diferente. Tirando alguns itens pesados para algumas cidades, como a hospedagem e transporte, o resto ficou razoável. Em Nova York pagamos por refeições praticamente o que se gasta no Brasil. Nos supermercados, vários itens estão mais baratos. Aqui no Canadá há duas realidades que notamos nestes 6 dias entre as províncias de Quebec e Ontario: do lado da língua francesa, os preços estão mais altos. Amanhã em Toronto vamos poder checar se isso é uma tendência. Bebidas são muito caras em todo lugar, quando você encontra, pois não há em supermercados. Uma lata de cerveja mais barata sai na faixa dos R$ 3,20. Vinhos mais baratos na faixa dos R$ 20 a garrafa.

O preço da gasolina é razoável, na base de US$ 1 por litro, algo em torno de R$ 1,80, no câmbio comercial, já com os impostos. Vai uma dica: tudo que se vir de preços nos EUA e Canadá não inclui impostos, que chegam a 15% sobre os preços expostos. Isso dá uma grande diferença, porque são cobrados à parte na nota. O aluguel de carro também é barato, em relação ao Brasil, porque os veículos custam muito menos. Com os mesmos R$ 30 mil que se gasta para comprar um carrinho 1.0 mais ou menos no nosso mercado, por aqui se compra um inimaginável carro de luxo. Pelo preço mais baixo do carro, é possível às locadoras alugarem um Ford Fusion, com os seguros básicos, na faixa de R$ 150 por dia. Nas principais locadoras brasileiras, um carro 1.0 sai nessa faixa...

Na baixa estação, como agora, os hotéis estão muito baratos, mas a grande quantidade existente dá a dimensão da muvuca que deve ser isto aqui entre abril e setembro, alta estação. Agora é a temporada dos aposentados, que são muito organizados e conseguem grandes descontos nas redes hoteleiras. Fica-se num Best Western ou num Comfort Inn na faixa dos R$ 120 por dia, com café. Na alta estação a coisa deve ficar bem mais salgada. A parte turística da cidade é pequena e dá para caminhar a pé sem cansar.

Feitas essas considerações, e aproveitando que a baixa temperatura lá fora, na casa dos 2 graus Celsius, não estimula ficar até tarde na rua, vamos à boa surpresa de Niagara Falls. A cidade canadense fica às margens do trecho encachoeirado do Rio São Lourenço, que liga os grandes lagos Erie e Ontario. Do outro lado do rio já é território americano. A extensão do istmo entre os lagos (e fronteira) é de uns 50 km, e dá para conhecer toda a sua belíssima margem em um dia, com tranquilidade. A foto acima, tirada no centro da cidade, está distorcida por ser panorâmica, mas contém os principais elementos, inclusive a ponte que liga os dois países. Os americanos levaram a pior, porque toda a beleza da paisagem só é visível pelo lado canadense.

Quando incluí a cidade no roteiro achei que as suas famosas cataratas pareceriam filetes d'água perto de Foz do Iguaçu. De fato, são muito menores, mas como a cidade cresceu em volta e de certa forma emoldurou o cânion e as cachoeiras, e a água é de um verde transparente, ficou uma coisa diferente, única, urbana, muito diferente das Cataratas do Iguaçu, que estão mais ambientadas num cenário natural.

Seguindo ao norte pela estrada da margem, há um trecho de uma grande bacia com um turbilhão, onde tem um bondinho que passa por cima do redemoinho. Depois vem uma pequena central hidrelétrica, que não barra o rio, mas capta água e aproveita o desnível. Outras dessas existem e estão em construção ao longo dos desníveis. As paisagens parecem de quebra-cabeças, ainda mais neste meio de outono, com muitas folhas caídas e árvores de diversos tons de cores.

Por toda a margem canadense há casas que parecem tiradas de revistas especializadas de decoração. Tudo sem muro, com jardins impecáveis. Do lado americano também se vê o mesmo, mas as cidades são bastante industriais. O cânion termina em Niagara on the Lake, cidadezinha que polariza os vinhedos da região, onde há dezenas de pequenas vinícolas. Embora exista no Brasil uma uva com o nome de Niágara, por aqui o que se planta é mais focado na produção de vinhos de maior qualidade.

Indo para o sul os cenários são parecidos, até chegar à entrada do cânion em Fort Erie, que se corresponde do outro lado do rio com a cidade americana de Buffalo. Andando um pouco mais pela borda do lago Erie em direção contrária aos EUA se chega ao conjunto de eclusas que viabilizam o tráfego de grandes navios entre os dois lagos no desnível da Falha de Niagara. Grande parte da produção do norte dos EUA e das principais canadenses deve ao Rio São Lourenço e aos lagos essa excelente opção de modal de transporte.

No mais, a cidade tem dois cassinos, muitos restaurantes de franquias conhecidas (péssimo, porque não há praticamente opções mais saudáveis de cardápio), ruas e parques muito bem cuidados e limpos, opções diversas de passeios, inclusive por um túnel que passa por trás das cataratas, e principalmente gente dos EUA e Canadá. Niagara fica relativamente perto de Nova York, Boston, Toronto, Detroit, Chicago e Montreal. Praticamente em todo lugar se paga para estacionar.

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