Nos últimos dias aconteceram arrastões violentos em algumas vias da periferia da cidade do Rio de Janeiro. Não foram para assaltar pessoas ou roubar carros, mas para mandar um recado às autoridades: não vão mais tolerar entregar territórios às UPPs. O Morro do Macaco e a Mangueira podem ser as últimas fronteiras sem uma guerra de terror.
Em alguma hora isto teria que acontecer. A estratégia de implantação de UPPs visa primeiramente acabar com o domínio territorial do tráfico, sem maior preocupação com a continuidade do tráfico. Pacificar as comunidades é retirar do cenário o estado paralelo do crime. Acabar com a figura do menino com fuzil na mão.
A cada nova ocupação de comunidades, parte do tráfico fica, mas muitos do esquema militar de defesa perdem funções, principalmente os viciados que trabalham em troca de drogas. São os fogueteiros, os vapores, os soldados, o pessoal da inteligência. Nada disso é preciso se a polícia garante que a comunidade não será invadida por uma facção rival. E o que é feito dessas pessoas e dos armamentos?
A polícia tem dado aviso prévio. Marca data para ocupação, suficiente para a retirada do armamento e desmonte dos exércitos. A cada UPP, um recuo para outras áreas, trazendo conflitos internos às facções criminosas, que não têm onde alocar o excedente de "funcionários" e de armamentos. A saída é planejar outras atividades criminosas, fazendo uso de mão-de-obra e recursos materiais disponíveis. Mesmo assim nem o poder ou as drogas têm as facilidades anteriores.
O Rio tem uma área estratégica a ser liberada do crime para a Copa e as Olimpíadas. Vai mais ou menos da Via Dutra, Linha Vermelha, Linha exclusiva Ilha do Governador/Barra, Linha Amarela e tudo o que estiver contido entre essa fronteira e o centro da cidade. Nesse perímetro estão o Complexo do Alemão e o Complexo da Maré, onde estão enormes exércitos do tráfico, que agora mandam avisar que não querem saber de UPP por lá.
A polícia sabe que não tem condição de encarar esse enfrentamento sem um alto custo de vidas de inocentes. Continua comendo pelas beiradas. E ainda tem um trunfo poderoso: se o tráfico vier de terrorismo, podem fechar todas as bocas de fumo ainda toleradas nas áreas ocupadas, que correspondem a uma importante fração do PIB das drogas no Rio. E ainda têm a Rocinha e o Vidigal sem UPP, importantíssimos para o tráfico na Zona Sul.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Rio : Tráfico quer parar UPPs
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