Neste sábado o Rio de Janeiro amanheceu num ar de normalidade que desconhece a existência de atentados e de um cerco a uma área onde o confronto é iminente, com possíveis grandes baixas. Nesta madrugada precisei ir ao aeroporto do Galeão de carro, pegando a Linha Vermelha, e tomei todos os cuidados. Como todos faziam o mesmo, uns suspeitavam dos outros, e tentavam correr uns dos outros. Deve ter dado multa nos radares. Tudo era dispensável: havia policiais em todo o percurso, a cada quilômetro. Na volta, relaxei e vim tranquilo. Na Tijuca, bares abertos com gente tomando seu chopp despreocupadamente. O terror já foi precificado pelo carioca, e a vida segue.
O que está surpreendendo é a quebra do paradigma da organização do crime do tráfico. Agem como bando, não como exército ou algo que se assemelhe a uma empresa. Os criminosos têm armas, mas não têm treinamento. O que mais têm é "marra", atitude agressiva, ostensiva, boçal, de mostrar poder por ter uma arma na mão. Os jornais que ontem estavam ufanistas agora endeusam os policiais. Até O Globo elogia a ação da polícia, depois de ter tentado espalhar o pânico para desmoralizar as autoridades. Ontem esse jornal colocou um título de matéria que diz tudo: BANDIDOS TINHAM FORTALEZA DE PAPEL, ou seja, havia muito blefe dos criminosos sobre o seu real poder, e uma superavaliação deste por parte da polícia.
Rendição é a solução mais sensata para os encurralados do Alemão. Vão encarar prá quê? Vão morrer por quê ou por quem? Pelo Marcinho VP? Pela droga que consomem? Entregando-se, sabem que não ficarão muito tempo atrás das grades, pois para isso existem os advogados criminosos, que não se limitam ao trabalho profissional de defesa dos seus clientes, mas passam recados e colaboram com o crime. Espero ver na TV as filas indianas de bandidos algemados entrando nos camburões. Haja prisão. A outra forma de sair é menos visível, porque os mortos são colocados em ambulâncias e vão ser contabilizados nos hospitais.
Mais uma vez o tablóide Meia Hora sai na frente esculachando a bandidagem e dando a sugestão da rendição. Na capa de hoje, o título em tamanho garrafal é RENDA-SE, com um modelo de rendição a ser entregue pelo bandido ao policial mais próximo. Tem até espaço para a assinatura com o polegar, se o criminoso for analfabeto. O carioca leva tiro mas não perde a piada. Essa desmoralização do tal "crime organizado", aliada à recuperação da auto-estima das pessoas nas comunidades, vai ter um efeito-dominó que acelerará a destruição desses bandos mais cedo do que se pensa.
sábado, 27 de novembro de 2010
Rio : segurança quebra paradigmas
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