O Brasil fechou julho acumulando no ano o pagamento de R$ 128,462 bilhões de juros apenas em 2012. Só em julho pagamos R$ 17,435 bilhões aos banqueiros e rentistas, que ganham sem risco e sem esforço como em nenhum lugar do mundo. O Brasil não tem dinheiro para pagar tudo isso. A arrecadação no período pagou todas as despesas, e ainda sobraram R$ 71,229 bilhões, o tal "superávit primário", que não leva em conta o pagamento de juros. Moral da estória: R$ 128 bi menos R$ 71 bi dão uns R$ 56 bi que precisamos arranjar para fechar a conta. Quem tem essa grana para emprestar? Ora, os mesmos banqueiros e rentistas que sugam o resto.
No esforço de arranjar dinheiro para diminuir o déficit nominal (tudo que se arrecada menos tudo que se paga, inclusive juros), o governo Dilma está apertando do lado dos gastos. Não deu aos servidores públicos nada além da inflação como reajuste salarial para os próximos 3 anos, e deve buscar a mesma política de arrocho nas empresas estatais (BB, CEF, Petrobrás) para maximizar lucros que irão para o caixa do Tesouro Nacional. Para saúde, educação, investimentos? Não, para pagar juros e mais juros.
Quando os dados de juros são comparados com os do ano passado, há a notícia boa e a ruim. Vamos à melhor: nos primeiros sete meses de 2011 pagamos R$ 138 bi de juros, contra R$ 128 do mesmo período de 2012. Isso vem da redução da SELIC, rolagem de dívidas a juros menores, etc. A parte ruim da coisa é que o déficit nominal está crescendo, porque caiu o total do superávit primário nos 7 meses, em função da crise, gastos do governo, investimentos, etc. No ano passado o déficit nominal foi de R$ 46 bi, e agora, de R$ 57 bi. No mês de julho de 2012 o déficit foi de R$ 12 bi, contra R$ 5 bi no ano passado.
Os números mostram virtudes e pecados do governo Dilma. Apesar de ter ampliado o investimento público com o PAC, Minha Casa, Minha Vida e outros, de estar chamando para o investimento o setor privado através de concessões por prazo determinado (e não torrando estatais), e de até ampliar os programas sociais de transferência de renda (Bolsa Família, etc) e desonerar de impostos alguns setores da economia, de forçar a queda dos juros (ainda não houve maturação do impacto disso nas contas públicas), o fato é que se manteve o déficit nominal nos primeiros sete meses igual ao do ano passado. Ou seja, os números de queda nos juros se igualam aproximadamente á redução do superávit primário.
Onde peca Dilma e antes pecaram governos por décadas e décadas? Na falta do enfrentamento duro com os banqueiros e rentistas, em condições soberanas. O governo teme uma nova enxurrada de dólares chegando ao Brasil a partir do novo pacote de estímulos à economia norte-americana. Se há dinheiro sobrando por lá procurando oportunidades de altos ganhos por aqui, certamente se pode tomar recursos a custos mais baixos, e afundar a SELIC e os juros cobrados às famílias e empresas, baixando a conta de juros a níveis toleráveis com superávit nominal, a partir do qual se poderá falar em mais investimentos, melhores gastos e menos impostos.
Dilma precisa fazer com os banqueiros o mesmo que fez com o setor elétrico, ou seja, baixar o custo da mercadoria através da redução de lucros absurdos de monopólio / oligopólio. O uso dos bancos públicos para baixar juros tem sido pouco eficiente, porque consegue atingir apenas pessoas bancarizadas com bom cadastro.
A grande maioria cai nos juros escorchantes praticados por financeiras no comércio. Ontem vi o anúncio de uma grande varejista de móveis e eletrodomésticos onde o preço à vista seria de R$ 1500 e a prazo, em 18 meses, de R$ 2500. E não é dos piores, considerado o valor em cash, mas até nesse preço há juros embutidos. O mesmo acontece numa grande rede de supermercados, de preços altos nas prateleiras, mas que dá 40 dias para pagar no seu cartão. Cartão para pagar comida já é um absurdo, mas, pior ainda, quem compra à vista leva junto juros por nenhum motivo.
A falta de efeito da redução dos juros para a nova classe média e os mais pobres aparece nos dados do Banco Central de ontem: em junho 22,38% dos ganhos mensais dos brasileiros eram para pagar juros, um recorde histórico. E está aumentando. Destes, 8,01% foram usados para pagamento de juros, abaixo do recorde de 8,13% de outubro de 2011, e 14,37% foram para amortização do principal, que também é um número recorde. Enquanto em junho de 2012 as famílias alcançaram o recorde de 43,94% da sua renda dos últimos 12 meses.
Essa situação me faz lembrar de uma frase muito ouvida na infância, quando algum dos meus antepassados se referia à corrupção política, comparando os políticos com saúvas que destruíam a lavoura : "Ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil". No início do século XX não havia ambientalistas para questionar o sentido genocida da frase contra os pobres insetos, mas no início do século XXI nem no futuro haverá quem defenda o parasitismo dos que praticam altos juros e sugam nações inteiras.
No esforço de arranjar dinheiro para diminuir o déficit nominal (tudo que se arrecada menos tudo que se paga, inclusive juros), o governo Dilma está apertando do lado dos gastos. Não deu aos servidores públicos nada além da inflação como reajuste salarial para os próximos 3 anos, e deve buscar a mesma política de arrocho nas empresas estatais (BB, CEF, Petrobrás) para maximizar lucros que irão para o caixa do Tesouro Nacional. Para saúde, educação, investimentos? Não, para pagar juros e mais juros.
Quando os dados de juros são comparados com os do ano passado, há a notícia boa e a ruim. Vamos à melhor: nos primeiros sete meses de 2011 pagamos R$ 138 bi de juros, contra R$ 128 do mesmo período de 2012. Isso vem da redução da SELIC, rolagem de dívidas a juros menores, etc. A parte ruim da coisa é que o déficit nominal está crescendo, porque caiu o total do superávit primário nos 7 meses, em função da crise, gastos do governo, investimentos, etc. No ano passado o déficit nominal foi de R$ 46 bi, e agora, de R$ 57 bi. No mês de julho de 2012 o déficit foi de R$ 12 bi, contra R$ 5 bi no ano passado.
Os números mostram virtudes e pecados do governo Dilma. Apesar de ter ampliado o investimento público com o PAC, Minha Casa, Minha Vida e outros, de estar chamando para o investimento o setor privado através de concessões por prazo determinado (e não torrando estatais), e de até ampliar os programas sociais de transferência de renda (Bolsa Família, etc) e desonerar de impostos alguns setores da economia, de forçar a queda dos juros (ainda não houve maturação do impacto disso nas contas públicas), o fato é que se manteve o déficit nominal nos primeiros sete meses igual ao do ano passado. Ou seja, os números de queda nos juros se igualam aproximadamente á redução do superávit primário.
Onde peca Dilma e antes pecaram governos por décadas e décadas? Na falta do enfrentamento duro com os banqueiros e rentistas, em condições soberanas. O governo teme uma nova enxurrada de dólares chegando ao Brasil a partir do novo pacote de estímulos à economia norte-americana. Se há dinheiro sobrando por lá procurando oportunidades de altos ganhos por aqui, certamente se pode tomar recursos a custos mais baixos, e afundar a SELIC e os juros cobrados às famílias e empresas, baixando a conta de juros a níveis toleráveis com superávit nominal, a partir do qual se poderá falar em mais investimentos, melhores gastos e menos impostos.
Dilma precisa fazer com os banqueiros o mesmo que fez com o setor elétrico, ou seja, baixar o custo da mercadoria através da redução de lucros absurdos de monopólio / oligopólio. O uso dos bancos públicos para baixar juros tem sido pouco eficiente, porque consegue atingir apenas pessoas bancarizadas com bom cadastro.
A grande maioria cai nos juros escorchantes praticados por financeiras no comércio. Ontem vi o anúncio de uma grande varejista de móveis e eletrodomésticos onde o preço à vista seria de R$ 1500 e a prazo, em 18 meses, de R$ 2500. E não é dos piores, considerado o valor em cash, mas até nesse preço há juros embutidos. O mesmo acontece numa grande rede de supermercados, de preços altos nas prateleiras, mas que dá 40 dias para pagar no seu cartão. Cartão para pagar comida já é um absurdo, mas, pior ainda, quem compra à vista leva junto juros por nenhum motivo.
A falta de efeito da redução dos juros para a nova classe média e os mais pobres aparece nos dados do Banco Central de ontem: em junho 22,38% dos ganhos mensais dos brasileiros eram para pagar juros, um recorde histórico. E está aumentando. Destes, 8,01% foram usados para pagamento de juros, abaixo do recorde de 8,13% de outubro de 2011, e 14,37% foram para amortização do principal, que também é um número recorde. Enquanto em junho de 2012 as famílias alcançaram o recorde de 43,94% da sua renda dos últimos 12 meses.
Essa situação me faz lembrar de uma frase muito ouvida na infância, quando algum dos meus antepassados se referia à corrupção política, comparando os políticos com saúvas que destruíam a lavoura : "Ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil". No início do século XX não havia ambientalistas para questionar o sentido genocida da frase contra os pobres insetos, mas no início do século XXI nem no futuro haverá quem defenda o parasitismo dos que praticam altos juros e sugam nações inteiras.
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