quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Senado aprova mínimo de R$ 545. Quem votou?

Ontem a base governista aprovou o novo valor para o salário mínimo que deverá vigorar a partir de março, de R$ 545. O reajuste apenas repôs a inflação de 2010, sem ganho real. Também foi votada e aprovada emenda que permite ao poder executivo fixar o valor do salário mínimo até 2015, sem passar pelo congresso, obedecendo à regra em vigor, negociada com centrais sindicais, de reajustes automáticos que reponham a inflação do ano anterior e a variação do PIB de dois anos anteriores. Veja aqui como votou cada senador.


A base aliada de Dilma passou o trator nas emendas do PSDB, de levar o salário a R$ 600, e do DEM junto com a Força Sindical, de R$ 560. A proposta do PSDB sequer era encampada por vários dos seus governadores, que temiam que o valor de R$ 600 desequilibrasse os orçamentos estaduais, e apenas São Paulo e Minas teriam condições de pagá-lo. Aécio Neves, que fica esquisito no papel de oposicionista, tentou explicar o inexplicável: que com Serra seria possível pagar os R$ 600, sem desequilibrar o orçamento, mas com Dilma isso não aconteceria, e achava que podia propor um valor menor que o da proposta eleitoreira de Serra.

A demagogia da campanha continua até hoje, porque DEMos e tucanos fazem e fizeram governos de arrocho salarial, e não querem saber de indexação para reajuste e ganhos reais, como a regra aprovada, que tira do congresso a oportunidade de todo ano virar um balcão de negócios e chantagens na hora de aprovar o salário mínimo.

Essa regra é uma faca de dois gumes para o movimento sindical: como as centrais perderam poder de mobilização popular, dificilmente arregimentariam forças para pressionar o congresso a cada ano. Por outro, se a conjuntura mudar e os trabalhadores conseguirem se organizar para exigir mais, o governo passará na cara que a regra foi acertada com as centrais. Como a previsão é de crescimento sustentável pelos próximos anos, com variações positivas do PIB, Dilma poderá governar aumentando o poder de compra do salário mínimo acima da inflação sem maiores pressões, principalmente da direita, que na hora do mínimo tenta ser pró-trabalhador, mas no cotidiano dos seus governos massacra os salários.

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