quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Salário Mínimo de R$ 545 : acordos e oportunismos

O governo Dilma começou seguindo a cartilha do FMI sem o chicote do FMI. Dizem ela e seus ministros que é só uma freiada de arrumação, para evitar a subida da inflação, e que também fariam corte de R$ 50 bi nas despesas sem prejudicar os programas sociais nem as obras do PAC. E que o Brasil crescerá, em 2011, algo em torno de 5%, depois de crescer cerca de 8% em 2010.


Mantega & cia dizem que estão meramente cumprindo um acordo com as centrais sindicais. Verdade, pois a regra acertada com diversas centrais sindicais diz que o mínimo será anualmente reajustado de acordo com a inflação mais a variação do PIB de 2 anos anteriores, e foi com base nesse critério que se chegou aos R$ 545. Seguindo a regra, em 2012 o mínimo será reajustado pela inflação de 2011 mais 8% do crescimento do PIB de 2010. Em 2013, inflação mais 5% de 2011.

Se a economia continuar crescendo, o mínimo continuará, pela regra em vigor, recompondo seu valor de compra, mantendo a economia interna aquecida, sem solavancos na previdência nem nos orçamentos de estados e municípios, segundo o governo. Um reajuste maior agora teria que ser compensado em 2012, já que a previsão é que, aprovados os R$ 545, o mínimo do próximo ano chegue à casa dos R$ 620, diz o governo.

Essa argumentação de manter o acordo com o movimentro sindical que fez o acordo tem sido usada para manter a fidelidade na base de apoio, sendo previsível que nas próximas horas a proposta do governo passe na Câmara, apesar do oportunismo de Paulino da Farsa Sindical e outros pelegos que pediram R$ 580 e recuaram para R$ 560 para fazerem coro com o DEMO e os tucanos, que também deixaram a proposta demagógica do Serra de R$ 600 para fechar com as centrais. A CUT, governista, finge-se de morta, favorável à manutenção do critério atual.

Quem quer lutar pelo salário mínimo mais alto não lança proposta e recua para conchavar com a direita. Simplesmente defende como bandeira o valor e mobiliza os trabalhadores para conquistar, na luta, melhores salários. Da forma como Paulinho, DEMO e tucanos estão propondo, parece que o mais importante é quebrar a regra de indexação como crescimento de poder de compra do salário mínimo. Indexação é palavrão para a direita, daí o Serra ter prometido os R$ 600. Certamente seria esse valor, com o fim da regra, e daí para frente todo ano seria necessária pressão para obter pelo menos a inflação, já que os tucanos e demos são mestres em arrocho salarial.

Entre colocar em risco uma regra clara, que no mínimo reporá a inflação automaticamente por vários anos, e conseguir um reajuste sem regras agora e chorar todo ano, o senso comum tende a aceitar a proposta do governo. Sem poder real de mobilização, e trazendo a reboque o oportunismo da direita, as centrais sindicais cartoriais, que vivem do imposto sindical, podem estar minando o terreno da indexação.

Um comentário:

  1. Recebi um correio eletrônico do PSOL que diz "PSOL defende salário mínimo de R$ 700".

    O texto, de mais ou menos uma lauda, diz em certa parte que "... segundo o DIEESE, o salário mínimo necessário para se atender a estes requisitos seria de R$ 2.227,53. O PSOL já apresentou na Câmara Federal proposta de R$ 700,00...".

    Não entendi nada.

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