Kadafi não sabe para que lado atira. No passado, a Líbia abrigou e apoiou diversos grupos de guerrilha, que renderam um boicote internacional e represálias militares. Nos últimos anos Kadafi apostou na diplomacia para voltar ao diálogo com as superpotências ocidentais, conseguindo investimentos estrangeiros e até conversar com Barack Obama num evento internacional. Agora, como quem diz ao ocidente que é melhor mantê-lo que deixar o país cair nas mãos de coisa muito pior, Kadafi tenta associar a rebelião popular à Al Qaeda. Só falta pedir o apoio da OTAN e dos EUA para reprimir o movimento...
O fato é que há uma guerra civil, com muitas baixas, especialmente do lado dos opositores, que estão menos armados. O fato de haver deserções militares para o lado rebelde não tem a gravidade que teria em outros países, já que Kadafi investiu mais nos grupos de defesa da "revolução" que no equipamento das tropas regulares.
Da parte rebelde, supomos que se não ganharem a disputa com Kadafi nos próximos dias, terão problemas de logística e começarão problemas políticos internos que poderão levar o levante a uma guerra de trincheiras. Mantendo Tripoli com mão-de-ferro e reprimindo manifestações como a de uma cidade próxima, Zawiah, onde uma mesquita foi atacada por tropas leais ao governo, Kadafi quer ganhar tempo e tentar estrangular a linha de fornecimento de suprimentos da oposição.
Segue o link de um interessante artigo da BBC de Londres sobre os arranjos de forças que sustentam Kadafi no poder. Interessante notar que, pelo artigo, Kadafi deu o golpe militar que o levou ao poder em 1969 e desde então não confiou mais nos militares, e sucateou as forças armadas temendo um golpe. Por outro lado, montou grupos paramilitares mais fiéis, e acolheu no país cerca de 500 mil africanos, quase 10% da população, onde recruta mercenários para defender seu regime.
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