Ir a Mariana, em Minas, significa antes de tudo um passeio na história contada pelo seu patrimônio cultural. Infelizmente, hoje estive por lá e vi uma volta ao passado que nada tem a ver com o ciclo do ouro, mas de semelhante com ele tem somente a grande exploração de trabalhadores e falta de condições de trabalho. Naquele tempo, escravos em minas de ouro. Hoje, professores e alunos da Universidade Federal de Ouro Preto. E de todo o país. Somente a UFOP perdeu R$ 1 milhão da sua verba. Há alunos sem aulas por falta de professores.
Os centros acadêmicos da UFOP-Mariana e ADUFOP fizeram um protesto numa
praça para trazer ao público a denúncia dos efeitos do corte de verbas feito pelo governo federal no início do ano sobre o ensino superior público (fotos). Para fugir às críticas da oposição / mídia da direita de que a inflação ficaria fora de controle por causa da gastança do governo Lula, Dilma anunciou cortes orçamentários de mais de R$ 50 bilhões. Apesar de terem dito que só cortariam despesas supérfluas para não afetar os programas sociais nem os investimentos, tiraram R$ 3 bilhões da educação pública e congelaram os concursos públicos, afetando a contratação de professores.
Considerar gastos com educação supérfluos é um absurdo. A UNICEF recomenda que o país invista até 12% do PIB em educação, mas o Brasil não gasta a metade. O corte de Dilma piorou um problema que começou com um programa bem intencionado de ampliar as oportunidades de acesso ao ensino superior, o REUNI (Plano de Reestruturação e Expansão da Universidades Federais), implantado em 2007 . A partir daí, crescem as vagas nas universidades públicas, mas a infra-estrutura e a quantidade de professores não cresceu na medida necessária para proporcionar um ensino de qualidade sequer aos alunos que já existiam, criando um gargalo.
Em vez de resolver o problema, o governo aposta em paliativos, como o aumento do percentual de professores temporários, mas não tem soluções para a falta de espaço nos restaurantes universitários e bibliotecas. Também não soluciona o problema na área de ensino, pesquisa e extensão. As pesquisas só podem ser feitas por professores efetivos, e na falta destes, o atraso científico se agravará. Todo apoio deve ser dado à luta para reposição de verbas e estruturação adequada do ensino público superior. Divulgação é fundamental.
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