Não foram apenas os maciços rochosos que afloraram com a tragédia que matou mais de 50 pessoas em Angra. Há os erros humanos que vão da falta de licença ambiental para a Pousada Sankay (e certamente para outras da região), há o relatório do Tribunal de Contas do Estado considerando a posição da pousada irregular e solicitando a sua demolição, há as lições não aprendidas com a tragédia anterior da cidade, há o populismo permitindo construir qualquer coisa em qualquer lugar e agora se fala em demolir 3.000 casas em risco, mais a flexibilização da lei para construir em áreas de proteção, enfim, não há só terra e pedras, mas muita lama nos fatos trágicos de Angra.
Apenas 6,5% da verba federal do Ministério da Integração Nacional para prevenção de desastres naturais foram gastos em 2009. Destes, o Rio de Janeiro aplicou 1%, e 40% foram para a Bahia, coincidentemente terra natal do ministro Geddel. O governo federal vai jogar nas mãos dos mesmos irresponsáveis que cuidam mal da cidade a quantia de R$ 80 milhões para reparar os estragos, e depois virá mais do Minha Casa, Minha Vida para a construção de novas casas. Estradas, contenções, agora tudo vem nas promessas. E a cidade, que é polo nuclear e naval do Rio, agora fala em sistema de prevenção de catástrofes.
São tantos os erros e omissões de autoridades, associadas à ganância da especulação imobiliária e do comércio que não respeita limitações ambientais, que parece que querem jogar um pano rápido sobre os fatos para não ficarem patentes a incompetência e a irresponsabilidade deles todos. Agora que os corpos foram praticamente todos encontrados, Angra sumirá do noticiário em alguns dias, e tudo voltará ao "normal". Ninguém será punido, e a culpa recairá sobre aqueles que, infelizmente, estavam no lugar errado na hora errada e foram tragados por toda essa lama.
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